quarta-feira, 12 de maio de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 120521 MAIS SOBRE A ATA DO COPOM

Os mercados continuam operando em torno da trajetória das commodities, com especial atenção para a soja e o minério de ferro no Brasil, e seus possíveis impactos inflacionários. Isso parece ser preocupação no mundo, também no Brasil, sendo que por aqui o BACEN já está agindo, correndo atrás da curva.

Nos EUA, no entanto, o debate segue intenso, com o Fed ainda achando faltar muito para o início do ciclo de aperto monetário, já que, na leitura deles, o desemprego ainda é elevado (em torno de 6,1% da PEA) e as pressões inflacionárias, ainda transitórias. Nesta quarta-feira sai o CPI, na quinta, o PPI.

Por aqui, o BACEN segue atento. Na ata do Copom, divulgada ontem, o board do banco deixou transparecer que o ciclo de ajustes da Selic, neste ano, deve terminar antes de chegar ao patamar neutro, em torno de 6,5%. Este seria aquele que não desestimula a economia, e mantém a inflação sob controle. Teremos um ajuste de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Copom, em junho, a 4,25%, outro ajuste em agosto, na mesma intensidade, a 5,0%, depois mais um, para fechar o ano a 5,5%.

Na ata do Copom, o destaque acabou sendo o parágrafo 14, na qual reitera-se de que “o processo de normalização da Selic será parcial”, argumentando que um ajuste total poderia levar as expectativas de inflação para muito abaixo da meta. “Elevações de juros subsequentes, sem interrupção, até o patamar considerado neutro implicam projeções consideravelmente abaixo da meta de inflação no horizonte relevante”.

Na verdade, temos como garantido mais um ajuste da Selic em 0,75 ponto percentual na reunião de junho, depois, tudo dependendo do ciclo de vacinação e também de como a economia e a inflação responderão. Isso porque a valorização cambial recente, com o dólar a R$ 5,20, é um fator poderoso de “amortecimento” dos preços tradeables (bens sensíveis ao câmbio), assim como o ritmo de retomada da economia ainda muito desigual e fraco, só devendo deslanchar com o fim do ciclo de vacinação. E este, ao que tudo indica, deve ficar para setembro ou outubro. Entre março e abril deste ano, devido ao atraso destas vacinações e pelo lockdown parcial em alguns e estados, a atividade sentiu o tranco e recuou, com a indústria e o comércio no mensal, em queda

Sobre a inflação, o IPCA de abril registrou 0,31%, desacelerando contra março (0,60%), mas no acumulado em 12 meses em elevação, 6,76%, por substituirmos períodos de baixa do primeiro semestre do ano passado com mais elevados. Até junho este índice do IBGE, em 12 meses, deve chegar a 8%. Analisando o índice por segmentos, observamos recuo nos preços dos bens não duráveis (alimentos), aceleração nos monitorados e os serviços (não comercializáveis) em baixa. Nossa projeção para o final do ano segue em 5,1%, mas devemos estar atentos ao reajuste da energia elétrica, em faixa vermelha, sancionado agora entre abril e maio.

Enfim, acreditamos ter uma leitura do BACEN bem clara sobre como deve atuar na política de juro até 2022. Tentará se antecipar neste ano, elevando o juro a 5,5% até setembro, dar um tempo, observando a atividade e a inflação. Na verdade, seu objetivo é trazer o IPCA, de 8% em junho para próximo ao centro da meta (3,75%), mesmo elevando o juro real a 4% e a Selic a 6,5%.
























terça-feira, 11 de maio de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 11/05/2021 - DIA DE ATA DO COPOM

Iniciamos esta terça-feira atentos ao que será dito na ata do Copom, embora já pareça consenso a estratégia de “ajustes parciais” do Banco Central, pelo menos até a Selic atingir 5,5% e depois se “aguardar como a atividade econômica deve transcorrer, assim como o ciclo de vacinações”.

Sobre a pandemia, há um certo desconforto no ar, pois não conseguimos ainda sair das 750 mil aplicações diárias de vacina. No balanço do dia 10 são 889 óbitos diários, acumulando 423 mil até o momento. A média de novos casos segue estabilizada, mas hoje o total foi muito influenciado pelo Paraná. São 25.200 novos casos e 13,5 milhões de recuperados.

Como dito acima, na vacinação não estamos bem. Estacionamos em 750 mil doses diárias, e deveríamos estar no dobro disso. A China está vacinando mais de 7 milhões por dia, a Índia e os EUA 2 milhões e a Alemanha 800 mil. Israel já terminou o ciclo de vacinações e ao que parece, retorna a vida normal, mesmo que num novo olhar, pela ausência de mortes e novos casos.

Nesta segunda-feira, dia 10, os mercados se movimentaram de forma “estreita”, diante da agenda pesada desta semana. Na terça, dia 11, destaquemos a ata do Copom, na quarta-feira o IPCA, dados de atividade de Serviços, balanços corporativos e ao longo da semana a CPI da Covid.

Nos EUA, o movimento das T-notes deu uma estressada diante da intensificação do debate do Fed sobre se seria o momento de começar a discutir um corte nas compras de bônus. Isso jogou pressão sobre as bolsas de forma geral, mas os papéis de tecnologia foram os que mais sentiram, e a Nasdaq caiu mais de 2,5%.

Enquanto isso, no entanto, apesar dos ruídos políticos vindos da CPI da Covid e da revelação sobre um "orçamento secreto", feita no fim de semana, os juros futuros de curto prazo seguiram perto da estabilidade, à espera da comunicação do Banco Central logo cedo.

Esse ambiente de cautela fez o real ser capturado pelo movimento lateral da divisa americana ao redor do globo, o que resultou em discreta valorização de 0,07% no mercado à vista, a R$ 5,2320, a despeito de nova redução de posições contra a moeda brasileira na B3 e em Chicago. Já o Ibovespa não escapou do comportamento “morno” dos demais ativos, ao terminar com perda de 0,11%, a 121.909 pontos, apesar do avanço de bancos e Petrobras. Nem mesmo a disparada dos preços do minério de ferro teve força para sustentar Vale, o que ajudou a segurar o índice.

Na agenda de balanços corporativos da semana, na terça-feira, Carrefour, BTG PACTUAL, Klabin, Banco Inter, Telefônica, Petrobras e Sul América; na quarta-feira Eletrobras, Suzano, Rumo, MRV, JBS, BRF, LOCAWEB e YDUQS; na quinta, MAGALU, IRB, BRMALLS, RENNER e Natura, e, finalmente, na sexta, CVC, COSAN, COGNA e CEMIG.

TERÇA-FEIRA NO MERCADO

Nos EUA, a inflação continua no radar dos investidores, no Brasil o câmbio segue “derretendo”, dado o carry trade em curso e o ingresso de recursos externos, devido às concessões, fusões e exportações de agronegócio. Por outro lado, seguem as incertezas fiscais e os ruídos políticos. Nesta terça-feira, atenção para a ata do Copom e o IPCA.

O IPCA deve registrar algo em torno de 0,3% a 0,4%, num ritmo de desaceleração, mas em 12 meses ainda muito elevado. Sobre a ata, o segredo será saber o que o Bacen deve decidir da sua “normalização parcial” da taxa Selic, quando boa parte do mercado esperava que a expressão fosse retirada na reunião do dia 5. O Copom de junho deve registrar mais um ajuste de 0,75 ponto percentual, a 4,25%, depois mais um, de 0,75 p.p., e outro, de 0,5 p.p., até a Selic fechar o ano em 5,5%.

Na 2ª feira, em NY havia uma releitura do payroll (266 mil), considerando que os números fracos podem ter sido distorcidos pelo auxílio garantido pelo pacote fiscal de Biden, que desestimularia a procura por emprego (abaixo). Esperava-se algo em torno de 1 milhão.

Falando da pandemia, e do ciclo de vacinação, há alguma frustração com o ritmo de 750 mil, enquanto o ideal seria o dobro. No stress entre governo federal e os chineses o problema é o atraso das remessas, afetando o cronograma de imunização a partir de junho. A expectativa é de que o insumo seja liberado até 5ª feira, chegando até dia 18, mas o envio ainda não confirmado.

