Pular para o conteúdo principal

Alex Ribeiro 1301

 ANÁLISE: Deterioração das expectativas de inflação corrói parte do aperto monetário


Alex Ribeiro De São Paulo


 


As expectativas de inflação do mercado financeiro para 2025 já sofreram uma deterioração de 0,40 ponto percentual desde a reunião de dezembro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, corroendo parte do aperto promovido com um minichoque na taxa Selic. Ainda assim, as indicações são de que a taxa Selic estará, no fim do ciclo de aperto, claramente no território contracionista.


Às vésperas da reunião de dezembro do colegiado, a expectativa de inflação dos analistas econômicos se encontrava "em torno" de 4,6%, segundo registra a ata desse encontro. Na sexta, as expectativas iá haviam  subido para 5%. Nas duas situações, a inflação projetada se encontrava acima tanto do centro da meta contínua (3%) definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) quanto do intervalo de tolerância superior (4,5%) previsto nas regras.


Em tese, essa inflação acima do objetivo neste ano não é a maior das preocupações do Copom, já que a política monetária é definida com vistas a colocar a inflação no objetivo em meados de 2026, que é o chamado horizonte relevante de política monetária. Mas o avanço das expectativas de inflação de 2025 importa porque, quanto maiores forem, menores os juros reais. E é justamente o juro real que faz o trabalho de conter a expansão da demanda agregada e, com isso, baixar a inflação para a meta.


Em dezembro, o Copom surpreendeu o mercado com uma alta de 1 ponto percentual na taxa Selic. Também sinalizou duas altas de juros da mesma magnitude, que vão colocar a taxa Selic em 14,25% ao ano até março. Com a atitude mais austera do Copom, o mercado reviu as suas estimativas para a taxa Selic no fim de 2025. Agora, espera que o juro encerre o ano em 15%, em vez de 13%. Mas a alta das expectativas de inflação corrói um pedaço desses juros reais.


Essa corrosão dos juros nominais pode prejudicar o trabalho do Banco Central? Por enquanto, não, porque os juros nominais de 15% antecipados pelo mercado são altos para garantir que a taxa real será contracionista. Grosso modo, uma Selic a 15% com uma inflação de 5% dá uma taxa real de juro de 9,5%. O percentual supera a taxa neutra estimada pelo próprio Banco Central (5% ao ano) e mesmo as previsões mais pessimistas de participantes do mercado que citam percentuais em 6,5% ou até 7%.


Mas, de qualquer forma, a cada avanço das previsões de inflação do mercado, uma dose do aperto monetário vai sendo corroída. Indicadores antecedentes das projeções sugerem que elas vão continuar subindo. A média das expectativas (soma das projeções, dividido pelo número de projeções) já se encontra em 5,09%, acima da mediana das projeções (percentual mais ao centro entre todos os informados pelos especialistas), que está em 5%, nos dados dos últimos 30 dias. Já a mediana das projeções informadas nos últimos cinco dias já se encontra em 5,14%.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

BDM 181024

 China e Netflix contratam otimismo Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato* [18/10/24] … Após a frustração com os estímulos chineses para o setor imobiliário, Pequim anunciou hoje uma expansão de 4,6% do PIB/3Tri, abaixo do trimestre anterior (4,7%), mas acima da estimativa de 4,5%. Vendas no varejo e produção industrial, divulgados também nesta 6ªF, bombaram, sinalizando para uma melhora do humor. Já nos EUA, os dados confirmam o soft landing, ampliando as incertezas sobre os juros, em meio à eleição presidencial indefinida. Na temporada de balanços, Netflix brilhou no after hours, enquanto a ação de Western Alliance levou um tombo. Antes da abertura, saem Amex e Procter & Gamble. Aqui, o cenário externo mais adverso influencia os ativos domésticos, tendo como pano de fundo os riscos fiscais que não saem do radar. … “O fiscal continua sentado no banco do motorista”, ilustrou o economista-chefe da Porto Asset, Felipe Sichel, à jornalista Denise Abarca (Broadcast) para explicar o pa...

Prensa 0201

 📰  *Manchetes de 5ªF, 02/01/2025*    ▪️ *VALOR*: Capitais mostram descompasso entre receitas e despesas, e cresce risco de desajuste fiscal       ▪️ *GLOBO*: Paes vai criar nova força municipal armada e mudar Guarda   ▪️ *FOLHA*: Homem atropela multidão e mata pelo menos 15 em Nova Orleans  ▪️ *ESTADÃO*: Moraes é relator da maioria dos inquéritos criminais do STF

NEWS 0201

 NEWS - 02.01 Agora é com ele: Galípolo assume o BC com desafios amplificados / Novo presidente do Banco Central (BC) agrada em ‘test drive’, mas terá que lidar com orçamento apertado e avanço da agenda de inovação financeira, em meio a disparada no câmbio e questionamentos sobre independência do governo- O Globo 2/1 Thaís Barcellos Ajudar a reverter o pessimismo com a economia, administrar a política de juros, domar o dólar e a inflação — que segundo as estimativas atuais do mercado deverá estourar a meta também este ano —, além de se provar independente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, são os maiores desafios de Gabriel Galípolo à frente do Banco Central (BC). Mas não são os únicos. Com o orçamento do BC cada vez mais apertado, o novo presidente do órgão tem a missão de dar continuidade à grande marca de seu antecessor, Roberto Campos Neto: a agenda de inovação financeira. Também estão pendentes o regramento para as criptomoedas e um aperto na fiscalização de instituições...