Análise Bankinter Portugal
SESSÃO: Se a suspensão temporária e/ou isenções (PCs, telemóveis, semicondutores…) das tarifas anunciadas por Trump desde quarta-feira e durante o fim de semana tivesse uma credibilidade média ou razoável para o mercado, Nova Iorque deveria ter recuperado ontem de forma mais expressiva (+2%/+3%?), e não apenas um tímido +0,8%. Por isso, a conclusão prática é que o mercado e a economia já estão fragilizados, sobretudo no plano da confiança, que é a pedra angular. Assim, Trump pode adiar ou excluir o que quiser daqui em diante (como fez seletivamente com os automóveis nas últimas horas), que isso já não terá credibilidade nem impacto positivo significativo. Este era precisamente o cenário que temíamos e a razão pela qual temos vindo a insistir na redução de riscos por um período indeterminado, por agora.
Dimon, do JPMorgan, atribui uma probabilidade de 50/50 à entrada dos EUA em recessão — semelhante ao que outras gestoras internacionais nos têm vindo a transmitir gradualmente. Salomon, do Goldman Sachs, afirma acreditar que Trump irá suavizar a sua posição e que a situação não será tão grave — declarações que devem ser interpretadas como uma tentativa de apelo direto ao próprio Trump para que reconsidere e ajuste a sua postura.
Mas os indicadores de sentimento são teimosos e transparentes. Insistimos neste ponto. O Índice de Confiança da Universidade de Michigan, divulgado na sexta-feira, foi devastador (50,8 face aos 57,0 anteriores, com o componente de expectativas de inflação a 1 ano nos +6,7%, máximo desde 1981), entre outros. E hoje, pelas 10h, será divulgado o índice ZEW alemão, que deverá literalmente colapsar para 10 face aos 51,6 anteriores. Às 12h30, sairá o índice Empire State ou NY Fed Manufacturing, que deverá manter-se em níveis miseravelmente negativos (-14,5 vs -20,0). Em paralelo, a OPEP reviu em baixa as suas estimativas de procura final de petróleo para 2025/26, e a LVMH anunciou esta manhã uma queda nas vendas orgânicas do 1T25 de -3% face a um esperado +1%, com o seu ADR a cair cerca de -6%. Os futuros americanos estão a recuar ligeiramente (-0,2%), mas tudo indica que o cenário deverá agravar-se ao longo da sessão.
CONCLUSÃO: Os indicadores avançados confirmam o agravamento do ciclo, independentemente de quaisquer adiamentos. Os resultados empresariais do 1T poderão vir como vierem (LPA esperado +6,7%), mas os guidances/projeções deverão ser suspensos, retirados ou completamente revistos — e esse será o próximo choque. Ninguém se atreve a retomar posições em ações, exceto perante um novo abalo e em níveis ainda mais baixos. Os investidores estão a comprar obrigações seguindo o padrão clássico — o que é sinal de agravamento, não de melhoria. O agravamento das expetativas de inflação está a levar à compra de ouro como proteção. E o modelo de dólar forte está, para já, esgotado. Continuamos a recomendar redução/proteção e desconfiança face a eventuais recuperações. Mesmo depois de o BCE cortar novamente as taxas de juro, o que acontecerá depois de amanhã.
S&P500 +0,8% Nq-100 +0,6% SOX +0,3% ES-50 +2,6% IBEX +2,6% VIX 30,9% Bund 2,51% T-Note 4,36% Spread 2A-10A USA=+49pb O10A: ESP 3,21% PT 3,08% FRA 3,28% ITA 3,68% Euribor 12m 2,126% (fut.1,988%) USD 1,135 JPY 162,4 Ouro 3.225$ Brent 65,0$ WTI 61,6$ Bitcoin +0,8% (85.574$) Ether +0,3% (1.640$).
FIM
Comentários
Postar um comentário