Nesta semana, o Instituto Butantan deve entregar mais um milhão de doses (amanhã) e um 1,1 milhão na 6ª feira, direcionadas para as capitais que estão retomando a aplicação da segunda dose da Coronavac. Em nota ontem à noite, a Anvisa pediu suspensão imediata da vacina da AstraZeneca para grávidas, após a morte de uma gestante no Rio de Janeiro que havia tomado o imunizante. O caso está sendo investigado.

Retonamos também a CPI da Covid, com o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, questionado principalmente sobre a Sputnik V. O testemunho do ex-chanceler Ernesto Araújo, na 5ª feira, parece muito aguardado, após notícias de que ele mobilizou o Itamaraty para conseguir cloroquina, quando o medicamento já era considerado ineficaz contra a covid.

Por fim, o ex-ministro Pazuello continua tentando escapar da CPI, agora recorrendo ao STF para depor na condição de investigado, e não testemunha, o que lhe daria o direito de permanecer em silêncio para não se autoincriminar.

Em Brasília, continua a repercutir negativamente o tal “tratoraço”, um acordo com os deputados e senadores do Centrão, para a criação de um orçamento paralelo, mobilizando R$ 3 bilhões.

Sobre a agenda de reformas, “meio de lado”, Arthur Lira defende uma “reforma tributária possível”, dividida em duas partes. A reforma administrativa deve ser entregue pela Câmara ao Senado em um mês e meio e ainda o debate sobre as privatizações. Segundo ele, “a pauta econômica tem que ser destravada este ano, porque 2022 é ano eleitoral”.

MAIS AGENDA – Influenciado pela gasolina mais barata, o IPCA de abril (9h) deve perder fôlego, de 0,93% em março para 0,3% a 0,4%.

Na agenda de balanços corporativos da semana, na terça-feira, Carrefour, BTG PACTUAL, Klabin, Banco Inter, Telefônica, Petrobras e Sul América; na quarta-feira Eletrobras, Suzano, Rumo, MRV, JBS, BRF, LOCAWEB e YDUQS; na quinta, MAGALU, IRB, BRMALLS, RENNER e Natura, e, finalmente, na sexta, CVC, COSAN, COGNA e CEMIG.

sábado, 8 de maio de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 07/05/21 - MAIS DO MESMO

Parece que a quinta-feira repetiu o restante da semana, com o mercado atento ao que seria dito pelos ministros da Saúde convocados, neste caso, o médico cardiologista e atual ministro Marcelo Queiroga na CPI da Covid 19, e mais sobre a “precificação”, ou absorção pelo mercado, do que foi decidido na reunião do Copom de quarta-feira. 

Nada de grandes novidades.

Sobre a CPI, novamente, não trouxe grandes revelações e manteve percepção de que a CPI ainda carece de maior embasamento técnico na área de saúde e infectologia. Os senadores envolvidos pouco sabem sobre medicina.

O depoimento do ministro Queiroga consolidou um braço que será central para estratégia do grupo majoritário da CPI, capitaneado por Renan Calheiros: a tese de que o Planalto, por iniciativa pessoal do presidente Bolsonaro, montou uma espécie de "gabinete paralelo", visando passar por cima do ministério da Saúde. 

Segundo um membro da CPI o “3º dia de CPI está encerrado. Ficou claro um roteiro trágico e repetitivo: 1) os ministros com formação médica defendem as práticas baseadas na ciência; 2) tentam convencer o presidente; 3) batem no muro da ignorância; 4) se demitem ou são demitidos. Queiroga já está na etapa 3."

Na semana que vem temos os executivos da Pfizer e o ex secretário Fabio Wajngarten. Ambos abordarão a questão da compra de vacinas, o maior "nó" do governo. Nas semanas seguintes terermos o ex-ministro Antônio Pazuello e talvez o ex-ministro Ernesto Araújo. 

nas seguintes, os gestores públicos de escalões mais baixos, diretamente envolvidos em ações que podem comprometer o governo, inclusive ao explicar as compras de cloroquina, bem como a crise em Manaus - outro "nó" em potencial.

Ainda sobre a decisão do Copom, ao que parece o ajustamento parcial ainda deve se manter, com mais dois ajustes de 0,75 ponto percentual e um de 0,5 p.p. A taxa Selic irá para 5,5% e neste patamar permanecerá.  

Por fim, sobre a pandemia mais uma queda, fomos para 2.252 óbitos diários na média móvel. Já temos 14 unidades da federação com menos de 10 MM/dia (mortos por mihão) e apenas duas acima de 15 (RJ e PR). Mas incomoda a curva dos novos casos, estamos praticamente no mesmo patamar de 2 semanas atrás. 

Sobre a agenda de sexta-feira (07), passados os dados de recuo da produção industrial de março, divulgados ontem, temos hoje os dados do varejo, da Pesquisa Mensal do Comércio (IBGE) no mesmo mês. Saberemos com mais sobre mais esta onda da pandemia, neste caso, causada pelo atraso da vacinação. Dados negativos para o comércio também podem ter como efeito colateral o aprofundamento do discurso do presidente contra medidas de isolamento social. Será um dia importante também nos EUA quando teremos novos elementos para tentar decifrar em que ritmo (ou intensidade) se encontra a economia norte-americana, se muito aquecida ou dentro dos parâmetros ou modelos do Fed. Saem neste dia o payroll e a taxa de desemprego ambos de abril.

Bons negócios a todos!

quinta-feira, 6 de maio de 2021

MERCADOS EM MAIO

Chegamos ao segundo relatório sobre as perspectivas dos mercados em maio. A análise "top down", de "cima para baixo" ("top down approach”), segue como ferramental recomendada, pois permite aos investidores um olhar, primeiro, do ambiente macroeconômico como um todo (doméstico e global), depois, mais de setores e empresas.

Neste, é possível observar as oportunidades, a serem "garimpadas", no mercado de capitais.
 
De antemão, consideramos MAIO, no mercado de capitais brasileiro, mais um mês desafiante, o que deve demandar uma postura mais CONSERVADORA dos investidores na alocação de recursos.
De antemão, dependendo do ritmo das vacinações, achamos que os lockdowns localizados devem começar a se afrouxar, até pouco estaremos diante da redução do número de óbitos. Isso, no entanto, não deve afastar o fato de que teremos ainda um período de transição em que todo o cuidado será necessário. O tripé isolamento social, uso de máscara e álcool gel, continuará a nortear as nossas vidas, mas parte do comércio voltará a operar, assim como alguns serviços.

A seguir, alguns pontos a serem considerados.

Como condicional será importante estarmos atentos à CPI da Covid 19, que pode acirrar os ânimos e respingar no comportamrnto dos investidores. Isso porque será objetivo desta analisar todo o caminho do governo no enfrentamento da pandemia, seus vários passos errados, como no início, negando a CORONAVAC, contra o governo João Dória, de São Paulo. Isso está fartamente documentado. Assim como a postura do presidente nas negociações com a Pfizer, na encomenda até o final do ano de 70 milhões de doses. Outro fato à desgastar este governo será sua postura negacionsita, defendendo o “tratamento preventivo”, o uso do “kit Covid”, hoje demonstrado ineficaz. Ao fim, especulações indicam que o governo Bolsonaro realizou pesadas encomendas junto ao governo Trump de cloroquina e que os estoques deste remédio estão abarrotados no Exercito.

Importante também será estar atento ao ritmo da vacinações e a daí, uma mais rápida normalização da vida econômica. Em 24 horas, até o dia 06, o número de óbitos chegou a 2811, 414 mil no acumulado e 73.295 novos casos. Há uma reversão da tendência de alta. A chegada de novas doses de vacinas, produzidas pelo Butantan, Fiocruz e Pfizer, são um bom indicativo. Isso pode levar o Brasil ao ritmo ideal de vacinações, 1,5 milhão ao dia, podendo terminar os grupos prioritários neste semestre (80,5 milhões).

