Sou Economista com dois mestrados, cursos de especialização e em Doutoramento. Meu objetivo é analisar a economia, no Brasil e no Mundo, tentar opinar sobre os principais debates da atualidade e manter sempre, na minha opinião essencial, a independência. Não pretendo me esconder em nenhum grupo teórico específico. Meu objetivo é discorrer sobre varios temas, buscando sempre ser realista.
sábado, 4 de setembro de 2021
Reflexões Pessoais 2
quinta-feira, 2 de setembro de 2021
SETEMBRO: NA "ESCALA DA INSENSATEZ"
Setembro não será um mês fácil. Muita volatilidade nos espera, até porque teremos a crise hídrica no radar, não descartando a necessidade de racionamento, ainda mais porque se aproxima o verão e o uso de ar condicionado deve ser um fator a mais de risco. Para piorar, temos um presidente totalmente "descompensado", que só pensa em outubro de 2022, embora, neste momento, ao que parece, suas chances de chegar ao segundo turno sejam cada vez mais remotas.
No mercado, as bolsas de valores oscilam ao sabor das "crises" diárias, "fabricadas" pela tensa relação entre os poderes. Em agosto, a B3 perdeu 2,5% do seu valor, depois de recuar em julho (3,9%). E o pior é que a bolsa paulistana vinha num bom rally de altas mensais, tendo "testado" os 130 mil pontos.
No arsenal de boas alocações no mercado de ativos, não podemos deixar de destacar no mercado de ações, a oportunidade de investir em bancos, instituições muito resilientes, sempre achando uma brecha para se safar das armadilhas. Outra boa recomendação vai para as empresas atreladas às commodities, já que a retomada da economia é global e irreversível. Dependendo do ritmo das vacinações, é claro.
Estejam atentos, por outro lado, aos fundos de ações no geral, aos multimercados e aos fundos imobiliários.
Em resumo, para setembro, temos os seguintes vetores de atenção (ou cuidado).
Como já dito acima, a tarifa mais pesada, da bandeira de "escassez hídrica", deve nortear a trajetória da inflação neste segundo semestre. Pela elevação a R$ 14,60 por 100 kwtz, algo em torno de 0,3 a 0,4 ponto percentual sobre o IPCA de setembro, a inflação no ano deve fechar acima de 8%. Isso decorre da intensificação no uso de termoelétricas, muito mais custosas para o regime energético do País.
Vacinações em bom ritmo. Interessante. Embora tenhamos presenciado muitas negativas no meio do caminho, bilhões de reais "rasgado" na compra de "placebos", como kloroquina e ivermetcina, o ritmo de vacinações avançou bem até o momento, o que abre mais possibilidades de "normalização" da vida econômica por estes dias. No mapeamento do País, com a primeira dose já são 64,7% e totalmente vacinadas 30,1%. Lembremos que são 582 mil óbitos, num universo de 20,8 milhões de casos.
Em conclusão, visualizamos no Brasil um cenário de perfeita tempestade, tudo acontencedo ao mesmo tempo e agora. Temos um cenário de economia perdendo tração, choques de oferta elevando a inflação (energia, alimentos, chqoues de combustível, etc), mercado de trabalho frágil, com o número de desempregados próximo a 15 milhões, riscos fiscais no horizonte e uma governabilidade em que, a todo momento, a ameaça de ruptura ou impeachment ganham terreno. É o pior dos mundos.
domingo, 29 de agosto de 2021
Algumas reflexões pessoais
- Eu não diferencio em NADA a desonestidade intelectual da esquerda e da direita. Ambas são picaretas e tentam manipular a a opinião pública com suas teses absurdas. O bom seria ter como conseguir se livrar desta gente, colocar um bom gestor em Brasília e acabar com certos "cavalos de batalha", tão defendidos por ambos os lados.
- Para quê a criatura acabou com o horário de verão? Para quê? Será q o ministro Beto Albuquerque não devia ter aconselhado? Aliás, o q fazem os 20 e tantos ministérios neste governo? Nada???
