quinta-feira, 23 de abril de 2020

Petrobras sofre tempestade quase perfeita; Veja 3 temas que pressionam a ação

Investing.com - Queridinha dos analistas e investidores no final de 2019, a Petrobras decepcionou o mercado ao enfrentar a ‘pior crise’ do mercado de petróleo, segundo avaliação do seu CEO. A pressão do tombo da cotação do petróleo com a guerra de preços entre sauditas e russos e a queda da demanda provocada pelas restrições de movimentação para controle do Covid-19 se somam à forte desvalorização do real para derrubar as receitas da companhia e elevar sua dívida.
A petroleira vivia nos últimos meses nas graças do mercado financeiro e estava presente em quase todas as carteiras mensais de analistas no segundo semestre do ano passado e início de 2020. A oferta secundária das ações da Petrobras detidas pelo BNDES foi um sucesso em fevereiro, com a venda de R$ 22 bilhões de papéis a R$ 30, desconto de apenas 1,6%.
O mercado, contudo, virou. A companhia que era exaltada por gestores pelo seu programa de desinvestimento e redução do endividamento acumula perdas de mais de 40% em 2020, pressionando o Ibovespa. O índice recuou pouco mais de 30% no mesmo período.
Entenda em 3 pontos – e um risco extra – o que aconteceu com a companhia

1. Derrocada do petróleo

A Petrobras sofre na bolsa com a disputa deflagrada entre a Arábia Saudita, líder a Opep, e os maiores produtores da commodity, Rússia e os EUA, que detonou um acordo histórico de controle de produção para eliminar a sobreoferta global, com sauditas elevando a produção e cortando preços para retomar fatia de mercado.
A inundação de petróleo barato não podia encontrar um ambiente pior no mercado internacional. O avanço da pandemia do novo coronavírus levou a medidas de restrição de deslocamento, que destruiu a demanda por combustíveis e petróleo cru. 
Na avaliação de abril da Opep, a demanda de 2020 deverá cair, em média, 6,9 milhões de barris/dia. O pico da contração com pico deverá ocorrer neste mês de abril com demanda 20 milhões de barris/dia menor, cerca de 20% da produção global de petróleo.
O ambiente de uma gigantesca sobreoferta provocou um sell-off nos contratos de petróleo com entrega física em maio, que despencaram na segunda-feira (20), chegando às mínimas históricas de US$ 40,32 negativos. 
Sim, negativos.
Com excesso de produção, baixa demanda e sem armazenamento disponível, os traders se desfizeram do contrato e pagaram para não receber o produto, levando o preço para terreno negativo pela primeira vez na história.
O ambiente pessimista acabou pressionando o contrato de junho, que operava perto dos US$ 14 o barril nesta quarta-feira. O Brent, referência global e para a Petrobras, acompanhou as perdas, em menor proporção, negociado a pouco mais de US$ 20 o barril.
Com a intervenção direta de Trump, a aliança entre a Opep e a Rússia foi – ainda que fragilmente – restabelecida. Um acordo foi fechado para cortar 9,7 milhões de barris por dia, mas isso não deve fazer com que o excesso de oferta global seja reduzido rapidamente, já que as reduções deverão vir no médio prazo e os estoques estão cheios.

2. Combate ao Covid-19 derruba demanda por combustíveis

Os mecanismos de controle da contaminação do Covid-19 com a limitação de movimentação esmagaram a demanda de combustíveis no Brasil, principal mercado consumidor da Petrobras. Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), essa queda na demanda causada pelo coronavírus será de aproximadamente 84% para o querosene de aviação, 35% para a gasolina e entre 22% e 25% para o diesel.
Para lidar com o mercado mais fraco, a estatal planeja cortar 200 mil barris por dia de sua produção. Com isso, a média de produção seria de 2,07 milhões de barris diários (bpd) em abril, ante média de 2,394 bpd no último trimestre de 2019. O diretor de Exploração e Produção da empresa, Carlos Alberto Oliveira, afirmou que esse corte está adequado para encarar a crise, mas que reavaliações são feitas constantemente.
Como parte da estratégia, a Petrobras anunciou hibernação - paralisação das atividades - em 62 plataformas em campos de águas rasas nas bacias de Campos, Sergipe, Potiguar e Ceará, que, segundo a companhia, não têm condições de operar com os baixos preços do petróleo. Com isso, a empresa irá reduzir a produção em 23 mil barris por dia.
De acordo com o presidente da empresa, Roberto Castello Branco, a empresa renegociou contratos e adiado pagamentos com fornecedores e confirmo que o plano de desinvestimentos deverá ser impactado pela crise atual. Apesar de tudo isso, a Petrobras tem afirmado que não precisará realizar demissões em massa. 
A Petrobras enfrenta um momento delicado, quase uma tempestade perfeita. A queda nos preços do petróleo lá fora foi repassada para o mercado interno, segundo a política de preços da estatal, que combina cotação do barril e do dólar. Em 2020, a companhia já cortou em cerca de 50% o preço da gasolina e 40% o do diesel nas vendas para as distribuidoras. 
Apesar dos cortes, o UBS calcula que o preço interno está 15% mais alto para a gasolina e 24% para o diesel na comparação com o exterior. Esse cenário abre espaço para que importadores capturem parte do mercado da Petrobras ao trazer cargas mais baratas do exterior, pressionando ainda mais as vendas.

