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O EXEMPLO DE BOTSWANNA, de Alexandre Pieritz

 Como o segundo país mais pobre do mundo ficou mais rico que o Brasil?

Quando conseguiu sua independência, em 1966, Botsuana era o segundo país mais pobre do mundo. Apesar de ter a extensão territorial da Espanha, o país possuía apenas 12km de estradas pavimentadas, não havia hospitais e universidades e a maior parte da população era analfabeta. No país inteiro, havia apenas 20 pessoas com ensino superior e 100 com ensino médio.

De lá pra cá, muita coisa mudou: Botsuana foi o segundo país que mais cresceu no mundo. Entre 1966 e 2019, a renda per capita do país cresceu 5,3% ao ano, em média. Um desenvolvimento nessa velocidade permite que um povo dobre seu padrão de vida a cada 13 anos, fazendo com que Botsuana ultrapassasse o Brasil em nível de renda na última década.

Botsuana é um dos exemplos mais impressionantes de transformações econômicas da era moderna. O primeiro presidente do país, Seretse Khama, teve grande importância nessa história. Negro e casado com uma mulher branca, enfrentou forte resistência externa de países vizinhos à época abertamente racistas, como África do Sul e Rodésia.

Apesar disso, a liderança foi bem sucedida em fundar as bases de um país próspero. A constituição de Botsuana, escrita com grande influência do partido fundado Seretse Khama, criou mecanismos de freios e contrapesos para impedir a ascensão de regimes autoritários. O país segue sendo a mais longínqua democracia multipartidária da África.

A administração pública privilegiou a meritocracia e a eficiência. Ao contrário de muitos países vizinhos, Botsuana não deu privilégios e vantagens para a população local nos serviços públicos, e inicialmente teve que contar com o auxílio de técnicos estrangeiros em funções chaves da administração pública até que a população local fosse suficientemente educada e capacitada para competir pelos mesmos empregos.

Esses elementos institucionais que fundaram o país foram fundamentais para que a benção dos recursos naturais não se transformasse em maldição. Pouco depois de independente, Botsuana descobriu vastas reservas de diamante. Mas ao contrário da grande maioria dos países africanos, essa fonte riqueza não levou guerras civis ao surgimento de regimes ditatoriais e corruptos. Segundo a Transparência Internacional, Botsuana é o país menos corrupto da África.

A boa governança aliada às receitas da exploração de recursos naturais permitiram que o país expandisse o acesso a serviços essenciais, como a educação básica. Ainda na década de 80, apesar de ser muito mais pobre que o Brasil, Botsuana já nos ultrapassava em escolaridade média. O país também facilitou a vida de quem queria trabalhar e empreender, subindo posições nos rankings de facilidade para fazer negócio e liberdade econômica.

Botsuana ainda é um país de renda média, mas já supera o Brasil em vários indicadores importantes.

Botsuana vs Brasil

▶PIB por habitante: R$ 18,5 mil | R$ 15,3 mil

▶Escolaridade média: 9,6 anos | 8 anos

▶Facilidade para fazer negócios: 87º | 124º

▶Liberdade econômica: 40º | 144º

Botsuana, apesar de ter inúmeros problemas típicos de países em desenvolvimento, é um dos casos mais impressionantes de redução da pobreza no mundo, especialmente considerando seu ponto de partida. O Brasil deve sem tentar se inspirar nos países e experiências que dão certo.

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