sábado, 27 de março de 2021

Um breve retrospecto.

Bolsonaro "viveu" 28 anos no Congresso, preocupado apenas com um objetivo, se reeleger e defender as corporações militares. Foi um deputado "corporativista", defendendo interesses bem focalizados e específicos. Sua produção legislativa foi medíocre. Digamos que ele sentava nos fundos do "baixo clero". Nada de relevante produziu nestes anos, nenhuma lei, nada.

 

 Apenas brigava pelos militares e pregava uma agenda conservadora de costumes.

Em 2015, quando o país ingressou no segundo ano de recessão, provocada por uma sucessão de erros de política econômica do governo Dilma, Bolsonaro, e seus seguidores, montaram uma estratégia de redes sociais para se tornar “o candidato anti-PT”, “o candidato anti-sistema”.

 

Com a Operação Lava-Jato fazendo estragos nas hostes, tanto do PT, como dos partidos “satélites”, e com Lula preso, o atual presidente tornou-se rapidamente um "fenômeno das redes". Bem aproveitou este “vácuo”. Lembremos inclusive, que antes do pedido de prisão, Lula liderava nas pesquisas eleitorais, com Bolsonaro “meio” que embolado com Ciro Gomes, Marina e outros.

Depois, houve o estranho atentado (a mando de quem?), a facada, e ele acabou "beneficiado", pois em torno dele, estimulado pelas pregações evangélicas, surgiu a "idéia" de que tinha sido o "escolhido".

 

Ingressamos no segundo turno das eleições com a polarização dos extremos, pela esquerda e a direita, Bolsonaro foi “poupado” de participar dos debates contra o PT, de Fernando Haddad e, ao fim, num sentimento anti-PT generalizado, acabou eleito.

Houve uma breve transição, foram chamando alguns expoentes da sociedade, muitos recusaram, outros, meio de lado, constrangidos, ficaram de pensar.

 

Acabou conseguindo formar um ministério razoável. Um super ministro para a Economia foi escalado Paulo Guedes. Com ele, vieram vários bons quadros, como Castello Branco na Petrobras, Sallim Mattar nas Privatizações, André Beltrão no BB, Mansueto Almeida na gestão pública, etc.

 

     Sergio Moro foi convidado e, pronto, talvez, seu grande erro de cálculo, aceitou a missão de Ministro       da Segurança e da Justiça. Depois veio sua demissão, diante das crescentes interferências do                         presidente na  sua pasta. O pacote contra a justiça, por exemplo, foi muito "desidratado". 


CHANCE DESPERDIÇADA

Não parece difícil um balanço do governo Jair Bolsonaro nestes dois anos e mais alguns meses no poder.

Podemos visualizar uma sucessão de decisões equivocadas, algumas bem intencionadas, outras nem tanto, e poucas, realmente, meritórias. 


Sua agenda econômica é (ou era) até acertada. Basicamente, tratava das reformas estruturais, da Previdência, tão urgente diante da trajetória desta dívida; da Tributária, num cipoal de impostos que mais repelem do que atraem investidores, e da Administrativa, sabendo que boa parte da nossa dívida estrutural é originada das distorções da rubrica “Encargos e Pessoal”.

 

O diagnóstico é um só. O déficit público “estrutural” tem origem e daí, diagnóstico. Aqui, uma contradição, pois Bolsonaro ascendeu pelo corporativismo junto aos militares e todos sabemos que boa parte destes déficits, público e previdenciário, são originados dos excessos de "penduricalhos" dos servidores públicos e dos militares. Ou seja, a tal "fábrica de desigualdades", denunciada por Paulo Guedes, tem que ser equacionada, pelo lado da retirada dos privilégios dos servidores públicos, principalmente, dos militares. Ao poucos, Bolsonaro foi sendo “dobrado” sobre, mas parcialmente. A reforma da Previdência, por exemplo, ficou pela metade, com os militares à parte; a reforma tributária acabará bem desidratada e a administrativa, dificilmente deve sair neste ciclo de poder.

 

Na verdade, são tantos os "estresses" gerados, que esta boa agenda, mais do ministro Guedes, não do presidente, vai ficando pelo caminho.


Quando recém eleito, assumindo Bolsonaro, até cheguei a torcer para que desse certo, dada a equipe no ministério, as idéias aventadas, o ingresso do juiz Sergio Moro, Paulo Guedes na Economia, Tarcísio Freitas na Infra, Marcos Pontes na C&T, Tereza Cristina, boa gestora na Agricultura, etc. No entanto, vendo como o presidente se movimentava, fui observando que não sairíamos do lugar neste ambiente de bate-bocas e confrontos inúteis.


Um exemplo, esta parada no tal "cercadinho" do Alvorada. Para que isso? Para se expôr ainda mais ou para passar uma impressão de humildade e autenticidade? Fica reclamando com os  eleitores, ou então fica batendo boca com os jornalistas que aparecem. 

O problema é que Bolsonaro, como "chefe de Estado", de uma das maiores economias do mundo, não se comporta como tal. Não é o caso de comparar com o PT. Todos sabemos o quanto foi nocivo o PT à governabilidade do País, meio que banalizando a propinagem e os esquemas de corrupção. Mas sua conduta também é altamente reprovável. 

 

Ao longo do seu primeiro ano de mandato, foram saindo vários quadros, em "efeito dominó", muitas vezes, por intrigas e fofocas geradas pelo tal "gabinete do ódio". Isso também muito me espanta. 


Parece que qualquer um que tenha "luz própria", ou que queira, depois, pensar em outros projetos políticos, como a “cadeira do Planalto”, logo é "sabotado" pelo presidente. Só ele pode se destacar neste governo, o resto são os bajudaladores de sempre. 


Gustavo Bebbiano, um "braço direito" do capitão, jurista, o orientava, o protegia. Dizem que caiu por ciúme do filho Carlos Bolsonaro. A averiguar. Todas suas declarações, depois, indicavam uma grande decepção. Foi uma aposta, colocou todas as suas fichas. Acabou caindo por fofocas. Morreu, num enfarte logo depois, na verdade, de desgosto.

 

Tivemos ainda o general Santos Cruz, saindo pelos mesmos problemas, intrigas do tal "gabinete do ódio". 