- Estes dias eu assisti ao genial jornalista Eduardo Bueno, um iconoclasta na veia (jornalista historiador e mentor do Buenas Ideias). Disse ele q é totalmente livre. Nada o enquadra. Como jornalista já foi a Cuba e, na época, na Alemanha Oriental. Ambos um lixo absoluto! Uma merda! Palavras dele...O comunismo é uma porcaria. Mas importante dizer. Tem críticas à esquerda, mas mto mais, nojo à esta direita de Bolsonaro e sua turma...Estou com ele e não abro...Só q eu tenho nojo de ambos na mesma intensidade. Nem mais, nem menos.
- O "sapo barbudo" falou em "regular as mídias". Sobre isso, silêncio absoluto da mídia esquerdista e picaresca. E agora José??? O interessante é q se deixar o cara solto, improvisando, saem as mesmas patacoadas ditas por este capitão. Ambos só abrem a boca para falar bobagem. E, engraçado, todos sabemos que tudo dito por este canalha do Lula é da boca para fora. Há uma cena dele com o Sergio Cabral, outro canalha, num evento, q ambos ignoram um menino pobre de comunidade. E o menino pedindo coisas para eles. Dois escroques completos.
- Sobre o Bolsonaro, são tantas condutas absurdas. A mais usual é condenar as vacinas, o isolamento social e o uso de máscara. O q este cara quer? Q as pessoas sucumbem ao virus. Eu estou torcendo para ele pegar esta coisa e virar a página. Ia ser muito irônico.
- Algo a me causar asco, é ver este capitão só ir a evento de milico. Ele é algum ministro da DEFESA ?? Só vai nestes eventos. Impressionante. Afinal, o q faz o resto do ministério?? Além do Tarcísio Freitas, há alguma agenda??? Apenas um adendo relevante: Bolso fala q Lula não pode andar nas ruas, por causa das vaias. De fato, mas por acaso ele pode, sem a sua claque de fiéis?? Só para esclarecer.
- Touché! Ele pensa q tem popularidade e manda em alguém. Só nos puxa-sacos de sempre.Em texto cirúrgico de WILLIAM WAACK, no OESP, "Sem ter criado uma organização política capilarizada e sem ter a adesão das cadeias de comando das Forças Armadas, Bolsonaro acha que manda, mas não comanda nada a não ser fanáticos imbecilizados em redes sociais que não sabem até agora muito bem onde está o “Palácio de Inverno” a ser tomado e ocupado."
quinta-feira, 19 de agosto de 2021
AGORA O PT
O PT no poder, nos seus quase 15 anos, foi uma ORCRIM, uma instituição criminosa SIM. Rios de dinheiro fluíram pelas suas canaletas.
Por isso, terem segurado a "pemba", bancando as melhores bancas de advocacia do Brasil, no desenrolar da LAVA JATO.
Muito dinheiro jorrando e todos sabemos por que e de onde.
Nas estratégias desmioladas para a construção de refinarias, isso fica bem LATENTE.
A refinaria Abreu e Lima, de Pernambuco, em várias revisões orçamentárias, pulou de R$ 2,3 bilhões para R$ 18,5 bilhões! Todos sabemos para que estas revisões crescentes ao longo do tempo !
Muito destes recursos parecem ter escapado pelo ralo já q a refinaria opera "pela metade", devido ao acordo com o a PDVSA da Venezuela não ter logrado êxito.
Todos sabemos por que!!
E o q dizer da COMPERJ sem prazo para terminar???
São as políticas nacional desenvolvimentistas, desta esquerda acéfala e picareta, em delírio, "destruindo" o Brasil.
E eles querem voltar !
