quinta-feira, 2 de setembro de 2021

SETEMBRO: NA "ESCALA DA INSENSATEZ"


Setembro não será um mês fácil. Muita volatilidade nos espera, até porque teremos a crise hídrica no radar, não descartando a necessidade de racionamento, ainda mais porque se aproxima o verão e o uso de ar condicionado deve ser um fator a mais de risco. Para piorar, temos um presidente totalmente "descompensado", que só pensa em outubro de 2022, embora, neste momento, ao que parece, suas chances de chegar ao segundo turno sejam cada vez mais remotas.

No mercado, as bolsas de valores oscilam ao sabor das "crises" diárias, "fabricadas" pela tensa relação entre os poderes. Em agosto, a B3 perdeu 2,5% do seu valor, depois de recuar em julho (3,9%). E o pior é que a bolsa paulistana vinha num bom rally de altas mensais, tendo "testado" os 130 mil pontos.

Na economia real, como descreveremos a seguir, a atividade já parece afetada pela permanente crise político-institucional que vivemos. O PIB "perde tração", assim como a produção industrial e o setor agrícola. No mercado de trabalho, a cena não parece melhor, com a informalidade dominando, assim como o desalento, com muitos desistindo. São mais de 14 milhões de desempregados, embora estejamos observando alguma reação no mercado formal, pelo Caged. Por outro lado, consola a reação das contas públicas, com a arrecadaçaõ e o limite nos gastos, mas alguma cautela é necessária, pois a fatura para 2022 é pesada, dadas as dívidas judiciais do governo a vencer em 2022 (R$ 89 bilhões).  

No arsenal de boas alocações no mercado de ativos, não podemos deixar de destacar no mercado de ações, a oportunidade de investir em bancos, instituições muito resilientes, sempre achando uma brecha para se safar das armadilhas. Outra boa recomendação vai para as empresas atreladas às commodities, já que a retomada da economia é global e irreversível. Dependendo do ritmo das vacinações, é claro.

Estejam atentos, por outro lado, aos fundos de ações no geral, aos multimercados e aos fundos imobiliários.

Em resumo, para setembro, temos os seguintes vetores de atenção (ou cuidado).

Como já dito acima, a tarifa mais pesada, da bandeira de "escassez hídrica", deve nortear a trajetória da inflação neste segundo semestre. Pela elevação a R$ 14,60 por 100 kwtz, algo em torno de 0,3 a 0,4 ponto percentual sobre o IPCA de setembro, a inflação no ano deve fechar acima de 8%. Isso decorre da intensificação no uso de termoelétricas, muito mais custosas para o regime energético do País.

Sendo assim, a crise energética é uma realidade, decorrente das bacias hidrográficas da região Sudeste estarem abaixo dos 25% de vazão. Para piorar, no setor agrícola ainda temos geadas, decorrentes de inverno rigoroso em julho, e agora secas e incêndios, com várias culturas afetadas. Isso acaba por gerar o encarecimento geral de todos os insumos, como fertilizantes, ração para pecuária, leite, custos de frete, etc. Os alimentos acabam mais caros, o que se reflete também na inflação, assim como na produção agrícola afetada. Estimativas da Conab já vislumbravam um safra 1,2% pior neste ano. No que se reflete ao PIB agrícola, recuou 2,8% no segundo trimestre contra o anterior. Em suma, nem a agricultura está conseguindo se sair bem.

Neste cenário de inflação mais elevada, por certo, o Banco Central de Roberto Campos Neto deve se tornar cada vez mais rigoroso no seu balizamento de expectativas, usando como instrumento a taxa de juros de curto prazo. A taxa Selic pode muito bem passar de 8% ao fim deste ano, até porque seu objetivo é trazer a inflação do ano que vem, pela Focus em 3,8%, para o centro da meta, mais próximo de 3,5%. Isso tudo nos levar a crer que no Copom de setembro e de novembro, novas puxadas mais fortes da Selic devem ser sancionadas. Atualmente, a Selic se encontra em 5,25%.
Vacinações em bom ritmo. Interessante. Embora tenhamos presenciado muitas negativas no meio do caminho, bilhões de reais "rasgado" na compra de "placebos", como kloroquina e ivermetcina, o ritmo de vacinações avançou bem até o momento, o que abre mais possibilidades de "normalização" da vida econômica por estes dias. No mapeamento do País, com a primeira dose já são 64,7% e totalmente vacinadas 30,1%. Lembremos que são 582 mil óbitos, num universo de 20,8 milhões de casos.

Os dados mais recentes de atividade decepcionam. O PIB do segundo trimestre veio em queda de 0,1% contra o anterior, com forte queda da Agricultura (2,8%), derrubada pelas quebras de safra de diversas culturas, impactadas por geadas, secas e incêndios. Chama atenção também o recuo dos investimentos, com a FBCF recuando 3,6%, o que enevoa o horizonte dos empresários. Pelo lado da produção industrial, em queda de 1,3% em julho, temos a perspectiva de um terceiro trimestre ainda mais nebuloso. Neste contexto, difícil que o país creça 5,0% a 5,5% neste ano, no máximo 4,5% a 4,9%.

No front fiscal, há até um certo controle, até porque a arrecadação federal segue superando recordes a cada mês. Sendo assim, dá para pensar num déficit primário e na dívida pública dentro de um raio de previsão. Em julho, pelo consolidado, o déficit primário foi a R$ 10,1 bilhões, bem menor do que o registrado no mesmo mês do ano passado (R$ 81,1 bilhões). No acumulado ao ano, o déficit primário é de R$ 15,5 bilhões, algo bem controlável, diante do déficit pandêmico no ano passado, de R$ 483 bilhõe em mesmo período. Em 12 meses, o déficit foi a R$ 234,7 bilhões, 2,89% do PIB, em trajetória de redução ao longo do ano.

Mesmo neste quadro de alívio fiscal, a perspectiva negativa no ano que vem acaba turvando os horizontes, o que se reflete na inclinação das taxas de juros, curtas, médias e longas. Isso inibe os investimentos e adia o endividamento de muitas famílias, derrubando ainda mais a economia.  

No mercado de trabalho, as novidades não ajudam, com os dados da PNAD Contínua mostrando um quado de 14 milhões de desempregados, além de muitos informais e desalentados. Aqui, o incremento dos empregados por conta própria é um claro sinal de que as pessoas precisam se reinventar, inventar algo, dada a perda de empregabilidade. 