E outros foram saindo. Três ministros da Saúde não aguentaram. Luiz Henrique Mandetta fez acusações graves, sobre o negacionismo do presidente em reconhecer a gravidade do quadro pandêmico; Nelson Teich, médico renomado, não aguentou, só um mês; depois, o general Pazuello, "cumprindo ordem", conseguiu montar um cronograma de vacinas, mas não teve a aceitação da sociedade. Dizem que serviu apenas para legitmar a estratégia “tosca” do “tratamento precoce”, mas sem comprovação científica.

 

Saiu meio que ”escondido”, pensando como fugir dos processos judiciais. Agora, chegamos ao atual ministro, cardiologista, Dr. Queiroga, meio desorientado, no “olho do furacão”. Num cenário de mais de 300 mil mortos, 3 mil ao dia!

Em paralelo, na “seara” de sustentação econômica dos "baixa renda", dos informais, Bolsonaro conseguiu instituir o "maior programa de redução de pobreza da história do País". Na primeira fase, foi usado um subsídio de R$ 600 por pessoa, virou o ano e veio mais um "segundo"' programa, mais austero, de R$ 300 em média, até a chegada do ciclo das vacinas. São mais de R$ 100 bilhões já gastos neste ano de pandemia, o que seria, em parte, evitável, se o planejamento de vacinação tivesse chegado a um bom desfecho e no "devido tempo".  

 

Uns acham que o seu negacionismo possui “cálculo político”, outros acham que é ignorância mesmo, é obscurantismo. Segundo um observador da cena, "ele esticou a corda na negação da gravidade do vírus e os governadores foram obrigados a adotar medidas rígidas de isolamento, cujo efeito tem sido afastá-los da popularidade. Bolsonaro será no momento agudo, aos olhos da população, o "pai da vacina". Será? Não creio. 


Medidas impopulares, como o lockdown, às vezes, são necessárias. 


O problema do presidente Jair Bolsonaro é que ele age sempre "açodado", não tem auto-controle, não "conta até dez"....É tudo truculência, confronto...

Boa parte do que estamos vivendo na pandemia tem a assinatura dele!

 

Ao ignorar a pandemia, alimentar uma dualidade economia x pandemia, não reconhecer a gravidade do quadro, não usar máscara, defender que as pessoas continuem vivendo normalmente, provocar aglomerações, Bolsonaro acabou emitindo sinais erráticos à população. Em verdade, foi na contramão do mundo.

 

Só agora pensa em Comitê de Crise? Tarde! Muito tarde! Em Portugal, por exemplo, a tal coordenação já está acontecendo há mais de ano, desde o início da pandemia. Resultado: mesmo com erros pontuais, 8 a 11 mortos por dia.

Vamos conversando.

sexta-feira, 26 de março de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO Sexta-feira, 26/03/2021 "Peça de ficção"

Iniciamos esta sexta-feira (dia 26) repercutindo a aprovação do Orçamento de 2021 ao fim da noite anterior, cheio de emendas (R$ 48,8 bilhões). Isso deve obrigar o ministro Guedes a buscar alternativas “draconianas”, com cortes previstos de R$ 26,5 bilhões nas despesas obrigatórias, mais concentrados na Previdência (R$ 13,5 bilhões). Como estas despesas são obrigatórias, não podem ser mexidas, remanejamentos acabarão inevitáveis nas próprias emendas dos deputados. Isso nos leva a concluir que foi aprovada mais uma “peça de ficção” no Congresso ontem, e não um Orçamento a ser executável na sua plenitude. Nenhuma novidade. Sempre foi assim.

Nesta “festa de emendas”, inevitável será o corte de muitas delas e o contingenciamento na “boca do caixa” ao longo do ano. E o pior é que ainda existem mais R$ 28,6 bilhões em emendas não pagas nos anos passados. Se nada for feito, estouraremos o “teto dos gastos” e o TCU irá para cima do governo.

Neste ambiente de ameaça de “piora fiscal”, os mercados domésticos operaram “deslocados” de NY nesta quinta-feira (25/03). No mercado novaiorquino, o ótimo astral predominava depois que o presidente Biden anunciou 200 milhões de doses adicionais, nestes 100 dias de esforço concentrado, o que deve tornar possível o cumprimento da vacinação em massa, de todos os adutos, até o dia 1º de maio.

Realmente, os EUA se destacam do resto do mundo. Usam todo o seu poder de influência e devem retomar ao crescimento o mais breve possível. Isso fortalece o dólar no mercado global, e impacta as moedas dos emergentes, como o Brasil, atrasado nas sua campanhas de vacinação.

Por aqui, a bolsa de valores, se arrastando durante o dia, esboçou alguma reação ao fim. Além do efeito vacinas americanas, contribuiu também o “freio de arrumação tardio” no tratamento da pandemia e o processo de mobilização das autoridades públicas. Além disso, há de ressaltar a postura mais realista do Tesouro e do BACEN no gerenciamento das expectativas, depois do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), bem “hawkish”. Ao fim do dia, a Bovespa fechou em alta de 1,5%, a 113.749 pontos, com o dólar elevado em 0,55%, a R$ 5,6705, acumulando no ano +9%.

No front inflacionário, nesta quinta-feira saiu o IPCA-15, em alta de 0,93% em março, depois de 0,48% em fevereiro. No ano o índice acumula 2,21%, e em 12 meses 5,52%, acima do teto da meta de inflação, 5,25%. Mais “gasolina” na fogueira inflacionária, que corre por fora, ameaçando se espalhar.

Uma notícia boa, neste mar revolto, foi o anúncio do governador de SP, João Dória, de que o Instituto Butantã criou uma vacina contra o Covir 19 e já ingressou com autorização de testes na Anvisa. A diretoria acredita iniciar todos os testes já e conseguir mais de 40 milhões de doses antes do final do ano. Nesta quinta, o instituto recebeu o primeiro de quatro lotes da vacina Oxford, mais seis milhões de doses. Mais dois lotes devem chegar neste fim de semana. No computo da pandemia, já são mais de 300 mil mortes, 2.777 no dia de ontem.

Agenda Diária

Na agenda do dia, destaque para a Nota do Setor externo, com dados do saldo em conta corrente (9h30), no terceiro déficit seguido em fevereiro, US$ 2,4 bilhões, e os Investimentos Diretos no País (IDP), US$ 4,180 bilhões a US$ 7,0 bilhões.

Nos EUA, o PCE de fevereiro (9h30) é divulgado num momento em que o presiente do Fed, Jerome Powell, insiste de que as pressões inflacionárias de curto prazo são “transitórias” e que a postura acomodatícia ainda deve durar muito tempo. Na Alemanha, sai o índice Ifo de sentimento das empresas em março (6h).