Concluindo, o PT não possui um projeto de governo, mas sim "de poder"...O poder pelo poder, com todos os seus esquemas e compadrios. São SIM uma quadrilha de meliantes, uma ORCRIM. E isso não significa apoio a este siderado no poder. Bolsonaro, aliás, só existe pq houve o "lulo-petismo" e o cinismo escancarado destes escroques.
Bolsonaro apenas se "aproveitou" da revolta de grande parte da classe média, q nunca mamou nas tetas do setor público, contra estes elementos. Um vídeo circulando na rede com o Zé Dirceu reconhecendo q "fracassaram na facada". Ato falho ??
São pilantras...e resultaram no q temos hje, o Bolso, com sua retórica moralizadora, mas non troppo.
Quem não enxerga isso, paciência.
No Afeganistão, o caos!
Nem que transformasse este país num enclave da OTAN! Na verdade, a transição durou 20 anos e parece, não serviram para nada. Como faz agora para remediar o estrago?
Sim, porque como vemos na mídia, é uma “tragédia humanitária anunciada”, talvez nunca presenciada.
O povo afghan não aceita este estado de coisas. São milhares tentando pegar um avião e fugir. Milhares de famílias! O fluxo migratório é gigantesco. Vivemos mais um “Exodus”. Observa-se o terror das pessoas aos talibãs. São pobres afghans fugindo da sua própria terra e deixando tudo para trás!
É como brincar na beira do precipício a todo momento. “Conquistamos, vamos agora brincar de ser governo.”
Não há a mínima seriedade sobre como os talibãs governarão este país a partir de agora. Parece-nos uma completa aventura! E eles parecem sim, completamente perdidos!
Não dá para levar a sério ver os Mulas, nas suas crenças medievais e extremamente reacionárias, dando declarações. Como será a relação destes “líderes” com o resto do mundo? Será que merecem alguma credibilidade? Corremos o risco sim de ter o Afeganistão como um “grande enclave de terroristas, exportados para o mundo!”
Talvez seja o caso da ONU intermediar esta transição. Afinal, é este o seu papel. Ser uma instância moderadora, recorrível em momentos críticos como este. Não vale se omitir ou atuar na neutralidade, mas sim como agora, em “terra arrasada”. O papel do Comissariado da ONU é este. Para isso, que foi criado.
E O CAPITÃO ???
E o q dizer do capitão?
segunda-feira, 16 de agosto de 2021
A alternativa ao semipresidencialismo
Muitos são os que já começam a achar que o nosso regime presidencialista, o presidencialismo de coalizão ou de cooptação, já deu. Não para mais em pé. Se esgotou, dadas as tantas crises que gera pelo caminho.
Num universo de mais de 30 partidos, a maioria em busca do fundo eleitoral ou partidiário, mais parecendo legendas de aluguel para negociatas, como pensar em representatividade?
E o que dizer da "sanha" do Centrão, sempre atuando de forma picaresca e nas sombras?
Não há como negar que o nosso regime presidencialista atravessa uma crise de representatividade, dada a instabilidade recorrida no Brasil, desde a redemocratização em 1985. Já foram dois impeachment, de Collor de Mello em 1992 e de Dilma Rousseff em 2016 e um presidente preso, Lula da Silva. Onde estamos errando? Parece-me claro que um dos motivos de distorção é esta simbiose perversa, na relação entre Congresso, Legislativo, e Executivo.
Por estes tempos, chegou0-se a pensar na alternativa do Parlamentarismo, mas logo arquivada, dada a experiência mal fadada nos anos 60, com Tancredo Neves como primeiro ministro. Depois, veio a ideia de um regime híbrido, até já existente em alguns países em países como Portugal e França.
Só para reforçar. No parlamentarismo, o governo é formado, a partir do primeiro ministro e a formação do seu ministério. Este é uma composição de forças, forjada no Congresso e estes "respondem" pelos seus atos ao parlamento. Se sofrer uma moção de reprovação, acaba caindo e um novo governo montado. Sendo assim, tendo maioria no parlamento, o governo continua, não tendo, cai.
