quinta-feira, 17 de junho de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO - O QUE ACONTECEU 17/06/2021

Tivemos dois bancos centrais mais “duros” nos seus comunicados e sinais para o mercado. Embora as decisões de política de juro não tenham surpreendido, o que mobilizou foi o que foi dito nos comunicados, em ambos, numa postura mais dura, mais hawkish, diante do recrudescimento da inflação e do cenário fiscal pior no caso brasileiro.

No Brasil, pelo comunicado, o BACEN retirou o termo “parcial”, cobrou do governo uma postura mais atenta no encaminhamento das reformas e na sustentabilidade fiscal. 

Para os diretores, “novos prolongamentos das políticas fiscais de reposta à pandemia podem elevar o prêmio de risco do País”. Lembremos que já havia dito o presidente do BACEN, Roberto Campos Neto, que a única forma de “destampar esta panela de pressão” seria avançar na vacinação, o que, no ano passado, foi ignorado pelo presidente, mais preocupado em confrontar e gerar polêmicas políticas inúteis e infantis. 

Para RCN, quanto mais avançássemos na vacinação, menos teríamos que gastar em políticas compensatórias. 

Para o BACEN, “o risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos.” 

Achamos ser essencial manter o foco nas reformas e ajustes necessários, para permitir a recuperação da economia. Sem isso, a taxa de juros estrutural se manterá elevada.

Isso posto, prevemos a taxa Selic, ao fim deste ano, em torno de 6,25%, a 6,5% no ano que vem, no objetivo de trazer o IPCA a 3,5% ao fim de 2022. A pesquisa FOCUS prevê para o IPCA 5,8% neste ano e 3,5% no ano que vem.

Já o Fed manteve a taxa de juros inalterada entre 0% e 0,25%, assim como a compra de ativos financeiros de US$ 120 bilhões ao mês. 

De novidade, Jerome Powell sinalizou que pode vir a elevar o juro a partir de 2023. Falaram os membros do FOMC, também, sobre o possível início do ciclo de redução de compra de ativos financeiros (tapering).

A inflação americana, acima das expectativas, é considerada "temporária" e isso prescreve ampla comodidade monetária por mais algum tempo. A participação do mercado de trabalho (labor force participation rate), ainda está muito baixo desde o início da pandemia, mas deve melhorar assim que os EUA reabrirem sua economia.

Segundo o Fed, "estamos comprometidos em usar toda gama de instrumentos para apoiar economia americana". 

Entre os diretores, dois esperavam juro entre 0,50% e 0,75% em 2022; e três esperavam juro entre 1,0% e 1,25% em 2023. 

Segundo  o Fed, “setores mais afetados pela pandemia melhoram, mas seguem fracos". Progressos na vacinação contra covid-19 reduziram a disseminação da doença nos EUA. 

Para o Fed, “o caminho da economia depende da trajetória do coronavírus, em meio à vacinação, indicadores macroeconômicos se fortalecem. A inflação aumentou nos EUA, em grande parte refletindo fatores transitórios. Estamos preparados para ajustar política monetária se houver riscos aos nossos objetivos”. 

O Fed retirou do comunicado trecho que citava “tremendo impacto econômico e humano do vírus”. 

Pelas projeções do Fed, a inflação passou, em 2021 de 2,4% para 3,4%; para 2022, de 2,0% para 2,1%; 2023, de 2,1% para 2,2%; mantendo a projeção no longo prazo em 2,0%.

Já no crescimento do PIB, o Fed elevou a projeção para PIB em 2021 de 6,5% para 7,0%; manteve a projeção em 2022, em 3,3%; elevou a projeção em 2023, de 2,2% para 2,4%; e manteve a projeção no longo prazo em 1,8%.

Como resposta, os mercados viraram ao longo do dia. EM NY, o Dow Jones fechou em queda de 0,57%; Nasdaq. -0,45%; e S&P, -0,50%. No Brasil, o Ibovespa perdeu os 130 mil pontos, em queda de 0,23%, aos 129.795. Já o dólar, em queda durante a manhã, chegando a R$ 4,99, virou a tarde, para fechar em valorização de 0,34%, a R$ 5,060, tendo chegado a R$ 5,08. Nos EUA, o indicador do dólar, o DXY, valorizou 0,34% a 90,846 pontos. Os rendimentos subiram após Fed: T-Note de 10 anos, a 0,1891%; T-Note de 10 anos, 1,5194%; e T-Bond de 30 anos, 2,2035%.

No front político, a MP da Eletrobras segue em ritmo de discordias e desentendimentos. A votação da MP acontece nesta quinta-feira e crescem os rumores de um substitutivo para o projeto aprovado na Câmara. Os principais alvos são, justamente, os “jabutis" incluídos no texto,como a construção de gasodutos estatais.


terça-feira, 15 de junho de 2021

AGENDA NA MESA

Um trabalho do economista Tiago Cavalcanti, da FGV, é pertubador. 

Explica ele por que o Brasil, embora avançando na escolaridade da sua população nestes últimos anos, pouco avançado na produtividade, ainda estagnada. 

De acordo com os modelos e o as teorias de crescimento, isso não deveria acontecer. Trabalhadores mais educados tendem a ser mais produtivos do que aqueles com baixa escolaridade. Tiago tem uma resposta na "ponta da lingua". Para ele , a educação brasileira é de muito baixa qualidade. Os jovens passam mais tempo na escola do que no passado, mas aprendem pouco.

Segundo Pedro Cavalcanti, também da FGV, de um lado, na oferta, essa educação é de baixa qualidade e os jovens não aprendem bem as disciplinas formais, nem se qualificam para o mercado de trabalho. 

Por outro lado, demanda, um ambiente de negócios ruim, com distorções de todo tipo - tributárias, regulatórias, favorecimentos, etc - não favorece a criação de "bons empregos". 

Solução usual, subsídios e política industrial, nunca funcionou. Há que se reduzir as distorções. Para ele, avançar nas reformas educacionais e institucionais é condição necessária para se reestabelecer uma relação positiva e saudável entre o crescimento da educação e os ganhos de produtividade.

Este "estado de coisas", pode ser visto pelo exame Pisa de 2018, um teste de avaliação para jovens de 15 anos, organizado pela OCDE, que BEM mostra isso. Neste, 68% dos jovens brasileiros estão entre os com pior nível de proficência em Maths. Num universo de 80 países, o Brasil caiu de 65 para 70 lugar nesta importante disciplina. Em leitura, estamos no pelotão de baixo, também entre os piores. 

Para piorar, os jovens de ensino médio não estão preparados para ingressar nas universidades, nem no mercado dec trabalho.

E para piorar mais ainda, o ambiente de negócios é o pior possível, tanto citando a área de regulação, como na carga de impostos, no cipoal taxas, impostos e tarifas, alfandegárias inclusive, que mais inibem do que estimulam o empreendedorismo e o "investimento raiz". 

Temos um "ambiente de negócios", segundo a Doing Business, do Banco Mundial, que mais perde espaço.

Considera, também, que a agenda de reformas neste governo pouco avançou. Tivemos avanços pontuais na agenda microeconônomica, na reforma Previdenciária e na independência do BACEN. Por outro lado, reformas complexas, - como a reforma tributária, a administrativa, as privatizações - que exigem uma grande base de apoio político, pouco avançaram. 

Usar de sofismas e proselitismos, por alguns, tem dificultado no debate. Vejamos alguns pontos em ebluição no debate nacional.