BALANÇOS – Resultados da Cemig e da PDG Realty, depois do fechamento do mercado. Teleconferências: CPFL Energia, Banco BMG, Cogna e Triunfo (11h), Ser Educacional (11h30) e Locaweb (15h).

Bons negócios e bom feriado a todos!

quinta-feira, 25 de março de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO Quinta-feira, 25/03/2021 Austeridade seletiva

Não parece difícil fazer um balanço do governo Jair Bolsonaro nestes dois anos e mais alguns     meses no poder.

Podemos visualizar ma sucessão de decisões equivocadas, algumas bem intencionadas e poucas, realmente, meritórias. Sua agenda econômica é (ou era) até acertada, mas me parece que ele próprio não está muito convencido disto. São tantos os "estresses" gerados, que esta boa agenda, mais do ministro Guedes, e também do ministro da Infra foram se perdendo pelo caminho.


Quando recém eleito, assumindo, até cheguei a torcer para que desse certo, dada a equipe no ministério, as idéias aventadas, o ingresso do juiz Sergio Moro, Paulo Guedes, Tarcísio Freitas, Marcos Pontes, etc. No entanto, vendo como o presidente eleito se movimentava fui observando que não sairíamos do lugar neste ambiente de bate-bocas e confrontos inúteis. Um presidente eleito, cheio de rancor e ressentimentos, sem a mínima capacidade de governar, sem noção da sua responsabilidade, a não ser bravatas e ameaças.


É constrangedor ele passar pelo tal "cercadinho" do Alvorada e ficar batendo boca com jornalistas, além dos "fiéis". Sim, porque são simplesmente isso, fiéis. Numa simbiose com igrejas neopentecostais de duvidosa reputação (estou sendo elegante!), pastores muito ciosos dos seus ganhos pecuniários potenciais, Bolsonaro foi construindo seu frágil arco de alianças.

 

Continua nesta situação, agora com a participação do Centrão, e estes políticos não pegam leve, jogam pesado.


Fazendo um breve retrospecto.


Este presidente "viveu" 28 anos no Congresso, preocupado apenas com um objetivo: se reeleger e defender as corporações militares.

 

Sendo, assim foi um deputado "corporativista", defendendo interesses bem específicos. Sua produção legislativa sempre foi medíocre. Digamos que ele sentava nos fundos do "baixo clero". Nada de relevante produziu nestes anos todos, nenhuma lei, nada. Apenas brigava pelos militares e pregava uma agenda conservadora de costumes.


Em 2015, quando o país ingressou no segundo ano de recessão, provocada por uma sucessão de erros de política econômica do governo Dilma, Bolsonaro, e seus seguidores, montaram uma estratégia nas redes sociais para fazer do então deputado o candidato anti-PT, “anti-sistema”.

 

Com a Operação Lava-Jato fazendo estragos nas hostes, tanto do PT, quanto do PSDB, Lula encarcerado, o atual presidente tornou-se rapidamente um "fenômeno nas redes sociais". Ele bem aproveitou este váculo. Lembremos inclusive, que antes do pedido de prisão de Lula, ele liderava nas pesquisas eleitorais, com Bolsonaro meio que embolado com Ciro Gomes, Marina e outros.


Houve o estranho atentado, a facada, e ele acabou "beneficiado", pois em torno dele, estimulado pelas pregações evangélicas, surgiu a "idéia" de que ele tinha sido o "escolhido". Ingressamos no segundo turno das eleições com a polarização de extremos, pela esquerda e a direita. Bolsonaro foi “poupado” de participar dos debates contra o PT, de Fernando Haddad. Ao fim, num sentimento anti-PT acabou eleito.


Nesta breve transição foram chamando alguns expoentes da sociedade, muitos recusaram, outros, meio de lado, constrangidos, ficaram de pensar.

 

Acabou conseguindo um super ministro para a Economia - Paulo Guedes. Com ele, vieram vários bons quadros da área econômica, como Castello Branco na Petro, Sallim Mattar nas Privatizações, Mansueto Almeida na gestão pública, etc. Sergio Moro foi convidado e, pronto, talvez, seu grande erro de cálculo, aceitou a missão de Ministro da Segurança e da Justiça.

Entre contradições e paranóias

O problema é que Bolsonaro, como chefe de Estado, de uma das maiores economias do mundo, não se comporta como tal. Não é o caso de comparar com o PT. Todos sabemos o quanto foi nocivo o PT à governabilidade do País, meio que banalizando a propinagem e os esquemas de corrupção.

 

Por outro lado, não devemos cair nesta armadilha de comparações banais. E foram caindo, como "efeito dominó", vários quadros competentes, muitas vezes, por intrigas e fofocas, geradas no tal "gabinete do ódio".


Foram saindo. Gustavo Bebbiano, meio um "braço direito" do capitão, jurista, o orientava, o protegia. Dizem que caiu por ciúme do filho Carlos Bolsonaro. A averiguar. Todas suas declarações, depois, indicavam uma grande decepção. Foi uma aposta que fez, colocou todas suas fichas. Acabou caindo por fofocas. Morreu num enfarte logo depois, na verdade, de desgosto. Tivemos o general Santos Cruz, saindo pelos mesmos problemas, intrigas do tal "gabinete do ódio". E foram saindo. Três ministros da Saúde não aguentaram. Luiz Henrique Mandetta fez acusações graves, sobre o negacionismo do presidente em reconhecer a gravidade do quadro, Nelson Teich, um médico renomado, não aguentou, só um mês; depois, o general Pazuello, que conseguiu montar um cronograma de vacinas, mas não teve a aceitação devida. Dizem que serviu apenas para legitmar a estratégia torta do tratamento precoce, sem comprovação científica. Saiu escondido, pensando como sair dos processos. Agora, chegamos aos atual ministro, meio desorientado, no olho do furacão. Num cenário de mais de 300 mil mortos, mais de 3 mil ao dia!

Em paralelo, na seara da sustentação econômica dos "baixas rendas", dos informais, Bolsoanro conseguiu instituir o "maior programa de redução de pobreza da história do País". Foi usado um bem farto, com R$ 600 por pessoa, virou o ano e veio com mais um programa, mais austero, de R$ 300 em média. Até as vacinas. Uns acham que o seu negacionismo possui cálculo político. Segundo um analista, "ele esticou a corda na negação da gravidade do vírus e os governadores foram obrigados a adotar medidas rígidas de isolamento, cujo efeito tem sido afastá-los da popularidade. Bolsonaro será no momento agudo, aos olhos da população, o "pai da vacina". Será? Não creio. Medidas impopulares, às vezes, são necessárias. Não há como fazer "omelete sem quebrar os ovos".