Em conclusão, visualizamos no Brasil um cenário de perfeita tempestade, tudo acontencedo ao mesmo tempo e agora. Temos um cenário de economia perdendo tração, choques de oferta elevando a inflação (energia, alimentos, chqoues de combustível, etc), mercado de trabalho frágil, com o número de desempregados próximo a 15 milhões, riscos fiscais no horizonte e uma governabilidade em que, a todo momento, a ameaça de ruptura ou impeachment ganham terreno. É o pior dos mundos.

domingo, 29 de agosto de 2021

Algumas reflexões pessoais

  • Eu não diferencio em NADA a desonestidade intelectual da esquerda e da direita. Ambas são picaretas e tentam manipular a a opinião pública com suas teses absurdas. O bom seria ter como conseguir se livrar desta gente, colocar um bom gestor em Brasília e acabar com certos "cavalos de batalha", tão defendidos por ambos os lados.
  • Para quê a criatura acabou com o horário de verão? Para quê? Será q o ministro Beto Albuquerque não devia ter aconselhado? Aliás, o q fazem os 20 e tantos ministérios neste governo? Nada???
  • Estes dias eu assisti ao genial jornalista Eduardo Bueno, um iconoclasta na veia (jornalista historiador e mentor do Buenas Ideias). Disse ele q é totalmente livre. Nada o enquadra. Como jornalista já foi a Cuba e, na época, na Alemanha Oriental. Ambos um lixo absoluto! Uma merda! Palavras dele...O comunismo é uma porcaria. Mas importante dizer. Tem críticas à esquerda, mas mto mais, nojo à esta direita de Bolsonaro e sua turma...Estou com ele e não abro...Só q eu tenho nojo de ambos na mesma intensidade. Nem mais, nem menos.
  • O "sapo barbudo" falou em "regular as mídias". Sobre isso, silêncio absoluto da mídia esquerdista e picaresca. E agora José??? O interessante é q se deixar o cara solto, improvisando, saem as mesmas patacoadas ditas por este capitão. Ambos só abrem a boca para falar bobagem. E, engraçado, todos sabemos que tudo dito por este canalha do Lula é da boca para fora. Há uma cena dele com o Sergio Cabral, outro canalha, num evento, q ambos ignoram um menino pobre de comunidade. E o menino pedindo coisas para eles. Dois escroques completos. 
  • Sobre o Bolsonaro, são tantas condutas absurdas. A mais usual é condenar as vacinas, o isolamento social e o uso de máscara. O q este cara quer? Q as pessoas sucumbem ao virus. Eu estou torcendo para ele pegar esta coisa e virar a página. Ia ser muito irônico. 
  • Algo a me causar asco, é ver este capitão só ir a evento de milico. Ele é algum ministro da DEFESA ?? Só vai nestes eventos. Impressionante. Afinal, o q faz o resto do ministério?? Além do Tarcísio Freitas, há alguma agenda??? Apenas um adendo relevante: Bolso fala q Lula não pode andar nas ruas, por causa das vaias. De fato, mas por acaso ele pode, sem a sua claque de fiéis?? Só para esclarecer.
  • Touché! Ele pensa q tem popularidade e manda em alguém. Só nos puxa-sacos de sempre.Em texto cirúrgico de WILLIAM WAACK, no OESP, "Sem ter criado uma organização política capilarizada e sem ter a adesão das cadeias de comando das Forças Armadas, Bolsonaro acha que manda, mas não comanda nada a não ser fanáticos imbecilizados em redes sociais que não sabem até agora muito bem onde está o “Palácio de Inverno” a ser tomado e ocupado."


quinta-feira, 19 de agosto de 2021

AGORA O PT

Acho salutar começar a lembrar aos meus poucos leitores (o Zuka não vai me tirar $$ para expandir isso).

O PT no poder, nos seus quase 15 anos, foi uma ORCRIM, uma instituição criminosa SIM. Rios de dinheiro fluíram pelas suas canaletas.

Por isso, terem segurado a "pemba", bancando as melhores bancas de advocacia do Brasil, no desenrolar da LAVA JATO.

Muito dinheiro jorrando e todos sabemos por que e de onde.

Nas estratégias desmioladas para a construção de refinarias, isso fica bem LATENTE.

A refinaria Abreu e Lima, de Pernambuco, em várias revisões orçamentárias, pulou de R$ 2,3 bilhões para R$ 18,5 bilhões! Todos sabemos para que estas revisões crescentes ao longo do tempo !

Muito destes recursos parecem ter escapado pelo ralo já q a refinaria opera "pela metade", devido ao acordo com o a PDVSA da Venezuela não ter logrado êxito.

Todos sabemos por que!!

E o q dizer da COMPERJ sem prazo para terminar???

São as políticas nacional desenvolvimentistas, desta esquerda acéfala e picareta, em delírio, "destruindo" o Brasil.

E eles querem voltar !

Concluindo, o PT não possui um projeto de governo, mas sim "de poder"...O poder pelo poder, com todos os seus esquemas e compadrios. São SIM uma quadrilha de meliantes, uma ORCRIM. E isso não significa apoio a este siderado no poder. Bolsonaro, aliás, só existe pq houve o "lulo-petismo" e o cinismo escancarado destes escroques.

Bolsonaro apenas se "aproveitou" da revolta de grande parte da classe média, q nunca mamou nas tetas do setor público, contra estes elementos. Um vídeo circulando na rede com o Zé Dirceu reconhecendo q "fracassaram na facada". Ato falho ??

São pilantras...e resultaram no q temos hje, o Bolso, com sua retórica moralizadora, mas non troppo.
Quem não enxerga isso, paciência.



No Afeganistão, o caos!

No Afeganistão, o clima é de caos. Não nos parece plausível, razoável que seja, uma milícia, uma “tribo”, governar um país complexo e estratégico para o mundo como este. Joe Biden errou ao anunciar a retirada das tropas deste atoleiro. Neste “tênue equilíbrio”, se isso é possível, tinha que ter convocado o Conselho de Segurança da ONU para discutir o tema.

Nem que transformasse este país num enclave da OTAN! Na verdade, a transição durou 20 anos e parece, não serviram para nada. Como faz agora para remediar o estrago?

Sim, porque como vemos na mídia, é uma “tragédia humanitária anunciada”, talvez nunca presenciada.
O povo afghan não aceita este estado de coisas. São milhares tentando pegar um avião e fugir. Milhares de famílias! O fluxo migratório é gigantesco. Vivemos mais um “Exodus”. Observa-se o terror das pessoas aos talibãs. São pobres afghans fugindo da sua própria terra e deixando tudo para trás!