(1) Opção pelo populismo. a leitura de que os governos, nestes 20 anos de populismo, se apegaram à soluções fáceis, pouco desgastantes, fugindo sempre dos confrontos, dos embates políticos no Congresso, na adoção de medidas complexas e impopulares, se baseia em fatos, em acompanhamento, no que foram os governos do ciclo lulo-pestista e agora, no bolsonarismo. 

Quem acompanha de perto as rotinas destes governos, se mantém atualizado, sempre lendo os vários papers, os jornais, publicações variadas, mídias, passa a ter uma visão bem clara da realidade.  

É fato que os governos Lula ou Dilma, estranhamente, não tinham um programa de governo que se possa chamar de tal. 

Projetos de governo passam sim por transformações profundas no ineficiente aparelho do Estado, e isso não tem nada de neoliberal ou estultices correlatas. 

Nós temos sim, um Estado que pouco entrega e mto recolhe. Estudos recentes da FGV e outros, publicados confirmam isso. 

Um estudo recente indica q o Brasil é o sétimo q mais gasta em número de servidores, https://www.poder360.com.br/.../brasil-e-7o-pais-que.../. Se isso não é um desfuncionalidade, não sei o que possa ser. 

Se isso não significa que precisamos de uma profunda Reforma do Estado pois, segundo Marcos Lisboa, temos um Estado q pouco serve aos cidadãos, não sei mais o que é correto. 

Temos um país com uma carga fiscal mto elevada e retorno em serviços de país africano, entre os mais miseráveis.

(2) Agenda de reformas. A denominação de uma agenda necessária de reformas estruturais, com uma readequação do Estado Brasileiro, como neoliberal, é mais uma retórica a dificultar no debate, pois não vemos este como tal. Não existe nada de neoliberal, mas sim a necessidade de ajustar, organizar, corrigir o que está cronicamente errado há décadas. 

Samuel Pessoa tem um diagnóstico bem preciso sobre isso, ao analisar em detalhes a Constituição Federal de 1988. Considerada por mtos um "estorvo" de encalhes e burocracias que mais dificultam do q azeitam a vida em sociedade. São muitos direitos e muito poucos deveres.

(3) Máquina pública. Sobre os servidores públicos, pouparia as carreiras de Estado, no quesito estabilidade, mas achamos por bem, uma profunda análise sobre as várias categorias de servidores, existentes no País. Todos se acham injustiçados, mas e o resto da sociedade? 

O BRASIL se tornou um país totalmente "disfuncional" em tudo. Em PORTUGAL, por exemplo, na otimização de recursos escassos, um professor pode ganhar, em fim de carreira, no máximo 3 mil euros; no Brasil, são notórios os casos de professores ganhando mais de 40 mil reais. 

Claro que é intolerável este "excesso de penduricalhos" nas várias áreas citadas, verdadeiras sinecuras sim, como juizes com 60 dias de férias, anuênios, quinquênios, férias de três meses, depois de tantos anos de trabalho....algo q inexiste no setor privado! Lá o que predomina são particularidades de cada empresa e CLT.


(4) Educação. Sobre as universidades, são notórios os orçamentos das públicas, quase 100% comprometidos em pessoal, quando sabemos faltarem recursos básicos para pesquisa, instalações físicas, equipamentos variados. 

Caímos aqui no abismo dos professores, q se aposentam, mas continuam dando aula, acumulando vencimentos, dos que se aposentam com salário integral, pois é isso que acontece ao vermos as "contas" das universidades, com todos os aportes de recursos públicos, alocados nestas duas áreas, ativos e inativos metade, metade. 

Sendo assim, e sabendo que boa parte dos alunos das universidades são de classe média brasileira, por que não pagar taxas e mensalidades, simbólicas que sejam, 200 a 350 reais, algo que no agregado, proporcionaria às universidades pagar estas despesas. Em Portugal tem pobre também. 

Daí, a necessidade se criar mecanismos em que os pobres teriam bolsas de estudo, enquanto os bem nascidos, filhinhos de papai abastardos, pagariam as taxas e mensalidades. Onde está o problema? 

Nossas universidades são totalmente aberrantes. Me baseio em modelos que dão certo. 

Em Portugal, o exame nacional define rankings para as escolas, publicas e privadas, com estas melhor ranqueadas, mas as públicas correndo atrás. 

Quando os alunos possuem um bom desempenho, aportes adicionais são alocados na escola, que vai melhorando.  É proibido JOVEM ficar fora das escolas em Portugal. 

Questão de mentalidade. É também uma questão de prioridades. Por que no interior do Ceará, em Sobral, as escolas estão entre as melhores do ranking nacional? 

É Nordeste, é fora do eixo RJ-SP....e aí?? 

COMO EXPLICAR ISSO? 

Parece-nos claro que quando se enumeram as várias condições, apenas alertamos para como estamos mal na fita e como isso desanima, na formação das pessoas....É óbvio que o Brasil é um país desigual e "fora do tempo e do espaço".

Os programas de transferência de renda não tiram a miséria do local, das regiões mais pobres, apenas amenizam.

Um ambiente de negócios mais "saudável", respeitando o excelente DOING BUSINESS, do Banco Mundial, numa métrica rigorosa, sobre como desenvolver um país no seu ambiente de negócios, bem proporciona uma leitura sobre como estamos mal na fita. Por este relatório do BANCO MUNDIAL, https://portugues.doingbusiness.org/.../exploreeco.../brazil somos 124 LUGAR. 

E para piorar, ainda temos a IMPUNIDADE. 

O MP de Curitiba, em "task force", conseguiu decifrar o maior esquema de corrupção da história moderna, uma corrupção enraizada, cheia de tentáculos....

Chega um STF "vendedor de sentenças" e anula tudo. Vces concordam com isso?

segunda-feira, 14 de junho de 2021

Resenha de um texto, por Alexandre A. Rocha

Há algum tempo li uma resenha sobre o livro "Decadent Developmentalism. The Political Economy of Democratic Brazil" (2020). 

Inclusive, eu a postei aqui neste espaço. Tenho muito interesse nesse tema. No entanto, como se trata de um livro caro, espero que alguma biblioteca local o compre. Até já o recomendei. Enquanto isso, baixei a amostra grátis da Amazon, com a introdução e o início do primeiro capítulo. A parte inicial, que oferece uma visão geral do argumento do autor, é bem convincente. Posteriormente, o livro perde um pouco de tração, enveredando por uma detalhada, mas nem sempre bem articulada e até mesmo com alguns anacronismos,* revisão bibliográfica. Quero crer que isso seja um problema pontual, mas precisarei ler o restante para poder opinar. Independentemente disso, reproduzo a seguir algumas passagens bastante impactantes. Vale a pena conferir.

1) Cientistas políticos há muito enfatizam as relações executivo-legislativas com a negligência geral da economia, concentrando-se mais no processo de governar do que em seu conteúdo ou desempenho. Isso deu a muitos cientistas sociais uma perspectiva artificial e talvez excessivamente otimista de quão bem a política brasileira poderia funcionar ou realmente funcionar, sugerindo que tudo o que é necessário é uma liderança mais forte, ou focada mais em medidas estreitas de produção legislativa e controle executivo do que em medidas mais amplas conteúdo desta legislação, os processos obscuros que muitas vezes a produzem, as opções que são abandonadas ou o desempenho de longo prazo sem brilho do sistema.


2) (...) muitas das instituições econômicas e políticas da nova democracia são regressivas e ineficientes; mas, mais importante ainda, que complementaridades nas esferas política e econômica geram incentivos que conduzem os atores em direção a um equilíbrio político e econômico abaixo do ideal, que se tornou estável ao longo do tempo.


