segunda-feira, 16 de março de 2020

Notas de uma crise

[16/3 20:50] Aloísio Vileth: Isso me lembra 2008, não pelos fatos em si, mas pelas circunstâncias, que espero não se repitam... Eu estava trabalhando há pouco tempo na Ágora Corretora e, no final de 2007, os economistas que nós ouvíamos tinham o seguinte discurso... "2008 vai ser difícil no primeiro semestre, mas depois virá uma recuperação..."
[16/3 20:54] Aloisio Vileth: Todo mundo se lembra o que aconteceu em setembro de 2008...
[16/3 20:58] Felipe: A diferença é que agora vai afetar o comércio local de forma direta e cruel... a padaria, o restaurante, o cabeleireiro,  a barbearia, o cara que vende bala no sinal, enfim, todo mundo, e aí vem os bancos não recebendo e quebrando. É recessão na veia de forma mais direta impossível,  desemprego instantâneo numa economia já cambaleante.
[16/3 21:04] Haroldo: Sim. Muito pior que em 2008
[16/3 21:04] Haroldo: Não vai haver dinheiro para pagar salario
[16/3 21:10] Helio Darwich: Boa tarde. Cenário complicado. E de difícil planejamento e escolha de prioridades e eventuais ajudas governamentais.
[16/3 21:10] Helio Darwich: 2008 era crédito e banco. Agora.  Tudo
[16/3 21:27] Fernando Viana: É torcer pra ter a menor duração possível, 30 ou 60 do no máximo. Se durar mais, vai ser uma quebradeira geral.
[16/3 21:27] Felipe: 2008 , no primeiro dia, eu estava voando para EUA,  chegando lá vi o estrago na bolsa.
Gastei 700 reais de roaming de dados pra zerar minhas posições porque os stops tinham pulado... melhor coisa que fiz... dos males o menor...
[16/3 21:32] Alvaro Antonio do Cabo Notaroberto Barbosa: Pra não falar nas companhias aéreas.
[16/3 21:33] Fernando Viana: A Alitalia foi nacionalizada hoje.
[16/3 21:33]Júlio Hegedus. Importante observar q esta crise foi gerada por um fenômeno imprevisível, uma pandemia, atingindo a todos de forma quase q linear. Na outra, de 2008, era crise de crédito, q secou diante do risco de uma quebradeira bancária. Uma foi econômica, essa, não se sabe a extensão, é de saúde. Acaba logo? Tem ciclo de 3 a 4 meses? Esperemos q sim. Mas não se tem este diagnóstico com certeza. Em 2008 era risco elevado, mas quantificável. E agora? Predomina a incerteza.

Direto do Alentejo, by Julio Hegedus

Iniciamos um projeto nesta semana de comentar diversos temas em pauta na agenda do Brasil e do Mundo. Estarei aqui assumindo um papel que sempre gostei. Escrever sobre todos os temas, principalmente, economia. 

Nesta semana falaremos, claro do "Coronavirus" (Covid 19) e seus efeitos devastadores no Brasil e no mundo e sobre a economia. Como o governo brasileiro responde a isso?

Covid 19 e o Brasil. O Ministério da Saúde vem se mostrando prudente, cauteloso, mas as movimentações do presidente, nas manifestações de domingo (dia 15), meio que desautorizaram a postura do ministro Mandetta. A impressão q se tem é que quando um ministro "decola", o presidente "mete o pé", numa crise de ciúme. Campanhas antecipadas em São Paulo e no Rio já foram implantadas, buscando cessar a velocidade do virus. 

Estrutura da Saúde é problema. Um dos "nós" deste espalhamento perigoso do Corona é como atender os doentes, já que há limitações claras na oferta de leitos, principalmente, nas UTIs. Estas não possuem como responder a esta pandemia. Faltam inclusive a oferta de equipamentos à nível mundial. Neste momento, todas as UTIs se encontram ocupadas no RJ. 

"Pico" do Coronavirus. Comenta-se que o "pico" deve acontecer entre abril e maio, sendo explosivo na opinião da área de saúde. São 234 casos confirmados no momento (até segunda-feira). No domingo chegavam a 200. A liberação de recursos segue acontecendo. São R$ 400 milhões direcionados para Estados e Municípios. Mais de 2000 casos estão em observação.    

No mercado, segunda-feira foi de sell-off. Investidores saíram vendendo meio que numa onda de pânico. Tivemos o circuit breaker logo no início da manhã no Brasil. Tudo porque era percepção que a crise seria pior do que o esperado, depois das ações coordenadas dos bancos centrais, reduzindo suas taxas de juros. O Fed, por exemplo, zerou sua taxa de curto prazo no fim de semana

Como abriu o mercado hoje

A decisão do Fed de reduzir os juros dos Estados Unidos para perto de zero em pleno domingo lançou uma sombra de incertezas e indefinição sobre os mercados. O resultado, como não poderia deixar de ser, foi uma abertura com fortes quedas ao redor do globo nesta segunda-feira (16).

Na Ásia, o índice Nikkei - Tóquio, fechou com queda de 2,46%. Em Xangai, o SSE recuou 3,4%. Na Europa, as quedas foram mais fortes. O índice alemão Dax chegou a recuar 8,4% no pior momento do dia, e agora está em baixa de 8%. Na Inglaterra, o FTSE está em baixa de 6,9%. Os contratos futuros de S&P 500 estão caindo 4,8%.

Por aqui, o Índice Bovespa é de forte baixa. O "circuit breaker" foi acionado logo em seguida.

