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*Itaú aconselha menor exposição em bolsa brasileira em pelo menos oito anos* - Valor Investe
A indicação é para os investidores moderados terem uma exposição na carteira de apenas 5% em bolsa. A próxima sugestão seria zerar a posição em ações brasileiras
Por Júlia Lewgoy, Valor Investe — São Paulo
O banco Itaú está tão preocupado com os rumos do mercado no Brasil que está aconselhando aos investidores a menor posição em ações brasileiras em pelo menos oito anos. A indicação é para os investidores moderados terem uma exposição na carteira de apenas 5% em bolsa. A recomendação para os investidores arrojados é de uma fatia de somente 7%, enquanto os conservadores não devem investir em renda variável.
A próxima sugestão seria zerar a posição em ações brasileiras. “A possibilidade existe. Já zeramos os títulos prefixados uma vez, mas nunca a bolsa”, afirmou Nicholas McCarthy, diretor de estratégia de investimentos do Itaú, em coletiva de imprensa da instituição nesta quarta-feira (18). “Mas a bolsa é um ativo real e, na teoria, ganha da inflação ao longo do tempo, mesmo que tenha sido um ativo muito ruim em um período”, disse. Apesar de existir a possibilidade de zerar exposição em bolsa, o executivo acha que é difícil isso ocorrer.
McCarthy contou que está abalado com o choque de credibilidade que o país está vivendo depois do anúncio do governo do pacote fiscal, que frustrou o mercado financeiro. “Estamos gastando mais do que arrecadando e, quando jogamos mais dinheiro na economia, geramos mais consumo”, afirmou. “Desde fevereiro as expectativas para a inflação estão subindo. Vamos precisar de uma reação do Banco Central, que terá que aumentar os juros e, quando isso acontece, os ativos desempenham mal”, disse.
Na análise dele, o Banco Central está cumprindo o seu dever de segurar a inflação aumentando os juros. A sua previsão é que a inflação encerre o ano em 5,5% e feche maior do que o teto da meta de inflação em 2025, mas ele não se arrisca a fazer uma previsão de quanto. A meta de inflação do Banco Central é de 3% para 2024 e 2025, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Assim, o limite tolerado é de 4,5% ao ano. Contudo, nos juros negociados no mercado, já há uma expectativa de inflação perto de 7% em 2025.
Para a Selic, o executivo evita fazer previsões. “Estamos bem cautelosos nas nossas carteiras. Atualmente o CDI [indicador de referência similar à Selic] é fantástico”, afirma. “Até quanto o CDI vai? Muito difícil dizer. Para ficarmos mais otimistas com os ativos brasileiros, precisaríamos ver uma inflexão na inflação futura, no Boletim Focus e no mercado. O Banco Central deve subir os juros até o necessário para controlar a inflação, mas é difícil saber qual é esse nível”, disse.
Atualmente os juros negociados no mercado embutem a expectativa de Selic maior que 16% ao ano. Na avaliação de McCarthy, existe espaço para o juro real, que desconta a inflação, ser perto de 10%.
“Esse grau de incerteza gera um ciclo nervoso. Os empresários e os estrangeiros não investem porque não conseguem ter visibilidade de um mês no Brasil. Enquanto não houver visibilidade, os investimentos ficarão parados. O Brasil estará fora do radar no mundilmente”, afirma.
Nesse ambiente, em cinco anos, o CDI ganha de todas as classes de ativos. “O que vou recomendar para o investidor atualmente? Bote seu dinheiro nos papéis atrelados ao CDI, durma e saiba que vai ganhar da inflação”, disse.
Onde mais investir no Brasil
Além dos papéis atrelados ao CDI, banco está aconselhando aos clientes investir principalmente em títulos atrelados à inflação para aproveitar o nível de taxas atrativo, com o diferencial de preservação do poder de compra. O Itaú gosta menos dos papéis prefixados (nos quais se sabe a remuneração no momento da aplicação), porque a perspectiva de subida da Selic para um nível mais elevado diminui a atratividade desses títulos. Essa é uma forma de reduzir o risco na renda fixa.
O diretor de estratégia de investimentos da instituição ainda acha que continuará a corrida para investir em papéis isentos de Imposto de Renda, porque a isenção faz diferença com os juros tão altos.
No crédito privado, McCarthy acredita que algumas companhias emissoras de papéis podem ter problemas com os juros mais altos, mas que isso não necessariamente é um problema para o investidor.
Entre os investimentos de maior risco, ele aconselha comprar fundos multimercados. O executivo afirma que esses fundos no mundo deixaram a desejar nos últimos cinco anos, desde a pandemia, mas que muitos multimercados brasileiros acabaram oferecendo remunerações maiores que o CDI no segundo semestre.
“Continuo acreditando bastante nos fundos multimercados. Os gestores não desaprenderam, só passaram por três anos conturbados e vão continuar ganhando dinheiro”, disse. “Em 2025, caso haja uma tendência, os gestores vão capturá-la. A vantagem desses fundos é conseguir capturar as tendências negativas, o que para as pessoas físicas é muito difícil”, acrescentou.
https://valorinveste.globo.com/mercados/renda-variavel/bolsas-e-indices/noticia/2024/12/18/itau-aconselha-menor-exposicao-em-bolsa-brasileira-em-pelo-menos-oito-anos.ghtml
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