3) O Brasil freqüentemente parece caminhar vagarosamente em direção a um futuro sombrio no qual um sistema político indiferente, uma estrutura econômica ineficiente, o fim do dividendo demográfico e uma estrutura social profundamente injusta conspiram para roubar o futuro da juventude brasileira.


4) As instituições da economia política brasileira caminham para um equilíbrio comum difícil de romper, até mesmo por causa das complementaridades institucionais em cinco arenas institucionais que explicam em conjunto a trajetória do país desde 1985: a resiliência do desenvolvimentismo como ideia com efeitos em ambos escolhas de políticas e instituições na esfera macroeconômica; a concentração e segmentação da vida da empresa na esfera microeconômica, DHME [economia de mercado hierárquica desenvolvimentista]; as políticas consensuais inerentes ao sistema presidencial de coalizão, que solapam os freios e contrapesos que freqüentemente são considerados centrais aos sistemas presidencialistas; a fraqueza resultante dos mecanismos de controle necessários para governar efetivamente o estado desenvolvimentista; e uma burocracia autônoma que é capaz de empreender reformas que garantam a viabilidade continuada do estado desenvolvimentista, mas também contribuem para seu efeito de restrição ao crescimento, reforçando as estruturas de incentivos estabelecidas por outras instituições.


5) (...) os poderes do presidente para definir a agenda, os poderes de gabinete, os poderes partidários e a autoridade orçamentária ajudam a garantir o domínio presidencial (...). Mas esses poderes formais não garantem o apoio necessário para garantir uma governança eficaz que, como consequência, é freqüentemente obtida por meio de trocas informais. Esse padrão de interação política leva a um equilíbrio subótimo e ineficiente que aumenta o custo da política, dilui a coerência das iniciativas políticas, requer pagamentos colaterais caros e pode diminuir o apoio público, ao minar a confiança pública na probidade das deliberações políticas. Mas há muitas razões pelas quais ela sobrevive: fornece aos principais grupos de interesse defesas contra mudanças nas políticas, fornece aos executivos apoio em um sistema partidário fissíparo, fornece aos representantes legislativos recursos poderosos para a sobrevivência política e permite que as empresas estabelecidas superem seus rivais em potencial.


6) Cinco esferas institucionais, em particular, ajudam a determinar o desempenho do sistema econômico do Brasil: a escala do Estado, os regimes monetário e financeiro, os padrões de intervenção do Estado na indústria, a integração da economia no sistema mundial e a estrutura salarial. nexo de trabalho. Vários fatos estilizados sobre a economia política da democracia brasileira emergem da interação entre essas esferas:

. O imperativo fiscal gera incentivos para que políticos de todas as ideologias empreguem o que denomino instrumentos fiscalmente opacos de política econômica (...).
. A combinação do imperativo fiscal com instrumentos fiscalmente opacos contribui para o alto custo do crédito e baixos níveis de investimento (...).
. (...) tem havido uma tendência duradoura para a proteção dos produtores nacionais, com algum custo para a eficiência e os consumidores.
. A política industrial (...) atende aos propósitos do governo ao fornecer ferramentas fiscalmente opacas para atender às necessidades das empresas nacionais ou orientá-las em direção aos objetivos do governo.
. (...) o peso do equilíbrio das contas fiscais caiu desproporcionalmente sobre os menos abastados, por meio de impostos regressivos, bem-estar social fraco e alta informalidade (...).
. (...) o crescimento econômico, por padrão, é residual.
. (...) o investimento estrangeiro direto freqüentemente responde a incentivos de forma semelhante ao capital doméstico, produzindo para o mercado local atrás de altas barreiras de proteção.

7)  (...) a estrutura regulatória estabelecida para facilitar a privatização de uma variedade de empresas em vários setores foi reaproveitada ao longo do tempo para servir como uma ferramenta de controle governamental sobre a economia.

(*) O autor, p. ex., atribui à Lei de Responsabilidade Fiscal o status de emenda constitucional e inclui o Unibanco entre os atuais bancos brasileiros.



SEMANA DE FED E COPOM

Iniciamos a semana “mobilizados” pelas reuniões do Copom no Brasil e do FOMC nos EUA, decisivas para os rumos da política monetária destes países, em sintonia com a inflação, atividade e emprego e moedas ao redor do mundo.

Será uma semana também de variados índices de preço no mundo, como na Zona do Euro, Alemanha, Japão e Reino Unido, e de produção industrial nestes mesmos países, na China e Estados Unidos. No Brasil, além do Copom em destaque, temos também o IBC-Br, importante para sabermos se a retomada da economia segue ocorrendo, em sintonia com o ritmo de vacinação.

No front político, a CPI da Covid segue mobilizando as atenções de todos, ainda mais por causa da “suposta” displicência do governo no tratamento e nas negociações com os laboratórios para a obtenção de vacinas.

Nos parece óbvio que o presidente se movimentou no ano passado, sempre em reação política aos movimentos do governador João Dória. Como este saiu na frente nas tratativas com a vacinação, Bolsonaro foi na contramão, pensado na equação de remédios, então em estudo, como a cloroquina e a ivermetcina, mais baratos, mas de eficácia duvidosa, Seu objetivo: mostrar uma saída “alternativa” para a pandemia.

De fato, já acontece uma disputa política no País, quando o essencial seria o combate à pandemia, a obtenção de vacinas, única certeza de imunização para a população. Na visão dos cientistas políticos, “a pandemia acabou paralisando o tempo das pessoas, mas acelerou o tempo da política”. Neste contexto de politização da pandemia, a eleição de 2022 acabou “antecipada”. Já são vários os candidatos em disputa. Bolsonaro, por exemplo, segue nos seus passeios de moto, com vários apoiadores pelas capitais do Brasil, como Rio de Janeiro e São Paulo. Durante a semana são diversas as obras inauguradas.

Para o segundo semestre, acreditamos que a retomada da economia e o ritmo de vacinação devem nortear os mercados. Muitos já começam a prever um crescimento da economia mais forte do que o antes previsto, agora acima de 5%, assim que a vacinação a imunizar 70% dos adultos até setembro. Muitos acham, inclusive, que a resposta econômica da pandemia é bem meritória, mais até do que se esperava. Para a consultoria Arko Advice, “mostra que o ministro Paulo Guedes anda mais calado e entregando melhores resultados. O mercado dizia, há pouco, que ele prometia muito e entregava pouco. Agora ele começa a virar o jogo.”

No mercado de ações, mesmo com os embates políticos, a Bolsa de Valores segue a bater recordes, gravitando em torno dos 130 000 pontos, e o dólar ameaçava recuar abaixo do “piso” de R$ 5,00. Isso acontece pelo elevado diferencial entre juro doméstico e externo. Ingressamos então no debate sobre a política de juros do Copom e nos EUA, do Fed.

Para o presidente do Bacen, Roberto Campos Neto, os choques inflacionários atuais são “temporários”, reforçando o discurso de Jerome Powell, do Fed. Para ele, “a curva de juros perdeu um pouco da inclinação recentemente, em função da alta dos juros, mas as commodities em reais se estabilizaram e algumas caíram”. Acredita que “seremos capazes de abrir a economia no segundo semestre, o real tem estado mais comportado nas últimas semanas, as expectativas de inflação implícita em 2021 subiram, mas as longas se estabilizaram”.

sábado, 12 de junho de 2021

PARA QUE LADO VAI O DEBATE?

