Sou Economista com dois mestrados, cursos de especialização e em Doutoramento. Meu objetivo é analisar a economia, no Brasil e no Mundo, tentar opinar sobre os principais debates da atualidade e manter sempre, na minha opinião essencial, a independência. Não pretendo me esconder em nenhum grupo teórico específico. Meu objetivo é discorrer sobre varios temas, buscando sempre ser realista.
terça-feira, 30 de março de 2021
Análise da Conjuntura, 31/03 (IPEA)
O desequilíbrio fiscal é analisado nesta nota na perspectiva do orçamento de 2021 recém-aprovado pelo Congresso, especialmente em relação ao cumprimento do teto de gastos, e do impacto da aprovação da Emenda Constitucional (EC) no 109, derivada da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial, sobre a sustentabilidade das contas públicas em prazo mais longo. Argumenta-se que a necessidade de duras medidas de contenção de despesas visando ao cumprimento do teto de gastos em 2021, que já era significativa, foi magnificada pelo Autógrafo do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) aprovado. Contudo, dado o já relativamente baixo nível das despesas discricionárias, o espaço para o ajuste requerido é estreito, havendo risco de interrupção parcial ou total de algumas atividades ou programas públicos. Faz-se necessária, portanto, a busca por uma solução que envolva a revisão de parte da programação orçamentária aprovada no Autógrafo do PLOA. No que se refere à sustentabilidade da política fiscal no longo prazo, entende-se que a EC no 109 seja um passo importante na direção correta, ao proporcionar instrumentos e reforçar princípios relevantes para o equilíbrio fiscal intertemporal. Um dos determinantes de seus impactos, porém, será a aprovação de leis complementares que regulamentem algumas das alterações constitucionais. Ao longo do tempo, o impacto final da EC no 109 sobre as contas públicas ficará mais claro.
Neste contexto de incertezas de política fiscal e relacionadas à pandemia, a previsão da Dimac/Ipea para o PIB de 2021 é de um crescimento de 3%, com recuo de 0,5% do PIB no primeiro trimestre, na comparação com ajuste sazonal. Ainda que uma nova rodada de medidas fiscais de combate aos efeitos da pandemia esteja programada para começar em abril, o impacto negativo sobre a atividade econômica tende a prevalecer no primeiro semestre, embora em magnitude significativamente menor do que a verificada no ano passado. No segundo semestre, o cenário considerado na projeção é que a cobertura vacinal contra a Covid-19 esteja avançada e permita a retomada do crescimento devido ao aumento da confiança dos consumidores e empresários e à redução de medidas de isolamento social. Para 2022, a Dimac/Ipea projeta um aumento de 2,8% para o PIB. Embora esse resultado do ano seja inferior ao previsto para 2021, o cenário caracteriza-se pela manutenção, ao longo de 2022, da retomada da atividade esperada para o segundo semestre deste ano.
No que diz respeito à inflação de 2021, projeta-se uma variação de 4,6% do IPCA e de 4,3% do INPC. Essa projeção considera as surpresas inflacionárias adversas do início do ano, especialmente em relação aos preços administrados, bem como o recente período de seca verificado nas principais regiões produtoras de carne e leite, a trajetória observada e esperada para a taxa de câmbio e a continuada aceleração dos preços das matérias-primas no mercado internacional. Contudo, espera-se que, no contexto de uma política monetária mais apertada e sob a hipótese de que as atuais incertezas fiscais sejam controladas, a inflação volte a cair ao longo do ano e permaneça controlada em 2022, atingindo, nesse ano, 3,4% tanto para o IPCA quanto para o INPC.
MACRO MERCADOS DIÁRIO Terça-feira, 30/03/2021 “DANÇA DAS CADEIRAS”
Na manhã desta segunda-feira o chanceler Ernesto Araújo (EA) pediu demissão, depois de intensa pressão do Congresso; à tarde, foi a vez do general Fernando Azevedo, da Defesa ser demitido, e uma reacomodação de cargos acabou inevitável, com mudanças na Justiça e em posições chaves da “articulação política”, próximas ao gabinete do presidente no Planalto.
A saída de EA, do Ministério de Relações Exteriores, até que veio sem maiores turbulências. Como previsto, ingressou um diplomata de carreira, do cerimonial do Planalto, Carlos Alberto França, mudança esta bem acolhida pelos meios políticos e diplomáticos. O clima para EA era insuportável. Embora sem experiência em postos no exterior, França deve se destacar pela discrição e por não criar tensões com parceiros comerciais, como a China ou a Argentina.
Maior tensão no dia, no entanto, veio da mudança da Defesa, com variadas interpretações e análises. Ninguém esperava!
Parece-nos perceptível de que Fernando Azevedo não saiu satisfeito (deve ser seguido pelos comandantes da Aeronáutica, Exército e Marinha). Aliás, a relação de Bolsonaro com o general Edson Pujol, do Exercito, não era das melhores. Especulações seriam de que o presidente já havia pedido a cabeça do comandante do Exercito, não aceita por Azevedo, por este não apoiar os desmandos do capitão. Surgem então duas indagações: para quê ele queria este apoio? será que os militares abandonaram o presidente nas suas tentações autoritárias?
Ao sair, Azevedo deixou um comunicado na qual sua gestão na Defesa se pautou pelos interesses do Estado brasileiro, não do governo Bolsonaro, “nesse período preservei as Forças Armadas como instituição de Estado”. Ou seja, havia, de fato, um clima de insubordinação no ar. Pelo jeito ele não aderiu às tentações populistas ou autoritárias do presidente.