É como brincar na beira do precipício a todo momento. “Conquistamos, vamos agora brincar de ser governo.”

Não há a mínima seriedade sobre como os talibãs governarão este país a partir de agora. Parece-nos uma completa aventura! E eles parecem sim, completamente perdidos!

Não dá para levar a sério ver os Mulas, nas suas crenças medievais e extremamente reacionárias, dando declarações. Como será a relação destes “líderes” com o resto do mundo? Será que merecem alguma credibilidade? Corremos o risco sim de ter o Afeganistão como um “grande enclave de terroristas, exportados para o mundo!”

Talvez seja o caso da ONU intermediar esta transição. Afinal, é este o seu papel. Ser uma instância moderadora, recorrível em momentos críticos como este. Não vale se omitir ou atuar na neutralidade, mas sim como agora, em “terra arrasada”. O papel do Comissariado da ONU é este. Para isso, que foi criado.



E O CAPITÃO ???

 E o q dizer do capitão?


Seu governo é um completo desastre.
Já iniciou mal, quando Gustavo Bebbiano, então Secretário de Governo, quis estabelecer algum canal com a imprensa, recebendo diretores da GLOBO no Palácio, e foi brutalmente desautorizado pelo lunático Carlos Bolsonaro.
Aliás, boa parte das "cismas" deste presidente foram construídas, tendo este alucinado como assessor. Todos os ministros que passaram pelo Planalto, desde o gen Santos Cruz, Sergio Moro, Luiz Henrique Mandetta, tiveram que provar deste "veneno", ou da "fidellidade canina" ao capitão, ou uma gestão mais propositiva e incisiva nas suas áreas ou pastas de atuação.
E por aí, neste ambiente de desconfianças e trairagens, o governo Bolsonaro se conduziu nestes 2 anos e oito meses de governo.
Brigando com a sombra, gerando fricções, onde não era necessário....baixando o nível sempre!
Claro q no outro lado, sempre houveram os "abutres" de sempre, da imprensa e muitos que perderam com o fim da mamataria do PT, mas isso só fez piorar o clima e a governabilidade do País (já mto ruim).
Na agenda de reformas, por exemplo, muitas poderiam ter tido uma outra configuração.
Infelizmente não tiveram e todos sabemos por que.
Bolsonaro sempre atuou como "fogo amigo", tal a teia de alianças e interesses, que não poderiam ser afetadas. Todos sabemos o que foi a Reforma da Previdência, e a preservação de alguns "direitos adquiridos absurdos" da milicada e dos servidores públicos.
E o q dizer do "PACOTE CONTRA O CRIME", magistralmente construído pelo ministro de então, Sergio Moro, e logo descaracterizado?
Por que? Pq a "prisão em segunda instância" poderia recair sobre o filho 01, Flavio Bolsonaro, "encalacrado com as rachadinhas". E, por isso, diversos conchavos com o STF, nas tenebrosas transações da segunda turma, foram realizadas.
Ao fim para soltar o "sapo barbudo", todos os meliantes da LAVA JATO também o foram.
Um soco no estômago da sociedade.
Agora.
Chegamos ao estopim, nas brigas entre ele e dois ministros do supremo, Barroso e Moraes, por ambos terem contrariado nas suas desastrosas movimentações.
Tudo é tão pérfido, q chega a beirar o ridículo.
As ações deste senhor, Roberto Jefferson, já em derradeira idade, trajando armas pesadas e ameaçando a nossa democracia ? Para quê isso?? Será q foi algo "pensado" pela radicalização do momento?? De tão ridículo, ninguém ainda conseguiu entender porque Alexandre de Moraes mordeu a isca.
Mas será q há isca?
O problema é q Bolsonaro sempre se movimenta, espanando tudo q vê pela frente, ameaçando, caluniando, ironizando, xingando...É assim q ele sabe se mover. E isso gera tensões e adesões....
Agora, na polêmcia do voto impresso....nada mais irrelevante diante da pandemia que vivemos. Para que esta polêmica?
Poderia ter se movimentado com mais sutileza, apenas recomendando ao TSE um reforço no sistema, talvez uma nota comprovando....
Mas não...começou a acusar e sem provas!
E o que dizer sobre a pandemia?
UM DESASTRE ABSOLUTO. UMA POSTURA NEGACIONISTA E PARANÓICA.
Uma leitura criminosa do cenário....Criminosa?? Sempre!
Chegou a recomendar q as pessoas vivessem normalmente q, o contrário, seriam atos de "maricas".
Como pode?
Foi contra o isolamento social, contra as máscaras, contra as vacinas, atrasando suas compras, para mtos, defendendo a "imunidade de rebanho".
Um crime!
Existe, no mundo, uma EPI e é esta a salva vidas. É usar máscaras, manter o distanciamento, usar álcool gel. Tomar as doses de vacina logo !!
O RESTO É PAPO FURADO! Polêmicas sem sentido e PERIGOSAS !
Por tudo isso, acho q ele já é um "pato manco" para 2022.
Como em 2016, não chega ao segundo turno e poucos candidatos, agora, serão eleitos na sua onda.
Talvez alguns evangélicos e mlitares, Talvez....

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

A alternativa ao semipresidencialismo

Muitos são os que já começam a achar que o nosso regime presidencialista, o presidencialismo de coalizão ou de cooptação, já deu. Não para mais em pé. Se esgotou, dadas as tantas crises que gera pelo caminho. 

Num universo de mais de 30 partidos, a maioria em busca do fundo eleitoral ou partidiário, mais parecendo legendas de aluguel para negociatas, como pensar em representatividade? 

E o que dizer da "sanha" do Centrão, sempre atuando de forma picaresca e nas sombras?

Não há como negar que o nosso regime presidencialista atravessa uma crise de representatividade, dada a instabilidade recorrida no Brasil, desde a redemocratização em 1985. Já foram dois impeachment, de Collor de Mello em 1992 e de Dilma Rousseff em 2016 e um presidente preso, Lula da Silva. Onde estamos errando? Parece-me claro que um dos motivos de distorção é esta simbiose perversa, na relação entre Congresso, Legislativo, e  Executivo. 

Por estes tempos, chegou0-se a pensar na alternativa do Parlamentarismo, mas logo arquivada, dada a experiência mal fadada nos anos 60, com Tancredo Neves como primeiro ministro. Depois, veio a ideia de um regime híbrido, até já existente em alguns países em países como Portugal e França. 