O problema de Jair Bolsonaro é que ele age sempre "açodado", não tem auto-controle, não "conta até dez"....


É tudo na truculência, no confronto...


E sim! Boa parte do q estamos vivendo na pandemia tem a assinatura dele sim! É culpa dele sim! Ao ignorar a pandemia, não usar máscara, defender que as pessoas continuem vivendo normalmente, provocando aglomerações, Bolsonaro vai na contramão do mundo. Só agora pensa em Comitê de Crise. Em Portugal, a tal coordenação já está acontecendo há um ano, desde o início. Resultado. Mesmo com erros pontuais, são 8 a 11 mortos por dia.


Enquanto isso, Bolsoanro mergulha nas suas contradições e paranóias.


Vamos conversando.


quarta-feira, 24 de março de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO Quarta-feira, 24/03/2021 Tempestade perfeita

Os mercados globais reagiram mal nesta terça-feira ao receio de mais uma onda da pandemia pela Europa. O mesmo aconteceu com os EUA, com todos os mercados sofrendo. No dia, o índice Vix de volatilidade se elevou em 10,2%. No Brasil, soma-se a isso, a totalmente desastrada gestão do governo Bolsonaro, num cenário que não mais escolhe idade e já ceifou quase 300 mil vidas. Somos o epicentro da crise sanitária global.
 
Isso acontecendo num cenário em que uma batalha de narrativas é diária, o que vem desgastando a sociedade e não indicando rumo ou solução.
 
Em discurso ontem, em rede nacional, Jair Bolsonaro tentou se eximir de qualquer responsabilidade, “afirmando sermos o quinto país do mundo em vacinação”, mas se esquecendo de sermos um país continental, com 210 milhões de habitantes. Portanto, não caberia aqui esta argumentação. Mais realista teria sido indicar alguma proporcionalidade e neste front iríamos para o nonagésimo lugar.

Na opinião de analistas e deste escriba, Bolsonaro tentou traçar um “divisor de águas” na condução da pandemia, marcando uma “guinada defintiva da sua imagem”. Poucos parecem ter se convencido. Foram panelaços pelo Brasil a fora! Ontem, terça-feira (23/3), foram mais 3.251 mortes em 24 horas, elevando-se a 298.676, 82.493 novos casos, 12.130.019 total de infectados. O Brasil lidera o balaio das tragédias humanitárias nesta pandemia.

Quando não faltava mais nada nesta “terça-feira cataclítica”, o STF tratou de dar a sua colaboração, com a virada de mesa da ministra Carmém Lúcia, no placar a 3 a 2, contribuindo para colocar o ex-juiz Sergio Moro sob “suspeição”, embora ela se restringido ao caso do triplex no Guarujá.

Foi, literamente, uma “pá de cao” na Lava Jato. Todas as abundantes provas colhidas nas várias esferas do judiciário, no MP da Curitiba, reforçado por vários procuradores, foram praticamente, ignoradas, por escaramuças e interpretações de uma instância máxima do Judiciário. E quem pode contra isso? E quem controla os interesses colocados em jogo nesta contenda? E o que dizer do interesse dos investidores externos neste ambiente de insegurança jurídica? São várias indagações, mas valem estas neste momento.

Neste clima, a ata do Copom, divulgada pela manhã, acaboui quase que “apagada” nas considerações do mercado. Mesmo assim, vamos a ela. Primeiramente, reforçou uma visão mais “hawkish” do BACEN nesta ancoragem ou balizamento de expectativas na política de juro, indicando que o ciclo de aperto monetário deve seguir nas próximas reuniões, não sendo surpresa mais um ajuste de 0,75 ponto percentual, chegando a 1,0 p.p.. E podem não parar por aí. Nas estimativas já se fala em 5,0% a 6,0% de Selic ao fim deste ano. Tudo dependerá do comportamento da inflação, do câmbio e da execução fiscal, em momento caótico por causa da pandemia. Sendo assim, o que pensar do cenário fiscal no longo prazo? Nas curvas de futuro, as curtas e longas seguiram pressionadas nesta terça-feira.

Nos mercados globais, nos EUA, os discursos de Janet Yellen, presidente do Tesouro, e Jerome Powell, do Fed, foram demarcados nas sua áreas de atuação. A primeira não cogita da elevação de impostos diante do mega pacote Biden “colocado na praça”, enquanto que Jerome Powell falou em “recuperação incompleta”, não acreditando em “repique inflacionário duradouro”.

Decorrente disto, e da campanha de vacinação em massa, para grande parte da população adulta, o dólar operou em alta no mercado global, subindo 0,6% contra uma cesta de moedas. Já os Treasuries bonds cederam diante da aversão ao risco e maior demanda por ativos de risco, além do discurso apaziguador de Powell.

Os T2 years cederam a 0,14%, os 10 y a 1,62% e os 20 y 2,32%. Por outro lado, refletindo este clima global amedrontado, as bolsas em NY recuaram. DJ caiu 0,9%, a 32.422 pontos, S&P -0,8, a 3.910 pontos e Nasdacq -1,1%, a 13.277.

Nesta madrugada, início de manhã de quarta-feira (24/03), os mercados de commodities até ensaiavam alguma reação, mas as bolsas na Europa seguiam em queda. Na cotação dos barris, o de WTI avançava 2,4%, depois de recuar 6,2% no dia anterior, o mesmo do Brent, depois de recuar 5,9%.

Continuamos na espiral de mais uma onda da pandemia, com vários países já anunciando lockdowns temporários, como Holanda, Alemanha e França. Segundo a OMS, o aumento no volume de infecções semanal foi de 8% no mundo, contra a anterior. Na Europa, este aumento chegou a 12%.

Tudo isso se justificando pelo atraso no envio das vacinas, nada muito diferente do que acontece no Brasil. O problema é que aqui o presidente só promete (falou em 500 milhões de vacinas neste ano), mas não aceita lockdown, é cético sobre as máscaras, o isolamento social e se aferra neste falso dilema entre economia e pandemia. Enfim, um caos. Anunciou um encontro com todos os poderes da República e alguns governadores, mas deixou de fora vários, como os do Nordeste, Eduardo Leite do RGS e, claro, Joáo Dória, de SP.