Parece que vivemos tempos da marmota, lembrando um filme em que o personagem acordava todos os dias e sempre era a mesma cena, mesma situação. Não dava para perceber mudanças na rotina deste personagem, sempre preso a um dia específico. Parece que vivemos isso no Brasil, nestes últimos anos e até décadas. Não saímos do lugar. Dá então para tirar algumas conclusões ou deduzir algo deste ambiente que vivemos. Vamos a elas.

1) Populismo. Temos a leitura de que os governos, nestes últimos 20 anos, sempre se apegaram à soluções fáceis, pouco desgastantes, fugindo sempre dos confrontos, dos embates no Congresso, de medidas impopulares. Foram sim, governos populistas, que pouco avançaram nas agendas essenciais de reformas. Não podemos escorregar pela retória de que tudo de ruim ocorrido foi causado por choques externos, "crises importadas", etc. Não dá!

Quem acompanhou de perto nas "rotinas" destes governos, se mantendo sempre atualizado, numa leitura bem mais clara da realidade, vai perceber que o governos do ciclo petista, Lula e Dilma, estranhamente, não tinham um programa consistente de governo.
Na verdade, o ESTADO pouco entrega o que promete. Temos sim um Estado que muito recolhe e pouco entregou em termos de serviços públicos de qualidade. Estudos recentes da FGV, e outros, publicados, confirmam isso. Um estudo recente indica que o Brasil é o sétimo q mais gasta em número de servidores, https://www.poder360.com.br/.../brasil-e-7o-pais-que.../.
Se isso não significa que precisamos de uma profunda Reforma do Estado. Segundo Marcos Lisboa, temos um Estado Social Democrata que pouco serve aos cidadãos. Um país com uma carga fiscal muito elevada, 36% a 40% do PIB, e retornos, serviços, de país africano, entre os mais miseráveis.
(2) Agenda necessária de reformas estruturais. É preciso uma readequação no papel do Estado Brasileiro. Não existe nada de neoliberal em querer reformar o Estado, tornar seus gastos mais eficientes. Devemos discutir como ajustar, organizar, corrigir o que está cronicamente errado há décadas.

Samuel Pessoa tem um diagnóstico bem preciso sobre isso, ao analisar em detalhes a Constituição Federal de 1988. Para ele, esta é a explicação para os nossos problemas recentes. Considerada por mtos um estorvo de encalhes e burocracias que mais dificultam do que azeitam a vida em sociedade, a CF necessita ser "simplificada" e redimensionada.
(3) Despesas com pessoal. Sobre os servidores públicos, um plano de carreira, uma rearrumação se faz urgente. Isso pouparia as carreiras de Estado, no quesito estabilidade, mas acharia por bem, uma profunda análise das várias carreiras em repartições existentes no País. Todos se acham injustiçados, todos acham q merecem seus benefícios, mas e o resto da sociedade?

O BRASIL se tornou um país totalmente disfuncional. Em PORTUGAL, por exemplo, na otimização de recursos escassos, um professor pode ganhar, em fim de carreira, no máximo, 3 mil euros, no Brasil, são notórios os casos de professores ganhando mais de 40 mil reais.

(4) Educação. Sobre as universidades, são notórios os orçamentos das públicas, quase 100% comprometidos em pessoal, quando sabemos faltarem recursos básicos para pesquisa, instalações físicas, equipamentos variados.

Caímos aqui no abismo dos professores, que se aposentam, mas continuam dando aula, acumulando vencimentos, dos que se aposentam com salário integral, Nas universidades temos servidores ativos e inativos em metade para cada.

Sendo assim, e sabendo que boa parte dos alunos das universidades são de classe média, por que não passar a cobrar taxas e mensalidades, simbólicas q sejam, de 100 a 150 reais, algo que no agregado, proporcionaria às universidades arcar com as despesas de custeio. A necessidade de se criar um mecanismo em que os pobres teriam bolsas de estudo, enquanto que os mais abastardos pagariam. Onde está o problema aqui?

Nossas universidades são totalmente disfuncionais.

Poderíamos reforçar um ranking, com o exame nacional definindo rankings para as escolas, publicas e privadas, com estas melhor ranqueadas, mas as públicas correndo atrás.

Os alunos melhor classificados elevam as notas das escolas de ensino médio que passam a ter aportes adicionais nas escolas.

É também uma questão de prioridades. Por que no interior do Ceará, em Sobral, as escolas estão entre as melhores do ranking nacional? É Nordeste, fora do eixo RJ-SP....e aí??

COMO EXPLICAR ISSO?

Apenas coloco uma cereja no bolo. É óbvio q o Brasil é um país desigual e fora do tempo e do espaço.

Os programas de transferência de renda não tiram a miséria do local, das regiões mais pobres, apenas amenizam o quadro.

Um ambiente de negócios mais "saudável", respeitando o excelente DOING BUSINESS, numa métrica rigorosa, sobre como desenvolver um país no seu ambiente de negócios, bem nos proporciona uma leitura sobre como estamos mal na fita. Por este relatório do BANCO MUNDIAL, https://portugues.doingbusiness.org/.../exploreeco.../brazil somos 124. Estamos bem, estamos mal?

Acho que estamos mto mal.

E sabes por qque a classe média está indo embora??
Por tudo isso reunido...

E para piorar, pela IMPUNIDADE. O MP de Curitiba, em task force, conseguiu decifrar o mairo esquema de corrupção da história moderna, uma corrupção enraizada, cheia de tentáculos....

Chega o STF e anula tudo.

Vces concordam com isso?

sexta-feira, 11 de junho de 2021

INFLAÇÃO DOS EUA E DO BRASIL

Estamos terminando mais uma semana e o tema em destaque nesta foi a inflação. 

Foram divulgados os índices de preço, usados pelas autoridades monetárias como parâmetros, no Brasil e nos EUA e ambos acabaram acima do esperado, acendendo uma luz amarela para ambas as autoridades, o Banco Central do Brasil e o Fed.

No Brasil, o IPCA registrou 0,83%, elevado a 8,06% em 12 meses, o que pode levar o BACEN a intensificar na sua política de normalização parcial das últimas reuniões. Nos EUA, o CPI foi a 0,6%, 5,0% em 12 meses, com o núcleo a 0,8% e 3,8% em 12 meses, quando o mercado esperava 3,5%. Ou seja, pelo índice que descarta alimentos e energia, a inflação acabou bem elevada, o que coloca na conta uma certa disseminação do índice. Pressão adicional ao Fed de Jerome Powell.

No comportamento do CPI americano, a alta foi puxada pelos preços mais elevados do petróleo, contaminando o item energia do índice, acima de 50% em 12 meses, e pela puxada nos preços dos carros e caminhões usados, explicável pelo gargalo da indústria automobilística, visto que vem faltando insumos eletrônicos na fabricação de carros novos. Com isso, a venda de carros usados se intensifica. Em maio, nos 12 meses, os preços destes aumentaram 29,7%. Com a normalização desta oferta, estes devem voltar a recuar. O mesmo deve ser dito sobre a alta do petróleo, elevada a mais de 50% em 12 meses, o que vem impactando nos preços dos combustíveis e derivados.

A economia global está retomando forte. Nos EUA, as projeções indicam um crescimento de 4,6% neste ano e na China acima de 8,0%. Isso posto, as commodities se valorizam fortemente, com destaque para o petróleo, o minério de ferro, a soja, etc.

No Fed, a leitura é de que este é um fenômeno transitório, e logo uma acomodação deve ocorrer. As críticas, no entanto, indicam que a autoridade monetária está “atrás da curva” assim como o Banco Central do Brasil, ao manter o juro a 3,0% por tempo demasiado.