Só para reforçar. No parlamentarismo, o governo é formado, a partir do primeiro ministro e a formação do seu ministério. Este é uma composição de forças, forjada no Congresso e estes "respondem" pelos seus atos ao parlamento. Se sofrer uma moção de reprovação, acaba caindo e um novo governo montado. Sendo assim, tendo maioria no parlamento, o governo continua, não tendo, cai. 

No semipresidencialismo, é um sistema híbrido, onde o presidente tem a manutenção de funções relevantes no presidente, como "chefe supremo das forças armadas", conduz a diplomacia, tem direito à veto e sanção, nomear e exonerar os membros do governo, quando o primeiro ministro solicitar. Há participação e comandos e efetivos. Já o primeiro ministro nomeia e comanda sua equipe, seu ministério, ou conselho de ministros. 

Por este regime, a estabilidade política é possível e a governabilidade mais efetiva. O presidente é um articulador político e o primeiro ministro "toca o barco". O parlamento passa a ser responsável direto sobre o governo e seus resultados. 

Naturalmente, os populistas, os que personalizam o poder, como a turma do PT e o bolsonarismo, são contra. Parece-me óbvio saber por quê. 

Vamos conversando. 











sexta-feira, 30 de julho de 2021

FECHANDO A SEMANA

Depois de sinalizações mais neutras do Fed e um PIB norte-americano, no segundo trimestre, mais fraco do que o esperado (6,5% na taxa anualizada) já começamos a fazer as contas para quanto pode ir o dólar nos próximos dias. 

Ontem, recuou 0,7%, negociado em torno de R$ 5,08, mas muitos acham haver espaço, ao longo de agosto, para cair abaixo disso de R$ 5,00. Não será surpresa se romper o "piso psicológico" de R$ 4,90. A contribuir para isso, a postura totalmente dovish do Fed, nada sinalizando por agora, dizendo que irá manter a mesma estragégia de afrouxamento monetário, enquanto não enxergar, concretamente, dados que desmintam isso no mercado de trabalho, na inflação e no crescimento. Este, por exemplo, veio mais fraco do que o esperado, na taxa anualizada a 6,5%, quando o mercado esperava acima de 7%. Aguardemos hoje o índice de preço e de gastos e renda dos americanos, importante parâmetro para o Fed, para podermos reunir novas informações e talvez sinalizar o que será decidido, muito provavelmente ao fim de agosto, início de setembro, depois de Jackson Holle. 

No Brasil, no entanto, o cenário político segue muito tóxico. Ontem, mais uma vez, na sua live de quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro voltou a disparar patardos contra a boa governança, falando de ameaça de fraude no sistema eleitoral brasileiro, não havendo adesão ao voto impresso, como sempre, sem apresentar provas de que este sistema eletrônico tenha sofrido alguma invasão de hackers, ou que alguma eleição tenha sido "fraudada". Voltou a atacar o STF, acusando a alta corte de disseminar fakenews, e que não garantia a eleição de 2022 se não havendo "voto impresso". Em resposta, o STF e o TSE, já trataram de dizer que não era verdade o que o Bolsonaro disse e que a alta corte não havia tirado a autonomia na gestão da pandemia.

A verdade é que Bolsonaro tenta agora encontrar justificativas para o desastre que se transformará sua candidatura à eleição de 2022, com muitas pesquisas prevendo que nem no segundo turno chegará. Suas várias declarações desastradas, seus rompantes totalmente incompatíveis com o rito de presidente da República, sua postura "negacionista" na pandemia, já lhe cobram um alto preço, com perda de apoio popular e viabilidade para 2022. Não há como negar. 

Na live de ontem Bolsonaro chegou ao paradoxismo de defender ainda o tratamento preventivo e a ivermetcina, depois de concluído em vários países que estes não eram eficazes, e apenas a vacinação em massa trariam alguma “chance” de “imunidade em massa” da população, tese esta refutada pelo presidente. Triste fim de um bufão. Vai faltar café aos camareiros do Planalto, ou este virá frio. 

Para tornar tudo ainda mais desastroso (ou desastrado), Bolsonaro segue recompondo seu governo com a “elite do Centrão”, já tendo tomado controle do “coração” deste governo, a Casa Civil, e agora pressionando por desmembrar mais ainda o ministério da Economia, com a criação do Planejamento. Claro nos parece que o interesse aqui é tomar de assalto o Orçamento da União, a "chave do cofre", todos sabemos com que objetivo. Paulo Guedes, no entanto, segue resistindo.

Na economia, a amenizar um pouco este “banzo político”, os dados do Caged vieram ainda mais fortes, com a criação de 309 mil vagas formais em junho, 41,1% maior do que em maio, com os setores de comércio e serviço como os mais ativos a gerar emprego. 

Acreditamos nesta tendência de reaquecimento do mercado de trabalho, mas terá que ser confirmada nesta sexta-feira com a PNAD Contínua do IBGE. O desemprego no Brasil têm batido recordes em 2021. Na última apuração se manteve em 14,9% da PEA, equivalendo a pouco mais de 14 milhões de desempregados. O mercado internacional também aguarda para amanhã a divulgação da taxa de desemprego na Europa, confirmando a tendência de queda registrada em maio, na retomada do pós-pandemia.

Para Paulo Guedes, a atual legislação trabalhista e os encargos "elevam o custo de geração de emprego" no país. Segundo ele, "temos um sistema de legislação trabalhista obsoleto e de destruição de empregos. Custa muito criar emprego no Brasil". Sem dúvida. Pesquisas indicam que para cada pessoa contratada por $ 100, mais $ 110 acabam sendo pagos como direitos e encargos diversos, custando portanto $ 210 a este empregador. Sim, novas mudanças na legislação trabalhista se fazem urgentes, e estas terão que vir como PEC, em reforma à anacrônica Constituição de 1988. 

No mercado, ontem o IBovespa voltou a se descolar das bolsas americanas, fechando em baixa, puxado pelas ações da Vale, depois da queda do minério de ferro e do lucro abaixo do projetado pelo mercado. A preocupação com a alta dos juros na reunião do Copom, semana que vem, também reduziu o apetite por ações e favoreceu a valorização do real, levando o dólar futuro a se aproximar de R$5,00.