Agenda Diária


Dia de dados do Bacen sobre o Setor Externo. Nas estimativas, o saldo em conta corrente deve seguir no negativo, próximo a US$ 7 bilhões e os investimentos externos diretos, em torno de US$ 1,5 bilhão. Teremos também a votação do Orçamento (finalmente!), depois de quatro meses, entre esta quarta e a quinta-feira no CMO e no plenário.

Bons negócios e boa quarta-feira a todos!

DANÇANDO NA BEIRA DO ABISMO

 Me estarreço com o q presenciei nestes dois anos de mandato do Bolsonaro.

O cara tinha um "bilhete premiado"!

Creio q montou uma equipe razoável, na medida do possível.
Tinha gente boa no seu ministério de 22: Paulo Guedes assumiu cheio de planos, Sergio Moro tinha o pacote contra a criminalidade, Tarcísio Freitas, um trator nas obras, Tereza Cristina uma visão interessante.
Claro. Tinham algumas porcarias, também, da cota do "guru" Olavo de Carvalho. Mas estas se perdiam na sua obscuridade.
Pelo lado dos militares, tínhamos o brilhante gen Santos Cruz, e outro gen, q poderia ter sido crucial, o assessor de imprensa, Rêgo Barros. Filtrava bem os problemas do dia a dia e ia preservando o pres. Era um importante anteparo.
Mas não, um a um foram sendo afastados, por paranóia, mania de perseguição, ou sei lá o quê.
Gustavo Bebbiano, gen Santos Cruz, Mandetta, Dr Sheidt, Mansueto (q saiu), Sergio Moro, Sallim Mattar, os ministros da Educação. Ou foram demitidos, por mania de perseguição do capitão ou não aguentaram o rojão, a bateção de cabeça.
O estopim foi esta gestão amalucada na pandemia. Ignorando a gravidade do quadro, a delicadeza da situação, Bolsonaro foi falando bobagem a todo momento: falou que era "apenas uma gripezinha", fez ironia "imitando asfixia", falou q "não ia tomar vacina", se posicionou "contra a máscara", permitiu as "aglomerações", foi "contra o lockdown", "criou dualismo eco x isolamento".

Resultado: aprofundou ainda mais a polarização e trouxe CAOS ao País.

Na "bacia das almas", vai para 2022 mto desgastado. Sou de opinião q não chega nem ao segundo turno. Seus seguidores de seita não serão suficientes.

MACRO MERCADOS DIÁRIO 23/03 - CARTA REPERCUTE, SOCIEDADE SE MOBILIZA

 Continua repercutindo a Carta dos Economistas, publicada no fim de semana, defendendo a volta da racionalidade na gestão da crise sanitária atual. Reforça a necessidade no uso de máscaras, o isolamento social, álcool gel e o apressamento nas campanhas de vacinação. É o que disse o ministro da Economia Paulo Guedes, vacinar a população evita novos gastos fiscais, auxílio emergencial, previsto para quatro meses, com R$ 43 bi. Que economia seria obtida! 

Infelizmente, tudo muito confuso, bate boca entre autoridades e apenas 1,5% da população vacinada (de 210 milhões). Seria essencial o mínimo de racionalidade, coordenação, boa vontade entre os poderes da República e esferas de governo. Infelizmente, este entendimento não vai adiante. 

Nesta terça-feira (23/03) os mercados estarão de olho no que será dito na ata do Copom e nos EUA, Jerome Powell e Janet Yellen estarão na Câmara, para prestar esclarecimentos. Mais um discurso do presidente do Fed é esperado sobre o “estado da economia norte-americana”, em recuperação, mas ainda demorando o uso de instrumentos monetários. Ou seja, o juro próximo à zero ainda deve ser mantido por um longo período. No Brasil, a ata do Copom tenta acalmar o mercado, diante da inclinação da taxa de juros e a “deterioração no balanço de riscos”. Para o Copom de maio, a previsão é de mais um ajuste na taxa Selic, mais próximo dos 100 pontos-base, acima do ocorrido agora em março (75 pontos). 

Sobre o “balanço de riscos”, tudo piorou por estes dias, com o bate boca entre presidente e sociedade se intensificando. Várias mensagens claras vão ocorrendo aqui e acolá. Na segunda-feira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, condenou o negacionismo, chamando de “brincadeira de mau gosto, macabra e medieval”. Bolsonaro “respondeu” condenando o lockdown, por seus custos econômicos e sociais. 

Enquanto isso, a vacinação está na “ordem do dia”. Cálculos de mercado estimam que a população acima de 20 anos estará vacinada até agosto, com outros prevendo mais de 70% destes brasileiros, vacinados em setembro. No ministério de Saúde, incrível, continuamos sem ministro. Bolsonaro segue buscando um cargo para o ministro que sai, general Pazuello, visando “blindá-lo”, enquanto que Marcelo Queiroga, o futuro ministro, aguarda. 

Nas votações do Congresso, temos na quarta-feira o Orçamento de 2021, com os militares devendo amealhar quase 25% do total mobilizado para o governo federal. Em paralelo, Paulo Guedes fala sobre a necessidade do corte de R$ 17,5 bilhões em gastos, para que o teto dos gastos seja preservado. 

Agenda Diária

Dia de ata do Copom, quando saberemos o que os diretores pensam do ciclo de ajustes da taxa Selic. Roberto Campos Neto participa de evento no LIFT Day 2021 e profere palestra ao fim da tarde no 14º Congresso de Meios Eletrônicos de Pagamento. Paulo Guedes estará em evento do CORREIO BRAZILIENSE, às 18hs. Dentre os indicadores, IPC-S de março. Nos EUA, além dos discursos no Congresso de Powell e Yellen, temos as vendas de moradias novas em fevereiro. 

Na Turquia, a lira deve manter pressionada, depois da nomeação do novo presidente do Banco Central, Sahap Kavcioglu, ligado ao presidente Erdogan. Como faz falta por lá um Banco Central Independente. 

Bons negócios e boa terça-feira  a todos!

Mais uma vítima do COVID 19, um primo querido.

