Pular para o conteúdo principal

Mais sobre os superciclos 2

Por estes dias saiu um artigo, versando sobre o aumento do preço do petróleo e seu impacto sobre os preços agrícolas. Artigo muito bom. 

"Em continuidade à discussão,  exploremos o padrão sincronizado de todos os preços das commodities no longo prazo.

Dados os diferentes motores do crescimento econômico ao longo da história, a maior demanda levou ao aumento simultâneo dos preços de commodities como energia, agricultura, pecuária e metais. Esses períodos prolongados de 20-30 anos ou mais de preços mais altos consistentes são chamados de superciclos de commodities.

Há um consenso sobre quatro superciclos desde o início do século XX. O primeiro ciclo coincide com a industrialização dos Estados Unidos (1899-1932), enquanto o segundo foi impulsionado pela Segunda Guerra Mundial e reconstrução após seu término (1933-1961). Consequentemente, o terceiro ciclo foi impulsionado pela reindustrialização da Europa e do Japão (1962-1995). Finalmente, o quarto ciclo ocorreu em meados dos anos 90, alimentado pela rápida industrialização e urbanização da China (de 1996 até meados da década de 2010). Todos esses ciclos são apresentados nos dois gráficos a seguir, elaborados pela Visual Capitalist (2019). [1]

Isso nos leva ao ponto que estamos hoje. O último ciclo terminou perto de 2014, mas diferentemente dos anos 2000, quando a China era o motor que impulsionava os preços das commodities para cima, parece que agora não há um motor claro de crescimento econômico capaz de pressionar os preços globais das commodities para cima por um período prolongado de mais de 20 anos .

Por um lado, a recuperação econômica na pandemia pós-COVID, principalmente dos países desenvolvidos, certamente está pressionando os preços para cima. Por exemplo, o presidente Joe Biden quer gastar US $ 1,7 trilhão em projetos de infraestrutura da América [2]. Além disso, alguns analistas apostam no “crescimento verde”, com foco no ESG, que devoraria minerais e manteria a demanda aquecida.

Além disso, supondo que a mudança climática já está sobre nós, causando escassez de oferta (por exemplo de energia, grãos e sementes oleaginosas, fertilizantes) por condições climáticas desfavoráveis, os preços das commodities podem mudar estruturalmente para um nível mais alto.

Da mesma forma, gargalos de infraestrutura podem limitar a oferta para uma demanda ampla, sustentando também preços mais altos. De acordo com um artigo escrito por Jeff Currie, da Goldman Sachs, infraestrutura envelhecida e investimentos em declínio prejudicavam a capacidade de fornecer e entregar commodities e de expandir a capacidade [3]. Um exemplo é a redução da produção de carvão na China, que atingiu a capacidade de fundição de alumínio. Outro exemplo é o atraso na nova infraestrutura ferroviária do Brasil, como o Ferrogrão, que limita a produção de milho e soja na região central dos países.

Por outro lado, os problemas financeiros das incorporadoras chinesas Evergrande e Fantasia, deixam muitos preocupados com o setor imobiliário da China e sua demanda insaciável por matérias-primas [4]. Além disso, o atual aumento dos preços das commodities, principalmente alimentos, está causando uma inflação mais alta em todo o mundo, o que, por sua vez, levará a políticas monetárias mais rígidas e menor crescimento econômico - limitando assim o apetite pela demanda.

Os preços mais altos durarão? Estaríamos vivendo o início de um novo ciclo? Diferente dos ciclos anteriores, as evidências sugerem um superciclo causado por restrições de oferta de longa duração, em vez de um crescimento baseado na demanda.

Mas a resposta ainda não está clara. Uma coisa é certa, porém, se estivermos em um novo superciclo, ele aumentará erraticamente, cheio de incertezas ou, como The Economist apontou em um artigo recente, “se os anos 2000 foram sobre o superciclo, então os anos 2020 são sobre o supermayhem ”[5]."



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Já deu...

  Fernando Haddad, mais um poste criado pelo Deus Lula, disse que o cidadão é o "maestro da Orquestra". Estamos fufu. Lula não tem mais a mínima condição de ser maestro de nada, nem da sua casa, em quem manda é a Janja. É o ocaso de um projeto de poder, do lulo-petismo, que foi se transformando num culto fajuto à personalidade, nas piores personificações das ditaduras corruptas de esquerda. Lula já não consegue concatenar ideias, está cansado e sim, mto velho. Já deu.

Abertura 2901

 Abertura: Brasil olha Vale e Petrobras antes de Copom; exterior fica misto à espera de Fed São Paulo, 29/01/2025 Por Silvana Rocha e Luciana Xavier* OVERVIEW.  As decisões de juros no Brasil e nos EUA, bem como os comentários de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), estão no centro das atenções dos mercados nesta super quarta. As sinalizações sobre o aumento de tarifas pelo governo de Donald Trump devem guiar também os negócios antes da divulgação de balanços de grandes empresas de tecnologia americanas, como Meta, Microsoft e Tesla. Internamente, serão acompanhados um leilão de linha de até US$ 2 bilhões no mercado de câmbio e reunião do Conselho de Administração da Petrobras para discutir preços de combustíveis. NO EXTERIOR.   Os mercados operam sem direção definida, com investidores atentos a balanços corporativos e esperando a decisão do Fed. A holandesa ASML, fabricante de equipamentos para a produção de semicondutores, superou expectativas em enc...

Matinal 0201

  Vai rolar: Dia tem PMIs e auxílio-desemprego nos EUA e fluxo cambial aqui [02/01/25] Indicadores de atividade industrial em dezembro abrem hoje a agenda internacional, no ano que terá como foco a disposição de Trump em cumprir as ameaças protecionistas. As promessas de campanha do republicano de corte de impostos e imposição de tarifas a países vistos como desleais no comércio internacional contratam potencial inflacionário e serão observadas muito de perto não só pela China, como pelo Brasil, já com o dólar e juros futuros na lua. Além da pressão externa, que tem detonado uma fuga em massa de capital por aqui, o ambiente doméstico continuará sendo testado pela frustração com a dinâmica fiscal e pela crise das emendas parlamentares. O impasse com o Congresso ameaça inviabilizar, no pior dos mundos, a governabilidade de Lula em ano pré-eleitoral. ( Rosa Riscala ) 👉 Confira abaixo a agenda de hoje Indicadores ▪️ 05h55 – Alemanha/S&P Global: PMI industrial dezembro ▪️ 06h00 –...