No semipresidencialismo, é um sistema híbrido, onde o presidente tem a manutenção de funções relevantes no presidente, como "chefe supremo das forças armadas", conduz a diplomacia, tem direito à veto e sanção, nomear e exonerar os membros do governo, quando o primeiro ministro solicitar. Há participação e comandos e efetivos. Já o primeiro ministro nomeia e comanda sua equipe, seu ministério, ou conselho de ministros.
Por este regime, a estabilidade política é possível e a governabilidade mais efetiva. O presidente é um articulador político e o primeiro ministro "toca o barco". O parlamento passa a ser responsável direto sobre o governo e seus resultados.
Naturalmente, os populistas, os que personalizam o poder, como a turma do PT e o bolsonarismo, são contra. Parece-me óbvio saber por quê.
Vamos conversando.
sexta-feira, 30 de julho de 2021
FECHANDO A SEMANA
Já sobre a B3, o Ibovespa terminou o pregão em queda com uma nova bateria de balanços no radar. O índice recuou 0,48%, para 125.675 pontos. Nos EUA, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq 100 subiram 0,44%, 0,42% e 0,20%, respectivamente. O petróleo também subiu, após queda de estoques nos EUA e com apetite por risco. Brent para outubro avanço 1,67%, e o WTI para setembro, 1,70%.
Vamos conversando!
Bons negócios!
quinta-feira, 15 de julho de 2021
REFORMA TRIBUTÁRIA NO RADAR
No cerne desta segunda etapa, a alteração da alíquota do IRPF, elevando a isenção para R$ 2,5 mil, contra R$ 1,9 mil como era antes, e no IRPJ, a taxação reduzida de 25% para 12,5% até 2023 (ESTA REDUÇÃO FOI CONSIDERADA EXCESSIVA). Foi mantida também a alíquota adicional de 10% para as empresas com lucro acima de R$ 20 mil.
Em prosseguimento, o governo federal segue "costurando acordos" para tentar levar adiante estas medidas.
O desafio será enfrentar as críticas entre os "entes subnacionais", insatisfeitos com esta versão do relator Celso Sabino. Os estados da Federação calculam perdas entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões para os governadores e prefeitos, entre 77% e 90% de impacto da redução total da carga tributária com a queda do IRPJ.
Ou seja, a perda do PIS/COFINS e com o IRPJ não deve ser compartilhada pela União com os entes subnacionais.
Na leitura da União, o objetivo é cortar até R$ 30 bilhões em subsídios e torcer para a recuperação da economia e o aumento da arrecadação federal, o que pode compensar esta perda com o IRPJ. Segundo Guedes, a recuperação da arrecadação no primeiro semestre ficou R$ 100 bilhões acima do esperado. Ou seja, esta cobertura pela perda da redução pela metade do IRPJ deve vir pelo lado da retomada da economia.
Muitos alertam que a redução agressiva do IRPJ, de 25% para 12,5%, pode acabar levando ao aumento da CBS, proposta do novo tributo para a fusão do PIS e Cofins, listada na primeira fase (lembremos que esta proposta da primeira fase foi jogada para ser votada depois do recesso, em agosto).
Uma preocupação a mais é de que esta reforma fatiada (em três etapas) não permite avaliar o impacto das mudanças no todo.
Estudos preliminares sobre a segunda fase indicam perda de arrecadação em torno de R$ 115 bilhões, compensada com mais R$ 85 bilhões com os cortes dos subsídios , taxação de dividendos (20%) e fim da isenção do JCP.
A retirada dos benefícios tributários em 20 mil empresas dos setores de cosméticos, perfumaria, medicamentos, aeronaves, devem impactar as empresas de setores (fármacos, Embraer, laboratórios, redes de hospital) listados em bolsa de valores. Por outro lado, o retorno da isenção para os fundos imobiliários, devem turbinar os papéis do setor de shopping e construção.