No exterior, o dólar também caiu, após os dados do PIB americano mostrarem crescimento menor que o esperado no segundo trimestre. Apesar disso, os índices Dow Jones Industrial e S&P500 voltaram a bater recordes intradiários e fecharam em alta, com a visão de que a economia fraca reforçará a manutenção dos estímulos pelo Fed, mesmo com a alta da inflação, como deve indicar o Deflator do Consumo Pessoal, o PCE, a ser divulgado nesta sexta. O dólar fechou em queda ante o real nesta quinta-feira, recuando 0,7%, a R$ 5,0795, na mínima cotação desde 2 de julho, quando fechou a R$ 5,0523.

Já sobre a B3, o Ibovespa terminou o pregão em queda com uma nova bateria de balanços no radar. O índice recuou 0,48%, para 125.675 pontos. Nos EUA, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq 100 subiram 0,44%, 0,42% e 0,20%, respectivamente. O petróleo também subiu, após queda de estoques nos EUA e com apetite por risco. Brent para outubro avanço 1,67%, e o WTI para setembro, 1,70%.

Vamos conversando!

Bons negócios!

quinta-feira, 15 de julho de 2021

REFORMA TRIBUTÁRIA NO RADAR

Passou a reforma tributária na Câmara, mas é sensação que esta é ainda insuficiente para melhor organizar a estrutura tributária do País. Nos parece fraca, mais cheia de "remendos" para retirar recursos do setor financeiro, na ânsia de coletar recursos, em cima dos grandes patrimônios/fortunas do País.

No cerne desta segunda etapa, a alteração da alíquota do IRPF, elevando a isenção para R$ 2,5 mil, contra R$ 1,9 mil como era antes, e no IRPJ, a taxação reduzida de 25% para 12,5% até 2023 (ESTA REDUÇÃO FOI CONSIDERADA EXCESSIVA). Foi mantida também a alíquota adicional de 10% para as empresas com lucro acima de R$ 20 mil.

Em prosseguimento, o governo federal segue "costurando acordos" para tentar levar adiante estas medidas.

O desafio será enfrentar as críticas entre os "entes subnacionais", insatisfeitos com esta versão do relator Celso Sabino. Os estados da Federação calculam perdas entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões para os governadores e prefeitos, entre 77% e 90% de impacto da redução total da carga tributária com a queda do IRPJ.

Ou seja, a perda do PIS/COFINS e com o IRPJ não deve ser compartilhada pela União com os entes subnacionais.

Na leitura da União, o objetivo é cortar até R$ 30 bilhões em subsídios e torcer para a recuperação da economia e o aumento da arrecadação federal, o que pode compensar esta perda com o IRPJ. Segundo Guedes, a recuperação da arrecadação no primeiro semestre ficou R$ 100 bilhões acima do esperado. Ou seja, esta cobertura pela perda da redução pela metade do IRPJ deve vir pelo lado da retomada da economia.

Muitos alertam que a redução agressiva do IRPJ, de 25% para 12,5%, pode acabar levando ao aumento da CBS, proposta do novo tributo para a fusão do PIS e Cofins, listada na primeira fase (lembremos que esta proposta da primeira fase foi jogada para ser votada depois do recesso, em agosto).

Uma preocupação a mais é de que esta reforma fatiada (em três etapas) não permite avaliar o impacto das mudanças no todo.

Estudos preliminares sobre a segunda fase indicam perda de arrecadação em torno de R$ 115 bilhões, compensada com mais R$ 85 bilhões com os cortes dos subsídios , taxação de dividendos (20%) e fim da isenção do JCP.

A retirada dos benefícios tributários em 20 mil empresas dos setores de cosméticos, perfumaria, medicamentos, aeronaves, devem impactar as empresas de setores (fármacos, Embraer, laboratórios, redes de hospital) listados em bolsa de valores. Por outro lado, o retorno da isenção para os fundos imobiliários, devem turbinar os papéis do setor de shopping e construção.

Confira as principais mudanças apresentadas no texto preliminar:

1) Fundo Exclusivo: Fica mantido o come-cotas em novembro, com alíquota de 15%, incluindo a previsão da tributação sobre o estoque, que deverá ser pago até maio de 2022, com possibilidade de pagamento antecipado em fevereiro de 2022 com alíquota de 10%.

2) Dividendos: Permanece a alíquota de 20% descontada na fonte.

3) Empresas: A redução do IR passou de 5p.p. para 12,5p.p.. Hoje é de 15%, assim a previsão de IR final para 2022 é de 5% e para 2023 de 2,5%.

4) IR para Investimentos: O projeto inicial pretendia ter uma única alíquota de 15%. No novo texto, volta para a tabela regressiva, entre 22,5% a 15%, assim como é hoje.

5) Offshore: As previsões do texto original foram excluídas. Fica mantida a regra atual e o diferimento da tributação dos resultados auferidos por sociedades localizadas em países considerados “paraíso fiscal”.

6) FII: Na primeira proposta os dividendos seriam tributados em 15% e agora continuam isentos.

7) Holding Patrimonial: Foi retirada a obrigatoriedade do Lucro Real.


segunda-feira, 12 de julho de 2021

O que esperar para os próximos meses?

Chegamos à metade do ano e creio ser importante um balanço do que aconteceu neste período e o que esperar para os próximos seis meses, quiçá, ano que vem. 

No mercado, é notório que a bolsa de valores teve um desempenho bem razoável neste período. Foram seis meses no azul, quando o Ibovespa beirou os 130 mil, mas nos últimos dias cedeu diante do açodamento do clima político. O câmbio, que chegou a R$ 5,80 em meados de abril para maio, cedeu bastante diante da manutenção do juro pelo Fed, na tese de que a inflação era transitória, e do lado mais hawkish do banco central brasileiro, elevando o juro de forma mais intensa. 

Para os próximos meses achamos que o IPCA deve se manter pressionado até o final de 2022, ainda mais diante do cenário hídrico desfavorável. Achamos que os custos de energia elétrica ainda são um risco de curto prazo, diante da bandeira tarifária Vermelha 2 (mais cara) até novembro, com dezembro retornando para o patamar Vermelha 1 (ainda elevado). 

Prevemos o IPCA para o final de 2021 em torno de 6,0% a 6,5%, com riscos de vir ainda mais elevado devido ao cenário hídrico desafiador a ocasionar um reajuste do valor da bandeira atual. 

Por outro lado, somos mais otimistas diante do avanço do cronograma de vacinação e a intensificação da reabertura no Brasil. Já temos 30% da população adulta vacinada, mesmo com o número de óbitos chegando a 434 mil, já nos jogando em segundo lugar entre os países com mais óbitos, atrás apeans dos EUA.