Na política econômica, destaque para a reunião do Copom desta semana. A taxa Selic foi elevada a 3,50% a.a e foi sinalizado, dada a “normalização parcial”, também para a reunião de junho na mesma toda, +0,75 ponto percentual, a 4,25%. Lembremos que em março o comitê optou por começar o “ciclo de normalização parcial”, correndo atrás da curva, com alta de 0,75 ponto percentual. Sinalizou também, pela ata, que, a não ser por mudanças significativas, “seria adequado dar continuidade a esse processo com outro ajuste de mesma magnitude”. Nesse contexto, afirmou que sua próxima decisão continuaria dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.

Nos EUA, os três pacotes de estímulo recentes, além do ritmo de vacinação, são ensejos para uma recuperação mais rápida da economia norte-americana. Estimativas apontam um crescimento do PIB acima de 6% neste ano. Em paralelo, os rendimentos dos Treasuriers de 10 anos cederam a 1,6%, diante da confirmação de Jerome Powell de que manterá a política monetária até que o desemprego caia abaixo dos 6% da PEA atual. Nesta semana temos os dados de março do payroll e do desemprego. Isto posto, temos uma maior apreciação do real frente ao dólar, em desvalorização no mundo

Este quadro, reforçado pelo pacote de infraestrutura de Joe Bidem, deve estimular as empresas brasileiras exportadoras de minério de ferro, de papel e celulose e de outras commodities. O fluxo de exportações destas para os EUA deve se intensificar.

Não devemos esquecer também da China, grande demandante de commodities brasileiras e em trajetória de consistente recuperação, destaque para as minerais. A cotação do minério de ferro, nos primeiros quatro meses deste ano, passou de Us$ 89 a US$ 193, com valorização de 116%. O mesmo ocontece com o barril de petróleo Brent. Neste primeiro quadrimestre de 2021 passou de US$ 50,8 a US$ 68,23, com valorização de 34,3%.

Sobre as commodities agrícolas, as perspectivas também são muito boas. A soja, por exemplo, já se valorizou 84,5% em 12 meses.

Isso destaca as empresas produtoras de commodities, ou ligadas, sem esquecer celulose (papel e papelão, embalagens), algodão (indústria têxtil) e também “proteína animal” (frigorífico), fortemente demandadas pelos chineses.

Enquanto isso, no Brasil o "trinômio" pandemia, front fiscal desafiante e ambiente político tensionado, devem nortear o cenário de abril, influenciando na trajetória do mercado de capitais. Lembremos que estes três também foram predominantes em março, mas mesmo assim o Ibovespa se valorizou 6,0%. Em abril, este mercado se manteve num bom drive, embora crescendo bem menos, o que reforça um certo ambiente de instabilidade. No mês, o Ibovespa se valorizou 1,9%, fechando a 118.893 pontos, no ano em pequeno recuo de 0,1%.

Continuaremos

Olhando para o Ibovespa até abril, vemos o setor em melhor performance foi o de commodities (IMAT) com um peso de 23% no IBOV composto por:

- VALE (subiu 165% nos últimos 12 meses),
- Suzano (subiu 77% nos últimos 12 meses),
- Gerdau (subiu 36% nos últimos 12 meses) entre outras.

O segundo setor com maior desempenho foi o industrial (INDX) que tem um peso de 21% no IBOV composto por:

- Ambev (subiu 31% nos últimos 12 meses),
- WEG (subiu 70% nos últimos 12 meses) entre outras.

Pelo lado negativo, o pior Setor Imobiliário (IFNC) que corresponde apenas a 1,6% 
do IBOV. E também o Setor Financeiro (IFNC), cujas empresas correspondem à 29% do IBOV.

Alocação

Setores

Se mantenha distante

Empresas públicas; varejo físico; hotelaria; imobiliário; rede hospitalar; shoppings. 

Boa oportunidade

Empresas produtoras de commodities (minério de ferro, soja, petróleo, celulose); de proteína animal (frigoríficos); de tecnologia; comércio virtual; bancos privados; setor elétrico; planos de saúde e laboratórios farmacêuticos.

MACRO MERCADOS DIÁRIO 04/05/2021 - AMBIENTE É DE CAUTELA

A semana teve início com os mercados “meio de lado”, cautelosos sobre uma série de eventos em curso.

Por aqui, a reunião do Copom e a CPI da Covid capitalizam as atenções, enquanto que nos EUA, o debate se desloca para os custos inflacionários dos pacotes anunciados pelo presidente Biden e os indicadores, em divulgação, alguns melhores do que outros.


Nesta segunda-feira (03), as bolsas de valores de NY operaram tímidas e o dólar perdeu um pouco de terreno, diante da divulgação do PMI Industrial de abril, dos Gerentes de Compra (MSI), que acabou aquém do esperado. Passou de 64,7 para 60,7 pontos, quando o mercado esperava expansão. Por outro lado, o PMI Industrial do IHS Markit veio em suave expansão, passando de 59,1 para 60,5 pontos, mas abaixo das expectativas do mercado (60,6). A interpretar estes dados a “limitação de oferta”, e não problemas com a demanda. Não há esta certeza. A economia norte-americana ainda mostra alguns “pontos vacilantes”, diante dos riscos da pandemia e do fato dos mais pobres ainda não estarem totalmente incorporados. Por enquanto, predomina a retórica mais dovish do presidente do Fed, Jerome Powell. Para eles, a economia ainda levará algum tempo para se recuperar. Isso tende a reverter a tendência de alta dos Treasuries de 10 anos, que ontem estavam em 1,6%.

Enquanto isso, os pacotes de estímulo, anunciados pelo governo, seguem em debate no Congresso. Lembrando: são US$ 1,3 trilhão de pacote emergencial, US$ 2,3 tri para infraestrutura e US$ 1,8 tri para educação e as famílias. O problema é que Biden, para bancar estes pacotes, necessita de uma taxação pesada sobre os mais ricos, que ganham mais de US$ 1 milhão por ano, além das empresas, e isso não parece agradar a bancada republicana. Estes deputados e senadores se perguntam “se dariam um cheque em branco a um senhor de quase oitenta anos”.

No Brasil, a CPI da Covid, a reunião do Copom e, também, a proposta de reforma tributária são os destaques da semana.

Esta última, em parecer entregue na Comissão Mista, deve ser objeto de intensos debates. Muitos a consideram uma “meia bomba”, fatiada em três ou quatro partes. A primeira seria transformar o PIS e o Cofins em Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). Numa proposta anterior, da PEC 45 do senador Baleia Rossi, a ideia era criar o IVA a substituir o IPI, o PIS, o Cofins, o ICMS e o ISS, algo muito mais consistente e profundo. Claro que seria importante uma transição para os estados e municípios se adaptarem, e isso teria que estar no “cálculo político”. Estranhamente, esta PEC, uma solução no sentido de simplificar a carga de impostos, acabou pelo caminho, optando-se pelo parecer atual em discussão, ao nosso ver, algo totalmente inócuo.

Sobre a CPI da Covid, nesta terça-feira tem início as “oitivas”, ou seja, os depoimentos dos ministros da Saúde, desde o “início” da pandemia no Brasil, em março de 2020.

Primeiro falará Luiz Henrique Mandetta, que deve vir com chumbo grosso (é só lerem o seu livro), depois Nelson Teich, o “breve”, apenas um mês no cargo, na quarta-feira, o que diz “ele manda, nós obedecemos”, Eduardo Pazuello; em seguida, o atual ministro Marcelo Queiroga e na quinta-feira, o presidente da Anvisa Antônio Barra Torres.

Naturalmente, a situação do presidente Bolsonaro não é confortável. Mandetta deve falar sobre a briga dele com o presidente, na defesa do isolamento contra a necessidade da economia continuar rodando e, também, no embate da cloroquina, o mesmo motivo que fez o competente médico Nelson Teich não continuar no ministério.