Mais uma vítima do COVID 19, um primo querido.
"Com imenso pesar, a Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Espírito Santo (OAB-ES) comunica e lamenta o falecimento do Dr.
Leonardo Pacheco.
Professor e advogado, ele era uma referência nacional no Direito Digital, onde atuou em grandes casos de repercussão nacional de exposição de imagens de figuras públicas. Era um grande estudioso do mundo digital.
Natural de Vila Velha, no Espírito Santo, o advogado morava em Maringá, no Paraná, desde 2005.
A OAB-ES se solidariza com familiares, amigos e toda a advocacia neste momento de tristeza e de profunda dor."

segunda-feira, 22 de março de 2021

Carta aos Economistas

"Muito importante a carta de banqueiros e economistas ortodoxos sobre a epidemia ano Brasil. Primeiro destaque: não se fala em teto de gastos. Parece que finalmente, pelo menos temporariamente, esse assunto cedeu lugar ao que realmente importa: o combate a pandemia. A responsabilização do Presidente da República pelo descalabro brasileiro é outro ponto essencial, ancorado num diagnostico preciso. As propostas estão corretas, seja aquelas relativa à pandemia; prioridade á vacina, distanciamento social (incluindo lockdowns quando necessários), doação de máscaras mais eficientes à população; coordenação nacional via gabinete específico; seja aquelas referentes à questão social; auxílio emergencial e apoio creditício às PMEs. A carta tem efeitos políticos colaterais importantes: certamente vai isolar ainda mais o governo Bolsonaro, desta feita dos que comandam a economia e as finanças no Brasil."

MACRO MERCADOS SEMANAL, 22/03/2021 - Bolsonarista negacionista “sob pressão”

No seu aniversário ontem (66anos), dia 21/03, o presidente agiu de forma açodada, provocando seus “seguidores”, diante da necessidade de lockdown e na pressão por mais vacinas. Falou que o seu Exercito não ia para as ruas, impedir as pessoas de trabalhar, ameaçou com “Estado de Sítio”, defendeu a “liberdade”, falou que estavam a “esticar a corda” e disse que só “sairia do Planalto se Deus me tirasse daqui”. Em reação, a sociedade organizada segue se mobilizando. Foi publicada uma “Carta dos Economistas”, incluindo vários representantes do mercado financeiro. São gerais as críticas à conduta do presidente no enfrentamento da pandemia. O cerco vai se fechando.

Na carta, assinada por figuras expoentes do mercado e do meio acadêmico, como Persio Arida, Affonso Celso Pastore, Gustavo Loyola, Pedro Malan, Armínio Fraga, entre outros, o diagnostico é um só: o enfrentamento da pandemia precisa de seriedade e menos bravatas, não havendo condições de retomada da economia, enquanto não se estabelecer o equilíbrio, e não se acabar com este papo de tratamento preventivo, cloroquina, entre outros. As alternativas são simples e já bem definidas: isolamento social, uso de máscaras e claro, vacinação em massa. Não há outra escolha.

Este documento será enviado aos líderes dos três poderes, pelo Judiciário, o presidente do STF, Luiz Fux, pelo Legislativo, Artur Lira, e pelo Executivo, quem mais tem atrapalhado nesta caminhada, Jair Messias Bolsonaro. No Parlamento, líderes se preocupam em buscar ajuda internacional no envio de vacinas. Só 5% da população recebeu vacinação. É muito pouco. Na rede hospitalar, o colapso é uma realidade. Hospitais apelam para que as pessoas fiquem em casa, já que faltam kit de entubação e são baixos os estoques de oxigênio.

Enquanto isso, o presidente segue no seu mundo de fanáticos e negacionistas, acusando os governadores, contra o lockdown, falando de cloroquina e outras porcarias e se isolando cada vez mais. Até a semana passada, continuávamos sem ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, visto que Bolsonaro buscava uma solução para “blindar o general Pazuello”. Parece que a posse deve sair hoje.

No “seio” do Centrão, ao que parece, nem os líderes aguentam mais tanta ignorância. Em mais um recado de Arthur Lira, o vice da Câmara, Marcelo Ramos (PL), disse, “o país sofrendo com as crises e o presidente falando em estado de sítio e promovendo confrontos que dispersam nossa energia”. Parece que a batata do presidente já está assando. E ele não tem o apoio cego das Forças Armadas.

Sobre o que acontecerá nesta semana, o Congresso deve votar o Orçamento de 2021, com a pandemia pressionando por novos gastos. Deve ser votado na CMO e entre quarta e quinta-feira no Senado. Teremos também a ata do Copom nesta terça-feira, quando os diretores do BACEN devem esmiuçar suas leituras para a trajetória da taxa de juros, em sintonia com inflação, atividade, câmbio.

Na Turquia, a destituição do presidente do BC acabou “pesando nos mercados de moeda” dos emergentes. Dois dias depois de ter promovido um choque de alta de 2 pontos percentuais no juro, para 19%, acabou demitido do cargo pelo presidente Erdogan. Em reação imediata, a lira turca desabou contra o dólar. A queda livre levantou o receio de que este movimento na Turquia possa atingir o câmbio de outros emergentes, principalmente do Brasil, no foco de atenção, depois do Copom mais agressivo do que o esperado.

Um fato a mais foi a decisão nos EUA do Fed de não renovar a regra sobre reservas dos bancos. Com isso, eleva-se em US$ 2 trilhões o excesso de reservas e reduz a demanda bancária por Treasuries. Isso deve pressionar ainda mais o rendimento da Note-10 anos, já em 1,722%, de 1,716%. Crescem as desconfianças se o Fed terá capacidade de manter o juro próximo a zero até o fim de 2023.

Com esta medida, os bancos perderão a autorização temporária para excluir Treasuries e depósitos mantidos no Fed do cálculo do chamado “índice de alavancagem suplementar dos credores (SLR, na sigla em inglês)” das instituições financeiras.

Agenda Semanal

Na semana, destaquemos a ata do Copom, o Relatório Trimestral de Inflação e o IPCA15 de março, estes na 5ª feira, a primeira na 3ª feira. Nossa curiosidade aqui é saber aqui se o BACEN deve ser mais agressivo na próxima reunião do Copom, em maio. Estejamos atentos também para a pesquisa Focus desta semana. À tarde (14h30), sai a arrecadação federal de fevereiro. A prévia do IPC-S sai amanhã e do IPC-Fipe, na 5ªfeira.Teremos ainda a Nota à Imprensa do Setor Externo (fev) na 6ª feira, quando a Aneel define a bandeira tarifária (abril). O relatório da dívida pública (fev) sai na 4ª feira e o CMN se reúne na 5ª feira.