Mesmo asism, acreditamos que a intensificação do processo de vacinação deve reforçar a retomada da economia no segundo semestre, principalmente do setor de serviços, o que pode refletir na queda do desemprego, 3,1% acima do nível pré-pandemia, e na elevação da demanda por bens e serviços, ou seja, mais pressão sobre o nível de preços. 

No cenário global, enquanto o doméstico segue pressionado, no exterior, a cena não parece colaborar no curto prazo para a redução desta pressão sobre o IPCA, dada a trajetória das commodities em alto nível:. 

A despeito de uma desaleceração da economia chinesa esperada para o segundo semestre, as principais economias desenvolvidas, somado aos problemas com o fornecimento de matérias-primas, devem sustentar os preços das principais commodities em patamares elevados. Nesse sentido, a pressão sobre preços ao produtor nos mercados globais devem permanecer, assim como no cenário observado no Brasil.  


sábado, 10 de julho de 2021

Tapa na cara

 anais do marketing político

EX DE BOLSONARO DIZ QUE ELE NÃO SE ELEGE NEM PARA SÍNDICO

Marqueteiro encarregado da campanha de 2018 diz que presidente terá votação mais inexpressiva de um candidato à reeleição na América Latina

CONSUELO DIEGUEZ

Revista Piaui, 09jul2021_16h33


O presidente Jair Bolsonaro não entregou nada do que prometeu na campanha. Depois que virou presidente, está fazendo essa gestão que estamos vendo, sem qualquer realização. Inaugurando caixa d’água, ponte pronta, e outras obras insignificantes. Foi incapaz de comprar uma vacina que foi oferecida a ele mil vezes, incapaz de tocar as reformas. Nem na área de segurança, que era uma de suas maiores promessas, algo foi feito.” A avaliação é de Marcos Carvalho, principal marqueteiro da campanha de Jair Bolsonaro para presidente, em 2018, marcada pelo uso das redes sociais. O candidato apelou para o elogio da ditadura, além do discurso racista e homofóbico.


Carvalho afastou-se de Bolsonaro logo após a eleição, antes mesmo de tomar posse como coordenador de comunicação do novo governo, após ser atacado pelo vereador Carlos Bolsonaro, o filho Zero Dois. Para o marqueteiro, a última perna que ainda mantinha Bolsonaro conectado às expectativas dos eleitores era seu discurso em defesa da honestidade na política. “As suspeitas de corrupção que estão vindo à tona na CPI colocam por terra a última razão para o grosso do seu eleitorado continuar acreditando nas promessas de campanha”, me disse Carvalho, durante uma conversa por telefone, na manhã de quinta-feira, dia 8.


Na campanha, Carvalho fez vários levantamentos para entender a cabeça do eleitor de Bolsonaro e o que ele esperava do novo presidente da República. Sua conclusão é de que a maioria de seus eleitores não era bolsonarista. Eram pessoas que, em algum momento de suas vidas, votaram em Fernando Henrique Cardoso, em Luiz Inácio Lula da Silva e até em Dilma Rousseff. Um eleitor que poderia ter votado em 2018 em João Amoêdo (Novo), Alckmin (PSDB) ou Ciro Gomes (PDT).


 “Quem o elegeu não foram os bolsonaristas. A grande maioria que votou em Bolsonaro poderia ter votado em outros candidatos no primeiro turno e só não o fez pelo sentimento antipetista. Pela sensação de que Bolsonaro era o único com condições de derrotar Lula e, depois, Fernando Haddad”, disse. O eleitor fiel de Bolsonaro, os bolsonaristas, na avaliação do marqueteiro, são os 15% que ele tinha e continua mantendo. “Essa é a base dele. Que ele já tinha antes mesmo de a campanha começar para valer”, afirma.


Carvalho detalhou por que, em sua avaliação, pessoas que votaram em Bolsonaro em 2018 não repetirão a dose em 2022. “Uma eleição é feita de atributos funcionais e emocionais. Primeiro você escolhe o seu candidato e depois os motivos pelos quais você escolheu votar nele. Eles votaram em atributos absolutamente emocionais. A candidatura de Bolsonaro não tinha uma proposta, só conceitos e valores. A maioria dos eleitores estava convencida de que ele era o caminho para tirar o PT”, explicou.


Na reeleição, avalia, esse atributo emocional desaparece porque o eleitor já conheceu o trabalho do presidente. E só voltaria a votar nele se ele apresentasse bons resultados. Na eleição de 2022, diz Carvalho, para esse eleitor comum, que nunca foi um bolsonarista, o atributo emocional desaparece. “Esse eleitor não repete o voto porque Bolsonaro não tem nenhum compromisso que precisa ser finalizado. Não tem uma obra a ser terminada. Não há nada a ser dado em continuidade”, explicou. O eleitor pode até continuar admirando o presidente, pode até pensar que o presidente tentou fazer algo – mas entende que, ao final, não conseguiu e se corrompeu. “Não existe no processo de reeleição um voto que priorize os atributos emocionais em detrimento dos atributos funcionais.”


Carvalho compara o comportamento do eleitor com o do consumidor diante de um novo produto. “O produto está sendo testado. Uma coisa é comprar algo que não se conhece. Outra coisa é saber se você quer ou não aquilo que você já testou. E se você não gostou do produto, você não compra mais”, disse. Na reeleição é assim. O eleitor não está mais testando o candidato porque ele já conhece o trabalho daquele em quem votou. Portanto, esse voto não tem mais conceitos ou valores envolvidos. “Na reeleição, nenhum componente emocional substitui a questão objetiva e funcional”, assegura.


Na opinião de Carvalho, outro elemento importante para garantir o voto é não só manter a coerência e a centralidade junto à sua base, mas ampliar o espectro de eleitores. Todas as vezes em que Bolsonaro tentou fazer isso, de acordo com Carvalho, ele se sentiu muito fragilizado, em razão das profundas reclamações de sua base. Como exemplo da dificuldade de Bolsonaro de ampliar seu universo de apoio, cita o discurso na sessão de abertura da reunião da ONU, este ano. “Pressionado pelo agronegócio mais moderno, que se sente ameaçado em razão do desastroso comportamento do governo em relação à questão ambiental, Bolsonaro tentou fazer um discurso garantindo a defesa do meio ambiente, assumindo, inclusive, alguns compromissos para melhorar o combate ao desmatamento”, ressaltou Carvalho. O resultado foi que, ao voltar para a sua base, ele sofreu um tremendo ataque de seus apoiadores nas redes sociais. “Ele apanhou tanto que, no dia seguinte, no cercadinho do Alvorada, em conversa com os bolsonaristas, retrocedeu em seu discurso na ONU.” 