No entanto, a situação mais delicada deverá ser a do ex-ministro Pazuello, na sua teimosa defesa pelo tratamento preventivo ou “kit Covid”, já condenado pelo mundo e pela OMS. Nestes embates, não será possível esconder ou omitir nada. Tudo está nas redes sociais, na imprensa, e terá que ser bem esclarecido. Acreditamos, claro, que isso deve trazer alguma instabilidade aos mercados. Não será possível uma “guerra de versões”. O que parece predominar hoje é que o presidente se guiou na contramão do bom senso e do equilíbrio. Seu negacionismo pode lhe custar o cargo.

A verdade é que continuamos transitando em terreno nebuloso sobre este vírus. Os tratamentos são poucos e limitados. Apenas o isolamento, o uso de máscaras e a higiene permanente, parecem ser capazes de obstruir um vírus, que se propaga pelo ar, pelo contato das pessoas. Contra isso, apenas o isolamento social e as quarentenas, quando necessárias.

Perdemos um ano pela total falta de coordenação e entrosamento entre os poderes da República. Não tivemos, ao longo deste período, um comitê de notáveis para a adoção de medidas necessárias, o entrosamento entre os entes subnacionais (estados e municípios) e o governo federal, diálogo entre as esferas de poder. Deu no que deu. Como resultado, mais de 405 mil mortos até o momento.

Um alento será a entrega de 100 milhões de vacinas pela Pfizer por estes dias. Ótima notícia diante deste cenário de 2,4 mil mortes pela média móvel semanal. Para piorar, ainda se tem o “caos indiano”, e o que isso deve trazer para o mundo nas próximas semanas. Por lá, novos casos já passaram de 100 mil.

Sobre a reunião do Copom, é maioria os que acreditam num ajuste de 0,75 ponto percentual nesta quarta-feira, a 3,5% ao ano, mas dúvida maior se concentra no comunicado a ser divulgado depois. Será que teremos um recado mais duro, mais hawkish, no linguajar do mercado, ou será neutro?

Uma dúvida aqui é saber se a “normalização virá parcial” ou não. Se será retirada ou mantida a palavra “parcial”. Muitos consideram ainda haver espaço para mais um ajuste de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Copom em junho. Já a pesquisa Focus acredita que a taxa Selic vai a 5,5% ao fim deste ano.

O fato é que a inflação continua elevada, contaminada pela valorização forte das commodities, mas observa-se que o câmbio vem se apreciando, o que tende a ser um fator de amortecimento para estas pressões inflacionárias. Nesta segunda (dia 03), o dólar chegou a cair a R$ 5,37, mas diante do terreno pantanoso na qual navegamos, cheio de instabilidade, acabou fechando em R$ 5,4188 (-0,24%).

Dava para ter caído mais. Isso porque o Fed de Jerome Powell continua ainda apegado à sua “política acomodatícia”, enquanto que, por aqui, seguem em curso as estratégias de ajuste da Selic. É neste carry trade, de diferencial de juro, e de liquidez externa ingressando no nosso mercado, com saldo cambial favorável, que estamos tratando. E ele se torna ainda mais favorável, quando se observa que a balança comercial vem com fortes superávits. Em abril o saldo foi a US$ 10,34 bilhões, com as exportações registrando US$ 26,48 bilhões, melhor saldo no mês pela série histórica, só possível pela forte demanda de commodities, em especial, vinda da China.


Bons negócios a todos!

Agenda Semanal
Indicadores

3ª Feira (04)
Reunião do COPOM (Br) Declaração de Taxa do RBA e Decisão da Taxa de Juros (Aus); Balança Comercial (Mar) (EUA); Encomendas à Indústria (Mar) (EUA); Estoques de Petróleo Bruto Semanal API.

4ª feira (05)
PMI Composto e Setor de Serviços Markit (Apr) (EUA); Produção Industrial (IBGE, Mar) (Br); Variação de Empregos Privados ADP (Apr) (EUA); PMI Composto e Setor de Serviços Markit (Apr) (Br); PMI Composto e Setor de Serviços Markit (Apr) (EUA); ISM Não-Manufatura: Emprego (EUA); Estoques de Petróleo em Cushing; Decisão da Taxa de Juros Selic (Copom); Composto e Setor de Serviços (Apr) (China).

5ª feira (06)
Mercado deve “precificar” a reunião do COPOM; Relatório Mensal do BCE (Euro); Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego (EUA); Balança Comercial (Apr) e PMI do Setor de Serviços Caixin (China).

6ª feira (07)
Vendas no Varejo (PMC, IBGE, Mensal) (Mar) (Br); Relatório de Emprego (“Payroll”) (Apr) (EUA); Taxa de Participação (Apr) (EUA); Taxa de Desemprego (Apr) (EUA).

MACRO MERCADOS DIÁRIO 05/05/2021 - DIAS DIFÍCEIS

Terça-feira foi intensa e quarta-feira não deve ser diferente. Teremos a reunião do Copom, sendo consenso o ajuste de 0,75 ponto percentual, a 3,5%, e a CPI da Covid 19 deve avançar nas suas “oitivas”, com o depoimento do ex-ministro e médico Nelson Teich. No exterior, os mercados devem continuar a repercutir as declarações de Janet Yellen, e atenção especial deve ser dada ao transcurso da pandemia no mundo, com especial destaque para a Índia.

Realmente, ontem foi um dia de stress nos mercados. No Brasil, uma série de fatores internos também pesaram, assim como as citadas declarações de Yellen. A bolsa de valores paulista, pelo índice Ibovespa, recuou 1,26%, a 117.712 pontos e lá fora, em NY, os mercados fecharam sem uma “direção definida”. O Dow Jones subiu 0,06%, a 34.133 pontos, mas o S&P recuou 0,67%, a 4.164 pontos e o Nasdaq cedeu 1,86%, a 13.633 pontos. Tudo porque a secretária de Tesouro Norte-americano, Janet Yellen, sinalizou que o juro norte-americano pode ser elevado se houver um sobreaquecimento da economia.

No Brasil, tudo se complicou ainda mais, depois do “direto e assertivo depoimento” do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta na CPI da Covid, criticando a postura negacionista do presidente, quanto à gravidade da pandemia, além da “politização da vacina”. Soma-se a isso, a base de apoio politico do governo no Congresso indicando que pretende derrubar os vetos do presidente ao Orçamento deste ano. Isso acabou ofuscando a boa notícia da apresentação do projeto de reforma tributária.

Na reunião do Copom parece dado que o Banco Central deve tentar “ancorar as expectativas”, tentando trazer a inflação do ano que vem para próxima da meta de 3,75%. Isso porque, neste ano, o IPCA fechará acima do teto da meta, pelas nossas estimativas, entre 5,1% e 5,3%.

Sobre as decisões do Copom, um ajuste de 0,75 ponto percentual ocorre hoje, depois, mais dois, um de 0,75 p.p. na reunião de junho, e um de 0,5 p.p. em julho, para fechar o ano em 5,5%. O IPCA previsto é de 5,1% neste ano, mas preocupa a bandeira vermelha tarifária, autorizada pela Aneel, o que deve impactar o índice do IBGE em 0,2 ponto percentual no curto prazo.

Neste cenário, será importante observar o que será dito no comunicado, depois da reunião. Será que o BACEN continuará vendo a inflação como transitória e manterá o ajuste “parcial” da Selic, ou será que retirará este termo “parcial” e agirá de forma mais dura, mais hawkish, visando ancorar as expectativas para o ano que vem?

Em outras palavras, a autoridade monetária deve deixar o cenário para o “data dependent” ou deve agir com mais força no curto prazo?

De qualquer forma, achamos importante retirar este termo “parcial”, por engessar por demais e gerar ruídos desnecessários no mercado. Parcial então deverá ser lido como uma sinalização de juro, uma expectativa, e não um rígido compromisso.

Sobre a evolução da CPI da Covid 19, o receio maior é de que os depoimentos dos ministros, e de outros atores, sobre a administração da pandemia, acabem por ofuscar o esforço de tocar as reformas. A tributária por exemplo, foi apresentada ontem, mas pouco notada, dada a importância do depoimento do Mandetta. Disse ele, inclusive, que enviou ao presidente, pouco antes da sua exoneração, uma carta avisando sobre o risco de colapso do sistema de saúde e defendendo o isolamento social. Ao que parece, esta acabou ignorada.