A decisão em cortar os juros americanos praticamente a zero apenas dois dias antes da reunião do Fed soou o alarme no mercado. O raciocínio dos investidores é simples: a autoridade monetária possui informações que não estão disponíveis aos demais participantes do mercado. E, ao anunciar uma decisão tão drástica, o Fed indica que a situação é muito pior do que se imaginava. Isso levou a mais um dia de pânico nos mercados internacionais, que deverá ter reflexos sobre o movimento das ações no Brasil. Para aumentar a incerteza, nesta semana haverá uma reunião do Copom, que deverá baixar os juros.

domingo, 15 de março de 2020

Mar 10, 2020 BARRY EICHENGREEN

Coronanomics 

In the fight against the COVID-19 pandemic, economists, economic policymakers, and bodies like the G7 should humbly acknowledge that “all appropriate tools” imply, above all, those wielded by medical practitioners and epidemiologists. Coordination, autonomy, and transparency must be the watchwords.
BERKELEY – Last week, G7 finance ministers and central bank governors vowed to use “all appropriate policy tools” to contain the economic threat posed by the COVID-19 coronavirus. The question left unanswered is what is appropriate, and what will work.
The immediate response took the form of central bank rate cuts, with the US Federal Reserve fast off the mark. Though central banks can move quickly, however, it is not clear how much they can do, given that interest rates are already at rock-bottom levels. In any case, the Fed’s failure to coordinate its rate cut with other major central banks sent a negative signal about the coherence of the response.
Moreover, monetary policy can’t mend broken supply chains. My colleague Brad DeLong has tried to convince me that an injection of central bank liquidity can help get global container traffic moving again, as it did in 2008. (Now you know the kind of elevator conversations we have at UC Berkeley.) But the problem in 2008 was disruptions to the flow of finance, which central banks’ liquidity injections could repair.
The problem today, however, is a sudden stop in production, which monetary policy can do little to offset. Fed Chair Jerome Powell can’t reopen factories shuttered by quarantine, whatever US President Donald Trump may think. Likewise, monetary policy will not get shoppers back to the malls or travelers back onto airplanes, insofar as their concerns center on safety, not cost. Rate cuts can’t hurt, given that inflation, already subdued, is headed downward; but not much real economic stimulus should be expected of them.
The same is true, unfortunately, of fiscal policy. Tax credits won’t get production restarted when firms are preoccupied by their workers’ health and the risk of spreading disease. Payroll-tax cuts won’t boost discretionary spending when consumers are worried about the safety of their favorite fast-food chain.
The priority therefore should be detection, containment, and treatment. These tasks require fiscal resources, but their success will hinge more importantly on administrative competence. Restoring public confidence requires transparency and accuracy in reporting infections and fatalities. It requires giving public health authorities the kind of autonomy enjoyed by independent central banks. (Unfortunately, this is not something that comes naturally to leaders like Trump.)
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Still, expansionary fiscal policy, like expansionary monetary policy, can’t hurt. Here, Italy has shown the way, postponing tax and mortgage payments, extending tax credits to small firms, and ramping up other spending. The US so far has shown less readiness to act, failing even to encourage people to seek testing by helping them pay their medical bills.
One obstacle to fiscal stimulus is that its effects leak abroad, because some of the additional spending is on imports. As a result, each fiscal authority hesitates to move, and governments collectively provide less stimulus than is needed. This justifies coordinating fiscal initiatives, as G20 countries did in 2009. But, by that year’s standards, the recent G7 communiqué promising “all appropriate action” was a nothingburger that did little to bolster confidence that governments would take the concerted steps called for by worsening global conditions.
Then there are fiscal hawks and monetary-policy scolds who claim that any official intervention will be counterproductive. They warn, for example, that financial systems will be impaired if central banks push interest rates deeper into negative territory. But while there surely exists an interest rate sufficiently below zero where this is the case, all the evidence is that current rates are still very far from this point.
In addition, we are cautioned that fiscal stimulus by governments with heavy debts will undermine confidence, rather than bolster it. Japan, it is said, is already dangerously over-indebted. This exaggerated argument ignores the fact that the Japanese government has  to offset against its debts. Likewise, we are reminded that the US has a looming entitlement burden, an argument that ignores the fact that the interest rate on the public debt is perennially below the economy’s growth rate. And while China’s state-owned enterprises may have massive debts, the tightly controlled financial system limits the risk of the kind of financial crisis that the country’s critics have been erroneously forecasting for years.
Central banks and political leaders, faced with a global crisis, should ignore these fallacious arguments and use monetary and fiscal policies to ensure market liquidity, support small firms, and encourage spending. But they must recognize that these textbook responses will have only limited effects when the problem is not a shortage of liquidity, but rather supply-chain disruptions and a contagion of fear. Today, economic stabilization depends most importantly on the actions of public-health authorities, who should be given the resources and leeway to do their jobs, including freedom to cooperate with their foreign counterparts.
In the fight against the COVID-19 pandemic, economists, economic policymakers, and bodies like the G7 should humbly acknowledge that “all appropriate tools” imply, above all, those wielded by medical practitioners and epidemiologists. Coordination, autonomy, and transparency must be the watchwords.

Neste mundo polarizado e boçalizado

"Se uma opinião contrária à sua própria faz você sentir raiva, isso é um sinal de que você está subconscientemente ciente de não ter nenhuma boa razão para pensar como pensa. Se alguém afirma que dois e dois são cinco, ou que a Islândia está na linha do equador, você sente pena ao invés de raiva. As controvérsias mais selvagens são aquelas onde nenhum dos dois lados possuem boas evidências. A perseguição é usada na teologia, não em aritmética, porque na aritmética há conhecimento, mas na teologia existe apenas opinião. Assim, sempre que você se ver ficando com raiva devido a uma diferença de opinião, esteja alerta; provavelmente você vai descobrir, em exame, que a sua crença está indo além do que a evidência garante."

– Bertrand Russell, An Outline of Intellectual Rubbish (1943)

sábado, 14 de março de 2020

Benito Salomão

Toda discussão acerca da expansão de gastos públicos para combater os efeitos da eventual crise causada pelo Coronavírus ou por qualquer outro tipo de choque, deve vir previamente acompanhada por uma discussão acerca do seu financiamento.