O deslocamento do general Braga Neto para a Defesa, pode também ensejar a leitura de que o foi para tirá-lo do centro das decisões econômicas estratégicas do governo. Soma-se a isso, as mudanças ocorridas (e potenciais, que devem ocorrer), representam um enfraquecimento da ala mais ideológica do governo, e o fortalecimento dos mais pragmáticos, destacando Paulo Guedes, importante na travessia econômica até 2022. Deve perder espaço a ala mais desenvolvimentista do governo, favorável ao aumento de gastos. Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, pode ser o próximo a sair, assim como Ricardo Salles do Meio Ambiente.
A somar a isso, a aprovação do Orçamento de 2021 na semana passada, cheio de emendas, ainda repercute. Se este passar na sanção presidencial, forçosamente, as despesas devem estourar o teto dos gastos o que obrigará o governo ao shutdown. Havendo isso, boatos são de que toda a equipe econômica pedirá demissão.
Neste contexto, como resultado, tivemos nos mercado a bolsa de valores volátil, a curva de juro em boa inclinação, claro sinal de desconfiança, e o dólar batendo os R$ 5,80. Ao fim o dia (dia 29), o Ibovespa subiu 0,56%, a 115.418 pontos, e o dólar valorizou 0,44%, a R$ 5,7663.
Agenda do dia
Nesta terça-feira, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, participa de evento do Banco Daycoval, às 14h. Antes, o mercado repercute o IGP-M de março (8h), que pode acelerar para a maior taxa em 20 anos (3,0%). Este impacto virá da alta dos combustíveis e das commodities e do câmbio depreciado. Ainda teremos as contas do Governo Central (14h30), déficit entre R$ 32,7 bilhões e R$ 16,3 bilhões. Já o Caged de fevereiro (10h30) deve vir positivo pelo segundo mês consecutivo, apontando a maior geração de vagas de emprego para fevereiro, de 260 mil na mediana (piso de 150 mil e teto de 283.936 vagas).
BALANÇOS – Depois do fechamento do mercado, saem os resultados trimestrais da Qualicorp, Banco BMG, Centauro, Enjoei e Priner. Promovem teleconferências: Neogrid (10h), Sabesp (10h30) e Espaçolaser (11h).
LÁ FORA – Nos EUA, o índice de confiança do consumidor (11h), medido pelo Conference Board, deve melhorar para 96,8 em março, de 91,3 em fevereiro. No final da tarde (18h), o BC do Chile divulga decisão de política monetária.
Vamos conversando.
segunda-feira, 29 de março de 2021
MACRO MERCADOS SEMANAL Segunda-feira,29/03/2021 Semana tensionada
De um lado, a evolução descontrolada da pandemia, a resposta, mesmo que tardia, deste governo, e a necessidade de intensificação das campanhas de vacinação. Do outro lado, a reação da sociedade, com vários atores já desembarcando do apoio a este governo, pela gestão temerária durante a pandemia. As críticas são generalizadas. Luis Stuhlberg, por exemplo, gestor do fundo Verde, já anunciou sua decepção, afirmando que quem votou no presidente, não deve mais votar, “acreditei e votei no Bolsonaro, mas ele nunca terá o meu voto.”
Stuhlberger parece ser uma das vozes mais revoltadas com este “estado de coisas”, esta gestão calamitosa do presidente. Disse ele, gestor de R$ 52 bilhões, sob o manto do fundo Verde, que o País deve perder entre 1,5% e 2,0% do PIB neste ano, entre R$ 130 bilhões a R$ 140 bilhões. Somando os auxílios emergenciais , chega-se à R$ 200 bilhões. As eleições de 2022 prenunciam Lula e Bolsonaro em segundo turno e isso assusta a todos. Buscamos, desesperadamente, um candidato de centro.
Nesta tensa relação, durante a semana passada ocorreu um esforço de coordenação das lideranças do Congresso e do Judiciário, mas ao fim voltou a crescer a pressão pela saída do ministro Ernesto Araújo, um dos próceres do chamado “olavismo”. Segundo ele, esta pressão derivava do esforço de alguns parlamentares, como a deputada Kátia Abreu, de colocarem o projeto da 5G nas mãos dos chineses. Não é isso. Todo o Itamaraty, por exemplo, já se posicionou pela saída do chanceler. Não tem o apoio de ninguém!
Mesmo acuado, numa sociedade cada vez mais cansada, Bolsonaro não se farta de “resistir” com palavras de ordem variadas, em sua maioria, de fundo religioso, como “ao lado de Deus venceremos”.
Venceremos quem cara-pálida? Já são 312 mil mortes acumuladas, diariamente mais de 1 mil, chegando a 3 mil. A rede de hospitais está totalmente colapsada. Uma reversão de mortes até ocorreu neste fim de semana, pela compulsória necessidade de lockdown absoluto em várias cidades. E este parece ser um dos focos de resistência do presidente, ainda totalmente contrário ao isolamento social. Poderíamos citar vários países que o fizeram e venceram a pandemia, como Austrália e Reino Unido, ambos acelerando nas vacinações, porque se organizaram. Em Portugal, de 290 mortes ao dia, pelo descontrole em dezembro, baixaram as mortes a média de 10.