3. Dólar sobe e dívida aumenta

A receita da companhia é pressionada pela queda dos preços, redução do volume de vendas e, para completar, a desvalorização do real. Com receitas em real e dívidas em dólar, a companhia sempre enfrenta um momento complicado quando a moeda local se desvaloriza, mas tende a compensar nos preços – o que não é possível no momento atual.
Em 2020, o real já perdeu mais de 30% do seu valor frente ao dólar e bateu recorde histórico nesta semana ao superar os R$ 5,40.
O câmbio coloca pressão sobre a Petrobras, que tem uma dívida líquida de cerca de US$ 78,9 bilhões apurada no final do quarto trimestre de 2019. Em financiamento, a companhia possui US$ 6,7 bilhões vencendo até 2021 – cerca de R$ 36 bilhões na cotação de hoje. 
Para ajudar no fluxo de caixa e liquidez, uma das prioridades da companhia, a Petrobras sacou US$ 9 bilhões em linhas de crédito, enquanto corta custos e se prepara para um cenário de até US$ 10 no preço do barril do petróleo.
O cenário pesado não refletiu no rating da empresa. Na última sexta-feira (17), a Standard & Poor’s manteve a classificação de BB- para a Petrobras, dizendo que fluxos de caixa e métricas de crédito devem ter uma retomada “considerável” em 2021 apesar de queda este ano, por acreditar “que a relação entre a dívida e o Ebitda se aproxime de 4,0 vezes em 2021, considerando uma melhora substancial nos preços do petróleo e nas condições econômicas”.
O UBS reiterou a sua recomendação de ‘compra’ ao apostar que a companhia conseguirá atravessar essa fase complicada com corte de gastos e investimentos e que retomará os desinvestimentos. O banco vê um upside de R$ 30%, com preço alvo de R$ 21,00 para ações PETR4 e R$ 23,00 para PETR3.

EXTRA: A contaminação de seus funcionários

A Petrobras confirmou ontem que 261 funcionário e terceirizados já testaram positivo para o Covid-19 e tem tentado bloquear a transmissão do coronavírus, o que é um desafio em um ambiente complexo como as plataformas de petróleo que abrigam dezenas a centenas de pessoas em uma vivência coletiva.
O impacto da redução da sua mão de obra nas atividades diárias não pode ser facilmente mensurado neste momento, mas ao menos quatro navios de apoio às atividades em plataformas estão com as atividades paralisadas por casos de contaminação.
A petroleira informou que realiza testes rápidos em todos os funcionários que embarcam para suas plataformas e que retira rapidamente qualquer um que apresentem sintomas.

Análises

No fim de março, a corretora do Banco Safra atualizou as projeções da empresa. Para o banco, “a relação entre oferta e demanda de petróleo continuará seguindo os fundamentos, já que o ambiente de preços baixos no curto prazo remove empresas ineficientes do mercado e atrasa novos investimentos, diminuindo o lado da oferta, por se tratar de um setor de investimentos pesados. Com a recuperação da demanda, os preços devem subir.”
Segundo os analistas, a projeção de longo prazo é de US$ 50 por barril para o petróleo de tipo Brent, contra US$ 60 anteriormente. Em relação às ações da Petrobras, o Safra ainda acredita em uma performance acima da média, apostando na recuperação da economia global. Até o final do ano, o preço-alvo para as ações PETR3 e PETR4 foram atualizados para R$ 24,40 e R$ 23,30 respectivamente.
O BB Investimentos vai na mesma linha, entendendo que a situação atual corresponde a uma anomalia, e não a uma mudança estrutural do mercado, e apostando em uma recuperação gradual de preços nos próximos meses “à medida que os produtores com custos elevados saiam do mercado, equilibrando a oferta, e que os lockdowns para contenção do Covid-19 forem reduzidos”. Assim, considerando que a Petrobras pratica uma política de preços vinculada ao mercado internacional, a expectativa para o papel é otimista à medida em que os mercados começarem a se recuperar.
Outro ponto levantado pelo banco é que “a Petrobras já endereçou boa parte de suas medidas preventivas, com o reforço de liquidez, diminuição nas despesas operacionais, adiamento de dividendos e redução da produção em campos de águas rasas, que possuem custos mais elevados”. Em resumo, o BB Investimentos mantém recomendação de outperform com preço alvo de R$ 23,50 para o ano, tanto para PETR4 quanto para PETR3.
Também a corretora Elite Investimentos mantém um posicionamento positivo em relação às ações da companhia, baseado em grande parte ao “compromisso do atual management na eficiência e no foco em seu core business (exploração e produção de óleo e gás)”, destacando a redução de gastos, a venda de ativos, a desalavancagem e a eficiência operacional, ações que ajudarão a empresa a lidar com a queda no preço do petróleo.
Outra corretora que se manteve otimista com a Petrobras foi a Mirae Asset, prevendo bons resultados para o segundo semestre deste ano após os cortes de produção da Opep e a recuperação dos preços. Os principais motivos para o posicionamento positivo da corretora é o aumento da participação da exploração do pré-sal, “o que oferece maior potencial de evolução e reduz radicalmente o seu custo de exploração”.