No Brasil, o IPCA de maio registrou 0,83%, em 12 meses a 8,06%, o que acendeu um sinal de que o ajustamento parcial de agora terá que ser intensificado. Teremos uma elevação da taxa Selic na reunião do Copom da semana que vem, de 0,75 ponto percentual, passando de 4,25% para 5,0% e depois mais um, na mesma toada, 0,75 p.p. a 5,75%. Não descartamos mais um ou dois, até 6,5% ao fim deste ano. O objetivo é tentar trazer a inflação para o centro da meta no ano que vem, o que não será uma tarefa simples, pois ano de eleição e a economia rodando em ritmo mais forte, outros fatores de pressão devem surgir.

Não deixemos de considerar também um fator pouco considerado antes mas agora bem importante, a seca dos reservatórios, o uso de termoelétricas, a bandeira vermelha, e os impactos nos índices de preço.

Mesmo considerando esta preocupação, o presidente do Bacen, Roberto Campos Neto, acha também que os choques inflacionários atuais são “temporários”, reforçando no discurso de Jerome Powell. Para ele, “a curva de juros perdeu um pouco da inclinação recentemente, em função da alta dos juros, mas as commodities em reais se estabilizaram e algumas caíram”. Acredita que “seremos capazes de abrir a economia no segundo semestre, o real tem estado mais comportado nas últimas semanas, as expectativas de inflação implícita em 2021 subiram, mas as longas se estabilizaram”.

Analisando o IPCA de maio, 0,83%, o maior impacto veio do grupo Habitação, registrando 1,78%, com impacto direto de 0,28 ponto percentual, decorrente do reajuste de energia elétrica de 5,37%, maior impacto individual no índice (0,23 ponto percentual), decorrente do início da bandeira vermelha em maio. Foi forte também o impacto dos transportes, 1,15% em maio e impacto de 0,24 ponto percentual, motivado pela reajuste da gasolina (2,87%), depois de recuar 0,44% em abril. No ano o combustível acumula alta de 24,7% e em 12 meses 45,8%.

Nos mercados, o Ibovespa fechou quinta-feria em leve alta de 0,13%, a 130.076 pontos com volume financeiro de R$ 24,257 bilhões. Já o dólar comercial registrou leve variação negativa de 0,07% a R$ 5,066. No mercado de juros futuros, houve uma intensificação na ponta curta, pela leitura de que o Bacen terá que ser mais intenso nas elevações da Selic neste ano, e também nas pontas intermediárias e longas, pelos receios de inflação para 2022, ano de eleição. O DI para janeiro de 2022 subiu nove pontos-base a 5,33%, o DI para janeiro de 2023 alta de 14 pontos-base a 6,96%, o DI para janeiro de 2025 avançou nove pontos-base a 7,94% e o DI para janeiro de 2027 registrou variação positiva de nove pontos-base a 8,43%.

Ainda no mercado, a curva já indica a taxa Selic fechando no ano entre 6,5% e 7,0%, cada vez mais distante do que é visto como nível neutro (entre 6,25% e 6,5%). Para a próxima semana está mantido o consenso de que o Copom subirá a Selic em 0,75 ponto porcentual.

Nos EUA, as ações em Wall Street encerraram mais altas nesta quinta-feira, com o índice S&P 500 superando o patamar recorde de fechamento registrado em 7 de maio, reforçando a visão do Fed de que a atual onda de inflação elevada é temporária.







quarta-feira, 9 de junho de 2021

PROBLEMAS A SEREM RESOLVIDOS

Amigos enumeraram alguns riscos, considerados relevantes para esta travessia tupiniquim de 2021, quem sabe, também para o ano eleitoral de 2022, ano também de Copa de Mundo no Catar e de fim de festa para este presidente "verborrágico", que nos "governa" desde 2019. 

Alguns dos riscos: grande desequilíbrio fiscal, com a dívida bruta tendo chegado a 86% do PIB em fevereiro passado. Em dezembro de 2019 estava em torno de 74%; ambiente político muito açodado; grande volume de títulos públicos alongados emitidos (LTN e NTNF); inflação elevada; e trajetória da curva do rendimento da curva dos treasuries de 10 anos dos EUA.

"Estamos vendo uma disseminação de espuma, bolhas, tomada de risco e alavancagem. Muitos players se alavancaram muito e assumiram muito risco, e alguns deles vão explodir” disse Roubini, em entrevista à Bloomberg TV.

Vamos nos ater aos desafios no plano federal, embora tenha severas restrições à governança de muitos estados da federação, um desafio daqueles.  
Dentre os piores, citaria o meu estado, RJ, na "mão de uma corja mafiosa". De fato, observo, parafraseando Gustavo Franco, que somos o país da procrastinação, dos "puxadinhos", do empurrar com a barriga.

A agenda de reformas é bem extensa, não é uma invenção dos "neoliberais", como tantos "intelectuais" preguiçosos gostam de rotular. A dívida da Previdência é explosiva e os regimes previdenciários do País insustentáveis no logno prazo e sim, verdadeiras "fábricas de desigualdades", não importa de quem tenha sido dito (por dizer, pelo Paulo Guedes). 

São regimes em que grande parte dos servidores públicos se servem de "penduricalhos e agrados" variados, pela mobilização e concentração dos seus sindicatos e lobistas, enquando que no regime privado, INSS, na falta de quem os represente, tudo se perde pelas desigualdades e por mtas aposentadorias restritas à salários mínimos. 

É uma aberração déficits equiparados, um para um milhão de servidores, outro para mais de 30 milhões de pobres brasileiros. Uma verdadeira aberração! 

E o que dizer da necessária reforma tributária? É aqui q os "HETERODOXOS" se servem, primeiro pensando onde gastar mais, na certa, depois pensando em arrecadar em cima de fortunas e heranças. Dane-se se a carga fiscal já "caótica e concentradora". 

O negócio, ao que parece, é garantir a farra de gastos ineficientes nas universidades públicas, outro tema, que mereceria um debate mais aprofundado e menos patrulhador ou cancelador. 

Ficariamos dias debatendo também sobre a urgência de uma reforma na EDUCAÇÃO. 

Sou totalmente favorável que haja uma revolução no ensino básico e fundamental, no desafio de formar pessoas qualificadas e aptas para ingressar na fase adulta, sem bobagens, como indefinição de gênero, patrulhamentos ou lavagens cerebrais diversas nas várias escolas públicas do país. 

Lugar de criança é nas escolas e em educação de primeiro mundo. 

Depois, em rankings diversos, as crianças seriam selecionadas pelas várias universidades do país a partir das suas notas, e quanto maiores, mais recursos receberiam as escolas públicas básicas e fundamentais. 

É isso, por exemplo, que acontece em Portugal. 

Nas universidades, várias mudanças se fazem necessárias e urgentes, como o início da cobrança de mensalidades e matrículas. 

Por fim, chegamos a reforma do Estado, chamada Administrativa, talvez a mais radical e necessária, dado o "sistema de castas", que se transformou este país. 

Tudo isso que os governantes deveriam ter atacado de frente e ficaram procrastinando, pouco avançando na institucionalidade do país, na urgente necessidade de mudanças profundas. 

Em 20 anos poucos atacaram estas agendas, poucos. Preferiram se ater a distribuir Bolsas Famílias e agradar as elites com sinecuras e subsídios. Fracasso absoluto.

Vamos conversando. 