O eleitor não bolsonarista passou a ver o presidente como alguém raivoso, sectário, que ataca o meio ambiente, é incapaz de lidar com a questão das vacinas para a Covid e de lidar com a pandemia. Além do mais, aproximou-se do Centrão e do toma-lá-dá-cá que dizia criticar nos adversários. Carvalho afirma que, na campanha, Bolsonaro angariou voluntários, eleitores não extremados e não bolsonaristas, que foram, segundo ele, os que realmente o elegeram. “Essas pessoas não estarão mais com ele em hipótese alguma. Ele não tem mais essa massa de eleitores”, afirmou, acrescentando. “Ele tem ruído na internet. Mas tire esse ruído e as pesquisas vão mostrar o seu verdadeiro tamanho.”


O que restou para Bolsonaro, garante Carvalho, foi o bolsonarista convicto, que sente que ganhou poder. “É o eleitor que ainda acredita no discurso de Bolsonaro e dos filhos, cheio de arrogância de que tomaram o poder. De que o Brasil os elegeu. Mas ele não foi eleito por esse público, e sim pelo eleitor normal, não extremado.” 


Carvalho depôs na CPMI das Fake News para explicar o envio de mensagens em massa pela campanha de Bolsonaro – e disse que sua empresa não participou do esquema. Agora, é taxativo sobre o futuro do ex-cliente. “Bolsonaro não irá para o segundo turno porque o bolsonarista, vendo que o eleitor circunstancial de 2018 nem sonha em repetir o seu voto em 2022, vai aplicar a teoria  dos jogos e debandar para o candidato que se mostrar mais viável, do meio para o final do primeiro turno.” Com isso, diz ele, Bolsonaro irá minguar. Não se elege nem para síndico e terá “a votação mais inexpressiva da história moderna para um candidato à reeleição na América Latina.”


Carvalho sequer acredita na terceira via, um candidato capaz de quebrar a polarização entre Lula e Bolsonaro. A disputa hoje, diz ele, é pelo voto do próprio Bolsonaro – e diz que essa é a maior ameaça à campanha do PT. Lula, em sua opinião, corre o risco de viver o mesmo problema de Bolsonaro. “Bolsonaro foi eleito na esteira da rejeição ao PT e a Lula. Hoje, Lula e sua candidatura se alimentam da mesma lógica. A estratégia da campanha de Lula tem que ser muito bem pensada, porque ele não pode se resumir ao antibolsonarismo”, afirma. E segue: “Quando olhamos todo o processo pós-democratização no Brasil, você não tem candidato de terceira via. Não adianta procurar candidato da terceira via. Esse espaço passa a existir em função do declínio de Bolsonaro. Essa terceira via seria, na verdade, apenas uma segunda força de oposição e não uma terceira, porque Bolsonaro certamente estará fora do jogo eleitoral”, acredita.


Pergunto a Carvalho se ele se arrepende de ter feito para o candidato a campanha que fez, ajudando a eleger um governante que hoje conduz o país a um quadro de desastre. Ele tergiversa. “Eu não vou falar sobre isso. Eu não quero fazer julgamento da pessoa física de Bolsonaro. Quero fazer uma análise política. Estou apenas analisando o novo ciclo eleitoral. Não é meu papel ficar atacando o presidente.” Mas, se não ataca, a crítica é ácida.  “Quem passou dois anos tentando sobreviver em meio a uma pandemia não vota em quem não comprou vacina.”  O próximo presidente do Brasil, diz ele, pode ser “de esquerda, de centro, de lado, de costas, de trás”, mas será, diz Carvalho, alguém que, no governo, teria respondido aos e-mails da Pfizer.


O ex de Bolsonaro também analisa a campanha de Lula.  “Lula se fortificou muito com base no enfrentamento ao bolsonarismo no Brasil. Não somente a Bolsonaro, mas à ideia de um governo excludente, preconceituoso, agressivo e sisudo”, disse. “Com isso, o carisma e a inteligência de Lula voltaram com muita força, conversando com a memória do brasileiro de ser governado por um líder que anda desarmado, literal e metaforicamente.” Mas conclui sua análise. “Ocorre que Bolsonaro irá minguar. Então, a campanha de Lula precisa trabalhar para sobreviver mesmo se não for necessário, e não será, salvar o Brasil de Bolsonaro.”


Carvalho admite que anda conversando com as pré-campanhas de possíveis candidatos. Possui dois ativos que ninguém tem. O primeiro é o sucesso eleitoral em 2018. O segundo é o fato de ele ter trabalhado para o sujeito que está concorrendo à reeleição – afinal, esteve do outro lado e conhece o jogo. 


O ministro das Comunicações, Fábio Faria, foi procurado pela piauí para comentar as declarações de Carvalho. Sua assessoria disse que ele não iria se manifestar.

segunda-feira, 5 de julho de 2021

Como fechou o mercado na semana passada

Na semana passada o mercado fechou em boa alta, mas cauteloso, diante dos acontecimentos na seara política. A CPI da Covid segue capitalizando as atenções, tivemos o super pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro e a abertura de inquérito, por parte da Procuradoria Geral da República. Serão estes fatos, aliás, a nortearem os mercados nesta semana.

Na agenda econômica estejamos atentos aos dados das vendas de varejo pela PMC do IBGE, o IPCA e o debate em torno das reformas. No exterior, atenção para a ata do Fomc, os PMIs e os vários balanços corporativos.

Na semana, os dados da CAGED vieram positivos, com geração de 281 mil vagas formais em maio, quinto mês seguido na geração líquida positiva de vagas e décimo mês positivo em 11 meses, consolidando uma tendência de recuperação iniciada em meados do ano passado. Por outro lado, pelo IBGE, a taxa de desemprego da PNAD Contínua se manteve elevada, em 14,7% da PEA na média dos três últimos meses, o maior nível registrado desde 2012, quando do início da pesquisa.

Estes dois levantamentos, CAGED e PNAD Contínua do IBGE, aliás, trazem diferenças, como o primeiro só mostrar pessoas com carteira assinada contratadas, conhecidas como “formais”, enquanto o segundo mostrar também pessoas da informalidade, que estão procurando emprego formal, ao contrário daquelas que “desistem”, em “desalento”.