terça-feira, 21 de abril de 2020

QUADRO VISTO NO PETRÓLEO WTI PARA MAIO NÃO DEVE SE REPETIR NO CONTRATO DE JUNHO, DIZ ANALISTA

Por André Marinho

São Paulo, 20/04/2020 - Após o petróleo WTI com entrega para maio cair para território negativo, na véspera do vencimento do contrato, a vice-presidente de pesquisas sobre petróleo da consultoria Wood Mackenzie, Ann-Louise Hittle, não acredita que o mesmo ocorrerá com o papel de junho, que agora é o mais líquido.

"Com sinais de possível relaxamento das medidas de contenção da Covid-19, o vencimento do próximo mês não deve ver pressão de vendas tão intensa", afirma Hittle ao Broadcast.

Segundo a analista, a situação observada no mercado é hoje é reflexo da falta de espaço para armazenamento físico da commodity, o que pressiona o contrato com entrega mais próxima. Com a demanda deprimida por conta da pandemia de coronavírus, os estoques em Cushing, no estado americano de Oklahoma, devem atingir capacidade máxima em algumas semanas, de acordo com Hittle.

"Além disso, a oferta de petróleo ainda não foi suficientemente afetada pela redução na produção por conta de fatores econômicos ou pelos cortes promovios pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+).

Contato: andre.marinho@estadao.com

QUEDA NO PREÇO DO WTI TRAZ AO MERCADO NOVA REFLEXÃO SOBRE NÍVEL DE PRODUÇÃO, DIZEM ANALISTAS

Por Wagner Gomes e Fernanda Nunes

São Paulo, 20/04/2020 - A queda de mais de 100% no preço do petróleo WTI nos Estados Unidos trouxe ao mercado hoje uma nova reflexão sobre o nível adequado de produção da commodity. Segundo analistas, ficou claro que o preço do brent, que também está em queda vertiginosa, será fortemente afetado forçando os países membros da Opep a se reunirem novamente para acertar o nível de produção.

Na semana passada, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a Rússia e outros países produtores de petróleo concordaram em fazer um corte recorde no volume de produção de 10% da oferta global. Serão 9,7 milhões de barris a menos produzidos por dia em maio e junho.

"A queda do WTI é um problema específico dos Estados Unidos, que tem excesso de produção e aumento de armazenagem. Mas isso abre espaço para novos cortes na produção mundial, mostra que a decisão da semana passada entre os países exportadores de petróleo não é suficiente", afirma Luís Sales, analista da Guide Investimentos.

Hoje, o petróleo norte-americano WTI com entrega para maio fechou em queda de -305,97%, a US$ -37,63 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex). "Aqui no Brasil, a Petrobras nem acompanha o WTI, mas essa queda hoje demonstra um cenário negativo para o petróleo de uma forma geral. Aponta uma situação crítica no mercado global e pode ter um efeito no petróleo tipo brent, que caiu menos hoje, mas caiu. É uma crise nunca vista anteriormente", afirma.

Segundo Sales, a queda de hoje do preço do petróleo é temporária, mas muito forte.

"Foi um movimento brusco de mais de 100%. A economia deve voltar e a demanda, que foi praticamente a zero de um dia para o outro, também. Houve redução de gasolina, do nível de atividade do começo do ano para cá. As petroleiras continuam extraindo petróleo, mas parte da demanda caiu. Isso tudo tem um tempo para se ajustar na produção", afirma o analista da Guide.