Confira as principais mudanças apresentadas no texto preliminar:
1) Fundo Exclusivo: Fica mantido o come-cotas em novembro, com alíquota de 15%, incluindo a previsão da tributação sobre o estoque, que deverá ser pago até maio de 2022, com possibilidade de pagamento antecipado em fevereiro de 2022 com alíquota de 10%.
2) Dividendos: Permanece a alíquota de 20% descontada na fonte.
3) Empresas: A redução do IR passou de 5p.p. para 12,5p.p.. Hoje é de 15%, assim a previsão de IR final para 2022 é de 5% e para 2023 de 2,5%.
4) IR para Investimentos: O projeto inicial pretendia ter uma única alíquota de 15%. No novo texto, volta para a tabela regressiva, entre 22,5% a 15%, assim como é hoje.
5) Offshore: As previsões do texto original foram excluídas. Fica mantida a regra atual e o diferimento da tributação dos resultados auferidos por sociedades localizadas em países considerados “paraíso fiscal”.
6) FII: Na primeira proposta os dividendos seriam tributados em 15% e agora continuam isentos.
7) Holding Patrimonial: Foi retirada a obrigatoriedade do Lucro Real.
segunda-feira, 12 de julho de 2021
O que esperar para os próximos meses?
Chegamos à metade do ano e creio ser importante um balanço do que aconteceu neste período e o que esperar para os próximos seis meses, quiçá, ano que vem.
No mercado, é notório que a bolsa de valores teve um desempenho bem razoável neste período. Foram seis meses no azul, quando o Ibovespa beirou os 130 mil, mas nos últimos dias cedeu diante do açodamento do clima político. O câmbio, que chegou a R$ 5,80 em meados de abril para maio, cedeu bastante diante da manutenção do juro pelo Fed, na tese de que a inflação era transitória, e do lado mais hawkish do banco central brasileiro, elevando o juro de forma mais intensa.
Para os próximos meses achamos que o IPCA deve se manter pressionado até o final de 2022, ainda mais diante do cenário hídrico desfavorável. Achamos que os custos de energia elétrica ainda são um risco de curto prazo, diante da bandeira tarifária Vermelha 2 (mais cara) até novembro, com dezembro retornando para o patamar Vermelha 1 (ainda elevado).
Prevemos o IPCA para o final de 2021 em torno de 6,0% a 6,5%, com riscos de vir ainda mais elevado devido ao cenário hídrico desafiador a ocasionar um reajuste do valor da bandeira atual.
Por outro lado, somos mais otimistas diante do avanço do cronograma de vacinação e a intensificação da reabertura no Brasil. Já temos 30% da população adulta vacinada, mesmo com o número de óbitos chegando a 434 mil, já nos jogando em segundo lugar entre os países com mais óbitos, atrás apeans dos EUA.
Mesmo asism, acreditamos que a intensificação do processo de vacinação deve reforçar a retomada da economia no segundo semestre, principalmente do setor de serviços, o que pode refletir na queda do desemprego, 3,1% acima do nível pré-pandemia, e na elevação da demanda por bens e serviços, ou seja, mais pressão sobre o nível de preços.
No cenário global, enquanto o doméstico segue pressionado, no exterior, a cena não parece colaborar no curto prazo para a redução desta pressão sobre o IPCA, dada a trajetória das commodities em alto nível:.
A despeito de uma desaleceração da economia chinesa esperada para o segundo semestre, as principais economias desenvolvidas, somado aos problemas com o fornecimento de matérias-primas, devem sustentar os preços das principais commodities em patamares elevados. Nesse sentido, a pressão sobre preços ao produtor nos mercados globais devem permanecer, assim como no cenário observado no Brasil.