No exterior, as atenções sobre o que disse Yellen, na hipótese de elevar o juro se a economia sobreaquecer, foram “amenizadas” pela resposta do Fed e da Casa Branca, considerando, por enquanto, possíveis pressões inflacionárias como transitórias. À noite de ontem, Yellen concertou o que disse, não colocando como inevitável a elevação de juro agora, mas deixando no ar esta possibilidade, desde que a inflação comece a pressionar.

Sobre a agenda do dia, além da reunião do Copom, destaque para os indicadores de atividade no Brasil, como o PIM do IBGE de março, já devendo mostrar alguma perda de fôlego, diante do atraso das vacinas na ocasião e o clima político piorando, e nos EUA, toda atenção para a geração de empregos do setor privado, segundo a ADP.

Bons negócios a todos!

Agenda Semanal
Indicadores

4ª feira (05)
PMI Composto e Setor de Serviços Markit (Apr) (EUA); Produção Industrial (IBGE, Mar) (Br); Variação de Empregos Privados ADP (Apr) (EUA); PMI Composto e Setor de Serviços Markit (Apr) (Br); PMI Composto e Setor de Serviços Markit (Apr) (EUA); ISM Não-Manufatura: Emprego (EUA); Estoques de Petróleo em Cushing; Decisão da Taxa de Juros Selic (Copom); Composto e Setor de Serviços (Apr) (China).

5ª feira (06)
Mercado deve “precificar” a reunião do COPOM; Relatório Mensal do BCE (Euro); Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego (EUA); Balança Comercial (Apr) e PMI do Setor de Serviços Caixin (China).

6ª feira (07)
Vendas no Varejo (PMC, IBGE, Mensal) (Mar) (Br); Relatório de Emprego (“Payroll”) (Apr) (EUA); Taxa de Participação (Apr) (EUA); Taxa de Desemprego (Apr) (EUA).

terça-feira, 4 de maio de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 03/05/21 - SEMANA DE CPI DA COVID E COPOM

Iniciamos maio com uma agenda doméstica centrada no que deve desenrolar na CPI do Covid e na decisão do Copom, na quarta-feira. Dúvidas surgem sobre como o relator da CPI deve se comportar. Na semana passada, na formação da mesa e nas discussões do cronograma, já se observavam algumas divergências entre os senadores que estarão nesta coordenação.

É uma semana também importante, pois teremos a reunião do Copom quando o Banco Central do Brasil deve deliberar sobre a política de juro para os próximos 45 dias. Muitos consideram inevitável mais uma elevada da taxa Selic em 0,75 ponto percentual, a 3,5%, e depois uma parada para ver como o mercado reage. O que parece perceptível é o forte movimento de valorização do real por estes dias, dada o carry trade entre juro doméstico e norte-americano, parado próximo à zero (0,25%). Na sexta-feira fechou em R$ 5,43, e não será surpresa se mantiver esta toada de queda do dólar, até pelo ingresso de recursos externos com os IPOs e o saldo cambial favorável pelo lado financeiro e também comercial, com as exportações agrícolas. Ou seja, é possível que nesta semana o dólar siga ladeira abaixo e o real se valorizando. Como dito acima, o único fator a “balançar” esta tendência de valorização do real é a total instabilidade política.

Nesta, destaquemos as manifestações pelo Brasil, no final de semana, “contra tudo e contra todos”, mas mais contra a necessidade de confinamento (dada a ameaça do vírus e a possibilidade das cepas mais agressivas).

Pessoas morrem como moscas na Índia e aqui no Brasil parte da população não se convence sobre a necessidade do isolamento social, do uso de máscaras, dos confinamentos, quando necessários, diante do atraso das vacinas, neste caso, sendo culpa apenas um ator, o governo. Enquanto as vacinas não estiverem chegando no ritmo desejável, a tendência será a pessoas terem que continuar com medidas preventivas e protetivas.

E será isso que a CPI da Covid-19 irá investigar. Um dos pontos mais importantes, aliás, será verificar porque o governo, intempestivamente, optou pelo tal “tratamento preventivo” com o “kit Covid 19” e não pelo protocolo global, batalhar pelas vacinas e manter o isolamento social e o uso de máscaras?

Mas o BC estará atento também ao comportamento da inflação. O IPCA-15 de abril deu uma boa cedida, enquanto que o IGP-M, contaminado pelas commodities em alta e o dólar valorizando até há algumas semanas atrás, foi a 1,51%. Veio acima do esperado (1,37%), mas em desaceleração na comparação com o resultado de fevereiro (+2,94%). Em 12 meses foi a 32,02%.

Este resultado do mês veio puxado pelo IPA (ainda que saindo de 3,56% para +1,84%), em especial nos preços dos produtos industriais (1,88%), com comportamento mais favorável da gasolina e do minério de ferro. Por sua vez, o IPC desacelerou de 0,98% para 0,44%, mostrando acomodação dos preços ao consumidor (assim como ocorreu no IPCA-15), mas atingiu 6,07% em 12 meses. O INCC também perdeu força (de 2,0% para 0,95%), respondendo a um comportamento dos preços de materiais, equipamentos e serviços (de 3,76% para 1,88%).

É possível que o fortalecimento do Real no curto prazo deva ajudar o índice nos próximos meses, sobretudo nos preços ao produtor (IPA).

Pela pesquisa Focus, do dia 23, observa-se a Selic a 5,5% ao fim deste ano, acima de 5,0% há quatro semanas, indo a 6,23% em 2022, 6,50% em 2023 e 6,50% em 2024. Já o IPCA previsto é de 5,01% para este ano, depois de 4,81% há quatro semanas, 3,60% no ano que vem, 3,25% em 2023, mesmo patamar para 2024. Por fim, o câmbio previsto para este ano é de R$ 5,50 (R$ 5,00 há quatro semanas), R$ 5,40 em 2022; R$ 5,17 em 2023; R$ 5,08 em 2024.

Nos EUA estejamos atentos aos PMI ao longo da semana e os indicadores de mercado de trabalho, com a oferta de empregos do setor privado e payroll. A partir destes, será possível ao Fed ter uma leitura mais clara sobre os próximos passos da sua política de juro.

Nos mercados nesta manhã de segunda-feira (dia 3), os Futuros Norte Americanos operavam da seguinte forma, S&P 500 (+0,29%); Dow Jones 30 (+0,31%); e Nasdaq (+0,16%). A US Tech operavam em alta de 0,18% e o S&P VIX (+5,68%). No mercado de commodities, o barril de petróleo WTI ( -0,16%), o barril de petróleo Brent (-0,19%). Nas commodities minerais, o minério de Ferro recuava 3,72%.

MACRO MERCADOS DIÁRIO 04/05/2021 - AMBIENTE É DE CAUTELA

Semana teve início com os mercados “meio de lado”, cautelosos sobre uma série de eventos em curso. Por aqui, a reunião do Copom e a CPI da Covid capitalizam as atenções, enquanto que nos EUA, o debate se desloca para os custos inflacionários dos pacotes anunciados pelo presidente Biden e os indicadores, em divulgação, alguns melhores do que outros.

Nesta segunda-feira (03), as bolsas de valores de NY operaram tímidas e o dólar perdeu um pouco de terreno, diante da divulgação do PMI Industrial de abril, dos Gerentes de Compra (MSI), aquém do esperado. Passou de 64,7 para 60,7 pontos, quando o mercado esperava expansão. Por outro lado, o PMI Industrial, IHS Markit, veio em suave expansão, passando de 59,1 para 60,5 pontos, mas abaixo das expectativas do mercado, que esperava 60,6. A interpretar estes dados a “limitação de oferta”, e não problemas de demanda.