Na opinião do professor do Instituto de Economia da UFRJ e pesquisador do Istituto de Energia da PUC (Iepuc), Edmar Almeida, o mercado futuro de petróleo deve conviver por até quatro meses com a desvalorização da commodity e até mesmo com a negociação de contratos futuros a preços negativos, como já está acontecendo com os títulos com vencimento em maio.

Segundo o especialista, o colapso provocado por um excedente da produção e pela ausência de capacidade de estoque para o volume excedente nos Estados Unidos vai levar um tempo a ser solucionado e isso deve continuar se refletindo no mercado financeiro no curto prazo.

"Os Estados Unidos são a vítima da crise que provocaram, ao reduzir os custos de produção e encher o mercado de petróleo, gerando um desequilíbrio entre oferta e demanda", diz ele.

Na prática, os investidores estão pagando às empresas petroleiras para que fiquem com a commodity que compraram há alguns meses. Eles não têm compradores para os títulos que adquiriram e se tiverem que ficar com o petróleo que compraram, não vão ter onde estocá-lo.

A única solução no médio prazo, segundo Almeida, é fechar poços produtores nos Estados Unidos. Até agora, esse é um problema exclusivamente americano, principalmente, porque diz respeito ao modelo de logística do país.

Sua produção é direcionada ao consumo interno. Com isso,a maior parte da infraestrutura foi desenhada para atender a demanda das refinarias. Não há dutos e tancagem suficiente para exportar o produto ou para estocá-lo à espera da retomada da economia.

"O que está acontecendo nos Estados Unidos é um sinal de alerta para os demais produtores. Não tem mágica, tem que cortar a produção. O censo de urgência do desequilíbrio entre oferta e demanda ficou aquém da necessidade", afirmou Almeida.

O Brasil, por enquanto, não deve ser afetado pelo colapso do WTI, porque a referência dos seus contratos é o petróleo europeu, o brent, segundo o economista. Além disso, como a maioria da produção é marítima o País possui uma estrutura de escoamento por navios eficiente, que pode facilitar a venda para diversos países.

"O posicionamento de cada país vai depender do quanto os Estados Unidos vão reduzir sua produção", acrescentou.

Já Ilan Abertman, analista da Ativa Investimentos, avalia que a queda do preço do petróleo WTI pode pressionar o brent, prejudicando companhias como a Petrobras. Segundo ele, o cenário atual aumenta os riscos de uma crise geopolítica e enfrentamento entre os países produtores de petróleo, prejudicando o ímpeto da demanda global pela commodity.

"É um cenário que inspira cuidados. A Petrobras, que tem como referência o preço do brent, mais do que nunca vai precisar adensar o seu foco onde tem vantagens competitivas relevantes, como o pré-sal. Além disso, há uma tendência da guerra de preços aumentar", diz Abertman.

Segundo ele, há desde o mês passado um movimento forte de estocagem de petróleo à espera de que a curva futura nos preços do brent aumente. "O problema é a queda do WTI deve contaminar os outros preços".

Para João Zuneda, diretor da consultoria MaxQuim, a precificação de um preço futuro negativo de petróleo deve prejudicar o mercado à vista e consequentemente investimentos de grandes companhias, como a Petrobras, que aposta todas as suas fichas no pré-sal.

"A compra futura é um hedge. O mercado precifica que as vendas no futuro estarão baixas e assim os preços caem com todo esse pessimismo. Há um caos porque os estoques de petróleo estão muito altos e há uma pressão forte de oferta. Isso é ruim para a Petrobras que terá que reduzir muito a produção ou vender petróleo mais barato. No médio e longo prazo isso poderá afetar os investimentos no pré-sal. E postergar investimentos significativamente, inclusive, diminuir pagamento de royalties", diz.

Zuneda explica que o pessimismo quanto ao preço futuro do petróleo imperou pelo excesso de oferta, alta dos estoques e a queda abrupta, sem precedentes, da demanda provocada pela pandemia do coronavírus.

Já Shin Lai, estrategista da Upside Investor, diz que a queda no preço do petróleo no curto prazo representa um desarranjo na cadeia produtiva causado pela redução da demanda com a pandemia do coronavírus e também a falta de um acordo entre os países produtores. Segundo Lai, o preço da commodity se acomoda neste patamar porque o armazenamento é muito alto.

"São dois problemas, a oferta continua alta e não há demanda. Ninguém quer comprar petróleo no curto prazo. As consequências econômicas dessa situação serão enormes. O problema é que os custos da retomada, quando tudo voltar ao normal, serão muito altos", comenta.