No Congresso, dada esta saturação e este “messianismo” do presidente, só apoiado por fanáticos religiosos e bajuladores oportunistas, o presidente da casa, Artur Lira, já deixou claro que “remédios amargos e fatais” acabarão necessários se nada for feito para frear esta total desorganização e crescimento da pandemia e mortes. Ou seja, pode-se estar gestando um processo de impeachment contra o presidente. Na opinião de um deputado, “Bolsonaro está no fio da navalha, se ele teimar nesta postura, acabará atropelado”.
No front fiscal a situação não é menos calamitosa. Em aprovação do Orçamento no Congresso na semana passada, Guedes já deixou claro que este é “inexequível” e levaria o País ao shutdown. Num festival de emendas, R$ 49,5 bilhões foram o que restou à máquina federal, para administrar suas despesas de custeio até o final deste ano. Isso é o que sobra depois do corte de 51,3% das despesas obrigatórias, a cumprir o teto de gastos. Agora o Orçamento vai a sanção presidencial, e pouco espaço de manobra resta ao presidente.
Falando do cenário internacional, atenção para a evolução no fechamento do Canal de Suez, e os efeitos nas cotações dos preços do barril de petróleo. Nesta semana teremos na quinta-feira a reunião da Opep e novos elementos devem ser adicionados. Atenção também para alguma oscilação de um hedge funds na Ásia, que fechou a semana passada se desfazendo da sua carteira de ações. Nos EUA, em contraponto, temos o ápice no ritmo de vacinações, já tendo chegado a 143 milhões pessoas imunizadas. Por outro lado, na Europa, o ritmo segue errático, pela falta de insumos.
Agenda Semanal. Na 2ª feira, Pesquisa Focus, dados do Caged de jan e de crédito doméstico de fev; na 3ª feira, os dados do governo central de fevereiro, o IGP-M de março, pressionado pelo câmbio depreciado (acima de 9% no ano). Depois de 2,53% em fev, deve registrar 2,89% em março, e o IPP de fev; na 4ª feira, dados de desemprego de janeiro pela PNAD, dados fiscais de fevereiro, com a dívida pública, prevista em 62% do PIB e nos EUA , a geração de empregos privados (ADP), mais 117 mil vagas; na 5ª feira, reunião da OPEP, produção industrial, pelo IBGE, de fevereiro, em lenta retomada e do Markit, dados da Fenabrave e da balança comercial de março. Por fim, na 6ª feira no Brasil, e em alguns países da Europa, é feriado de Semana Santa. Nos EUA, payroll e taxa de desemprego de março (fevereiro foi a 6,2% da PEA).
Boa semana e bons negócios a todos !
domingo, 28 de março de 2021
INEVITÁVEL COMPARAR, INEVITÁVEL...
São inúmeros os países que fizeram o seu "dever de casa" e agora estão "quase livres" do VIRUS.
Poderíamos lembrar a Nova Zelândia, na América do Sul o Uruguai, o Chile, pela sua bem coordenada campanha de vacinação, a Austrália, conforme relatado por um amigo Marcelo de Oliveira, da UFPEL, aqui em Portugal e o Reino Unido.
Na Austrália, segundo o Marcelo, no início da pandemia, "foram fechadas as fronteira, foi feita uma quarentena absoluta, RIGOROSA, COM FECHAMENTO DO COMERCIO NAO ESSENCIAL, testagens em massa da população, proibição à circulação das pessoas entre cidades de diferentes regiões, identificação dos infectados, promoção de isolamento obrigatório dos infectados e de TODAS PESSOAS em contato com o infectado.
Qual o resultado?
sábado, 27 de março de 2021
Um breve retrospecto.
Bolsonaro "viveu" 28 anos no Congresso, preocupado apenas com um
objetivo, se reeleger e defender as corporações militares. Foi um deputado
"corporativista", defendendo interesses bem focalizados e específicos.
Sua produção legislativa foi medíocre. Digamos que ele sentava nos fundos do
"baixo clero". Nada de relevante produziu nestes anos, nenhuma lei,
nada.
Apenas brigava pelos militares e pregava uma
agenda conservadora de costumes.
Em 2015, quando o país ingressou no segundo ano de recessão, provocada por uma
sucessão de erros de política econômica do governo Dilma, Bolsonaro, e seus
seguidores, montaram uma estratégia de redes sociais para se tornar “o
candidato anti-PT”, “o candidato anti-sistema”.
Com
a Operação Lava-Jato fazendo estragos nas hostes, tanto do PT, como dos
partidos “satélites”, e com Lula preso, o atual presidente tornou-se
rapidamente um "fenômeno das redes". Bem aproveitou este “vácuo”.
Lembremos inclusive, que antes do pedido de prisão, Lula liderava nas pesquisas
eleitorais, com Bolsonaro “meio” que embolado com Ciro Gomes, Marina e outros.
Depois, houve o estranho atentado (a mando de quem?), a facada, e ele acabou
"beneficiado", pois em torno dele, estimulado pelas pregações
evangélicas, surgiu a "idéia" de que tinha sido o
"escolhido".
Ingressamos
no segundo turno das eleições com a polarização dos extremos, pela esquerda e a
direita, Bolsonaro foi “poupado” de participar dos debates contra o PT, de
Fernando Haddad e, ao fim, num sentimento anti-PT generalizado, acabou eleito.
Houve uma breve transição, foram chamando alguns expoentes da sociedade, muitos
recusaram, outros, meio de lado, constrangidos, ficaram de pensar.