Não há esta certeza. A economia norte-americana ainda mostra alguns aspectos vacilantes, diante dos riscos da pandemia e do fato dos mais pobres ainda não estarem totalmente incorporados. A economia norte-americana se recuperando mais rápido do que o esperado, pode desafiar o discurso mais dovish do presidente do Fed, Jerome Powell, de que a economia ainda levará algum tempo para se recuperar, revertendo a tendência de queda dos juros de 10 anos e do DXY.

Enquanto isso, os pacotes de estímulo, anunciados pelo governo, seguem em debate no Congresso. Lembrando, são US$ 1,3 trilhão de pacote emergencial, US$ 2,3 tri para a infraestrutura e US$ 1,8 tri para educação e as famílias. O problema é que Biden, para bancar estes pacotes, quer uma taxação pesada sobre os que ganham mais de US$ 1 milhão por ano, além das empresas, e isso não parece agradar as bancadas republicanas no Congresso. Estes se perguntam “se dariam um cheque em branco para um senhor de quase oitenta anos”.


No Brasil, a CPI da Covid, a reunião do Copom e, também, a proposta de reforma tributária são as novidades da semana.

Esta última, em parecer entregue na Comissão Mista, deve ser objeto de debates. Muitos a consideram uma “meia bomba”, fatiada em três ou quatro etapas. A primeira seria transformar o PIS Cofins em Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). Numa proposta anterior, na PEC 45 do senador Baleia Rossi, a ideia seria criar o IVA a substituir o IPI, o PIS, o Cofins, o ICMS e o ISS, algo muito mais consistente e profundo. Claro que seria necessário um período de transição para os estados e municípios se adaptarem, mas este teria que estar no “cálculo político”. Estranhamente, esta PEC, uma solução no sentido de simplificar a carga de impostos, acabou pelo caminho, optando-se por algo totalmente inócuo à curto prazo.

Na CPI da Covid, nesta terça-feira tem início as oitivas dos depoimentos dos ministros da Saúde, desde o “início” da pandemia no Brasil, em março de 2020. Primeiro falará Luiz Henrique Mandetta, que deve vir com chumbo grosso (é só lerem o seu livro), depois Nelson Teich, o “breve”, pois ficou apenas um mês no cargo e na quarta-feira, o que diz “ele manda, nós obedecemos”, Eduardo Pazuello. Em seguida teremos o atual ministro Marcelo Queiroga e o presidente da Anvisa Antonio Barra Torres na quinta-feira.

Naturalmente, a situação do presidente não parece confortável. Mandetta deve falar sobre a briga dele com o presidente, na defesa do isolamento contra a necessidade da economia continuar rodando, também no embate da cloroquina, o mesmo motivo que fez o competente médico Nelson Teich não continuar no ministério.

Talvez a situação mais delicada deverá ser do ex-ministro Pazuello, na sua teimosa defesa pelo tratamento preventivo ou do “kit Covid”, já condenado pelo mundo, pela OMS, e vamos em frente. Nestes embates, não será possível esconder ou omitir nada. Tudo está nas redes sociais, tudo terá que ser esclarecido. Acreditamos, claro, que isso deve trazer muita instabilidade aos mercados. Não será possível uma guerra de versões. O que parece predominar hoje é que o presidente se guiou na contramão do bom senso e do equilíbrio. Os tratamentos contra a Covid 19 são poucos e limitados. Apenas o isolamento, o uso de máscaras e a higiene permanente, obstruem um vírus que se propaga pelo ar, pelo contato das pessoas. Contra isso, apenas o isolamento social e as quarentenas, quando necessárias.

Perdemos um ano pela total falta de coordenação e entrosamento entre os poderes da República. Não tivemos, ao longo deste período, um comitê de notáveis na adoção de medidas necessárias, não tivemos entrosamento entre entes subnacionais (estados e municípios) e o governo federal, não tivemos diálogo entre as esferas de poder. Deu no que deu. Como resultado, mais de 405 mil mortos até aqui.

Sobre a reunião do Copom, é maioria os que acreditam num ajuste de 0,75 ponto percentual nesta quarta-feira, a 3,5% ao ano, mas dúvida maior se concentra no comunicado a ser divulgado depois. Será que teremos um recado mais duro, mais hawkish, no linguajar do mercado, ou neutro? Um ponto aqui é saber se a “normalização virá parcial” ou não. Se retira ou mantém a palavra parcial. Muitos consideram ainda haver espaço para mais um ajuste de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Copom de junho. A Focus acredita que a taxa Selic vai a 5,5% ao fim deste ano.

O fato é que a inflação continua elevada, contaminada pela valorização forte das commodities, mas observa-se que o câmbio vem se apreciando, o que tende a ser um fator de amortecimento para estas pressões inflacionárias. Ontem, o dólar chegou a cair a R$ 5,37, mas diante do terreno pantanoso na qual navegamos, cheio de instabilidade, acabou fechando em R$ 5,4188 (-0,24%). Dava para ter caído mais. Isso porque o Fed de Jerome Powell continua ainda apegado à sua “política acomodatícia”, enquanto por aqui seguem em curso as estratégias de ajuste da Selic. É neste carry trade que a liquidez externa ainda ingressando no nosso mercado, com o saldo cambial favorável. E ele se torna ainda mais favorável, quando se observa que a balança comercial vem desempenhando fortes superávits. Em abril, o saldo foi a US$ 10,34 bilhões, com as exportações registrando US$ 26,48 bilhões, melhor saldo no mês pela série histórica, só possível pela forte demanda por commodities, em especial, da China.

Por fim, um alento neste momento de incertezas absolutas, uma entrega de 100 milhões de vacinas da Pfizer devem estar chegando por estes dias. Ótima notícia diante do cenário de 2,4 mil mortes pela média móvel semanal, 405 mil acumuladas e para piorar, o caos indiano e o que isso deve trazer ao mundo nas próximas semanas. Nesta virada de semana, novos casos passaram de 100 mil por lá.

Na agenda semanal, nos EUA, temos como destaque os dados de mercado de trabalho referentes a abril. Na China, dados da Balança Comercial movimentarão os mercados; na Europa, dados macro da Zona do Euro e reunião do BC Inglês e da Turquia ditarão os rumos da política monetária.

Nos EUA, na 4ªfeira será divulgado o resultado do ADP (exp. 875 mil), que mostra a criação de vagas no setor privado do país; na 6ª feira o payroll (exp. 978 mil) e a taxa de desemprego (exp. 5,7%) serão divulgados. Os dados robustos são consequência do acelerado cronograma de vacinação, que permite a reabertura da economia e principalmente do setor de serviços, segmento que mais emprega.

sábado, 1 de maio de 2021

MACRO MERCADOS SEMANAL 30/04/2021- BALANÇO

Chegamos nesta sexta-feira (30) ao fim do primeiro quadrimestre do ano, 14º mês de pandemia, e é importante um balanço, breve que seja, sobre o que aconteceu nesta última semana e no mês de abril como um todo (estaremos fazendo um artigo especial, neste fim de semana, traçando um cenário mais detalhado sobre o que enxergamos para maio e o restante do ano).

Basicamente, o que tivemos em abril foram “batalhas bem intensas” sobre a discussão do Orçamento deste ano, atrasado em quatro meses, a abertura da CPI da Covid, mais um lapso, dentre tantos, deste governo, e a pandemia, com as mortes chegando a 400 mil no acumulado, mais um mês de recorde, superando o anterior.

Sobre o Orçamento, depois de muitos avanços e recuos, acabou sancionado no dia 15, com o presidente vetando R$ 29 bilhões em despesas e emendas, mas, inevitável, gerando um grande desgaste entre os membros da equipe econômica, com vários saindo, destaque para o “número dois”, Waldery Rodrigues. Agora, o governo deve ir “executando” este orçamento, ajustando, ao logo do ano, onde cortar para o pagamento das despesas obrigatórias.

Falando da CPI da Covid, os trabalhos tiveram início nesta semana, sob a relatoria do senador por Alagoas, Renan Calheiros, mas muitos embates foram observados, com alguns querendo dar um caráter mais técnico, e outros, “faturar politicamente”.