Contato: wagner.gomes@estadao.com e fernanda.nunes@estadao.com

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Notas do Alentejo, por Julio Hegedus

Mais um bate-papo em que eu destaco alguns temas do debate nacional, dando os meus pitacos, sempre que necessário.
Nesta semana, comentarei sobre o que assisti neste fim de domingo o que me causou muita perplexidade. Vamos conversando.

  • Ao fim deste domingo me confrontei com uma situação que bem reflete o caos que estamos vivendo. De um lado, no programa Fantástico, um ministro da Saúde isolado pela ala mais dogmática e fanática do governo Bolsonaro (inclusive, próprio), do outro, uma live tendo o presidente como personagem principal e vários "pregadores" em "debate".
  • Na verdade, não foi bem um debate este segundo. Longe disso. Foi mais uma vez uma sucessão de frases feitas, clichês, do presidente, como sempre, se vitimizando, a partir da "facada" e vários personagens da vida religiosa, nas suas fanáticas pregações. Todos, faturando a tragédia de saúde pública em favor do "seu público" se é que é possível chamá-lo disso. Mais me convenci de que Jair Bolsonaro é um paranóico, mais preocupado em combater fantasmas que ele mesmo ajuda a criar, do que a chegar a soluções definitivas para a pandemia. 
  • Na entrevista do Mandetta o que se viu foi um ministro da Saúde (não se sabe até quando) já demostrando desconforto na cargo. Muitos apostam que ele não emplaca nesta semana. Uma frase dele, no entanto, bem reflete este momento dúbio e esquizofrênico que estamos vivendo. Disse ele que não é possível manter um discurso dúbio em que uns falam em ficar em casa, outros já pregam a flexibilização. Neste ambiente as pessoas acabam se perdendo, umas saindo e apoiando esta tal flexibilização, outras cautelosas em casa. 
No ambiente econômico a situação não é mais tranquila. Preocupa aqui a geração de empregos e os corolários desta pandemia. Já se comenta que a economia deve mergulhar mais de 8% neste trimestre, em função da paralisia da atividade. Haveria uma estratégia intermediária neste caso? Talvez, mas para isso seria necessário um novo olhar sobre a doença.  

Laura de Carvalho

O debate é livre. Eu nunca vou me tornar um cara carrancudo, limitando o debate, patrulhando quem pense diferente. Dizem q a Lauta de Carvalho é uma profícua economista, sempre alerta e pronta para qqr discussão. Sou mais fã do Marcos Lisboa, do Gustavo Franco, do Samuel, de tantos outros. Mas respeito o contraditório. Aqui uma contribuição saudável.

Laura Carvalho

https://www.nexojornal.com.br/estante/favoritos/2020/5-livros-para-pensar-na-economia-p%C3%B3s-pandemia?utm_medium=Social&utm_campaign=Echobox&utm_source=Facebook&fbclid=IwAR3Yr-Lfx22_FjqWcYVS8j0y__-gv6gaQsEPFrFyoEEASPOUOtMSmJTkabU#Echobox=1586723175


terça-feira, 7 de abril de 2020

Vamos encarar os fatos?