No Brasil conheço muitos economistas que, por ingenuidade ou oportunismo, defendem a elevação dos gastos públicos para acelerar o crescimento. Omitem, no entanto, que expansões do gasto público trazem consigo elevações de impostos e/ou dívida pública, que sob dadas condições são recessivas.

No Brasil há evidências de que a política fiscal seja configurada como Spend-Tax, o que significa que expansões de gastos públicos, mesmo quando temporários, são acompanhados de elevações permanentes na carga tributária.

Ir pra imprensa apresentar o benefício gerado pelo gasto e omitir o custo gerado pelo imposto ou dívida, não me parece uma forma adequada de se levar o debate sobre política fiscal no Brasil.

sexta-feira, 13 de março de 2020

Agência Estado

Bom dia!!
UM DIA DE CADA VEZ


Sexta-feira, 13 de Março de 2020

UM DIA DE CADA VEZ
Por ROSA RISCALA e MARIANA CISCATO*
... Os futuros de NY zeraram as quedas, passando a subir no meio da madrugada, o petróleo ia junto, sem que nenhuma notícia explicasse a reação, após mais um dia de circuit breakers e nervosismo. Pode não ser indicativo de nada, a não ser da alta volatilidade que sacode os mercados desde que a China exportou o coronavírus para o resto do mundo. Aqui, o estresse não só parou o Ibovespa duas vezes, mas pesou feio nos juros futuros, que bateram nos limites de oscilação, obrigando a B3 a elevar as margens para destravar os negócios.

... De ontem à noite, tem o adiamento da votação do pacote de medidas para conter o coronavírus na Câmara dos EUA, mas que pode ser aprovado hoje. No Japão, o BoJ anunciou a compra de 500 bilhões de ienes em bônus.

... Os países e os bancos centrais continuam improvisando iniciativas para lidar com os impactos da pandemia.

... Aqui, o presidente Bolsonaro deve assinar nesta 6ªF a MP que destina R$ 5 bilhões para a Saúde, enquanto o ministério da Economia começou a divulgar as primeiras ações emergenciais para socorrer o curto prazo.

... Está decidida a antecipação da primeira metade do 13º de aposentados do INSS para até o início de abril, com estimativa de que sejam injetados R$ 23 bilhões na economia. A liberação do FGTS foi descartada.

... A equipe econômica ainda deve propor a redução de juros do empréstimo consignado em folha de pagamento dos beneficiários do INSS e a ampliação do prazo e comprometimento do salário com o financiamento.

... Mas estes são sinais ainda tímidos diante das "20 semanas duras" que vêm pela frente, esse é o tempo que o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, estimou para a passagem do coronavírus pelo Brasil.

... As incertezas sobre a extensão do problema na vida social e econômica não deixam ninguém tranquilo.

... Em dias como ontem, o investidor só queria que os mercados fechassem até tudo isso passar, muita gente está machucada e sucumbiu ao pânico, que remete a dramas como a crise do Lehman Brothers e até o crash de 29.

... Alguns consideram o caos que se instalou um baita exagero, outros começam a acreditar que o coronavírus foi apenas o start de um movimento que estava previsto para acontecer mais cedo ou mais tarde.

... Nos EUA, o ciclo de 10 anos de expansão vinha resistindo por obra e graça de Trump, que foi pego no contrapé pela pandemia, que agora ameaça a força da "economia que dá inveja no mundo todo".

... Já se ouve que pode ser o fim de um ciclo, que a temida correção do S&P começou e vai dividir em dois.

... Japão e zona do euro, que já não estavam em grande forma, não passariam incólumes. E a China, que começou essa má fase, deve ser a primeira a se recuperar, não antes sem atingir, pesado, os emergentes.

... Guedes tem falado que agora é nossa vez, que o mundo está aterrissando e nós estamos decolando, mas quem consegue se animar com essa viagem, quando tudo parece estar desabando sobre as nossas cabeças?

... A resposta para enfrentar a crise, diz o ministro, está nas reformas. E esse é justamente o maior problema.

... Se o ano já era apertado para aprovar qualquer coisa, porque o segundo semestre está destinado às eleições municipais, como avançar nessa agenda com os próximos meses tomados pela guerra contra o coronavírus?

... Na Folha/hoje, Rodrigo Maia diz que, nos próximos 45 dias, o Congresso focará em propostas para enfrentar o coronavírus, enquanto Davi Alcolumbre já admite estudar um recesso parlamentar se houver infectados.

... A situação fica ainda mais preocupante com os sinais de que Executivo e Legislativo continuam em confronto.

... Nesta 5ªF, Bolsonaro desafiou o Congresso duas vezes, na live do Facebook, quando disse que o movimento de domingo era "um tremendo recado para o Parlamento", e no pronunciamento que fez em cadeia nacional.

... O presidente pediu que a manifestação fosse "repensada", devido ao coronavírus, mas apoiou a mobilização, afirmando que o povo continua "atento" e "as motivações da vontade popular continuam vivas e inabaláveis".

... É essa relação conflituosa entre os poderes que não dá segurança ao investidor, nem abastece o avião de Paulo Guedes, que continua parado na pista, com as projeções do PIB sendo reduzidas a cada dia mais um pouco.

AGENDA - Não há indicadores previstos aqui. Nos EUA, a leitura preliminar de março do índice de sentimento do consumidor dos EUA (11h), medido pela Universidade de Michigan, deve cair para 95, contra 101 em fevereiro.

... O índice de preços de importações (9h30) tem previsão de queda de 0,8% no mês passado, contra estabilidade em janeiro. À tarde (14h), a Baker Hugues divulga os poços e plataformas em atividade nos EUA.