Acabou
conseguindo formar um ministério razoável. Um super ministro para a Economia foi
escalado Paulo Guedes. Com ele, vieram vários bons quadros, como Castello
Branco na Petrobras, Sallim Mattar nas Privatizações, André Beltrão no BB, Mansueto
Almeida na gestão pública, etc.
Sergio Moro foi convidado e, pronto, talvez, seu grande erro de cálculo, aceitou a missão de Ministro da Segurança e da Justiça. Depois veio sua demissão, diante das crescentes interferências do presidente na sua pasta. O pacote contra a justiça, por exemplo, foi muito "desidratado".
CHANCE DESPERDIÇADA
Não
parece difícil um balanço do governo Jair Bolsonaro nestes dois anos e mais
alguns meses no poder.
Podemos visualizar uma sucessão de decisões equivocadas, algumas bem
intencionadas, outras nem tanto, e poucas, realmente, meritórias.
Sua agenda econômica é (ou era) até acertada. Basicamente, tratava das reformas estruturais, da Previdência, tão urgente diante da trajetória desta dívida; da Tributária, num cipoal de impostos que mais repelem do que atraem investidores, e da Administrativa, sabendo que boa parte da nossa dívida estrutural é originada das distorções da rubrica “Encargos e Pessoal”.
O diagnóstico
é um só. O déficit público “estrutural” tem origem e daí, diagnóstico. Aqui,
uma contradição, pois Bolsonaro ascendeu pelo corporativismo junto aos
militares e todos sabemos que boa parte destes déficits, público e
previdenciário, são originados dos excessos de "penduricalhos" dos servidores públicos
e dos militares. Ou seja, a tal "fábrica de desigualdades", denunciada por Paulo
Guedes, tem que ser equacionada, pelo lado da retirada dos privilégios dos servidores públicos, principalmente, dos militares. Ao poucos, Bolsonaro foi sendo “dobrado” sobre, mas parcialmente.
A reforma da Previdência, por exemplo, ficou pela metade, com os militares à parte; a reforma tributária acabará bem desidratada e a administrativa, dificilmente deve sair neste ciclo de poder.
Na
verdade, são tantos os "estresses" gerados, que esta boa agenda, mais
do ministro Guedes, não do presidente, vai ficando pelo caminho.
Quando recém eleito, assumindo Bolsonaro, até cheguei a torcer para que desse
certo, dada a equipe no ministério, as idéias aventadas, o ingresso do juiz
Sergio Moro, Paulo Guedes na Economia, Tarcísio Freitas na Infra, Marcos Pontes na C&T, Tereza Cristina, boa gestora na Agricultura, etc. No
entanto, vendo como o presidente se movimentava, fui observando que não sairíamos
do lugar neste ambiente de bate-bocas e confrontos inúteis.
Um exemplo, esta parada no tal "cercadinho" do Alvorada. Para que isso? Para se expôr ainda mais ou para passar uma impressão de humildade e autenticidade? Fica reclamando
com os eleitores, ou então fica batendo boca com os jornalistas que
aparecem.
O problema é que Bolsonaro, como "chefe de Estado", de uma das maiores economias do mundo, não se comporta como tal. Não é o caso de comparar com o PT. Todos sabemos o quanto foi nocivo o PT à governabilidade do País, meio que banalizando a propinagem e os esquemas de corrupção. Mas sua conduta também é altamente reprovável.
Ao longo do seu primeiro ano de mandato, foram saindo vários quadros, em "efeito dominó", muitas vezes, por intrigas e fofocas geradas pelo tal "gabinete do ódio". Isso também muito me espanta.
Parece que qualquer um que tenha "luz própria", ou que queira, depois, pensar em outros projetos políticos, como a “cadeira do Planalto”, logo é "sabotado" pelo presidente. Só ele pode se destacar neste governo, o resto são os bajudaladores de sempre.
Gustavo Bebbiano, um "braço direito" do capitão, jurista, o
orientava, o protegia. Dizem que caiu por ciúme do filho Carlos Bolsonaro. A
averiguar. Todas suas declarações, depois, indicavam uma grande decepção. Foi
uma aposta, colocou todas as suas fichas. Acabou caindo por fofocas. Morreu,
num enfarte logo depois, na verdade, de desgosto.
Tivemos ainda o general Santos Cruz, saindo pelos mesmos problemas, intrigas do tal "gabinete do ódio".
E outros foram saindo. Três ministros da Saúde
não aguentaram. Luiz Henrique Mandetta fez acusações graves, sobre o
negacionismo do presidente em reconhecer a gravidade do quadro pandêmico; Nelson Teich, médico renomado, não aguentou, só um mês; depois, o general
Pazuello, "cumprindo ordem", conseguiu montar um cronograma de vacinas, mas não
teve a aceitação da sociedade. Dizem que serviu apenas para legitmar a estratégia “tosca” do “tratamento
precoce”, mas sem comprovação científica.
Saiu meio que ”escondido”, pensando como fugir dos processos judiciais. Agora, chegamos ao
atual ministro, cardiologista, Dr. Queiroga, meio desorientado, no “olho do
furacão”. Num cenário de mais de 300 mil mortos, 3 mil ao dia!
Em paralelo, na “seara” de sustentação econômica dos "baixa renda",
dos informais, Bolsonaro conseguiu instituir o "maior programa de redução
de pobreza da história do País". Na primeira fase, foi usado um subsídio de R$ 600 por
pessoa, virou o ano e veio mais um "segundo"' programa, mais austero, de R$ 300 em média, até
a chegada do ciclo das vacinas. São mais de R$ 100 bilhões já gastos neste ano de
pandemia, o que seria, em parte, evitável, se o planejamento de vacinação tivesse
chegado a um bom desfecho e no "devido tempo".