A narrativa dos bolsominions se confunde com "conspiração das esquerdas", reação dos corruptos de sempre ou "prensa" por trás de um golpe.
Não vou negar q a "prensa" "empurra bem a porta" para tentar desestabilizar o pres. Há de reconhecer também o papel sujo dos poderes, Judiciário e Legislativo. A oposição também sempre está gravitando na tese do "quanto pior melhor".
Por outro lado, não resta dúvida q o pres contribui, e muito, para estas crises, estes ataques, esta instabilidade. Vivemos aos solavancos.
Vamos aos fatos.
1) No início do governo, entre dez18 e jan de 2019, era certo q o Gustavo Bebbiano faria parte do "núcleo duro" do capitão. Só não se sabia bem aonde colocá-lo. Chefe da Casa Civil? Ônix Lorenzony era o mais indicado. Havia também o gen Augusto Heleno, depois alocado na Secretaria de Segurança Institucional.
No fim, o Bebbiano acabou indo para a Secretaria Geral, mas durou pouco tempo, pois um grupelho de moleques, liderados por "olavistas" e pelo filho Carlos Bolsonaro, já tratou de sabota-lo ao ver inimigos em todas as partes. Falavam então q ele estava passando "informações" para a Rede Globo.
Não, me lembro bem. Seu esforço era estabelecer uma "ponte" com esta "prensa", pois caso contrário seria difícil governar. O capitão não ouviu. Deu no que deu.
2) Depois, veio algum estranhamento com Sergio Moro, tudo pq começaram a especular q ele estava lá no Min da Justiça e Segurança como "ponte" para ser nomeado como ministro do STF. Pesou também contra o fato de q no seu "pacote anti-crime" ele pegava pesado contra a classe política, com vários petardos endereçados, um deles a prisão em segundo instância outro, o fim do "foro privilegiado". O Congresso acabou engavetando estas pautas. O presidente sempre se mostrou muito leniente, não se empenhando com o devido rigor. Preocupação maior aqui era proteger o filho Flávio Bolsonaro.
Muitos começaram a especular então q a queda do ministro era inevitável.
Falava-se na época sobre a possibilidade dele ser candidato em 2022, meio q antecipando uma eleição distante. Seria, e é, um forte candidato. Vieram, em paralelo, as apócrifas gravações daquele trio de bichonas do The Intercept, montadas como peça de esvaziamento ao MP e o então juiz Sergio Moro. Tudo foi "esclarecido", mas isso também abalou a relação do capitão com o juiz.
3) Paulo Guedes também cresceu com a agenda de reformas e, mais uma vez, encontrou no presidente um frágil apoio. As articulações acabaram restritas a sua excelente equipe nos embates das comissões. O presidente simplesmente se omitiu.
Chegamos então a algumas observações cruciais. O pres se incomoda com o protagonismo dos ministros. Para ele, no "labirinto da sua alma", o único protagonista deste governo deve ser ele. Os ministros servem apenas de escada.
Como ele é um ignorante preguiçoso, q pouco estuda os temas da sua plataforma de governo, acaba sempre meio de lado.
Lembremos também q sempre q as agendas acima foram discutidas, ele estava com alguma querela ou com a "prensa" ou com alguém da oposição. Os filhos, envolvidos em situações constrangedoras, em muito, contribuíram para isso.
Tudo bem. Boa parte das querelas eram armadilhas desta "prensa" de vagabundos, mas sem dúvida q ele alimentava.
Não concordo, portanto, q o capitão continue fazendo breafing com os jornalistas todas as manhãs. São nesses, geralmente em colocações mal feitas, q ele se enrola e gera crises. Os contatos com os órgãos da "prensa" teriam q ser padronizados...
O gen Rego Monteiro vinha desempenhando um ótimo papel como assessor de imprensa, mas acabou colocado de lado. Será mais uma demonstração de ciúme? Dos conflitos do pres em mais um personagem em evidência???
Acho q para ele todos os ministros ou personagens ligados ao governo podem ser potenciais candidatos em 2022. Não esqueçamos do brilhante gen Santos Cruz e do vice, gen Hamilton Mourão, humilhados, demitidos e encostados, diversas vezes.
4) Chegamos agora no ótimo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, conduzindo com diligência e presteza esta crise de saúde global (de difícil desfecho). A sociedade o entronizou, possui 76% de aceitação. Seu trabalho é otimo.
Mais um protagonista não aceito por este pres.
O protocolo é este: Primeiro, isolamento horizontal, esforço de achatar a curva, seria de bom grado uma campanha nacional de exames do Covid 29 e depois, flexibilização gradual, no dia a dia, até o isolamento vertical, direcionado para os idosos...
O problema é q a conduta do presidente foi sempre dúbia, em oposição, querendo "liberar a boiada já".
Seu cálculo foi sempre político e não humanitário.
Acha q a economia vai ingressar numa depressão se manter o isolamento social. Com isso, suas chances em 2022 acabariam se diluindo.
Vamos encarar os fatos!
A esquerda não vale nada. Foi ela a contratar um ASSASSINO de aluguel para mudar o curso da história. Mas foi esta tentativa de assassinato, por uma facada, q consagrou o capitão. Suas chances eram mínimas, sua participação nos debates seria um desastre!! Uma facada o elevou a mártir.
Chegamos agora a 2022. São vários candidatos surgindo. Na boa...
Com tanto desgaste e já conhecendo suas limitações cognitivas, q chance ele tem?????
Vamos encarar os fatos???

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Luiz A. Esteves

ECONOMIA DA INFORMALIDADE Um dos grandes desafios da crise econômica associada aos efeitos da COVID-19 tem sido fazer com que políticas públicas alcancem um contingente imenso de pessoas engajadas em atividades econômicas que sobrevivem à margem da formalidade. Este também será um enorme desafio na recuperação econômica e para a constituição de uma "nova normalidade" pós-COVID-19. Isso demandará dos países emergentes muito mais criatividade e engenhosidade na recuperação do que dos países desenvolvidos. Artigos legais sobre o tema: "Informality and Development" Rafael La Porta and Andrei Shleifer Journal of Economic Perspectives, 28(3) 2014 https://lnkd.in/er-ptvQ "Informality Revisited" William Maloney World Development, 32(7) 2004 https://lnkd.in/efGvUTC "Informality and Long-Run Growth" Frédéric Docquier, Tobias Müller & Joaquín Naval Scandinavian Journal of Economics, 119(4) 2017 https://lnkd.in/eKCrx3P

sexta-feira, 3 de abril de 2020

Notas do Alentejo, por Julio Hegedus

Continuamos nesta contabilidade macabra de quantos se contaminaram pelo Covid 19, quantos morreram, quantos estão internados, onde há mais mortos, como devemos proceder, isolamento horizontal, ou social, até quando? Qual o desfecho desta tragédia?

