Análise Bankinter Portugal
SESSÃO: Europa enganou-se, ontem, ao subir. E quase Nova Iorque também, porque esteve em positivo grande parte da sessão, mas derrubou-se no final. E com alguma força. Agora leem-se artigos bem-intencionados a defender a compra porque são quedas excessivas sem sentido. Estão enganados, porque não realizaram uma análise medianamente reflexiva da situação: o ciclo expansivo está a evoluir para neutro ou até contrativo. Não é algo que poderá acontecer, como há 1 ou 2 meses. Agora é um facto, porque grande parte do dano sobre a confiança está feito. O crescimento económico será muito baixo ou inexistente, a inflação aumentará no 2.º semestre, os bancos centrais não poderão baixar taxas de juros para ajudar (exceto irresponsabilidade monetária, como poderá ser o caso do BCE) e isso acabará por afetar os resultados empresariais (EPS), que são a base do valor das empresas e, por extensão natural, dos índices das bolsas.
A temporada de publicação de resultados americanos começa esta sexta-feira com os bancos (JPMorgan, MStanley e Wells Fargo). De seguida, os restantes setores. Serão resultados do 1T 2025, portanto ainda não estarão afetados. Mas os guidances/guias podem desaparecer, porque as empresas não se atreverão a comprometer-se com nada neste contexto 100% incerto. Isso significa que cancelarão os seus guidances atuais e/ou dirão que ficam sujeitos a revisão total. E as bolsas guiam-se por expetativas, as quais terão desaparecido ou estarão sujeitas a um elevadíssimo grau de confiança. E Trump não retificará a curto prazo. Demonstrou-o ontem à noite, afirmando que os dirigentes de outros países se dirigem a ele a suplicar por acordos.
Nessa situação não é possível pensar que se pode comprar já mais barato simplesmente porque as bolsas caíram rapidamente. Esse não é um argumento suficientemente sólido para um economista medianamente formado. É demasiado fácil dizer que é necessário comprar porque está mais barato. Ainda não chegou o momento. Chegará e haverá uma oportunidade excelente, mas ainda não. Simplesmente porque as avaliações mudaram (isto é, baixaram) sem que ninguém consiga saber exatamente até que ponto. Reconhecer isto é honesto. Por isso, insistimos em refugiar-se para não perder. Porque nem sempre se pode investir para ganhar. Saber quando não fazer nada é a chave para preservar o património e colocá-lo a render, assumindo riscos quando estes podem ser mensuráveis. Fazê-lo quando isso não é possível ou por intuição, simplesmente porque o mercado caiu e pronto, é irresponsável.
Os futuros europeus vêm a cair quase -4% e os americanos quase -2%. Não está de modo algum terminado. Irá agravar-se, a não ser que Trump retifique. Mas só o fará quando começar a ficar sozinho porque os seus acólitos – tão ignorantes quanto ele sobre economia, mas piores do que ele por se terem tornado em súbditos cobardes – sentem uma dor real: perdem dinheiro seriamente (daí Musk já estar assustado e ter mudado a sua mensagem) e a sua reputação pessoal fica destruída ao revelar o seu fracasso por ignorância. Porque o mais perigoso não é não saber, é não querer saber o que se passa. E este é o caso.
Índia e Nova Zelândia baixaram taxas de juros esta madrugada, como esperado e sem que signifique algo em particular. Hoje, às 19 h, Atas da reunião da Fed de 19 de março, que também nos permite ver que, como pensamos, é cada vez mais difícil voltar a baixar taxas de juros perante o aumento da inflação derivado da guerra alfandegária. Amanhã, a inflação americana de março provavelmente retrocederá (+2,6% vs. +2,8%), mas se alguém quiser alegrar-se com isso, enganar-se-ia, porque as tensões inflacionistas não serão percebidas, no mínimo, até ao dado de abril, publicado a 10 de maio. E na sexta-feira, o mais importante: a Confiança da Univ. de Michigan de abril, porque foi o primeiro indicador adiantado americano que, a 14 de março, mostrou um forte debilitamento (57,9 desde 64,7, depois revisto em baixa até 57,0) e com aumentos sérios dos seus componentes de expetativas de inflação a 5 anos (+3,9%, revisto depois até +4,1%) e a 1 ano (+4,9%, também revisto depois até +5,0%). Espera-se 54,5, mas poderá ser pior do que isso e com expetativas de inflação ainda superiores.
Os caçadores de oportunidades enganam-se, porque é cedo, embora isto proporcione uma excelente oportunidade quando for o momento certo… e faremos o impossível para o identificar a tempo.
S&P500 -1,6% Nq-100 -2% SOX -3,6% ES-50 +2,5% IBEX +2,4% VIX 52,3% Bund 2,63% T-Note 4,44% Spread 2A-10A USA=+66pb B10A: ESP 3,35% PT 3,23% FRA 3,39% ITA 3,85% Euribor 12m 2,107% (fut.2,208%) USD 1,052 JPY 160,7 Ouro 3.017$ Brent 60,4$ WTI 57,1$ Bitcoin -3,8% (76.639$) Ether -7,7% (1.461$).
FIM
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