Uns acham que o seu negacionismo possui “cálculo político”, outros acham que é ignorância mesmo, é obscurantismo. Segundo um observador da cena, "ele esticou a corda na negação da gravidade do vírus e os governadores foram obrigados a adotar medidas rígidas de isolamento, cujo efeito tem sido afastá-los da popularidade. Bolsonaro será no momento agudo, aos olhos da população, o "pai da vacina". Será? Não creio.
Medidas impopulares, como o lockdown, às vezes, são necessárias.
O problema do presidente Jair Bolsonaro é que ele age sempre
"açodado", não tem auto-controle, não "conta até dez"....É tudo truculência, confronto...
Boa parte do que estamos vivendo na pandemia tem a assinatura dele!
Ao
ignorar a pandemia, alimentar uma dualidade economia x pandemia, não reconhecer a gravidade do quadro, não usar máscara, defender que
as pessoas continuem vivendo normalmente, provocar aglomerações, Bolsonaro acabou
emitindo sinais erráticos à população. Em verdade, foi na contramão do mundo.
Só
agora pensa em Comitê de Crise? Tarde! Muito tarde! Em Portugal, por exemplo, a
tal coordenação já está acontecendo há mais de ano, desde o início da pandemia.
Resultado: mesmo com erros pontuais, 8 a 11 mortos por dia.
Vamos conversando.
sexta-feira, 26 de março de 2021
MACRO MERCADOS DIÁRIO Sexta-feira, 26/03/2021 "Peça de ficção"
Nesta “festa de emendas”, inevitável será o corte de muitas delas e o contingenciamento na “boca do caixa” ao longo do ano. E o pior é que ainda existem mais R$ 28,6 bilhões em emendas não pagas nos anos passados. Se nada for feito, estouraremos o “teto dos gastos” e o TCU irá para cima do governo.
Neste ambiente de ameaça de “piora fiscal”, os mercados domésticos operaram “deslocados” de NY nesta quinta-feira (25/03). No mercado novaiorquino, o ótimo astral predominava depois que o presidente Biden anunciou 200 milhões de doses adicionais, nestes 100 dias de esforço concentrado, o que deve tornar possível o cumprimento da vacinação em massa, de todos os adutos, até o dia 1º de maio.
Realmente, os EUA se destacam do resto do mundo. Usam todo o seu poder de influência e devem retomar ao crescimento o mais breve possível. Isso fortalece o dólar no mercado global, e impacta as moedas dos emergentes, como o Brasil, atrasado nas sua campanhas de vacinação.
Por aqui, a bolsa de valores, se arrastando durante o dia, esboçou alguma reação ao fim. Além do efeito vacinas americanas, contribuiu também o “freio de arrumação tardio” no tratamento da pandemia e o processo de mobilização das autoridades públicas. Além disso, há de ressaltar a postura mais realista do Tesouro e do BACEN no gerenciamento das expectativas, depois do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), bem “hawkish”. Ao fim do dia, a Bovespa fechou em alta de 1,5%, a 113.749 pontos, com o dólar elevado em 0,55%, a R$ 5,6705, acumulando no ano +9%.
No front inflacionário, nesta quinta-feira saiu o IPCA-15, em alta de 0,93% em março, depois de 0,48% em fevereiro. No ano o índice acumula 2,21%, e em 12 meses 5,52%, acima do teto da meta de inflação, 5,25%. Mais “gasolina” na fogueira inflacionária, que corre por fora, ameaçando se espalhar.
Uma notícia boa, neste mar revolto, foi o anúncio do governador de SP, João Dória, de que o Instituto Butantã criou uma vacina contra o Covir 19 e já ingressou com autorização de testes na Anvisa. A diretoria acredita iniciar todos os testes já e conseguir mais de 40 milhões de doses antes do final do ano. Nesta quinta, o instituto recebeu o primeiro de quatro lotes da vacina Oxford, mais seis milhões de doses. Mais dois lotes devem chegar neste fim de semana. No computo da pandemia, já são mais de 300 mil mortes, 2.777 no dia de ontem.
Agenda Diária
Na agenda do dia, destaque para a Nota do Setor externo, com dados do saldo em conta corrente (9h30), no terceiro déficit seguido em fevereiro, US$ 2,4 bilhões, e os Investimentos Diretos no País (IDP), US$ 4,180 bilhões a US$ 7,0 bilhões.
Nos EUA, o PCE de fevereiro (9h30) é divulgado num momento em que o presiente do Fed, Jerome Powell, insiste de que as pressões inflacionárias de curto prazo são “transitórias” e que a postura acomodatícia ainda deve durar muito tempo. Na Alemanha, sai o índice Ifo de sentimento das empresas em março (6h).
BALANÇOS – Resultados da Cemig e da PDG Realty, depois do fechamento do mercado. Teleconferências: CPFL Energia, Banco BMG, Cogna e Triunfo (11h), Ser Educacional (11h30) e Locaweb (15h).
Bons negócios e bom feriado a todos!
quinta-feira, 25 de março de 2021
MACRO MERCADOS DIÁRIO Quinta-feira, 25/03/2021 Austeridade seletiva
Não
parece difícil fazer um balanço do governo Jair Bolsonaro nestes dois anos e
mais alguns meses no poder.