TELECONFERÊNCIAS - Promovem conference calls hoje: Yduqs (9h), BRMalls (10h), Ânima, Qualicorp e Triunfo (11h), Taesa (11h30), Light (14h), Energisa (15h). Leia no Em tempo... os balanços divulgados ontem à noite.

PASSOU DOS LIMITES - Foram tão assustadores os gaps de tensão nos mercados domésticos ontem, que a B3 teve de se apressar a ampliar, ainda durante o pregão, os limites diários de oscilação do Ibovespa Futuro e do DI.

... Em stop loss, os juros futuros atingiram já nos minutos iniciais os topos permitidos, o dólar abriu escalando quase 6,5%, na máxima histórica de R$ 5,028, e a bolsa viveu o ineditismo de dois circuit breakers num dia só.

... Para sentir o drama, à turbulência externa, somou-se a investida do Congresso de relaxar uma das novas regras da Previdência (acesso ao BPC), detonando uma disparada do DI, que precipitou atuação histórica do Tesouro.

... Em ação coordenada com o BC, o Tesouro respondeu à pressão, anunciando leilões extraordinários de recompra e vendas simultâneas, na maior ofensiva em um único dia. A estratégica de choque foi bem-sucedida.

... Conseguiu tirar do high a curva do DI, que operava travada nas máximas do dia. Para hoje (11h), o Tesouro anunciou novo leilão de compra de NTN-B, com oferta de até 1 milhão de títulos, e venda de 300 mil NTN-B.

... Os leilões de compra de prefixados estão sendo realizados pelo Tesouro, diante da disfuncionalidade do mercado, que passou à ponta vendedora, no modo "pânico" que domina o ambiente dos negócios.

... Apesar dos esforços do Tesouro para dar saída a detentores dos papéis e de a B3 ter aumentado as margens de oscilação, ainda assim, os juros futuros voltaram a disparar em toda a curva DI, com mais força na ponta longa.

... É este o trecho que melhor reflete os riscos do coronavírus e a percepção fiscal no Brasil.

... No fechamento dos negócios, o vencimento de juro para jan/21 subia a 4,950% (de 4,215%); jan/22, 6,200% (de 5,032%); jan/23, 7,260% (de 5,923); jan/25, 8,220% (de 6,892%); e jan/27, 8,880% (de 7,602%).

... A onda de estresse esvazia cada vez mais a chance de o Copom cortar o juro na semana que vem. O JPMorgan, que ainda esperava uma ação agressiva na Selic (50 pontos), passou a apostar em juro estável este mês.

... Para o banco, "o BC não tem mais espaço para agir antecipadamente e deve adiar o afrouxamento monetário, até que tenha uma melhor visibilidade sobre a direção da política fiscal e da estabilização da taxa de câmbio".

... Também o Mizuho acredita que o BC desistirá de reduzir o juro e espera agora que o PIB cresça só 1% este ano, contra 1,5% antes. A SPX Capital já derrubou sua estimativa para um patamar inferior a 1%: aposta em só 0,9%.

... Em uma redução radical de sua perspectiva, a MCM Consultores acredita que o Brasil só vai crescer 1,4%, de 2,3% anteriormente. O JPMorgan diz que a economia "flerta com uma recessão" e o Fibra cogita retração no 2TRI.

A SAGA CREPÚSCULO - Na devastação que não acaba nos mercados globais, o BC teve de gastar US$ 1,780 bilhão em quatro leilões de venda no mercado spot para conter a escalada do dólar, que já abriu dando susto.

... Obrigando a ser rápido no gatilho, o BC elevou a oferta do primeiro leilão à vista do dia de US$ 1,5 bilhão para US$ 2,5 bilhões. Desse lote, vendeu US$ 1,278 bilhão. No segundo leilão, voltou a ofertar US$ 1,250 bilhão.

... Mas colocou só US$ 332 milhões. No terceiro leilão, ainda antes do almoço, não aceitou nenhuma proposta à oferta de mais US$ 1 bilhão. À tarde, sem anunciar o montante oferecido, vendeu mais US$ 170 milhões.

... A bala na agulha exibida pelo BC lançou o dólar para baixo de R$ 4,80 no fechamento, quando era cotado a R$ 4,7891 (+1,41%). Ainda assim, o patamar é recorde. No mês, a moeda americana sobe 6,5% e, no ano, 19%.

... Para hoje (10h15), o BC chamou dois leilões de linha de até US$ 2 bilhões em recursos novos.

... Na bolsa, a fúria vendedora quase acionou um terceiro circuit breaker, só evitado pelo US$ 1,5 trilhão do Fed e pela decisão da B3 de ampliar o limite de baixa do Índice Futuro para 15%, que congelou o Ibovespa.

... Naquele momento, o índice à vista raspava nos 20% de queda (caía 19,59%, a 68.488,29 pontos), que suspenderiam automaticamente o pregão pelo resto do dia. A bolsa só voltaria a operar hoje. Foi por um triz.

... No Broadcast, a manobra foi apelidada de "intervenção branca" e conseguiu evitar o pior.

... A primeira pausa na bolsa aconteceu logo no início do pregão, quando furou os 10% de queda (-11,65%). O pregão parou por meia hora. Às 11h, o segundo circuit breaker (uma hora) veio com queda de 15,43%.

... Só esta semana, o mecanismo foi acionado quatro vezes, fenômeno nunca visto antes. Com as barreiras de pessimismo sendo testadas, o Ibovespa fechou ontem em baixa de 14,78% (72.582,53 pontos).

... Estabeleceu, assim, de novo, a pior perda diária em termos porcentuais desde a crise russa.

ALVOS FÁCEIS - Gol (PN, -36,29%), Azul (PN, -32,89%) e CVC (ON, -29,11%) dominaram o ranking negativo do Ibovespa. No massacre do dia, as ações da Azul entraram 21 vezes em leilão ontem e Gol, oito.