Na bolsa de valores doméstica, sexta-feira (dia 02) foi de alta, com o Ibovespa avançando 1,56%, a 127.621 pontos, impulsionado pelos bons ventos de Wall Street, depois dos dados favoráveis do mercado de trabalho norte-americano. Destaquemos que esta alta de sexta-feira alta acabou zerando as perdas da semana.

Na geração de empregos urbanos dos Estados Unidos, pelo payroll de junho, foram 850 mil vagas geradas, 150 mil a mais do que o esperado. Já os ganhos salariais e as horas trabalhadas acabaram abaixo do projetado, com a taxa de desemprego a 5,9% da PEA, pelo aumento de pessoas procurando vagas. Estes dados acabaram importantes, ao reduzir a pressão sobre os receios com a inflação, permitindo a queda dos juros longos norte-americanos. O rendimento dos Treasuries de dez anos caiu de 1,48% ao ano na quinta-feira para 1,431% no fim da tarde de sexta, bem abaixo do 1,54% do fim da semana anterior. Decorrente disso, as bolsas de valores de NY fecharam em alta e o dólar recuou no exterior, com o índice DXY perdendo 0,38% no dia e reduzindo a alta na semana para 0,43%.

Já no Brasil, o dólar, depois da forte alta no dia anterior, abriu em queda na sexta-feira (dia 02), mas fechou o dia em suave avanço de 0,15%, a R$ 5,0569.



 

 

quarta-feira, 30 de junho de 2021

QUARTA-FEIRA NOS MERCADOS

O pacote de reforma tributária, anunciado na sexta-feira, a crise hídrica e as celeumas na CPI da Covid ainda continuam pesando nos mercados. 

Na contramão, no entanto, boas notícias ainda conseguem amenizar o cenário geral. O IGP-M abaixo do esperado (0,60%), contribui para isso, assim como uma bandeira vermelha 2, para julho, mais amena. Soma-se a isso, o Tesouro anunciou uma mega emissão externa nesta terça-feira, sinalizando forte demanda, ou seja, apetite pelo Brasil. Neste contexto, as taxas de juros no mercado futuro cederam, o mesmo acontecendo com dólar. A moeda americana que chegou a bater R$ 4,97 ao longo do dia, cedeu bastante nesta terça, para fechar o dia a R$ 4,9419, em suave valorização de 0,28%. 

A leitura é de que mesmo com os fatos narrados acima, somando-se a nova variante Delta da Índia, o bom fluxo de recursos e a prevista captação do Tesouro seguraram a moeda norte-americana. 

No caso da operação do Tesouro, deverá ser uma emissão soberana de títulos em dólar. De acordo com o comunicado, será realizada a emissão de um novo título de 10 anos, com vencimento em 2031, e a reabertura do atual benchmark de 30 anos, o Global 2050. A operação será liderada pelos bancos Bradesco BBI, Goldman Sachs e HSBC.

No mercado de capitais, no entanto, segue o desconforto com o pacote de reforma tributária em discussão no Parlamento. Pegando mais mal as propostas de tributação de dividendos, a extinção dos juros sobre capital próprio e a redução do imposto de renda sobre pessoa jurídica em etapas. Pesando ainda mais o risco de apagão no País. Decorrente disso, o Ibovespa fechou o dia de ontem em baixa de 0,08%, a 127.327 pontos. 

Sobre os debates da reforma tributária, movimentações na Câmara apontavam para mudanças na proposta apresentada inicialmente. De cara, poderemos ter a redução da alíquota sobre dividendos (de 20% para pelo menos 15%) e a antecipação para 2022 do corte de 5 pontos percentuais no Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ).

Uma outra notícia veio da arrecadação de impostos em maio, recorde absoluto, refletindo a retomada mais consistente da economia. De alguma forma, isso serve fortalecer o presidente Bolsonaro, em permanente "inferno astral".   Em maio, a arrecadação federal chegou a R$ 142,10 bilhões, o maior valor da série. Já o déficit do governo central acabou aquém do esperado, R$ 20,94 bilhões. 

No outro front, da inflação, no entando, o que se tem é a perspectiva de um choque de oferta, pelo reajuste da energia elétrica em 52% na bandeira vermelha para julho. A ANEEL anunciou o reajuste de R$ 6,24 para R$ 9,49, a cada 100 quilowatt-hora consumidos. Isso vale a partir de julho. O governo, mesmo negando o risco de racionamento, se mostra muito preocupado com o impacto eleitoral do processo, principal razão para não ter efetuado um reajuste ainda maior - que pode acabar se impondo em agosto.

Em resposta a isso, na reunião do Copom de agosto cresce a opinião dos que acreditam num ajuste de 1 ponto percentual, a 5,25%. É consenso no mercado de que o ideal é "fazer o mal logo, de uma vez só" e não em doses homeopáticas. Pela pesquisa Focus, o IPCA de 2022 segue em 3,78%, dentro dos objetivos do BACEN de trazer o índice para o centro da meta.    

Nesta quarta-feira estejamos atentos a mais um fator de preocupação para o governo, a PNAD de abril se mantendo acima de 14,7% da PEA, indicando resiliência. O tema também estará em foco nos EUA, onde previsões apontam para redução na criação de empregos privados em junho, frente ao mês anterior. O patamar deve continuar significativo, contudo, na casa dos 600 mil.

Sobre a CPI da COVID, as denúncias sobre a compra da vacina indiana Covaxin, devem continuar a gerar ruídos para o governo. Segundo o líder do governo, Fernando Bezerra, o presidente repassou a denúncia de sobrepreço ao secretário do ministério da Saúde, Elcio Franco, que nada encontrou de irregular, Bezerra, no entanto, compromete o presidente Bolsonaro com o destino das apurações. Por que então a decisão de suspender o contrato para aquisição do imunizante, anunciada terça-feira? 

E se o secretário Elcio Franco se vir envolvido de vez no “esquema”? Ou se aumentarem - como está ocorrendo - os indícios de irregularidades? Também continuará no ar a principal pergunta: o presidente citou ou não o nome do deputado Ricardo Barros?

Por fim, o relatório anual do Banco de Compensações Internacionais (BIS, em inglês), divulgado nesta terça-feira, afirmou que uma recuperação mundial desigual da crise da Covid-19 deve tornar a calibragem das políticas fiscal e monetária, complicadas. Apelidado de banco central dos bancos centrais do mundo, o BIS, com sede na Suíça, diz que "seu cenário principal é de uma recuperação mundial sólida, embora com velocidades diferentes entre os países."


Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...