sábado, 10 de julho de 2021
Tapa na cara
anais do marketing político
EX DE BOLSONARO DIZ QUE ELE NÃO SE ELEGE NEM PARA SÍNDICO
Marqueteiro encarregado da campanha de 2018 diz que presidente terá votação mais inexpressiva de um candidato à reeleição na América Latina
CONSUELO DIEGUEZ
Revista Piaui, 09jul2021_16h33
O presidente Jair Bolsonaro não entregou nada do que prometeu na campanha. Depois que virou presidente, está fazendo essa gestão que estamos vendo, sem qualquer realização. Inaugurando caixa d’água, ponte pronta, e outras obras insignificantes. Foi incapaz de comprar uma vacina que foi oferecida a ele mil vezes, incapaz de tocar as reformas. Nem na área de segurança, que era uma de suas maiores promessas, algo foi feito.” A avaliação é de Marcos Carvalho, principal marqueteiro da campanha de Jair Bolsonaro para presidente, em 2018, marcada pelo uso das redes sociais. O candidato apelou para o elogio da ditadura, além do discurso racista e homofóbico.
Carvalho afastou-se de Bolsonaro logo após a eleição, antes mesmo de tomar posse como coordenador de comunicação do novo governo, após ser atacado pelo vereador Carlos Bolsonaro, o filho Zero Dois. Para o marqueteiro, a última perna que ainda mantinha Bolsonaro conectado às expectativas dos eleitores era seu discurso em defesa da honestidade na política. “As suspeitas de corrupção que estão vindo à tona na CPI colocam por terra a última razão para o grosso do seu eleitorado continuar acreditando nas promessas de campanha”, me disse Carvalho, durante uma conversa por telefone, na manhã de quinta-feira, dia 8.
Na campanha, Carvalho fez vários levantamentos para entender a cabeça do eleitor de Bolsonaro e o que ele esperava do novo presidente da República. Sua conclusão é de que a maioria de seus eleitores não era bolsonarista. Eram pessoas que, em algum momento de suas vidas, votaram em Fernando Henrique Cardoso, em Luiz Inácio Lula da Silva e até em Dilma Rousseff. Um eleitor que poderia ter votado em 2018 em João Amoêdo (Novo), Alckmin (PSDB) ou Ciro Gomes (PDT).
“Quem o elegeu não foram os bolsonaristas. A grande maioria que votou em Bolsonaro poderia ter votado em outros candidatos no primeiro turno e só não o fez pelo sentimento antipetista. Pela sensação de que Bolsonaro era o único com condições de derrotar Lula e, depois, Fernando Haddad”, disse. O eleitor fiel de Bolsonaro, os bolsonaristas, na avaliação do marqueteiro, são os 15% que ele tinha e continua mantendo. “Essa é a base dele. Que ele já tinha antes mesmo de a campanha começar para valer”, afirma.
Carvalho detalhou por que, em sua avaliação, pessoas que votaram em Bolsonaro em 2018 não repetirão a dose em 2022. “Uma eleição é feita de atributos funcionais e emocionais. Primeiro você escolhe o seu candidato e depois os motivos pelos quais você escolheu votar nele. Eles votaram em atributos absolutamente emocionais. A candidatura de Bolsonaro não tinha uma proposta, só conceitos e valores. A maioria dos eleitores estava convencida de que ele era o caminho para tirar o PT”, explicou.
Na reeleição, avalia, esse atributo emocional desaparece porque o eleitor já conheceu o trabalho do presidente. E só voltaria a votar nele se ele apresentasse bons resultados. Na eleição de 2022, diz Carvalho, para esse eleitor comum, que nunca foi um bolsonarista, o atributo emocional desaparece. “Esse eleitor não repete o voto porque Bolsonaro não tem nenhum compromisso que precisa ser finalizado. Não tem uma obra a ser terminada. Não há nada a ser dado em continuidade”, explicou. O eleitor pode até continuar admirando o presidente, pode até pensar que o presidente tentou fazer algo – mas entende que, ao final, não conseguiu e se corrompeu. “Não existe no processo de reeleição um voto que priorize os atributos emocionais em detrimento dos atributos funcionais.”