De fato, a CPI deve mobilizar as atenções, pois o presidente, e o ministério da Saúde, erraram sim, ao negar encomendas de algumas vacinas, sempre na contramão do que deveria ser feito. Negou também a urgência da necessidade de uma campanha de conscientização, o uso de máscaras, álcool gel, isolamento social, quarentena, quando inevitáveis os picos de mortes.

Claro que o governo se exime de parte da responsabilidade, afirmando que o STF deu aos estados a devida autonomia para gerenciar a crise, no uso de recursos, e a estes entes não faltaram, mas é fato também a postura sempre errada do presidente, nestes 14 meses de pandemia, negando a realidade dos fatos, “batendo boca” com todos. O momento era de união, coordenação, organização. Nada disso foi possível.

Tivemos alguns indicadores econômicos mais promissores, mas inevitável um “freio de arrumação” na atividade entre março e abril, já que a economia perdeu força, dadas as vacinas em atraso, levando a inevitáveis lockdown, e o clima político açodado. A inflação ao consumidor cedeu um pouco agora em abril, com o IPCA-15 a 0,6%, mas o IGP-M foi a 1,51%, acima do esperado.

No governo central, uma boa notícia foi o superávit primário de R$ 2,1 bilhões do governo central, melhor resultado para o mês desde 2014. No mercado de trabalho, o Caged mostrou a geração de 184,1 mil vagas formais em março, bem melhor do que o ocorrido no mesmo mês do ano passado (fechamento de 276,3 mil vagas, decorrentes do início da pandemia).

Foi um mês também em que o governo realizou concessões de diversos aeroportos de segunda linha pelo Brasil, estradas de ferro, portos e rodovias. Nesta sexta a expectativa se volta para o leilão de concessão da CEDAE, empresa de saneamento do Rio de Janeiro, podendo a outorga chegar a R$ 10,6 bilhões, numa intensa disputa entre 12 candidatos. Importante salientar, no entanto, que não se tem tanta certeza da sua realização, dados os movimentos contrários da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e de sindicatos, ligados aos servidores da empresa.

Nos EUA, o governo Joe Biden mostrou a que veio. Passados 100 dias da sua posse são impressionantes os seus feitos. Iniciou uma maciça campanha de vacinação pelo país prometendo imunizar a todos os adultos até maio deste ano, anunciou uma série de pacotes fiscais robustos, o último, nesta semana, para a área de educação, no total de R$ 1,8 trilhão. Antes, tivemos um pacote de infraestrutura de US$ 1,9 trilhão e um mais amplo, para as áreas ambiental, social, alternativas energéticas, dentre tantas, no total de US$ 2,25 trilhões.

Mas claro que na economia não existe “free lunch”. Alguém terá que pagar.

No seu discurso no Congresso na quarta-feira à noite, Biden falou “em impostos para quem fatura mais de US$ 1 milhão de ganhos de capital por ano e mais de US$ 400 mil.”

Segundo ele, as empresas terão que pagar, sendo muitas, com impostos reduzidos, não pagaram na gestão Trump. O corte de impostos de 2017 (Trump) elevou o déficit público em US$ 2 trilhões e “colocou bilhões no bolso de CEOs; na pandemia, 650 bilionários elevaram suas rendas em total de US$ 1 trilhão.”

Destacou também, “que o salário mínimo será elevado para US$ 15 por hora e que, com o apoio do Congresso, pode conceder crédito tributário a famílias, em medida que contemplaria até 65 milhões de crianças”.

Na opinião de muitos, o ativismo fiscal do presidente Biden surpreendeu, num discurso e decisões bem “progressista”, para muitos, “algo excessivo”. Como já dissemos, a contraposição a isso será um aumento da carga de impostos. Vejamos como a economia real deve reagir.

Foi uma semana também de reunião de Fomc e do presidente Jerome Powell pregando pela manutenção da “política acomodatícia”, sem expectativa imediata de elevação do juro, atualmente em 0,25% ao ano e o desmonte da política de compra de ativos (QE). Já o PIB do 1º trimestre nos EUA veio em linha com o esperado, crescendo 6,4%. Achamos que o crescimento da economia norte-americana deve se manter neste patamar, em torno de 6%, dados os pacotes de estímulo e a comparação estatística, depois de um ano de retração.

Na agenda desta sexta-feira (30), a divulgação da taxa de desemprego brasileira no trimestre até fevereiro. No exterior, s dados do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre e da prévia da inflação ao consumidor de abril da zona do euro, além do índice inflacionário PCE nos Estados Unidos.

quinta-feira, 29 de abril de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 29/04/2021 - 100 DIAS E FED

Iniciamos esta quinta-feira repercutindo os 100 dias do presidente norte-americano Joe Biden no comando da maior nação do mundo. Acreditamos ser o saldo até aqui altamente meritório, com uma grande campanha de vacinação já tendo imunizado mais de 200 milhões de americanos e pesados programas de estímulo, mais um ontem anunciado, de apoio às famílias e à educação (de US$ 1,8 trilhões). 

Das 61 promessas de campanha feitas pelo presidente, para estes 100 primeiros dias, quatro não foram cumpridas, 33 estão em andamento e 24 foram totalmente cumpridas. Tivemos o reatamento dos americanos com  o Acordo de Paris e a OMS, uma pesada revisão das leis imigratórias, investimentos em Educação anunciados, estímulos fiscais grandiosos refletidos em variados pacotes. 

Enfim, uma América renovada renasce depois de quatro anos de "governo trumpista" (Donald Trump). E as mudanças de ares já são perceptíveis, em especial, na imunização da população norte-americana e no esforço de retormar o crescimento com força agora. Estimativas de mercado trabalham com os EUA crescendo 6% neste ano e 4% em 2022. Preocupa, no entanto, o excesso de ativismo fiscal. Muitos pacotes de gastos que terão que ter com compensação a adoção de mais impostos a incidirem sobre os mais ricos. 

Já se dá como certo o aumento da taxação sobre ganhos de capital para quem ganha mais de US$ 1 milhão por ano, de 20% para 39%, assim como mudanças nas alíquotas de Imposto de Renda para os que ganham mais de US$ 400 mil. Dúvidas, como sempre, surgem sobre se esta taxação pesada sobre os mais ricos não irá inibir novos investimentos ou gerar uma "revoada" de capitais internalizados. A conferir. 

Esta quarta-feira foi um dia intenso nos EUA. Além do discurso de Joe Biden no Parlamento, à noite, tivemos também a reunião do Fomc em que se confirmou o que todos esperavam. 

Jerome Powell manteve sua "política acomodatícia" e não sinalizou mudanças, tanto na compra de ativos, como na taxa de juros, mantida no intervalo de 0 a 0,25%. Reafirmou que deve aguardar a retomada da economia norte-americana e a redução do atual desemprego, 6% da PEA, para pensar se muda algo. Por enquanto, tudo fica como está. "Não há razão para começar a lguma redução de estímulos monetários. Seguem a política de compra de ativos e o juro no atual patamar." 

Neste ambiente, na quarta-feira as curvas de juro norte-americanas seguiram perdendo inclinação. Os Treasuries Bonds de 10 anos chegaram a operar a 1,65% em alguns momentos, mas logo cederam e fecharam a 1,61%e os de 30 anos, a 2,28%. 

No Brasil, continua repercutindo a "debandada" da equipe econômica do ministro Paulo Guedes, ainda mais depois da saída do seu número dois, Waldery Rodrigues, que segundo informações, passa a ser assessor especial do ministro. Causa estranheza. Deixar de ser o número dois do ministério para ser assessor especial? Muito se comenta que ele foi mais um em cair em desgraça junto ao presidente. 

