Pular para o conteúdo principal

Bankinter Portugal Matinal 1403

 Análise Bankinter Portugal


SESSÃO: Trump ameaça com imposto alfandegário de 200% (ameaçar não é aplicar) e Pernod Ricard caiu -4% (LVMH aguentou bem: -1,1%). Esse é o problema: a imprevisibilidade das reações de um presidente americano que acredita firmemente na ameaça como forma de relação e o melhor caminho para alcançar objetivos que engrandeçam o seu ego. A confusão no comércio é absoluta (e, por extensão, sobre o PIB, a inflação… o ciclo económico em geral), mas não é menor na sua estratégia de bazar. A sua proposta de cessar-fogo na Ucrânia baseada na ameaça dos próprios aliados e não ao inimigo inevitavelmente fracassará, porque dá confiança à Rússia. Trump pensa que pode negociar com o espírito herdeiro do KGB como se estivesse a regatear algo em Coney Island, mas engana-se. E o pior é que provavelmente não terá um plano B, porque o seu ego é tão grande que está convencido que não pode falhar. O resultado da primeira ronda é que Rússia diz aceitar o cessar-fogo “incondicionalmente” para continuar a frase impondo condições prévias inaceitáveis (reter o território invadido, que a Ucrânia nunca entre na OTAN, etc.), o que é absolutamente previsível. 


O resultado é que, quando as bolsas caem novamente como ONTEM, as yields das obrigações quase não se reduzem e isso é um mau sinal de mercado. O contexto continua a complicar-se e, por isso, as bolsas combinam subidas e retrocessos erraticamente e/ou segundo a última notícia comercial (Trump) ou sobre estímulos fiscais (Alemanha)… os quais são sempre interpretados desde o lado da Oferta (mais despesa pública = mais dívida = mais impostos) e nunca do lado da Procura (descidas de impostos = mais Consumo e Investimento, reajuste de Despesa Pública), o que não é necessariamente bom. Insistimos que os riscos se movem em alta, as expetativas de crescimento económico em baixa, com um pouco mais de inflação na 2.ª ronda (não agora, mas acontecerá inevitavelmente com impostos alfandegários superiores), e as estimativas de EPS (lucros empresariais) são revistas em baixa. É óbvio que isso não é bom para as bolsas, é mau, e logo veremos como afeta as obrigações, mas de momento é mau para as obrigações europeias, enquanto continua um prémio de risco por geoestratégia elevado e a dívida pública aumenta ainda mais rápido. Porque, embora determinadas despesas (Defesa) hipoteticamente não sejam contabilizadas para os limites do Défice Fiscal, há que as pagar de igual forma. 


A realidade é que ninguém sabe quase nada fiável agora mesmo, quase ninguém se atreve a admiti-lo. Insistimos que não se pode tirar conclusões fiáveis com base em informações incompletas, entre outras coisas, porque ainda é cedo para que os indicadores económicos mostrem algo diferente, nem sequer os adiantados… o primeiro dos quais corresponde a março (qualquer registo de março tornou-se especialmente importante, porque fevereiro ainda terá pouco impacto negativo no sentimento) sai hoje (14 h): Confiança Univ. Michigan, que se espera que retroceda até 63,0 desde 64,7… embora já esteja um pouco descontado, porque já retrocedeu em fevereiro (64,7) e janeiro (71,7) desde o seu máximo recente em dezembro (74,0). O risco de que hoje saia inferior ao esperado (63,0) é elevado, e isso poderá começar a despertar o mercado em relação ao dano que está a acontecer sobre o sentimento (isto é, bolsas, Consumo Privado, Investimento Empresarial, etc.). O próximo indicador adiantado de primeira ordem será o Leading americano de quinta-feira da próxima semana (Q20), que será de fevereiro e, por isso, não se espera especialmente mau (-0,1% vs. -0,3%). Estes são os 2 indicadores mais importantes a monitorizar nos próximos dias. Estes e as reuniões do BoJ e Fed a 19 de fevereiro, e do BoJ no dia 20 de fevereiro, todas na próxima semana.


CONCLUSÃO TELEGRÁFICA: HOJE os futuros sobem um pouco (+0,2%/+0,5%), mas é uma simples contrarreação positiva às quedas de ontem. Nada de fundo muda. O mercado está abalado, de momento. A Confiança Univ. Michigan (14 h) decidirá os fechos nesta sexta-feira de uma semana em baixa (Wall St. ca.-6% e Europa ca.-2,5%), que no caso americano será a 4.ª consecutiva em negativo. E Wall St. marca a tendência global, não o esqueçamos. O risco de que a sessão de hoje se torne negativa durante a tarde não é desprezível. 


S&P500 -1,4% Nq-100 -1,9% SOX -0,6% ES-50 -0,6% IBEX +0,1% VIX 24,7 Bund 2,85% T-Note 4,29% Spread 2A-10A USA=+32pb B10A: ESP 3,49% PT 3,36% FRA 3,55% ITA 3,94% Euribor 12m 2,451% (fut.2,355%) USD 1,084 JPY 161,2 Ouro 2.986$ Brent 70,5$ WTI 67,2$ Bitcoin -1,8% (81.973$) Ether +0,9% (1.895$).


FIM

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

BDM 181024

 China e Netflix contratam otimismo Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato* [18/10/24] … Após a frustração com os estímulos chineses para o setor imobiliário, Pequim anunciou hoje uma expansão de 4,6% do PIB/3Tri, abaixo do trimestre anterior (4,7%), mas acima da estimativa de 4,5%. Vendas no varejo e produção industrial, divulgados também nesta 6ªF, bombaram, sinalizando para uma melhora do humor. Já nos EUA, os dados confirmam o soft landing, ampliando as incertezas sobre os juros, em meio à eleição presidencial indefinida. Na temporada de balanços, Netflix brilhou no after hours, enquanto a ação de Western Alliance levou um tombo. Antes da abertura, saem Amex e Procter & Gamble. Aqui, o cenário externo mais adverso influencia os ativos domésticos, tendo como pano de fundo os riscos fiscais que não saem do radar. … “O fiscal continua sentado no banco do motorista”, ilustrou o economista-chefe da Porto Asset, Felipe Sichel, à jornalista Denise Abarca (Broadcast) para explicar o pa...

NEWS 0201

 NEWS - 02.01 Agora é com ele: Galípolo assume o BC com desafios amplificados / Novo presidente do Banco Central (BC) agrada em ‘test drive’, mas terá que lidar com orçamento apertado e avanço da agenda de inovação financeira, em meio a disparada no câmbio e questionamentos sobre independência do governo- O Globo 2/1 Thaís Barcellos Ajudar a reverter o pessimismo com a economia, administrar a política de juros, domar o dólar e a inflação — que segundo as estimativas atuais do mercado deverá estourar a meta também este ano —, além de se provar independente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, são os maiores desafios de Gabriel Galípolo à frente do Banco Central (BC). Mas não são os únicos. Com o orçamento do BC cada vez mais apertado, o novo presidente do órgão tem a missão de dar continuidade à grande marca de seu antecessor, Roberto Campos Neto: a agenda de inovação financeira. Também estão pendentes o regramento para as criptomoedas e um aperto na fiscalização de instituições...

Várias contribuições