Análise Bankinter Portugal
SESSÃO: Wall St. subiu ONTEM ao interpretar como indício de flexibilização que os impostos alfandegários aos automóveis, desde 2 de abril, são seletivos conforme os países (Trump disse “a lot of countries” breaks on tariffs), embora a novidade seja que, também os países que comprarem petróleo à Venezuela sofrerão de 25% de imposto alfandegário. A sua estratégia alfandegária continua a ser obsessiva-compulsiva. A nomenclatura da moda nesta Administração americana é “TBD” (To Be Determined) em que se refere a quais e quanto serão os impostos alfandegários sobre automóveis, farmacêuticas, semis, alumínio, madeira (ou roupa interior para animais ou qualquer outra ocorrência do momento) a partir de 2 de abril.
Como o mercado interpretou ontem que os impostos alfandegários serão menos extensos e/ou mais levianos do que o anunciado, então Wall St. subiu com alguma energia. O seu assessor económico, Kevin Hasset, criou o termo “Dirty 15”, referindo-se a uma suposta lista de 15 países que mantêm elevados superavits comerciais com os EUA. Quando vemos os dados, encontramos 4 países que concentram 70% do Défice Comercial americano: China 27%, México 18%, UE 14% e Vietname 11%. Mas México e Vietname são como o seu “salão traseiro” em termos de produção, porque trata-se maioritariamente de centros de produção intermédios das próprias empresas americanas, portanto aplicar-lhe impostos alfandegários seria como disparar um tiro no pé. Enfim… Trump tem a mesma mentalidade sobre o comércio mundial que se tinha, erradamente, após a Primeira Guerra Mundial: que é uma soma zero e que o que um perde, o outro ganha. Mas é um grande erro: numa guerra alfandegária, todas as partes perdem porque reduz-se o comércio e, por acréscimo, a atividade económica enquanto se gera inflação, porque a história económica demonstra que entre 30% e 50% dos impostos alfandegários repercutem em preços finais.
Em termos de descidas de taxas de juros, Bostic (Fed Atlanta, mas sem voto este ano) estima agora apenas uma descida em 2025 vs. 2 antes, portanto a nossa defesa de bancos centrais cada vez mais frios em relação a descidas de taxas de juros vai sendo apoiada pela evolução dos acontecimentos.
HOJE saem: (i) 9 h, IFO Clima Empresarial na Alemanha, provavelmente a melhorar até 86,7 desde 85,2, e principalmente pela sua importância; (ii) 14 h, Confiança do Consumidor dos EUA, a piorar até 94,0 ou inferior desde 98,3. Este dado é realmente importante, porque é um indicador adiantado muito fiável e já de março, que é quando começaram a notar-se as mudanças para pior devido aos impostos alfandegários e ao restante. Esta é a chave.
Já está disponível a nossa Estratégia de Investimento 2T 2025: “Ninguém sabe quase nada. Ciclo expansivo questionado. Reajuste. Recessão improvável. Posicionamento um pouco menos agressivo.” (em espanhol; versão portuguesa brevemente).
CONCLUSÃO TELEGRÁFICA: Os futuros retrocedem inercialmente (ca.-0,2%) após as fortes subidas de ontem, que foram mais viscerais do que objetivas. O IFO sairá bom, mas a chave é a Confiança do Consumidor EUA, porque será já o 6.º indicador adiantado americano com registo de março a piorar, o que diz bastante de forma objetiva. É provável que a semana arrefeça substancialmente a partir de hoje. Recordemos que esta semana há bastante macro, mas que a outra referência importante será o Deflator de Consumo (PCE) americano, na sexta-feira, certamente a aumentar na Taxa Subjacente (+2,7% vs. +2,6%), e isso é de fevereiro, o que não assentará nada bem no mercado. Parece que as yields das obrigações americanas começam a elevar-se e isso tampouco é bom para as bolsas.
S&P500 +1,8% Nq-100 +2,2% SOX +3% ES-50 -0,2% IBEX -0,2% VIX 17,5 Bund 2,78% T-Note 4,33% Spread 2A-10A USA=+29pb B10A: ESP 3,40% PT 3,29% FRA 3,46% ITA 3,87% Euribor 12m 2,366% (fut.2,302%) USD 1,080 JPY 162,5 Ouro 3.015$ Brent 72,9$ WTI 69,0$ Bitcoin -0,5% (87.603$) Ether -0,7% (2.053$).
FIM
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