Carvalho compara o comportamento do eleitor com o do consumidor diante de um novo produto. “O produto está sendo testado. Uma coisa é comprar algo que não se conhece. Outra coisa é saber se você quer ou não aquilo que você já testou. E se você não gostou do produto, você não compra mais”, disse. Na reeleição é assim. O eleitor não está mais testando o candidato porque ele já conhece o trabalho daquele em quem votou. Portanto, esse voto não tem mais conceitos ou valores envolvidos. “Na reeleição, nenhum componente emocional substitui a questão objetiva e funcional”, assegura.
Na opinião de Carvalho, outro elemento importante para garantir o voto é não só manter a coerência e a centralidade junto à sua base, mas ampliar o espectro de eleitores. Todas as vezes em que Bolsonaro tentou fazer isso, de acordo com Carvalho, ele se sentiu muito fragilizado, em razão das profundas reclamações de sua base. Como exemplo da dificuldade de Bolsonaro de ampliar seu universo de apoio, cita o discurso na sessão de abertura da reunião da ONU, este ano. “Pressionado pelo agronegócio mais moderno, que se sente ameaçado em razão do desastroso comportamento do governo em relação à questão ambiental, Bolsonaro tentou fazer um discurso garantindo a defesa do meio ambiente, assumindo, inclusive, alguns compromissos para melhorar o combate ao desmatamento”, ressaltou Carvalho. O resultado foi que, ao voltar para a sua base, ele sofreu um tremendo ataque de seus apoiadores nas redes sociais. “Ele apanhou tanto que, no dia seguinte, no cercadinho do Alvorada, em conversa com os bolsonaristas, retrocedeu em seu discurso na ONU.”
O eleitor não bolsonarista passou a ver o presidente como alguém raivoso, sectário, que ataca o meio ambiente, é incapaz de lidar com a questão das vacinas para a Covid e de lidar com a pandemia. Além do mais, aproximou-se do Centrão e do toma-lá-dá-cá que dizia criticar nos adversários. Carvalho afirma que, na campanha, Bolsonaro angariou voluntários, eleitores não extremados e não bolsonaristas, que foram, segundo ele, os que realmente o elegeram. “Essas pessoas não estarão mais com ele em hipótese alguma. Ele não tem mais essa massa de eleitores”, afirmou, acrescentando. “Ele tem ruído na internet. Mas tire esse ruído e as pesquisas vão mostrar o seu verdadeiro tamanho.”
O que restou para Bolsonaro, garante Carvalho, foi o bolsonarista convicto, que sente que ganhou poder. “É o eleitor que ainda acredita no discurso de Bolsonaro e dos filhos, cheio de arrogância de que tomaram o poder. De que o Brasil os elegeu. Mas ele não foi eleito por esse público, e sim pelo eleitor normal, não extremado.”
Carvalho depôs na CPMI das Fake News para explicar o envio de mensagens em massa pela campanha de Bolsonaro – e disse que sua empresa não participou do esquema. Agora, é taxativo sobre o futuro do ex-cliente. “Bolsonaro não irá para o segundo turno porque o bolsonarista, vendo que o eleitor circunstancial de 2018 nem sonha em repetir o seu voto em 2022, vai aplicar a teoria dos jogos e debandar para o candidato que se mostrar mais viável, do meio para o final do primeiro turno.” Com isso, diz ele, Bolsonaro irá minguar. Não se elege nem para síndico e terá “a votação mais inexpressiva da história moderna para um candidato à reeleição na América Latina.”