Enquanto esta resposta não chega, vamos contabilizando números. No Brasil, pelos númenos do dia 3/4 já são 259 mortos para mais de 7,1 mil casos confirmados. 


No governo, Luiz Henrique Mandetta, da Saúde, continua mandando muito bem, mas gerando certo desconforto no paranóico presidente da República, por não aceitar que algum ministro possa brilhar mais do que ele. Mandetta faz um ótimo trabalho, segue a linha do isolamento horizontal, tem apoio dos outros ministros, do Congresso, mas isso incomoda o capitão, seus alucinados filhos e alguns assessores mais fanáticos. Bolsonaro inclusive já pediu para o ministro se demitir, mas ele deixa esta atribuição ao presidente. Ou seja, todo o desgaste desta decisão impopular será dele.  


Temos aqui uma crise do capitão em relação à boa condução da crise de pandemia conduzida pelo ministro Mandeta. O primeiro quer liberar a atividade econômica já partindo-se para o isolamento vertical, o segundo, com amplo apoio, defedendo o isolamento horizontal. Duas são as formas de fazer uma transição na quarentena: uma inconsistente, que pode levar ao ressurgimento da epidemia, e outra, mais racional e inteligente, que combina uma estratégia de testes em larga escala da população para identificar a expansão do surto, isolar os diagnosticados e rastrear seus contatos. A primeira não garante a erradicação do vírus, e, consequentemente, não garante uma recuperação da economia, ao contrário do que parece ser possível com a segunda. É neste dilema que estamos envolvidos.

Medidas fiscais de estímulo, como baixa de compulsório ao sistema de crédito, assim como programas mais intensos de transferência de renda, com a definição de uma renda mínima de R$ 600 aos informais e outros mais fragilizados, avançam, num total de recursos mobiliados próximo a R$ 80 bilhões, oriundos de variados fundos. 


No mundo, os EUA já são o epicentro da crise do Covid 19, mais exatamente em NY, muito pela rebeldia das pessoas em adotar o tal isolamento horizontal. O mesmo se deve observar na Espanha e na Itália, casos sobre o que não se deve fazer numa pandemia como esta. 


  




quarta-feira, 1 de abril de 2020

Pessimismo com a bolsa

ESPECIAL: MAIS PESSIMISTAS COM O IBOVESPA, ANALISTAS ADMITEM REVER PATAMAR PARA BAIXO
Por Matheus Piovesana

 São Paulo, 01/04/2020 - Com o Ibovespa consistentemente entre os 60 mil e os 70 mil pontos, estimativas de que o índice chegará ao final do ano acima dos 100 mil pontos são cada vez mais raras, uma situação inversa a que se viu no início de 2020. Entretanto, os cortes nas expectativas feitos até aqui podem ser apenas o começo das revisões negativas. Casas consultadas pelo Broadcast trabalham com cenários-base entre os 87 mil e os 94 mil pontos em dezembro. A maioria delas, entretanto, deixa a porta aberta para o imponderável: com uma piora inesperada dos efeitos da pandemia da Covid-19, o recuo em relação a 2019 pode ser ainda maior.

 Um dos temores é de que o declínio da economia americana - e, por extensão, das dos demais países - seja maior do que se projeta até o momento. Por aqui, além de um Produto Interno Bruto (PIB) ainda menor do que preveem diferentes casas, uma segunda onda de contágio pelo vírus poderia matar no nascedouro a recuperação que se espera para o segundo semestre.