... Entre as maiores baixas da série histórica, Petrobras PN derreteu 20,50%, a R$ 12,60, e ON, -21,08%, a R$ 12,92, depois de terem emplacado mais cedo queda livre de quase 30% no intraday, por mais um pregão.

... Lá fora, o petróleo pegou bem mais leve: Brent (maio), -7,18%, a US$ 33,22, e WTI (abril), -4,49%, a US$ 31,50.

... Ainda entre as blue chips das commodities, Vale (ON, -13,23%, a R$ 35,35) e as siderúrgicas voltaram a operar vulneráveis, com quedas firmes para CSN ON (-17,96%), Gerdau PN (-16,47%) e Usiminas PNA (-13,85%).

... Depois da interrupção geral da bolsa à tarde, Itaú foi o primeiro dos papéis de maior peso no índice a sair de leilão, com queda menor que a registrada antes da pausa. Ao final do pregão, caía 9,82%, a R$ 23,60.

... Bradesco PN perdeu 13,41%, a R$ 21,64, BB ON, -13,29%, a R$ 31,25, e as units do Santander caíram 13,47%. No novo normal da bolsa, nenhuma ação do Ibovespa fechou o dia em território positivo.

... Eletrobras (PNB, -19,33%, e ON, -18,24%) sentiu o comentário do secretário especial de Desestatização, Salim Mattar, de que o programa do governo de vender participações em estatais é atingido pelos efeitos da epidemia.

... IRB ON desvalorizou 27,95%, após o BTG cortar drasticamente o preço-alvo da companhia, de R$ 40 para R$ 15.

VIVEMOS NUM MUNDO DOENTE - A proibição de Trump de viagens da Europa aos EUA, por um mês, sem que a Casa Branca tenha anunciado até agora medidas concretas de estímulos fiscais, ofuscou os esforços do Fed/NY.

... O anúncio de injeção de US$ 1,5 trilhão via operações de recompra (repo), teve efeito momentâneo, mas foi insuficiente para evitar novo colapso. Em busca de caixa, o investidor vende ativos de risco e proteção.

... É uma tentativa de matar a sede por liquidez nestes tempos que ficarão gravados a ferro e fogo na memória.

... Historicamente defensivo, o ouro tem surpreendido com mínimas, porque os BCs estariam se desfazendo do metal para guardar arsenal contra o coronavírus e o investidor estaria vendendo para cobrir perdas nas bolsas.

... No piso intraday, ontem, o ouro para maio foi cotado a US$ 1.560.65 a onça-troy e só reduziu o fôlego de queda, para US$ 1.590,30 (-2,96%) no fechamento dos negócios, por causa da atuação agressiva do Fed/NY.

... Também os Treasuries têm desafiado o padrão de oscilações de crise, que a rigor seria de alta. Ao invés de se lançarem a uma corrida por proteção, players têm se desfeito dos bônus títulos para honrar prejuízo em bolsa.

... É o que explica as altas dos yields da Note de dez anos (0,884%, de 0,879% na véspera) e do T-Bond de 30 anos (1,476%, contra 1,372%). Só a taxa de dois anos caiu, a 0,477%, de 0,505%, porque o Fed ainda deve agir.

... O juro pode chegar a zero em maio ou ainda nesta semana, na aposta ousada da Pantheon. Para o ING, o BC americano pode optar por um corte de até 100 pontos e adotar o QE formalmente ainda agora em março.

... Em Wall Street, pela segunda vez esta semana, o circuit breaker foi acionado, logo na abertura do pregão, quando o S&P 500 atingiu o limite de baixa de 7% e exigiu a interrupção das operações por 15 minutos.

... A pausa nos negócios, porém, não dissipou o pessimismo, apressando o Fed/NY a injetar liquidez no sistema financeiro, sem que, nem assim, o investidor tenha segurado a onda negativa. É estresse na veia do mercado.

... Considerado um medidor do medo, o índice VIX de volatilidade subiu 40%, a 75,47 pontos, maior nível desde 2008, no auge da recessão global. Nas bolsas em NY, os três principais índices já operam agora em bear market.

... Foi o pior dia para o Dow Jones (queda 9,99%, 21.200,89 pontos) e para o S&P 500 (-9,51%, 2.480,64 pontos), desde o episódio da Black Monday, há 33 anos (1987), marcado pelo tombo de 22,61% do Dow.

... A Nyse já estuda fechar o seu pregão físico e ficar só com o sistema de negociação eletrônica, como aconteceu em Chicago, como resposta ao medo do coronavírus, num plano de contingência sem precedentes.

... Diante da dimensão da crise, foi com surpresa e frustração que os investidores receberam a decisão do BCE de optar por não cortar o juro neste momento, embora tenha anunciado um pacote de medidas de estímulos.

... O comitê de Lagarde vai expandir o seu programa de relaxamento quantitativo (QE) em 120 bilhões de euros para compras extras de bônus e lançar um novo programa de empréstimos baratos para os bancos.

... No câmbio, o euro caiu para US$ 1,1198 e o dólar também levou a melhor contra o iene (105,34/US$).

EM TEMPO... VALE advertiu que pode vir a adotar medidas de contingência ou eventualmente suspender operações em função do alastramento do coronavírus no mundo, ainda que não tenha sofrido impacto da doença.

BRMALLS registrou lucro de R$ 407,6 milhões no 4TRI (-44%). Ebitda somou R$ 725,7 mi (-32,2%).

RENNER. Grupo Schroder diminuiu fatia para 4,99%, de 5% ontem, passando a deter 39.688 mi de ações ON.

LIGHT passa de lucro para prejuízo de R$ 366 milhões no 4TRI.

ENERGISA teve lucro de R$ 353,3 mi no 4TRI, queda de 47,6%; Ebitda somou R$ 968,1 mi (-46,4%) no período.