DIA DE IPCA

Depois de oito pregões em alta era previsível algum ajuste no Ibovespa. Foi o que aconteceu nesta terça-feira, ainda mais com a maior cautela pelo cenário fiscal, depois do ministro Guedes sinalizar a extensão do auxílio emergencial “por dois ou três meses”, talvez até setembro. Tudo irá depender do ciclo de vacinação em curso.

Neste clima de correção, a bolsa de valores caiu 0,76%, a 129.787 pontos, mesmo com a Petr4 em alta, este decorrente da alta do barril de petróleo WTI, acima de US$ 70, pela primeira vez desde outubro de 2018. No mercado de juro futuro, as taxas, de manhã em queda, acompanhando os treasuries americanos, fecharam o dia estáveis.

Tanto no Brasil, como nos EUA, saem índices de inflação que podem alterar o transcurso da taxa de juros nos próximos meses.

Para o presidente do BACEN, Roberto Campos Neto, em seminário, os choques inflacionários devem ser “encarados como temporários”. Para ele, “a curva de juros perdeu um pouco da inclinação recentemente, em função da alta dos juros, mas as commodities em reais se estabilizaram e algumas caíram”. Ele acredita que “seremos capazes de abrir a economia no segundo semestre, o real tem estado mais comportado nas últimas semanas, as expectativas de inflação implícita em 2021 subiram, mas longas se estabilizaram”.

Para Campos Neto, “o BACEN tem sido "bem explícito" que normalização total traria inflação para abaixo da meta de 2022. Estamos 100% comprometido com a meta. No entanto, no problema hidrológico, não se sabe em que nível o impacto da energia vai vazar para 2022”. Por fim, complementou que “teremos reunião do Copom na semana que vem e desde a anterior, muitas coisas aconteceram e serão analisadas. Há preocupação com inflação de serviços, com total reabertura da economia, e, como dito, com o choque tarifário de energia.” 

 Aguardemos então.

terça-feira, 8 de junho de 2021

VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA

Na literatura, um escritor uruguaio de esquerda, muito respeitado no meio literário, Eduardo Galeano, publicou um livro, "Veias Abertas da Américal Latina", que se tornou um marco na região, por descrever, em detalhes, como foi a colonização do continente, muito mais caraterizada pela exploração das riquezas minerais, e pouco pelo povoamento dos países.

Não foi, portanto, uma colonização de povoação, mas apenas de exploração.

Desde então, cada país viveu sua história, sua evolução, suas contradições, no que o filósofo Karl Marx chamaria de "dialética histórica", ou mesmo o saudoso Darci Ribeiro, evoluindo "aos trancos e barrancos".

Países, que tinham um pé na Europa, como Chile e Argentina, modelos consagrados pelos seus sistemas educacionais e suas bem azeitadas economias, basdeadas no setor primário, tomaram rumos diferentes no século XX, e mais se aproximaram, ou se afastaram, do Eldorado do "velho continente".

Na Argentina, a ascenção do Domingues Peron nos anos 40, a influência de Evita, os simbolismos depois como "mãe dos pobres", símbolo do populismo, até a queda de Isabelita nos anos 70 e a ascenção da ditadura militar na Argentina, radicalizada a partir dos anos 1976. Tivemos um interregno, até o retorno da democracia, com a eleição de Raul Alfonsin em 1983.

No Peru, foi realizada mais uma eleição, no dia 6 de junho, Pedro Castillo contra Zeiko Fujimori. Dois extremos. De um lado, Pedro Castillo, professor de ensino médio, ligado aos sindicatos, às esquerdas, aos partidos, aos comunistas; do outro, Keiko, filha do ex-presidente Fujimori, presa no passada, mais ligada à capital, Lima.


Esta corrida eleitoral no Peru, entre dois candidatos polarizados, foi a mais recente de uma série de eventos de risco político, que assombram a América Latina, região que luta para acompanhar seus pares globais apesar do boom das commodities.


Preocupa, no entanto, sua retórica pode ser resumida por 10 pontos importantes do programa ideário da frente "Peru Libre", partido do Pedro Castillo. Esta seleção foi obtida junto ao amigo do FACE, Rodrigo Silva.

"1. A criação de uma nova constituição, “que debe concluir en el desmontaje del neoliberalismo y plasmar el nuevo régimen económico del Estado”.

2. A estatização "de los sectores mineros, gasíferos, petroleros, hidroenergéticos, comunicaciones, entre otros"

3. Todas as dívidas públicas “deben ser canceladas en el país, previa renegociación de las cifras primarias”.

4. A regulamentação da imprensa, defendendo os "legados de Lenin y Fidel" nessa matéria. O Peru Libre abertamente não defende a liberdade de imprensa.

5. O controle dos salários: "los sueldos de los empresarios deberán ser múltiplos de las remuneraciones de los obreros, así podrá un empresario ganar muy bien, pero pagará a su obrero menos calificado no menos de veinte veces su propio sueldo".

6. A atuação do Estado para garantir empregos: "El Estado socialista debe generar empleo mediante la industrialización del país y tecnificación del sector agrícola, entre otros, para garantizar bienestar al 65% de los peruanos de manera directa e indirecta".

7. A limitação dos lucros das empresas transnacionais. O Estado se apropriaria de 70% a 80% dos ganhos, deixando o setor privado com 20% a 30%.

8. A revisão, regulação ou anulação dos tratados internacionais - econômicos, ambientais, de direitos humanos, etc.

9. A convocação dos países vizinhos para estabelecer uma “zona não negociável” com os Estados Unidos.

10. Dificultar a atuação de ONGs estrangeiras - que nada mais são do que “organizaciones de otros gobiernos en nuestros países”.

Esta é a plataforma da frente "Peru Libre", do presidente eleito Pedro Castillo.

A América Latina já estava mergulhada em agitação social antes que a pandemia de Covid 19 a atingisse. Agora, uma sequência de eleições que se estende para 2022, protestos na Colômbia e turbulências sobre a Constituição do Chile levaram os investidores a se preparar para uma nova onda de incertezas sobre a formulação de políticas.

Além disso, a pandemia ainda devasta a região, com Argentina, Colômbia, Brasil e Chile registrando muito mais casos confirmados por milhão de pessoas do que a Índia.

"A América Latina vive um momento muito difícil. Está tendo eleições em um momento em que (a Covid-19) tem sido tão dolorosa, tão mortal e tão disseminada em tantos países da região que torna possível uma mudança de direção econômica e política."

A economia da América Latina encolheu 7% no ano passado, contração mais acentuada de todas as regiões emergentes, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Crescentes pressões globais de inflação e rendimentos atingiram a região de forma desproporcional, com bônus em moeda forte e local atrasados ante seus pares ​​em 2021 e muitas das moedas regionais apresentando desempenho inferior.

Os preços em alta das commodities não proporcionaram muito alívio a uma região dominada por exportadores de recursos básicos. A previsão de crescimento econômico de 4,7% neste ano depende de que a recuperação continue no caminho certo, apesar do lento progresso da vacinação.

"O aumento da volatilidade política tirou o brilho de muitas coisas positivas no que diz respeito ao impacto do preço das commodities na região".

"Obviamente, tem havido um fluxo de notícias no Peru, há coisas acontecendo no Chile, também estamos entrando em um ciclo eleitoral no Brasil, onde o ex-presidente está de volta à cena."

A moeda do Peru, soles, está em uma montanha-russa, conforme pesquisas mostram que o socialista Pedro Castillo - que quer mais impostos e pagamentos de royalties no setor de mineração.

