*Dan Kawa-Brasil: A Pressão da Sociedade & A Avaliação do Governo*
Focando um pouco no Brasil, a possível desistência do Governo em relação à medida sobre o IOF revela um ponto importante: o espaço para iniciativas heterodoxas na política econômica está cada vez mais limitado. A mobilização da sociedade, amplificada pelas redes sociais e repercutida no Congresso, tem imposto restrições relevantes a propostas que possam ser percebidas como prejudiciais ao país.
Tudo indica que o Governo deverá recuar, desidratando a proposta original e buscando alternativas de compensação mais ortodoxas e percebidas como mais justas pela sociedade.
Caso esse caminho se confirme, será um sinal positivo para o ambiente político e institucional brasileiro.
No Brasil, a pesquisa do PoderData mostra que a avaliação negativa do governo Lula é majoritária entre os entrevistados no período de 31 de maio a 2 de junho de 2025.
A reprovação ao governo Lula se mantém elevada, especialmente entre eleitores com maior escolaridade, renda e moradores das regiões Sul e Centro-Oeste.
Apenas no Nordeste e entre a população de renda mais baixa, a avaliação negativa é menos intensa, ainda que não positiva. Isso evidencia um desafio crescente de apoio fora das bases tradicionais do petismo.
Historicamente, avaliações de governo na faixa de 20% “ótimo/bom” dificultam bastante a reeleição de presidentes no Brasil, especialmente quando combinadas com uma reprovação alta (como os 44% “ruim/péssimo” mostrados na pesquisa de 2 de junho de 2025).
Se o presidente Lula mantiver apenas 20% de avaliação positiva, com um índice de reprovação (ruim/péssimo) em 44% ou mais, a probabilidade de reeleição se torna muito baixa, salvo uma virada expressiva de cenário econômico ou político.
Em termos eleitorais, esse patamar está mais associado a presidentes que perderam ou enfrentaram dificuldades relevantes, do que àqueles que conseguiram renovar o mandato.
Na Área do Euro, em maio, o Core CPI (núcleo da inflação) caiu significativamente para 2,29% ao ano, abaixo das expectativas, com desaceleração notável dos serviços para o menor patamar em três anos (3,24% ao ano), revertendo o efeito pontual de alta na Páscoa.
O ambiente atual sugere que a inflação core (núcleo) se aproxima progressivamente das metas do BCE, enquanto a inflação geral deverá permanecer abaixo da meta por todo o horizonte projetado.
Essa queda mais rápida que o esperado na inflação sugere que há um espaço ainda maior para o BCE continuar reduzindo as taxas de juros da região.
Nos EUA, o JOLTS ficou acima do esperado, mostrando um mercado de trabalho que após uma consistente desaceleração, está se estabilizando em um patamar ainda saudável. Neste momento, ainda não há sinais consistentes de desaceleração do emprego nos EUA.
Mesmo com todo o "burburinho" em torno da diversificação de alocação de ações para fora dos EUA, o mercado de ações americano já registrou entrada de $138B este ano, proveniente de investidores estrangeiros.
https://x.com/DanKawa2/status/1930185268104986886
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