Podemos visualizar ma sucessão de decisões equivocadas, algumas bem
intencionadas e poucas, realmente, meritórias. Sua agenda econômica é (ou era)
até acertada, mas me parece que ele próprio não está muito convencido disto.
São tantos os "estresses" gerados, que esta boa agenda, mais do
ministro Guedes, e também do ministro da Infra foram se perdendo pelo caminho.
Quando recém eleito, assumindo, até cheguei a torcer para que desse certo, dada
a equipe no ministério, as idéias aventadas, o ingresso do juiz Sergio Moro,
Paulo Guedes, Tarcísio Freitas, Marcos Pontes, etc. No entanto, vendo como o
presidente eleito se movimentava fui observando que não sairíamos do lugar
neste ambiente de bate-bocas e confrontos inúteis. Um presidente eleito, cheio
de rancor e ressentimentos, sem a mínima capacidade de governar, sem noção da
sua responsabilidade, a não ser bravatas e ameaças.
É constrangedor ele passar pelo tal "cercadinho" do Alvorada e ficar
batendo boca com jornalistas, além dos "fiéis". Sim, porque são
simplesmente isso, fiéis. Numa simbiose com igrejas neopentecostais de duvidosa
reputação (estou sendo elegante!), pastores muito ciosos dos seus ganhos
pecuniários potenciais, Bolsonaro foi construindo seu frágil arco de alianças.
Continua
nesta situação, agora com a participação do Centrão, e estes políticos não
pegam leve, jogam pesado.
Fazendo um breve retrospecto.
Este presidente "viveu" 28 anos no Congresso, preocupado apenas com
um objetivo: se reeleger e defender as corporações militares.
Sendo,
assim foi um deputado "corporativista", defendendo interesses bem
específicos. Sua produção legislativa sempre foi medíocre. Digamos que ele
sentava nos fundos do "baixo clero". Nada de relevante produziu
nestes anos todos, nenhuma lei, nada. Apenas brigava pelos militares e pregava
uma agenda conservadora de costumes.
Em 2015, quando o país ingressou no segundo ano de recessão, provocada por uma
sucessão de erros de política econômica do governo Dilma, Bolsonaro, e seus
seguidores, montaram uma estratégia nas redes sociais para fazer do então
deputado o candidato anti-PT, “anti-sistema”.
Com
a Operação Lava-Jato fazendo estragos nas hostes, tanto do PT, quanto do PSDB,
Lula encarcerado, o atual presidente tornou-se rapidamente um "fenômeno
nas redes sociais". Ele bem aproveitou este váculo. Lembremos inclusive,
que antes do pedido de prisão de Lula, ele liderava nas pesquisas eleitorais,
com Bolsonaro meio que embolado com Ciro Gomes, Marina e outros.
Houve o estranho atentado, a facada, e ele acabou "beneficiado", pois
em torno dele, estimulado pelas pregações evangélicas, surgiu a
"idéia" de que ele tinha sido o "escolhido". Ingressamos no
segundo turno das eleições com a polarização de extremos, pela esquerda e a
direita. Bolsonaro foi “poupado” de participar dos debates contra o PT, de
Fernando Haddad. Ao fim, num sentimento anti-PT acabou eleito.
Nesta breve transição foram chamando alguns expoentes da sociedade, muitos
recusaram, outros, meio de lado, constrangidos, ficaram de pensar.
Acabou
conseguindo um super ministro para a Economia - Paulo Guedes. Com ele, vieram
vários bons quadros da área econômica, como Castello Branco na Petro, Sallim
Mattar nas Privatizações, Mansueto Almeida na gestão pública, etc. Sergio Moro
foi convidado e, pronto, talvez, seu grande erro de cálculo, aceitou a missão
de Ministro da Segurança e da Justiça.
Entre contradições e paranóias
O problema é que Bolsonaro, como chefe de Estado, de uma das maiores economias
do mundo, não se comporta como tal. Não é o caso de comparar com o PT. Todos
sabemos o quanto foi nocivo o PT à governabilidade do País, meio que
banalizando a propinagem e os esquemas de corrupção.
Por
outro lado, não devemos cair nesta armadilha de comparações banais. E foram
caindo, como "efeito dominó", vários quadros competentes, muitas
vezes, por intrigas e fofocas, geradas no tal "gabinete do ódio".
Foram saindo. Gustavo Bebbiano, meio um "braço direito" do capitão,
jurista, o orientava, o protegia. Dizem que caiu por ciúme do filho Carlos
Bolsonaro. A averiguar. Todas suas declarações, depois, indicavam uma grande
decepção. Foi uma aposta que fez, colocou todas suas fichas. Acabou caindo por
fofocas. Morreu num enfarte logo depois, na verdade, de desgosto. Tivemos o
general Santos Cruz, saindo pelos mesmos problemas, intrigas do tal
"gabinete do ódio". E foram saindo. Três ministros da Saúde não
aguentaram. Luiz Henrique Mandetta fez acusações graves, sobre o negacionismo
do presidente em reconhecer a gravidade do quadro, Nelson Teich, um médico
renomado, não aguentou, só um mês; depois, o general Pazuello, que conseguiu
montar um cronograma de vacinas, mas não teve a aceitação devida. Dizem que
serviu apenas para legitmar a estratégia torta do tratamento precoce, sem
comprovação científica. Saiu escondido, pensando como sair dos processos.
Agora, chegamos aos atual ministro, meio desorientado, no olho do furacão. Num
cenário de mais de 300 mil mortos, mais de 3 mil ao dia!