Gustavo Petro - um ex-insurgente antes próximo ao líder venezuelano Hugo Chávez e cujas propostas de gastos sociais levantam as sobrancelhas da disciplina fiscal - lidera as primeiras pesquisas para a eleição presidencial de 2022 na Colômbia.

O ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva parece ter uma chance de destituir o governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro no ano que vem no Brasil, e a votação do Chile neste mês para uma assembleia constituinte desferiu um golpe no partido de centro-direita do governo antes das eleições presidenciais de novembro.

No Equador, a vitória surpresa de Guillermo Lasso na eleição presidencial de abril foi um raro êxito da direita no atual ciclo eleitoral.

Apesar de um padrão de rejeição percebido no mercado financeiro, a ascensão da política de esquerda está longe de ser por regra negativo para os mercados, como mostram o presidente do Equador, Lenín Moreno, ou o mexicano Andrés Manuel López Obrador.

Mas alguns investidores estão receosos de mudanças bruscas de política que ponham o importante setor de mineração na mira, ou coloquem economias no mesmo caminho da Venezuela --onde uma longa crise econômica se transformou em uma crise humanitária--, ou mesmo aproximem os países da situação da Argentina, prejudicada por inflação elevada e dívida sufocantes.

"Os ciclos políticos tendem a ir em ondas, e acho que estamos nos estágios iniciais de uma onda política de esquerda na América Latina", disse Peter Gillespie, gestor de portfólio de ações da Lazard Asset Management que investe principalmente no México, Brasil, Peru e Colômbia.

Vamos conversando.

domingo, 6 de junho de 2021

PERSPECTIVAS PARA JUNHO

No mundo, todas as atenções se voltam para os próximos passos das autoridades monetárias, na conjunção entre retomada da economia global, seu ritmo de crescimento, trajetória da inflação e impacto sobre o mercado de trabalho.

Em outras palavras, como fazer esta “sintonia fina” correta, visando compatibilizar retomada da economia pós-pandemia, pressões inflacionárias relevantes e aumento da oferta de empregos?

No Fed, em “duplo mandato”, tal como o Brasil, o desafio é compatibilizar a velha “curva de Philips”, no tradeoff entre inflação e desemprego. A pressão, no entanto, segue, no mercado por “ajustes” na política monetária (“aperto gradual” ou tapering) contra a “leitura parcimoniosa” do presidente Jerome Powell “de manter a política monetária acomodatícia”, considerando os repiques inflacionários como transitórios, reflexo de desajustes nos gargalos produtivos das diferentes cadeias de empresas e setores.

No mundo, instituições como OCDE, FMI, Banco Mundial e outras, sinalizam uma aceleração do crescimento global, dependendo do ritmo de vacinação em cada país ou região.

Segundo a revista inglesa The Economist já são 2 bilhões de pessoas vacinadas ao redor do mundo, um quarto do total de adultos com a primeira dose. Ainda faltam 13 bilhões de doses.

Em paralelo, observa-se uma tremenda distorção na distribuição das vacinas. Das 2 bilhões de doses dadas, 37% foram concentradas em países norte-americanos e europeus, apenas 18% das 7,6 bilhões de pessoas do mundo. A África Subsaariana fica com 1% do total. Ou seja, quanto mais rico e influente o País, maior o número de vacinas recebidas. Como resposta a isso, a Covax, consórcio dirigido para os países mais pobres, já prometeu disponibilizar US$ 1,8 bilhão para 92 destes países.

Segundo a OCDE, o crescimento previsto para os EUA é de 6,9%, dado o nível mais forte de produção industrial registrado, o maior em 15 anos. Já na China, o crescimento deve passar de 8% ao fim do ano e no mundo, chegar a mais de 4%, pontuado por estes dois países. Daí, a preocupação com a inflação global e o movimento de capitais, administrado pelos bancos centrais (ancoragem das expectativas) sobre o binômio crescimento e inflação.

Nos EUA, sobre o CPI de abril, esperava-se 0,2%, mas veio 0,8%, em 12 meses 4,6%. Já o PCE registrou 0,6%, com o núcleo a 0,7%, na taxa anualizada a 3,1%, contra 1,9% em março. Na Zona do Euro, os índices aceleraram em linha com o mercado, registrando 1,6% em abril em 12 meses, contra 1,2% em março. Recordemos que todas estas instituições trabalham com a meta central de 2,0%, seguindo a conhecida “regra de Taylor”.

Observando os dados, acreditamos haver uma aceleração da inflação no mundo, em diferentes ritmos, dada a retomada, nem sempre homogênea, com diferentes setores respondendo de forma desigual. E isso se explica pelos diferentes ritmos de vacinação e “reabertura”, também diferenciada, uns setores “respondendo” melhor do que outros. Nos inúmeros casos, uma “assincronia” no fornecimento de insumos, como semicondutores nas indústrias automobilísticas, o que vem gerando gargalos de oferta e preços elevados.

No gráfico a seguir, olhando para os países emergentes, vemos que o Chile, a Índia, Filipinas, Rússia e outros, estão em processo de aceleração inflacionária, enquanto quer outros, como Brasil, pela ação dos BACEN, nas políticas monetárias, estão “dobrando” a curva, com a inflação perdendo força.



Já o gráfico abaixo bem reflete este cenário de “reabertura”, com a inflação aparecendo no cenário através do “Índice de Surpresa Inflacionária” do Citibank. Este mostra como o índice cresce neste ano.

Por aqui, continuamos de olho no IPCA, cada vez mais destoante da meta. O centro da meta, neste ano, é de 3,75% com limite superior de 5,25%. A inflação oficial, medida pelo IPCA, registrou 0,31% em abril contra março, em desaceleração, mas ainda acima do teto da meta em 12 meses (6,76%). Já a prévia de maio, pelo IPCA-15, ficou em 0,44%, abaixo dos 0,60% de abril, mas acumulando 3,27% no ano e 7,27% em 12 meses.




No mercado de trabalho, os dados de emprego nos EUA também vieram diferenciados, surpreendendo os mercados. Foram criados 266 mil em abril, 456 mil agora em maio, segundo informou o relatório payroll, ambos abaixo de março (916 mil vagas). Esses números mostram uma economia ainda abaixo do “pleno emprego” (taxa neutra de desemprego, em torno de 5% da PEA), o que permite ao Fed continuar a manter a política atual, mas haverá o momento em que ele “terá que atuar”. Este é o debate de fundo das economias globais pós-pandêmicas. Quando esta virada irá acontecer? Este processo de transição terá que ser realizado com muito cuidado, muita cautela, evitando o estouro de bolhas e um deslocamento forte de capitais.



No Brasil, saíram os dados do Caged, registrando abertura de 120,9 mil vagas “formais” em abril. O saldo foi o menor do ano de 2021, depois de números mais fortes aparecerem em janeiro (261 mil), fevereiro (398 mil) e março (177 mil). Mesmo com a queda da criação de vagas os resultados foram considerados bons, pois o mês foi marcado pelo avanço da pandemia e por medidas de restrição mais duras em diversas localidades. Com relação ao mesmo mês de 2020, o resultado foi significativamente melhor, quando quase 964 mil vagas foram fechadas em apenas um mês.


Na Política Monetária do presidente Roberto Campos Neto, em maio, na reunião do Copom, tivemos o reajuste da Selic em 0,75, a 4,25% anuais, repetindo a dose da sessão anterior. A próxima reunião, agora em junho, será de um novo ajuste de 0,75 ponto percentual, e depois, em agosto, a dúvida é saber se será de 0,5 ponto percentual, a 5,5% ou a 5,75%, em resposta a inflação que deve ficar neste patamar. Neste caso, temos o conceito do ajuste parcial ou completo, já pensando em “tentar trazer a inflação” para o centro da meta em 2022 (3,75%).