TAESA. O lucro líquido da companhia recuou 34,1% no 4TRI, para R$ 177,4 milhões.

QUALICORP lucrou R$ 66,7 mi no 4TRI (-30,2%); Ebitda, -47,2% (R$ 126,4 mi); no ano, lucrou R$ 392,8 mi (-0,6%).

DASA antecipará campanha de vacinação contra gripe em função do coronavírus, a partir de sábado.

ODONTOPREV. Conselho aprovou o pagamento de JCP de R$ 0,0261 por ação, ou R$ 13,8 mi; ex-juro dia 18.

YDUQS registrou lucro de R$ 77 milhões no 4TRI/2019, salto de 372,6%; Ebitda subiu 99,7%, a R$ 177 milhões.

UNIDAS lucrou R$ 51,1 milhões no 4TRI, alta de 39% contra igual intervalo de 2018.

TRIUNFO reverteu prejuízo e lucrou R$ 30,61 milhões no 4TRI; Ebitda ajustado subiu 31,3% (R$ 130,4 milhões).

INVEPAR informou a venda de sua participação na concessionária Rota do Atlântico para a gestora Monte Equity.

WILSON SONS teve queda de 64,2% no lucro do 4TRI, para US$ 5,8 milhões; Ebitda caiu 32,8%, a US$ 24,8 mi.

UNICASA lucrou R$ 6,56 mi no 4TRI, em alta de 263,2%; receita foi de R$ 44,54 mi, avanço de 6,6% no período.

CYRELA aprovou programa de recompra de até 6,89% das ações em circulação no mercado.

ENAUTA informou que manterá investimentos bilionários no campo de Atlanta, na Bacia de Santos, apesar da queda do petróleo; previsão para o consórcio nesse projeto é de US$ 1 bi a US$ 1,5 bi, segundo a companhia.

BANCO INTER anunciou programa de recompra de até 10% das ações em circulação.

SINQIA. Conselho aprovou recompra de até 10% das ações em circulação no mercado, ou 8,4% do capital social.

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DESTAQUES DA NOITE: CORONAVÍRUS PODE LEVAR A REAVALIAÇÃO DA META FISCAL DE 2020

São Paulo, 13/03/2020 - Veja o resumo das reportagens que foram destaque na noite e na madrugada. Para mais detalhes, confira a íntegra da notícia na data e no horário informados:

21:40 - FONTE: META FISCAL PODE SER REAVALIADA CASO NECESSÁRIO, DADO O CORONAVÍRUS

Por Idiana Tomazelli

Brasília, 12/3/2020 - A equipe econômica poderá reavaliar a meta de resultado primário de 2020, caso seja necessário diante do avanço do novo coronavírus no Brasil, informou um integrante da equipe econômica ao Broadcast. A medida seria adotada em caso de necessidade para garantir os recursos demandados, sobretudo pelo Ministério da Saúde, e evitar uma paralisia do governo num momento crítico para o País. A meta fiscal permite hoje um déficit de até R$ 124,1 bilhões nas contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central.

06:25 - BOLSAS DA ÁSIA E PACÍFICO: MERCADOS SEGUEM TOMBOS DE NY E EUROPA, MAS SYDNEY SE RECUPERA

Por Sergio Caldas

São Paulo, 13/03/2020 - As bolsas asiáticas tiveram mais um pregão de fortes perdas nesta sexta-feira, na esteira de quedas históricas nos mercados acionários dos EUA e da Europa, em meio a persistentes temores com o avanço do coronavírus em países fora da China, onde a doença teve origem. Na Oceania, porém, a bolsa australiana conseguiu se recuperar parcialmente, num dia de extrema volatilidade.

05:02 - DJ/FONTES: BOJ NÃO DEVERÁ CORTAR JUROS, MAS OFERECER AJUDA A EMPRESAS AFETADAS POR CORONAVÍRUS

Tóquio, 13/03/2020 - O Banco do Japão (BoJ, pela sigla em inglês) está hesitante em se juntar ao Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e cortar juros, uma vez que sua taxa de depósito já é negativa, e deverá focar em prestar ajuda financeira a empresas afetadas pelo novo coronavírus, segundo fontes com conhecimento do assunto. Fonte: Dow Jones Newswires.

02:28 - BOJ OFERECE COMPRAR 500 BILHÕES DE IENES EM JGBS EM OPERAÇÃO NÃO PROGRAMADA

Tóquio, 13/03/2020 - O Banco do Japão anunciou nesta sexta-feira uma operação não programada para comprar 500 bilhões de ienes em bônus do governo japonês (JGBs, na sigla em inglês) em um acordo de recompra a começar em 16 de março. Fonte: Dow Jones Newswires.

22:01 - EUA/PELOSI: CÂMARA E GOVERNO AINDA TRABALHAM EM PROPOSTA DE RECURSOS PARA COMBATER CORONAVÍRUS

Washington, 13/03/2020 - A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, afirmou na noite desta quinta-feira que a Casa e o governo do presidente Donald Trump ainda estão trabalhando em detalhes da projeto de lei para a liberação de recursos que serão usados no combate ao surto de coronavírus no país.

04:13 - ALEMANHA: INFLAÇÃO ANUAL SE MANTÉM EM 1,7% EM FEVEREIRO, CONFIRMA DESTATIS

Por Sergio Caldas

São Paulo, 13/03/2020 - O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da Alemanha subiu 1,7% em fevereiro ante igual mês de 2019, repetindo a variação anual observada em janeiro, segundo dados finais publicados hoje pela agência de estatísticas alemã, a Destatis. Em relação a janeiro, o CPI alemão subiu 0,4% em fevereiro.