 O antes e o depois das estimativas para o Ibovespa

Casa   Estimativa anterior   Estimativa atual   Diferença

Bank of America 130.000 pontos 87.000 pontos -33%
Eleven Financial 138.000 pontos 96.000 pontos -30%
Itaú BBA 132.000 pontos 94.000 pontos -29%
XP Investimentos 132.000 pontos 94.000 pontos -29%
Western Asset* 138.000 pontos 115.000 pontos -17%
*Previsão para março/2021
Fonte: instituições


  • Não consigo responder se consigo aumentar a previsão, porque não sei se, antes disso, não terei que revisar para baixo?, afirma Gleidson Leite, gestor de renda variável da Western Asset. Segundo ele, uma revisão positiva seria nas projeções de lucro das empresas no próximo ano, e mesmo isso depende de os efeitos da pandemia se restringirem ao segundo trimestre de 2020. ?A curto prazo, a revisão seria para baixo. A Western faz previsões para o índice em um prazo de 12 meses, e estima que o Ibovespa estará de volta aos 115 mil pontos no final de março de 2021, mais de um ano depois de perder essa pontuação (em 18 de fevereiro de 2020). Até lá, quem mais deve sofrer, ajudando a pressionar o índice, devem ser os setores de aviação, varejo físico e imobiliário. Duplamente pressionada - pela guerra de preços do petróleo e pela Covid-19 -, a Petrobras também deve ficar em situação delicada.


  •  A Eleven Financial tem três cenários: o de base, em que o índice estaria em 96 mil pontos em dezembro; o otimista, no qual o Ibovespa voltaria aos 108 mil pontos; e o pessimista, com a carteira teórica em 84 mil pontos. O que muda entre eles é a data de início da recuperação da economia. "O cenário otimista prevê uma normalização da atividade entre o terceiro e o quarto trimestre. No mais pessimista, há uma segunda onda de propagação do coronavírus, que é uma hipótese bastante defendida por diversas escolas e correntes mundo afora", comenta Adeodato Netto, estrategista-chefe da Eleven. A via do meio, segundo ele, vê uma recomposição da atividade econômica no quarto trimestre.

Olhando pelo retrovisor

  • Com base em crises passadas, outras casas têm estimativas pouco otimistas para dezembro. O Bank of America vê o índice em 87 mil pontos no último pregão do ano. O cenário considera a expectativa do banco de que a economia brasileira terá contração de 0,5% neste ano. Os riscos de queda, entretanto, são "claramente" mais fortes, escreve o time de análise do banco. Na pior das hipóteses, porém, a instituição vê o Ibovespa em 63 mil pontos no final do ano. "Devemos continuar vendo revisões negativas (para os lucros das empresas) para este ano, uma vez que em crises anteriores, as estimativas para os lucros por ação levaram quatro meses para se estabilizar", afirma o banco em relatório a clientes.


  •  Para a XP Investimentos, em uma deterioração dos mercados em nível similar ao que se viu em 2008, o Ibovespa poderia chegar a 46 mil pontos, mas enxerga este cenário como pouco provável. A atuação de bancos centrais e governos ao redor do mundo, segundo Fernando Ferreira, estrategista chefe da corretora, é a diferença entre o que se viu há 12 anos e o que acontece agora. "É uma mudança drástica de atitude frente ao que ocorreu em 2008, onde grandes bancos foram permitidos de ser levados à falência."

terça-feira, 31 de março de 2020

VALE E SIDERÚRGICAS SOBEM APÓS DADOS INDUSTRIAIS POSITIVOS DA CHINA



São Paulo, 31/03/2020 - Os papéis de Vale e siderúrgicas têm desempenho positivo na manhã de hoje. Vale ON tem alta de 2,94%, enquanto que CSN ON sobe 2,97%. Gerdau PN tem alta de 3,17%, e Usiminas PNA ganha 2,51%. O Ibovespa sobe 0,25%, aos 74.825 pontos. As altas do setor vêm após o PMI da China, que mostrou forte expansão em março ante fevereiro. Jorge Junqueira, responsável pela área de renda variável da Gauss Capital, explica que as empresas são beneficiadas por uma melhora nas condições da economia chinesa, e que mesmo nomes menos dependentes da China, como a Usiminas, se beneficiam, dado que os papéis de siderúrgica são negociados juntos.


CHINA: PMI INDUSTRIAL SOBE DE 35,7 EM FEVEREIRO PARA 52,0 EM MARÇO E MOSTRA RECUPERAÇÃO

Pequim, 30/03/2020 - O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial da China subiu de 35,7 em fevereiro para 52,0 em março, informou o Escritório Nacional de Estatísticas do país na noite desta segunda-feira (horário de Brasília). O resultado veio acima da expectativa de analistas ouvidos pelo Wall Street Journal, que previam alta a 51,5. A marca acima de 50,0 indica expansão da atividade no país asiático, após o indicador ter caído à mínima histórica no mês passado, devido à paralisação da economia chinesa em meio à pandemia de coronavírus.
Já o PMI de serviços chinês avançou de 29,6 em fevereiro para 52,3 em março.

Fonte: Dow Jones Newswires.

Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...