Agenda de balanços - Embraer, JBS, Hermes Pardini e Equatorial vêm na 4ªF. Na 5ªF, é a vez de Bradespar, Banco BMG, Sabesp e CPFL Energia. Hoje, após o fechamento, tem Marisa. Amanhã, é a vez da Qualicorp. Na 6ªF: Ser Educacional e PDG.

Comportamento dos ativos


Descolado da cautela em NY, o Ibovespa encontrou fôlego no noticiário das vacinas, com a chegada de um milhão de doses do Covax e assinatura dos contratos com Pfizer e Janssen para 138 milhões de doses. Fechou NA 6ª feira em alta de 1,21%, recuperando os 116 mil pontos (116.221,58), com volume de R$ 43,3 bilhões. Neste mesmo dia, o ajuste do petróleo, após o tombo de 7% da véspera, beneficiou Petrobras (PN, +3,27%, a R$ 24,00, e ON, +2,39%, a R$ 23,52). O Brent de maio subiu 1,98%, a US$ 64,53, e o WTI ganhou 2,30% (US$ 61,44). No câmbio, o dólar caiu abaixo de R$ 5,50, em 1,51%, a R$ 5,4853.

sábado, 20 de março de 2021

"CONVERSANDO" COM UM GRANDE GURU DO MERCADO

“CONVERSANDO” COM UM GRANDE GURU DO MERCADO

Tenho feito um exercício intelectual diário, lendo muito, escrevendo sobre os mais diversos temas, refletindo sobre esta terrível pandemiam, seus efeitos na economia, o ambiente político açodado...Tento filtrar muitas coisas. Não tem sido fácil. No momento político em que vivemos, nem sempre fácil de interpretar os fatos, até porque a polarização é uma constante. Ou voce está num lado, ou no outro. Não dá para ser crítico ao que é errado, sem recair na "politização".

No "caos de pandemia", se torna essencial um "olhar mais atento" aos avanços na busca da vacina, a opinião dos médicos, dos vários ramos desta área, suas vinculadações, a indústria farmacêutica, os grandes laboratórios. É um esforço multidisciplinar na busca de um olhar mais isento e completo. Mas não tem sido fácil.

Talvez nem também para os profissionais do mercado, os gestores, os economistas, os "players", os acadêmicos, etc.

Neste artigo tentaremos um "debate fictício" com o gestor Luis Stuhlberger, um dos gurus do mercado, responsável pelo fundo VERDE. Vamos ao que interessa.

PANDEMIA E VACINAÇÃO


Vivemos o caos pandêmico. Estamos, neste momento, no "olho do furacão", a pior fase da pandemia no Brasil. São 2,8 mil mortes por dia, devem passar de 3,0 mil por estes dias, o total passa de 300 mil em breve (se não já passou) e a urgência é por salvar vidas e obter vacinas. Tudo é um caos e me vem o presidente preocupado em saber se nas UTIs as pessoas estão morrendo por Covid ou outras comorbidades. As pessoas estão morrendo, simplesmente isso! O que tem q pensar agora é como frear isso? A solução mais imediata é o lockdown, mesmo que mais curto, pelo prazo das vacinas chegarem. E estas precisam chegar logo. Uma vantagem é que nem tudo precisamos importar. Parece que o Instituto Butantã e a Fiocruz já estão a plena produção. Isso deve impactar na retomada da economia, já que sem as vacinas permanecemos isolados e receosos. Stuhlberger acha que cresceremos 3,5% no que chamamos de "tempestade perfeita". As únicas saídas neste momento são, pelo "lado negativo, mais inevitável", o isolamento absoluto, pelo lado positivo, uma campanha de vacinação em massa mais rápida. Os SUSs podem responder a isso. Somos considerados (ou éramos) um padrão internacional em campanahs de vacinação (Zé Gotinha, lembram?). Não somos mais. O gestor da VERDE prevê que "os abaixo de 50 anos devem começar a ser vacinados a partir de junho".

Não vou contar para voces para não parecer implicância, mas os EUA de Joe Biden está numa velocidade fantástica de vacinação, o Chile é outro exemplo, o Reino Unido...nós estamos lá na rabeira. Por culpa de quem? Começa com B...termina com O.

INFLAÇÃO

Naturalmente, a retomada da economia global, em especial da China, vem pressionando as commodities (aumento em mais de 25%, segundo o CRB), com especial destaque para petróleo, se refletindo num repasse pesado ao Brasil. Os reajustes da gasolina e o do diesel, neste ano, já acumulam, respectivamente, 46,2% e 41,6% (Importante observar que neste dia 20 foi sancionada uma redução nestes preços, dado o recuo do barril). Com isso, o IPCA foi a 0,83% em fevereiro e agora em março deve repetir este patamar, devendo passar de 3,75%, centro da meta, ao fim deste ano. A Focus estima 4,6%, mas não será surpresa se passar de 5,0%.

Isso acabou forçando o BACEN a elevar o juro Selic, por estar "atrás da curva", já que o juro real está negativo em mais de 2%. Há, claramente, um desbalanceamento no mercado, com a rolagem de dívida se tornando um desafio, dados os "prêmios" mais elevados, exigidos pelo mercado, diante da piora da dívida pública. Na reunião da semana, o juro Selic foi elevado em 0,75 ponto percentual e deve repetir o mesmo em maio.

Stuhlberger vê este novo caminho do Copom como inevitável, até porque o IPCA anualizado projetado para junho estava beirando os 8,0%. Por outro lado, vê nisso uma vantagem. Segundo ele, o "teto do orçamento será melhor cumprido, pelo governo ter mais folga para gastar". Outro efeito positivo, do juro mais elevado, recai sobre o dólar, frente ao real, em processo de ajuste, dado o maior ingresso de recursos externos na arbitragem de juro. Uma boa notícia no front inflacionário.

AMBIENTE POLÍTICO

É neste front que as dúvidas são mais evidentes. Difícil saber como deve encaminhar a cena política até as eleições de 2022. Bolsonaro, em tese, tem o apoio do Centrão, mas não se pode afirmar que é garantido, dado seu comportamento negativo na administração da pandemia. Negar o lockdown, com recordes de mortes e o pior mês do ano de pandemia no Brasil? Indicar um ministro da Saúde, apenas subserviente ao presidente? Falar em tratamento preventivo, cloroquina (?), quando a comunidade científica já provou não a ter eficácia comprovada?