(Equipe AE)




PSC: GOVERNO ADIANTA PARCELA DO 13º DO INSS; VOTAÇÃO DO PACOTE DE TRUMP DEVE OCORRER HOJE

Por Mateus Fagundes

São Paulo, 13/3/2020 - O Ministério da Economia anunciou na noite de ontem medidas para minimizar os efeitos do coronavírus na atividade. A principal delas: o adiantamento da primeira parcela do 13º do INSS para abril. A previsão é de uma injeção de R$ 23 bilhões.

As medidas foram discutidas no âmbito de um comitê de monitoramento instituído pelo Ministério para avaliar os impactos econômicos da pandemia no Brasil. O grupo é constituído por representantes das oito Secretarias Especiais da pasta e será coordenado pelo secretário-executivo, Marcelo Guaranys.

A pasta vai propor ainda na semana que vem ao Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) a redução do limite de taxa de juros para empréstimos consignados em folha de pagamento dos beneficiários do INSS. Em outra frente, uma proposta será enviada ao Congresso Nacional para ampliar a margem do salário que pode ser comprometida com a parcela do financiamento.

Guaranys informou que a liberação de R$ 5 bilhões para o Ministério da Saúde será feita por crédito extraordinário - mecanismo que fica de fora do alcance do teto de gastos. A Medida Provisória deve ser assinada hoje pelo presidente Jair Bolsonaro.

O secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, chegou a falar também que estava no radar da equipe econômica a liberação de parte do FGTS aos trabalhadores. O Ministério, porém, emitiu nota horas depois esclarecendo que a medida não está sendo estudada.

Por sua vez, nos Estados Unidos, o pacote relacionado ao coronavírus, proposto anteontem pelo presidente Donald Trump, deve ser votado somente hoje na Câmara dos Representantes.

Havia certa expectativa de que os deputados chegassem a um acordo final ainda na noite de quinta-feira, o que não se concretizou. A presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, ressaltou, contudo, que está próxima de um acordo com os republicanos e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin.

Em reação, os futuros de Nova York chegaram a cair 3% e a Bolsa de Tóquio teve tombo de 10% no pior momento da sessão. Sobre os mercados asiáticos pesa ainda um ajuste à forte queda dos índices americanos, em especial o do Dow Jones, cuja queda (-9,99%) foi a maior desde a Segunda-Feira Negra (19 de outubro de 1987).

Telegráficas

Ajuste. A equipe econômica poderá reavaliar a meta de resultado primário de 2020, caso seja necessário diante do avanço do novo coronavírus no Brasil, informou um integrante da equipe econômica à repórter Idiana Tomazelli. A meta fiscal atual permite um déficit de até R$ 124,1 bilhões nas contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central. A avaliação é que, diante da situação excepcional, mexer na meta fiscal, caso necessário, pode dar ao governo os instrumentos necessários para garantir despesas emergenciais diante da pandemia, sem comprometer a confiança no País.

Operação. O Banco Central anunciou, no fim da tarde de ontem, dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) de até US$ 2 bilhões em recursos novos para hoje. A oferta ocorrerá das 10h15 às 10h20. A oferta do BC será na modalidade pós-fixado Selic. A taxa de câmbio utilizada na venda será a do boletim das 10 horas da ptax. As operações de venda da autoridade monetária serão liquidadas no dia 17 de março. Já as liquidações de compra ocorrerão em duas datas, 5 de maio (leilão A) e 2 de julho (leilão B).

Operação 2. Por sua vez, o Tesouro Nacional vai ofertar, para venda, até 300 mil NTN-B, a serem distribuídas entre os vencimentos de 15/5/2035, 15/8/2040, 15/5/2045, 15/8/2050 e 15/5/2055. Para os mesmos vencimentos, a oferta de recompra é de até 1 milhão de títulos.

Hipótese. A Vale informou que pode enfrentar dificuldades operacionais relacionadas à força de trabalho por conta da pandemia do coronavírus. "Podemos ter que vir a adotar medidas de contingência ou eventualmente suspender operações", diz a companhia, ressaltando que, até o momento, não sofreu qualquer impacto material ou teve qualquer funcionário infectado por conta do avanço da doença no mundo.

Desmobilização. Nas redes sociais e em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV, o presidente Jair Bolsonaro defendeu o adiamento de atos pró-governo, inicialmente marcados para domingo (15), por causa do coronavírus. No Facebook, Bolsonaro destacou que o movimento ocorre de forma "espontânea" e que não foi ele quem programou as manifestações, mas que os políticos precisam estar abertos a esse tipo de protesto.

De molho. Com Bolsonaro à espera do resultado para o Covid-19, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que o presidente pode ficar em isolamento domiciliar caso teste positivo. "Se der positivo o presidente vai ter que despachar daqui (Palácio da Alvorada). A gente vai recomendar o isolamento domiciliar. Se não der, ou der outro vírus, que é mais comum, que é o Influenza, a gente libera, vida que volta normal", declarou, ao lado de Bolsonaro na live semanal. Os dois e a tradutora de libras estavam com máscaras na transmissão.

Alerta. O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, decretou estado de emergência na cidade, afirmando que o surto de coronavírus "poderia facilmente ser uma crise de seis meses". Locais que recebem muitas pessoas, como o Barclays Center e o Madison Square Garden, devem ser fechados por meses para tentar conter a disseminação da doença, informou a autoridade em entrevista coletiva.