Em paralelo, na seara da sustentação econômica dos "baixas rendas",
dos informais, Bolsoanro conseguiu instituir o "maior programa de redução
de pobreza da história do País". Foi usado um bem farto, com R$ 600 por
pessoa, virou o ano e veio com mais um programa, mais austero, de R$ 300 em
média. Até as vacinas. Uns acham que o seu negacionismo possui cálculo
político. Segundo um analista, "ele esticou a corda na negação da
gravidade do vírus e os governadores foram obrigados a adotar medidas rígidas
de isolamento, cujo efeito tem sido afastá-los da popularidade. Bolsonaro será
no momento agudo, aos olhos da população, o "pai da vacina". Será?
Não creio. Medidas impopulares, às vezes, são necessárias. Não há como fazer
"omelete sem quebrar os ovos".
O problema de Jair Bolsonaro é que ele age sempre "açodado", não tem
auto-controle, não "conta até dez"....
É tudo na truculência, no confronto...
E sim! Boa parte do q estamos vivendo na pandemia tem a assinatura dele sim! É
culpa dele sim! Ao ignorar a pandemia, não usar máscara, defender que as
pessoas continuem vivendo normalmente, provocando aglomerações, Bolsonaro vai
na contramão do mundo. Só agora pensa em Comitê de Crise. Em Portugal, a tal
coordenação já está acontecendo há um ano, desde o início. Resultado. Mesmo com
erros pontuais, são 8 a 11 mortos por dia.
Enquanto isso, Bolsoanro mergulha nas suas contradições e paranóias.
Vamos conversando.
quarta-feira, 24 de março de 2021
MACRO MERCADOS DIÁRIO Quarta-feira, 24/03/2021 Tempestade perfeita
Isso acontecendo num cenário em que uma batalha de narrativas é diária, o que vem desgastando a sociedade e não indicando rumo ou solução.
Em discurso ontem, em rede nacional, Jair Bolsonaro tentou se eximir de qualquer responsabilidade, “afirmando sermos o quinto país do mundo em vacinação”, mas se esquecendo de sermos um país continental, com 210 milhões de habitantes. Portanto, não caberia aqui esta argumentação. Mais realista teria sido indicar alguma proporcionalidade e neste front iríamos para o nonagésimo lugar.
Na opinião de analistas e deste escriba, Bolsonaro tentou traçar um “divisor de águas” na condução da pandemia, marcando uma “guinada defintiva da sua imagem”. Poucos parecem ter se convencido. Foram panelaços pelo Brasil a fora! Ontem, terça-feira (23/3), foram mais 3.251 mortes em 24 horas, elevando-se a 298.676, 82.493 novos casos, 12.130.019 total de infectados. O Brasil lidera o balaio das tragédias humanitárias nesta pandemia.
Quando não faltava mais nada nesta “terça-feira cataclítica”, o STF tratou de dar a sua colaboração, com a virada de mesa da ministra Carmém Lúcia, no placar a 3 a 2, contribuindo para colocar o ex-juiz Sergio Moro sob “suspeição”, embora ela se restringido ao caso do triplex no Guarujá.
Foi, literamente, uma “pá de cao” na Lava Jato. Todas as abundantes provas colhidas nas várias esferas do judiciário, no MP da Curitiba, reforçado por vários procuradores, foram praticamente, ignoradas, por escaramuças e interpretações de uma instância máxima do Judiciário. E quem pode contra isso? E quem controla os interesses colocados em jogo nesta contenda? E o que dizer do interesse dos investidores externos neste ambiente de insegurança jurídica? São várias indagações, mas valem estas neste momento.
Neste clima, a ata do Copom, divulgada pela manhã, acaboui quase que “apagada” nas considerações do mercado. Mesmo assim, vamos a ela. Primeiramente, reforçou uma visão mais “hawkish” do BACEN nesta ancoragem ou balizamento de expectativas na política de juro, indicando que o ciclo de aperto monetário deve seguir nas próximas reuniões, não sendo surpresa mais um ajuste de 0,75 ponto percentual, chegando a 1,0 p.p.. E podem não parar por aí. Nas estimativas já se fala em 5,0% a 6,0% de Selic ao fim deste ano. Tudo dependerá do comportamento da inflação, do câmbio e da execução fiscal, em momento caótico por causa da pandemia. Sendo assim, o que pensar do cenário fiscal no longo prazo? Nas curvas de futuro, as curtas e longas seguiram pressionadas nesta terça-feira.
Nos mercados globais, nos EUA, os discursos de Janet Yellen, presidente do Tesouro, e Jerome Powell, do Fed, foram demarcados nas sua áreas de atuação. A primeira não cogita da elevação de impostos diante do mega pacote Biden “colocado na praça”, enquanto que Jerome Powell falou em “recuperação incompleta”, não acreditando em “repique inflacionário duradouro”.
Decorrente disto, e da campanha de vacinação em massa, para grande parte da população adulta, o dólar operou em alta no mercado global, subindo 0,6% contra uma cesta de moedas. Já os Treasuries bonds cederam diante da aversão ao risco e maior demanda por ativos de risco, além do discurso apaziguador de Powell.
Os T2 years cederam a 0,14%, os 10 y a 1,62% e os 20 y 2,32%. Por outro lado, refletindo este clima global amedrontado, as bolsas em NY recuaram. DJ caiu 0,9%, a 32.422 pontos, S&P -0,8, a 3.910 pontos e Nasdacq -1,1%, a 13.277.