Também há uma preocupação no BACEN de que a taxa de juros Selic não deve subir a ponto de frear a economia, mas também não há garantias de que esta visão não seja alterada. Tudo irá depender do andamento dos indicadores e possíveis descontroles das contas públicas, é o chamado “data dependent”.

Nos mercados, no Brasil seguem os ativos se apreciando, a bolsa de valores superando recordes, o real em valorização, frente ao dólar, e as commodities em bom ritmo. Em maio, o Ibovespa encerrou renovando as máximas históricas, atingindo 126.215 na segunda-feira (31), ignorando a “maldição de maio”, lembrada no relatório anterior. O índice terminou o mês em alta de 6,16%, terceiro mês seguido no azul, depois da alta de 1,94% em abril e de 6,0% em março. No ano, o avanço é de 6,05%. O Ibovespa já acumula 15% desde fevereiro de 2020, pouco antes do último “circuit breaker” da B3.

Já a moeda norte-americana vem se desvalorizando continuamente nos últimos dias, dada a trajetória errática da retomada, a inflação americana ainda elevada, o que vem reforçando, em parte, o discurso do Fed de manter a situação atual "acomodada". No fechamento de maio, o dólar fechou a R$ 5,2249, mesmo com a disputa pelo PTAX (R$ 5,2322). Em maio, a moeda norte-americana acumulou queda de 3,8%, a maior baixa mensal desde novembro do ano passado e o segundo mês seguido de queda. 

No mercado de juro, a ponta mais curta segue esticada, pela perspectiva do BACEN de elevar o juro de forma mais intensa até setembro, para depois ancorar as expectativas de uma taxa em torno de 5,5% a 6,5%, derrubando então a inflação à 3,5% a 3,7% no ano que vem. 

Sobre a agenda de reformas, duas importantes reformas ganharam destaque em maio. Uma foi a Tributária, outra a Administrativa. 

Ambas se mostram essenciais para o enfrentamento das consequências econômicas da pandemia. O foco da reforma tributária é a unificação e simplificação dos diversos tributos que atualmente incidem sobre o consumo. O sistema tributário brasileiro é muito complexo e a reforma tem o objetivo de desburocratizar este modelo. A MP da Reforma Tributária foi apresentada e os primeiros passos foram dados, sendo ela fatiada ou não. Já a reforma administrativa também deu seus primeiros passos, mas o presidente Bolsonaro não parece muito convencido da sua urgência, pela proximidade do "ano eleitoral em 2022". 

PARA JUNHO
 
As expectativas são de novos “recordes” nos mercados de ativos, mas ainda atento ao ambiente de volatilidade existente. As commodities devem continuar no seu ciclo de alta, dada a demanda mais forte da China e a retomada da economia global. 










sexta-feira, 4 de junho de 2021

LUANA ARAÚJO, UM FURACÃO

Estas CPIs são meio sacais, meio previsíveis. De repente apareceu a Dra Luana Araújo. O que foi aquilo? A partir daí estabeleceu uma zona de corte. 

Ela disse na CPI várias coisas muito importantes. Vamos a elas: 

"Ciência não tem lado. Ou ela é bem feita ou mal feita" (fala em discurso inicial)

"Pleiteei autonomia, não insubordinação" (sobre possível entrada na Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à covid-19)

"O ministro me chamou e disse que lamentavelmente meu nome não foi aprovado" (sobre sua dispensa após dez dias de trabalho)

"Não temos opinião, mas evidências, e elas são claríssimas, transparentes. Somos a favor de uma terapia precoce que exista. Quando ela não existe, não pode se tornar uma política de saúde pública" (sobre eficácia do tratamento precoce)

"Essa é uma discussão delirante, esdrúxula, anacrônica e contraproducente" (sobre eficácia do tratamento precoce)

"Quando disse, há um ano atrás, que estávamos na vanguarda da estupidez mundial, eu, infelizmente, ainda mantenho isso em vários aspectos" (sobre eficácia do tratamento precoce)

"É como se estivessemos discutindo de que borda da Terra plana vamos pular. Não tem lógica" (sobre eficácia do tratamento precoce)

"Não é porque se mata coronavírus no micro-ondas que pedir para paciente entrar no forno" (sobre eficácia do tratamento precoce)

"A nossa vida seria mais fácil e feliz se isso (cloroquina) funcionasse; infelizmente, não tem (eficácia)" (sobre eficácia do tratamento precoce)

"Deve estar faltando informação de qualidade, porque quando se tem a informação, não é um comportamento que a gente espera que aconteça. A mim, me dói" (sobre diversas declarações e comportamentos do presidente Jair Bolsonaro ao longo da pandemia)

"Se cada um diz uma coisa, em quê acredito?" (sobre orientações divergentes sobre a pandemia)

"Existe dificuldade de entender a diferença entre abordagem e tratamento precoce. A abordagem é o acesso ao diagnóstico imediato, e há dificuldade nesse sentido" (sobre o que se considera tratamento precoce)

"É assim (com a vacinação) que a gente atinge uma imunidade de rebanho. Não posso imputar sofrimento e morte a uma população com uma imunidade de rebanho" (sobre a tese de rebanho)

"(Copa América no Brasil) é um risco desnecessário para se assumir neste momento" (sobre decisão do governo federal de receber a competição)

"Autonomia médica faz parte da nossa prática, mas não é licença para experimentação" (sobre tratamento precoce)

quarta-feira, 2 de junho de 2021

CRESCIMENTO DO PIB

No Brasil, tanto o crescimento de 1,2% do PIB, na margem, como o de 1,0% no confronto com os três primeiros meses de 2020 superaram as medianas das estimativas das Projeções Broadcast, de 0,7% e de 0,6%, respectivamente. Estes dados devem dar esperança de uma recuperação mais rápida do País neste ano

O mercado já contava com esta retomada econômica, com algumas instituições já elevando as projeções para o PIB deste ano para 5% e até 6%. 

O reflexo do entendimento de retomada econômica no Brasil é geral nos índices setoriais da Bolsa, com destaque para o imobiliário, que avança quase 2%, ainda em reação à possibilidade de que o auxílio emergencial torne-se definitivo. 

Além disso, vale mencionar o setor financeiro, que vem custando a engatar recuperação, mas que no dia 01/06 sobiu com força, em alta mínima de 1,55%. A exceção são os papéis do Banco Inter, que cediam 2,85%. "Expectativas de avanço da vacinação no segundo semestre e de que o benefício poderá ser permanente animam o mercado. 

Contra isso, no entanto, temos uma inflação elevada, mas isso não está incomodando.

Com isso, a economia brasileira volta a operar no mesmo patamar do quarto trimestre de 2019, antes da pandemia de covid-19. O resultado foi o terceiro trimestre seguido positivo, depois dos recuos no primeiro (-2,2%) e no segundo (-9,2%) trimestres de 2020, ano em que a economia encolheu 4,1%. Apesar da melhora, o PIB ainda está 3,1% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica do País, alcançado no primeiro trimestre de 2014, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

No desempenho do primeiro trimestre, destaque para os investimentos, avançando 4,6% contra o trimestre anterior e 17% contra o mesmo trimestre do ano passado. Na contramão, os consumos das famílias e do governo, meio de lado, decorrente dos atrasos da vacinação e da necessidade de manter alguma disciplina fiscal. 

Ao fim deste ano estamos prevendo crescimento em torno de 5,0%. 



Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...