Contato: mateus.fagundes@estadao.com

*Com colaboração de Idiana Tomazelli, Denise Abarca, Julia Lindner, Pedro Caramuru e Iander Porcella

quinta-feira, 12 de março de 2020

Maiores quedas do BOVESPA desde o Plano Real

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Teodoro Meissner

Lá vai um raro textão. Desculpem.
Não vou às manifestações do próximo dia 15. Por não concordar com o seu leit-motiv.
Se concordasse, também não iria, por causa do coronavírus, embora os infectologistas garantam que não há um só caso de contaminação comunitária no Brasil, até o momento em que escrevo. Logo, não há evidência nenhuma de que o novo vírus esteja circulando no País, fora dos locais de isolamento onde estão os infectados. Mas circulará em breve, é inevitável, dizem os mesmos especialistas. E esse breve pode ser daqui a um minuto, daqui a alguns dias, no máximo duas semanas, afirmam. Por segurança, não quero me juntar a multidões, seja para qual fim for.
Voltando às manifestações.
Não considero a Constituição e muito menos o Congresso intocáveis. Ao contrário, creio que precisam de aperfeiçoamentos urgentes.
Lembro-me de uma conversa ocorrida há mais ou menos 25 anos. Em um almoço privado, estávamos eu, o diretor de redação de um dos jornalões e o presidente no Brasil de uma importante corporação multinacional, nosso anfitrião. Entre os tópicos discutidos no encontro (não era uma entrevista, mas troca de pontos de vista), um foi como fazer o País funcionar com essa Constituição e esse Congresso (não importam os nomes das pessoas físicas que estejam parlamentares no momento). Não vislumbramos saída democrática. E rejeitamos qualquer uma que não o fosse.
Um quarto de século depois, nenhuma saída foi encontrada, nem consigo vislumbrá-la no médio prazo (a longo prazo estaremos todos mortos, já disse alguém).
Todos os presidentes que ocuparam o cargo, pós-ditadura, de diferentes matizes ideológicos, disseram que a Constituição tornava o País ingovernável. Uma Constituição parlamentarista (seu maior mentor, Ulysses Guimarães, era parlamentarista e sonhava ser primeiro-ministro) para um regime presidencialista não tinha como dar certo. O problema é: como mudar a Constituição sem torná-la ainda pior, dada a indigência da maioria da classe política atual, que se rege majoritariamente na base do “Matheus, primeiro os teus”? Não tenho solução. Nem ninguém encontrou nesses mais de 30 anos de vigência da “cidadã”.
Vamos ao Congresso.
A questão do Senado é de resolução mais simples. O primeiro passo é voltarmos a ter dois senadores por unidade federativa e não três. Esse terceiro senador foi introduzido pelo Pacote de Abril (de 1977), pelo general-presidente Ernesto Geisel, como forma de continuar a controlar o Senado depois da monumental e inesperada surra que a ditadura levou nas eleições de 1974. O terceiro senador não era eleito, mas nomeado pelo governo, razão pela qual ganhou o apelido de “biônico”. A “cidadã” manteve o terceiro senador, apenas determinando que ele também fosse eleito pelo voto. Afinal, uma boquinha a mais para a insaciável fome dos políticos nunca é demais, não é mesmo?
A Câmara exige uma reforma política muito mais ampla e que não vejo no horizonte. Uma das principais bandeiras dos que defendem que “no Parlamento não se mexe” é que os parlamentares foram eleitos democraticamente pelo povo.
Não, não foram. Dos 531 deputados federais de hoje, só 27 dependerem apenas dos votos dados a eles para se elegerem (míseros 5,26% do total). O resto só está lá por causa da esdrúxula regra dos votos no partido e/ou na coligação de partidos. Em outras palavras: um Tiririca elege uns dez Rodrigo Maia, o instant darling da imprensa que, assim como Ulysses, sonha em ser o imperador do Brasil, com seus minguados 70 mil e tantos votos recebidos na última eleição e que não lhe garantiram assento na Câmara.
Vem aí uma reforma política, talvez no próximo ano.
(Nesse ano, não acredito. O segundo semestre será de “recesso branco” por conta das eleições municipais. E é bem provável que com essa história de coronavírus Suas Excelências em breve antecipem o tal recesso.)
Desconfio que a reforma que virá não atacará a questão de base: como tornar o Congresso representativo da vontade popular, como é, ou deveria ser, obrigatório em uma democracia representativa? Há muitas maneiras de se fazer isso (voto distrital, distrital misto etc.). Mas a maneira como está serve perfeitamente às oligarquias que dominam o Congresso. Para que mudar?

Luiz Carlos Mendonça de Barros

Na avaliação de Mendonça de Barros, o governo não deve adotar medidas de estímulo na tentativa de fazer frente aos efeitos da instabilidade, algo que vem sendo aventado por alguns economistas. “O estímulo virá da China, daqui a alguns meses. Quando a propagação da doença estiver controlada, o governo lançará 1 pacote para a retomada da atividade”, afirmou. As medidas a serem adotadas pelos chineses deverão ter forte impacto na economia brasileira, que tem no país asiático o principal destino das exportações. “O governo deve esperar esse momento para atuar aqui, de forma coordenada com o que for feito na China”, explicou. Mesmo com essa possibilidade de recuperação da demanda a partir do estímulo chinês, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro neste ano será novamente frustrante, na avaliação de Mendonça de Barros. “Os 2 últimos trimestres serão melhores do que os 2 primeiros. Mas teremos perdido mais uma oportunidade de crescer de forma mais intensa quando isso estava prestes vir. Foi assim também em 2017, no governo Temer”, disse. Ele não vê, no atual quadro, espaço para privatizações. “Se não fizeram isso quando estávamos com céu de brigadeiro, não será feito nesta situação, com investidores avessos ao risco”, afirmou.

Mergulho do mercado

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O BEAR MARKET MAIS RÁPIDO DO MUNDO O recente colapso das bolsas americana fizeram com que os mercados de bolsa entrassem em "bear market" (>20% de queda). Nunca antes na história um mercado tinha entrado em BM tão rápido (19 dias).

FED INJETA RECURSOS

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FED PLANEJA INJETAR U$ 1 TRI POR SEMANA O banco central americano acaba de anunciar que vai disponibilizar cerca de 1 trilhão de dólares por semana para o mercado interbancário (Repo Market), durante o resto de março. Parece que o Fed entrou definitivamente no modo QE4.

Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...