Nesta madrugada, início de manhã de quarta-feira (24/03), os mercados de commodities até ensaiavam alguma reação, mas as bolsas na Europa seguiam em queda. Na cotação dos barris, o de WTI avançava 2,4%, depois de recuar 6,2% no dia anterior, o mesmo do Brent, depois de recuar 5,9%.
Continuamos na espiral de mais uma onda da pandemia, com vários países já anunciando lockdowns temporários, como Holanda, Alemanha e França. Segundo a OMS, o aumento no volume de infecções semanal foi de 8% no mundo, contra a anterior. Na Europa, este aumento chegou a 12%.
Tudo isso se justificando pelo atraso no envio das vacinas, nada muito diferente do que acontece no Brasil. O problema é que aqui o presidente só promete (falou em 500 milhões de vacinas neste ano), mas não aceita lockdown, é cético sobre as máscaras, o isolamento social e se aferra neste falso dilema entre economia e pandemia. Enfim, um caos. Anunciou um encontro com todos os poderes da República e alguns governadores, mas deixou de fora vários, como os do Nordeste, Eduardo Leite do RGS e, claro, Joáo Dória, de SP.
Agenda Diária
Dia de dados do Bacen sobre o Setor Externo. Nas estimativas, o saldo em conta corrente deve seguir no negativo, próximo a US$ 7 bilhões e os investimentos externos diretos, em torno de US$ 1,5 bilhão. Teremos também a votação do Orçamento (finalmente!), depois de quatro meses, entre esta quarta e a quinta-feira no CMO e no plenário.
Bons negócios e boa quarta-feira a todos!
DANÇANDO NA BEIRA DO ABISMO
Me estarreço com o q presenciei nestes dois anos de mandato do Bolsonaro.
O cara tinha um "bilhete premiado"!
MACRO MERCADOS DIÁRIO 23/03 - CARTA REPERCUTE, SOCIEDADE SE MOBILIZA
Continua repercutindo a Carta dos Economistas, publicada no fim de semana, defendendo a volta da racionalidade na gestão da crise sanitária atual. Reforça a necessidade no uso de máscaras, o isolamento social, álcool gel e o apressamento nas campanhas de vacinação. É o que disse o ministro da Economia Paulo Guedes, vacinar a população evita novos gastos fiscais, auxílio emergencial, previsto para quatro meses, com R$ 43 bi. Que economia seria obtida!
Infelizmente, tudo muito confuso, bate boca entre autoridades e apenas 1,5% da população vacinada (de 210 milhões). Seria essencial o mínimo de racionalidade, coordenação, boa vontade entre os poderes da República e esferas de governo. Infelizmente, este entendimento não vai adiante.
Nesta terça-feira (23/03) os mercados estarão de olho no que será dito na ata do Copom e nos EUA, Jerome Powell e Janet Yellen estarão na Câmara, para prestar esclarecimentos. Mais um discurso do presidente do Fed é esperado sobre o “estado da economia norte-americana”, em recuperação, mas ainda demorando o uso de instrumentos monetários. Ou seja, o juro próximo à zero ainda deve ser mantido por um longo período. No Brasil, a ata do Copom tenta acalmar o mercado, diante da inclinação da taxa de juros e a “deterioração no balanço de riscos”. Para o Copom de maio, a previsão é de mais um ajuste na taxa Selic, mais próximo dos 100 pontos-base, acima do ocorrido agora em março (75 pontos).
Sobre o “balanço de riscos”, tudo piorou por estes dias, com o bate boca entre presidente e sociedade se intensificando. Várias mensagens claras vão ocorrendo aqui e acolá. Na segunda-feira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, condenou o negacionismo, chamando de “brincadeira de mau gosto, macabra e medieval”. Bolsonaro “respondeu” condenando o lockdown, por seus custos econômicos e sociais.
Enquanto isso, a vacinação está na “ordem do dia”. Cálculos de mercado estimam que a população acima de 20 anos estará vacinada até agosto, com outros prevendo mais de 70% destes brasileiros, vacinados em setembro. No ministério de Saúde, incrível, continuamos sem ministro. Bolsonaro segue buscando um cargo para o ministro que sai, general Pazuello, visando “blindá-lo”, enquanto que Marcelo Queiroga, o futuro ministro, aguarda.
Nas votações do Congresso, temos na quarta-feira o Orçamento de 2021, com os militares devendo amealhar quase 25% do total mobilizado para o governo federal. Em paralelo, Paulo Guedes fala sobre a necessidade do corte de R$ 17,5 bilhões em gastos, para que o teto dos gastos seja preservado.
Agenda Diária
Dia de ata do Copom, quando saberemos o que os diretores pensam do ciclo de ajustes da taxa Selic. Roberto Campos Neto participa de evento no LIFT Day 2021 e profere palestra ao fim da tarde no 14º Congresso de Meios Eletrônicos de Pagamento. Paulo Guedes estará em evento do CORREIO BRAZILIENSE, às 18hs. Dentre os indicadores, IPC-S de março. Nos EUA, além dos discursos no Congresso de Powell e Yellen, temos as vendas de moradias novas em fevereiro.
Na Turquia, a lira deve manter pressionada, depois da nomeação do novo presidente do Banco Central, Sahap Kavcioglu, ligado ao presidente Erdogan. Como faz falta por lá um Banco Central Independente.
Bons negócios e boa terça-feira a todos!
Mais uma vítima do COVID 19, um primo querido.
Editorial do Estadão (17/02)
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