Carvalho sequer acredita na terceira via, um candidato capaz de quebrar a polarização entre Lula e Bolsonaro. A disputa hoje, diz ele, é pelo voto do próprio Bolsonaro – e diz que essa é a maior ameaça à campanha do PT. Lula, em sua opinião, corre o risco de viver o mesmo problema de Bolsonaro. “Bolsonaro foi eleito na esteira da rejeição ao PT e a Lula. Hoje, Lula e sua candidatura se alimentam da mesma lógica. A estratégia da campanha de Lula tem que ser muito bem pensada, porque ele não pode se resumir ao antibolsonarismo”, afirma. E segue: “Quando olhamos todo o processo pós-democratização no Brasil, você não tem candidato de terceira via. Não adianta procurar candidato da terceira via. Esse espaço passa a existir em função do declínio de Bolsonaro. Essa terceira via seria, na verdade, apenas uma segunda força de oposição e não uma terceira, porque Bolsonaro certamente estará fora do jogo eleitoral”, acredita.
Pergunto a Carvalho se ele se arrepende de ter feito para o candidato a campanha que fez, ajudando a eleger um governante que hoje conduz o país a um quadro de desastre. Ele tergiversa. “Eu não vou falar sobre isso. Eu não quero fazer julgamento da pessoa física de Bolsonaro. Quero fazer uma análise política. Estou apenas analisando o novo ciclo eleitoral. Não é meu papel ficar atacando o presidente.” Mas, se não ataca, a crítica é ácida. “Quem passou dois anos tentando sobreviver em meio a uma pandemia não vota em quem não comprou vacina.” O próximo presidente do Brasil, diz ele, pode ser “de esquerda, de centro, de lado, de costas, de trás”, mas será, diz Carvalho, alguém que, no governo, teria respondido aos e-mails da Pfizer.
O ex de Bolsonaro também analisa a campanha de Lula. “Lula se fortificou muito com base no enfrentamento ao bolsonarismo no Brasil. Não somente a Bolsonaro, mas à ideia de um governo excludente, preconceituoso, agressivo e sisudo”, disse. “Com isso, o carisma e a inteligência de Lula voltaram com muita força, conversando com a memória do brasileiro de ser governado por um líder que anda desarmado, literal e metaforicamente.” Mas conclui sua análise. “Ocorre que Bolsonaro irá minguar. Então, a campanha de Lula precisa trabalhar para sobreviver mesmo se não for necessário, e não será, salvar o Brasil de Bolsonaro.”
Carvalho admite que anda conversando com as pré-campanhas de possíveis candidatos. Possui dois ativos que ninguém tem. O primeiro é o sucesso eleitoral em 2018. O segundo é o fato de ele ter trabalhado para o sujeito que está concorrendo à reeleição – afinal, esteve do outro lado e conhece o jogo.
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, foi procurado pela piauí para comentar as declarações de Carvalho. Sua assessoria disse que ele não iria se manifestar.
segunda-feira, 5 de julho de 2021
Como fechou o mercado na semana passada
Na agenda econômica estejamos atentos aos dados das vendas de varejo pela PMC do IBGE, o IPCA e o debate em torno das reformas. No exterior, atenção para a ata do Fomc, os PMIs e os vários balanços corporativos.
Na semana, os dados da CAGED vieram positivos, com geração de 281 mil vagas formais em maio, quinto mês seguido na geração líquida positiva de vagas e décimo mês positivo em 11 meses, consolidando uma tendência de recuperação iniciada em meados do ano passado. Por outro lado, pelo IBGE, a taxa de desemprego da PNAD Contínua se manteve elevada, em 14,7% da PEA na média dos três últimos meses, o maior nível registrado desde 2012, quando do início da pesquisa.
Estes dois levantamentos, CAGED e PNAD Contínua do IBGE, aliás, trazem diferenças, como o primeiro só mostrar pessoas com carteira assinada contratadas, conhecidas como “formais”, enquanto o segundo mostrar também pessoas da informalidade, que estão procurando emprego formal, ao contrário daquelas que “desistem”, em “desalento”.
Já no Brasil, o dólar, depois da forte alta no dia anterior, abriu em queda na sexta-feira (dia 02), mas fechou o dia em suave avanço de 0,15%, a R$ 5,0569.
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Editorial do Estadão (17/02)
LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...
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