Pular para o conteúdo principal

Notas do Alentejo, por Julio Hegedus Netto

Tenho escrito todas as semanas neste espaço  para tentar entender melhor o momento que vivemos. Tenho focado, em especial, na cena econômica, por ser este o objeto central de análise deste blog/grupo, espaço que eu considero relevante para levantar o debate. 

Por outro lado, inevitável abordar outros temas, visto que tudo nos remete para o clima político açodado entre governo federal, governadores e outros atores. 

No plano político, na eclosão desta crise do Coronavirus, irrita muito a atitiude vacilante do presidente Bolsonaro. Primeiro considerou a pandemia uma fantasia, depois migrou para uma gripezinha, até encarar como realmente algo sério. Grande foi a contribuição do seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, meio que colocando o presidente na "real". Decorrente disso, o grande personagem do governo neste momento é este ministro, embora causando algum ciúme. Afinal, vivemos ainda a "sindrome de Polyana", com o presidente negando a realidade?

Pesquisa Focus. Trabalha-se com um crescimento de 1,5% em 2020, sendo importante analisar a queda de 0,2% no primeiro trimestre deste ano contra o anterior. Importante observar, porém, que várias casas e o próprio governo já revisaram o crescimento do PIB para este ano. O governo trabalha com estagnação de 0,02%, o Itaú -0,7%. 

Receituario econômico. O que deve predominar a partir de agora. Políticas keynesianas anti-cíclicas fiscais e liberações de créditos, num mix de políticas que devem se complementar? Sobre a questão do desemprego, a ordem é criar alguma política de renda mínima ou abrir para livres negociações entre as partes. Possível que estes acordos sejam possíveis, com desligamentos temporários em prazos de até quatro meses.  

Já observamos sim algum desvio de rota na macroeconomia, com mobilização de recursos do Tesouro. Segundo o brilhante Armínio Fraga, ex-presidente do BACEN e ex-CEO da Gávea, algumas alternativas de políticas públicas são postas, diante de um cenário de calamidade pública. 

Aos mais pobres temos a ampliação do Bolsa Família; para os trabalhadores informais, importante se  cadastrarem, num grande esforço de comunicação. Linhas de crédito são abertas.

Para os pequenos empreendedores da rua. Quando eles perdem a receita, quebram. A CEF já sinalizou mecanismos de financiamento. Fraga abre a possibilidade do Tesouro liberar recursos para estas pessoas. 

Nesta terça-feira, dia 23, o mercado foi altista, subindo 9,6% a 69,7 mil pontos, impulsionado pelos bons ventos externos, dado o pacote fiscal em discussão no Congresso norte-americano. Decorrente, o dólar recuou 1,4%, a R$ 5,07. 

Importante observar por este gráfico a seguir o descolamento da China frente a outros emergentes. Talvez por ser uma ditadura seja mais fácil "segurar" as populações que acabam agindo mais ordeiramente. O fato é que o tombo dos emergentes tende a ser bem maior. 

 Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Prensa 0201

 📰  *Manchetes de 5ªF, 02/01/2025*    ▪️ *VALOR*: Capitais mostram descompasso entre receitas e despesas, e cresce risco de desajuste fiscal       ▪️ *GLOBO*: Paes vai criar nova força municipal armada e mudar Guarda   ▪️ *FOLHA*: Homem atropela multidão e mata pelo menos 15 em Nova Orleans  ▪️ *ESTADÃO*: Moraes é relator da maioria dos inquéritos criminais do STF

BDM 181024

 China e Netflix contratam otimismo Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato* [18/10/24] … Após a frustração com os estímulos chineses para o setor imobiliário, Pequim anunciou hoje uma expansão de 4,6% do PIB/3Tri, abaixo do trimestre anterior (4,7%), mas acima da estimativa de 4,5%. Vendas no varejo e produção industrial, divulgados também nesta 6ªF, bombaram, sinalizando para uma melhora do humor. Já nos EUA, os dados confirmam o soft landing, ampliando as incertezas sobre os juros, em meio à eleição presidencial indefinida. Na temporada de balanços, Netflix brilhou no after hours, enquanto a ação de Western Alliance levou um tombo. Antes da abertura, saem Amex e Procter & Gamble. Aqui, o cenário externo mais adverso influencia os ativos domésticos, tendo como pano de fundo os riscos fiscais que não saem do radar. … “O fiscal continua sentado no banco do motorista”, ilustrou o economista-chefe da Porto Asset, Felipe Sichel, à jornalista Denise Abarca (Broadcast) para explicar o pa...

NEWS 0201

 NEWS - 02.01 Agora é com ele: Galípolo assume o BC com desafios amplificados / Novo presidente do Banco Central (BC) agrada em ‘test drive’, mas terá que lidar com orçamento apertado e avanço da agenda de inovação financeira, em meio a disparada no câmbio e questionamentos sobre independência do governo- O Globo 2/1 Thaís Barcellos Ajudar a reverter o pessimismo com a economia, administrar a política de juros, domar o dólar e a inflação — que segundo as estimativas atuais do mercado deverá estourar a meta também este ano —, além de se provar independente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, são os maiores desafios de Gabriel Galípolo à frente do Banco Central (BC). Mas não são os únicos. Com o orçamento do BC cada vez mais apertado, o novo presidente do órgão tem a missão de dar continuidade à grande marca de seu antecessor, Roberto Campos Neto: a agenda de inovação financeira. Também estão pendentes o regramento para as criptomoedas e um aperto na fiscalização de instituições...