Tudo isso pode ter sido um golpe fatal às suas pretensões eleitorais. Vamos aguardar o início mais intenso das vacinações, mas o que se tem até o momento é ''ladeira abaixo". E se acontecer um embate Lula x Bolsonaro? Ambos possuem muita rejeição, mas alguém tem dúvida como seria um debate entre ambos? O gestor Stuhlberger acha que "dificilmente alguém do Centrão passará para o segundo turno". Acredita "que Lula tenha mais rejeição que Haddad". Considera também que "se o quadro de vacinação der certo, a tendência é que tenhamos um 2022 de recuperação, e isso deve beneficia o presidente". Por outro lado, considera que Bolsonaro "ressuscitou uma esquerda que já tinha morrido, e acha pouco provável uma 3ª via nas eleições de 2022".

MUNDO


Finalmente, aos falarmos do mundo, chama atenção o embate entre o mercado e o Fed no balizamento da taxa de juros Fed Funds.

Na semana que passou, os treasuries de 10 anos passaram de 1,7%, taxa que acreditam se coadunar com a inflação à médio prazo. Com o pacote Biden surtindo efeito, assim como o ritmo da vacinação intensa, a América deve começar a voar por este meses, o que, inevitavelmente trará como efeito colateral, a inflação.

O Fed nega isso por achar haver ociosidade na economia do País. Stuhlberger não vê apenas o problema da pressão inflacionária em si, "mas a velocidade de alta". Para ele, "não é razoável imaginar que numa economia como a americana, o título público atrelado à inflação (TIIPs) de 10 anos opere com taxas negativas. A explicação está no fato de a inflação projetada ser de 2.7%. Ele vê uma recuperação ainda muito desigual, com os pobres ainda mais frágeis, e a produtividade do capital, na educação e na saúde, como fator a amenizar este quadro inflacionário. Preocupa o grande desemprego estrutural na Europa e o juro real negativo de aproximadamente -1,6 para 10 anos. Acha também que em algum momento, "a abertura das treasuries deve fazer o S&P cair". Podem ocorrer "bolhas setoriais".

Bom fim de semana a todos !

sexta-feira, 19 de março de 2021

Resumo Luis Stuhlberger evento WHG- 18/03

Resumo Luis Stuhlberger evento WHG- 18/03:.

BRASIL

Pandemia e Vacinação

• Tempestade perfeita em 4 semanas: 2ª onda agressiva da pandemia, atrasos na vacinação, aumento rápido da inflação, normalização da taxa de juros e instabilidade política

• Gráficos de novas internações diárias no estado de SP e Grande SP (proxy do BR) são reais e assustadores

• Revisamos a previsão do PIB de 4,5% para 3,5% devido a nova onda de restrição à mobilidade

• Após o evento Lula, aumentou-se a preocupação com a vacina

• A aceleração da vacinação, reduzirá a utilização dos leitos de UTI, e consequentemente o número de óbitos. Imaginamos que a partir de Junho, pessoas com idade abaixo de 50 anos começarão a ser vacinadas

• Vacina de Oxford que será produzida pela Fiocruz traz mais alento para o mercado, e se for eficien…

Inflação

• Aumento rápido da inflação, terceiro ponto do perfect storm

• BC não previu corretamente o aumento do gastos no setor de bens, e redução de consumo de serviços

• Além disso, não se imaginava um salto enorme do petróleo

• CRB, cesta de commodities brasileira subiu mais de 25% (parte disso, efeito câmbio)

• BC teve que subir juro acima do esperado porque o IPCA anualizado para junho estava próximo de 8%. Com a alta, pode convergir para 5%

• Vantagem do IPCA anualizada em junho: o Teto do orçamento e junho/2021 x 2020. O governo terá uma folga maior para gastar

• Demanda interna forte na indústria de transformação, mas insuficiência de estoque no setor preocupa o BC

• Conforme o juro e inflação foi diminuindo, o fluxo cambial acompanhou esse movimen…

Político

• Dificilmente alguém do centrão passará para o segundo turno. Acredita que Lula tenha mais rejeição que o Haddad

• Bolsonaro e Covid: Se o quadro de vacinação der certo, a tendência é que tenhamos um 2022 de recuperação, e isso beneficia o presidente.

Além disso, a memória do brasileiro é muito curta

• Alguns investidores estrangeiros consideram que o Brasil teve um ótimo período econômico na era Lula, mas o mundo da época com boom das commodities não existirá mais. Não conseguirá repetir a fórmula do mandato anterior – melhora social via aumento de gastos – não há condições fiscais para que seja repetida

• Bolsonaro ressuscitou uma esquerda que já tinha morrido, acha pouco provável uma 3ª via nas eleições de 2022

GLOBAL

• Mercado segue desafiando o FED com a alta da curva de juro

• Ritmo de vacinação acima de outros países

• Aprovação do pacote de USD 1,9T e perspectiva de PIB subir mais de 8% em 2020

• O problema não é a recuperação dos preços/taxas das treasuries, mas a velocidade como ela está subindo

• Não é razoável imaginar que uma economia como a dos EUA, o título público atrelado à inflação (TIIPs) de 10 anos opere com taxas negativas. A explicação está no fato de a inflação projetada ser de 2.7%

• K-Shaped Recovery: A recuperação da crise está sendo extremamente desigual entre as camadas sociais. Nas classes mais altas (renda acima de USD 60.000/ano) nível de emprego já está nos níveis pré-pandemia, enquanto a concentração do desemprego gerado está na população de renda mais baixa. Esse foi o motivo para mais um pacote fiscal

• Tecnologia será uma das responsáveis pela desinflação em segmentos como educação e saúde

• Devido ao grande desemprego estrutural, a Europa é a que mais assusta com o juro real negativo de aproximadamente -1,6 para 10 anos

• Rotações acontecendo entre Global Growth x Global Value 

• Em algum momento, a abertura das treasuries deve fazer o S&P cair

• Acredita haver bolhas setoriais

• FAAMGs - Crescimento de 25% ano, é possível esperar que sigam crescendo na média de 15% nos próximos anos

É o momento de olhar para fora dos EUA e ir para outros países?

LS: Temos dificuldades para achar bons gestores na Ásia, mas devemos olhar. A Ásia, capitaneada pela China e tigres asiáticos está sendo o grande motor do mundo. Segue alocando nos EUA, porém cada vez mais dedicando tempo na Ásia.











Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...