O que se sabe é que Waldery, extremamente zeloso pela preservação do teto de gastos, tentou resistir ao máximo da sanha gastadora dos políticos do Centrão e a obtenção de novos "nacos de poder". Waldery e o demissionário George Soares, assim como todos os outros que saíram, se tornaram uma "pedra no sapato" destes políticos do Centrão e resistiram até o fim. Nada mais acertado. Se fossem despesas essenciais e necessárias, mas duvido que boa parte das verbas das emendas parlamentarem tenham um destino prático e necessário. Desconfiamos, aliás, sobre este destino. Podem ser usasdas para preparar as campanhas da eleição de 2022. Ao fim, os cortes das despesas com emendas e outros chegaram a R$ 29 bilhões, mas às custas de tanto desgaste que esta debandada acabou inevitável. Foi uma diária batalha por posições.

Isso, inclusive, nos coloca no cerne do debate sobre a lei do teto dos gastos. Como administrar as despesas, a partir da inflação, num ambiente de fragilidade política? Não nos parece fácil.  

Achamos que novas batalhas nos esperam entre a combalida equipe de Paulo Guedes (ou o que sobrou dela) e estes abutres do Centrão (não há outra denominação). Muito se especula que o remanejamento de ministérios, a tal reforma ministerial, deve se aprofundar, com o desmembramento do Ministério da Economia e o surgimento do Planejamento, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e do Trabalho. Mais uma a conferir. 

Pela nossa leitura, seria a "pá de cal" sobre a agenda liberal do ministro Paulo Guedes, agora também objeto de críticas diárias. 

Claro nos parece que há um esforço diário de parte da mídia em "esvaziar" ainda mais o governo Bolsonaro.  Muitos interesses contrariados estariam por detrás disso. Mas não podemos negar também os vários erros cometidos. 

As declarações desastradas do ministro Guedes, falando da origem da Covid 19 na China e da baixa qualidade da Sinovac, devem ser salientadas. Depois acabaram desculpadas, ainda mais quando se sabe como os chineses são importantes no fornecimento de insumos para a fabricação de vacinas pelo Instituto Butantan. Não nos pareceria o momento para esta tola guerra ideológica. Estes bate bocas sem fundamento algum só trouxeram prejuízos para o País no ano passado. 

E estes serão investigados pela CPI da Covid 19, aberta nesta semana. Erros, omissões, ignorância terão que ser responsabilizados, principalmente, no que se refere às negociações com as vacinas, como a PFIZER. Uma boa notícia é que esta deve estar chegando hoje, nesta quinta-feira, dia 29, ao País, num primeiro lote. 

Outra boa notícia veio dos dados de geração de emprego formal pelo Caged. Em março foram geradas 184,1 mil novas vagas, com todos os setores avançando. A Indústria veio com a geração de 42,1 mil novas vagas, os Serviços 95,1 mil, o Comércio 17,9 mil e a Construção Civil, +25,0 mil. 

Na agenda desta quinta-feira, estejamos atentos ao PIB dos EUA, o IGP-M, Saldo Primário e aos balanços em destaque. Na primeira leitura do PIB dos EUA no primeiro trimestre, estimamos um forte crescimento. No Brasil, temos o IGP-M de abril, além dos dados de março da Nota de Crédito e do resultado primário do governo Central de março.

No rol dos balanços, destaque para os resultados de Amazon, Embraer, Gol e Mastercard.


quarta-feira, 28 de abril de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 27/04/2021 - DIA DA CPI

Iniciamos esta terça-feira (dia 27) atentos ao início dos trabalhos da CPI da Covid. As declarações do ex-assessor de Comunicação do Planalto, Fabio Wajngarten , batendo forte no ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, dão bem a dimensão do que nos espera. No entanto, estranhamente ele poupa o presidente Bolsonaro.

Na verdade, esta CPI, geralmente, um evento político e não jurídico, deve se tornar ainda mais explosiva, porque as evidências estão aí nas mídias. A todos os dias o presidente soltava um pombo sem asa para a mídia absorver e “aproveitar”. Claramente, ele, e o seu ministro fiel, assumiram uma postura de tentar negar a gravidade da pandemia, negando também o uso de máscaras e a necessidade premente de isolamento ou quaretena. Deu no que deu. Nos tornamos um dos países com o maior número de óbitos, 391 mil até agora, chegando a 400 mil por estes dias, só menor do que os EUA. Tudo bem, há um epicentro agora na Índia, mas quem conhece este país estranha que isso não tenha acontecido antes.

Por este contexto, é de se esperar que esta CPI paralise o País, deixando temas tão importantes quanto, como a agenda de reformas, meio de lado.

Nas atuais condições políticas, de açodamento extremo, é bem possível que tenhamos “um dos mais duros enfrentamentos já experimentados em uma CPI”. O governo parece atemorizado, pela quantidade de provas contrárias, a serem levantadas, em uma comissão, em que é minoria. Muitos consideram que ele, no entanto, deve assumir uma postura de enfrentamento, de “bate-boca”, envolvendo não somente a mobilização de apoiadores, inclusive judicialmente, como pelas declarações polêmicas do presidente Bolsonaro, mobilizando órgãos comandados por “aliados”. Com certeza, teremos nesta CPI uma prévia do que será a eleição do ano que vem.

Sobre as reformas, o que realmente interessa, o presidente da Câmara, Arthur Lira, já sinalizou que devem começar os debates nas comissões por estes dias. Temos como prioridade a reforma tributária, que deve ser fatiada, e a administrativa, dada a aberração da situação de privilégios dos servidores públicos em muitas esferas de governo.

Numa reunião para tratar desta PEC na CCJ, os técnicos do governo voltaram a defender esta reforma, como acabar com a estabilidade, enquanto que deputados e senadores, ligados aos partidos de esquerda, reagiram, dizendo que o fim da estabilidade traria mais corrupção ao setor público. Na leitura deles, a estabilidade protege os servidores da perseguição política, mas por outro lado, protege também os que não querem nada, não tem interesse algum em produzir ou serem eficientes.

Segundo o governo federal, são gastos cerca de R$ 8,3 blhões com 69 mil servidores em funções extintas, como operadores de Telex, e estes não podem mudar de área, se não configura “desvio de função”. Ou seja, temos 69 mil pessoas sem ter o que fazer nas repartições públicas do País.

Para piorar, em estudo da CNI, descobre-se que o Brasil se encontra em 7 º lugar entre os países que mais gastam com servidores públicos, num universo de 70.

Entre despesas com ativos e inativos, são 13,4% do PIB em gastos com servidores públicos. A maior justificativa é a vantagem salarial dos servidores públicos, em especial, na esfera federal e no Judiciário, frente aos do setor privado.

Nós superamos países com tradição forte como regimes social democratas e gastos fiscais elevados, como Suécia (12,7%), França (12,1%), Itália (9,5%) e Alemanha (7,5%). São tantas sinecuras e privilégios que, do total de gastos, R$ 319 bilhões em 2019, 56,5% vão para os ativos e 43,5% para os inativos. Ou seja, os “funcionários de pijama”, aposentados, ganham tanto quanto os que produzem. A maior parcela é do Executivo, 75,7%, e a maior concentração, no âmbito federal (85,2%).

A remumeração dos servidores públicos da esfera federal e dos estaduais é 67% e 31%, respectivamente, mais elevada do que os do setor privado. Na média, os federais, estaduais e municipais, ganham 16% a mais do qeu nas empresas privadas. A distorção para baixo está nos municípais, que ganham menos.

A tendência é que estas despesas com servidores públicos crescam cada vez mais nos próximos anos, reduzindo o espaço dos investimentos públicos. Segundo o Banco Mundial, em estudo com a OIT, a proporção de servidores públicos ativos, em relação à população, é de 5,6% no Brasil, percentual mais alto do que na média da América Latina (4,4%).

Voltando a falar da grave pandemia que nos abate, estamos vivendo um colapso na entrega de vacinas. Nesta segunda-feira a Anvisa se manifestou contrária à liberação da Sputnik. Soma-se a isso, a Coronavac e a Oxford/Astrazeneca, que dependem de insumos importados, estão com as entregas atrasadas. Agora, mais um problema, das encomendas já fechadas com a Pfizer – este caso envolve acesso a informações sensíveis, mas provavelmente será contornado pelo volume de doses em jogo (pelo menos 100 milhões).

Uma notícia positiva pode vir das negociações com os EUA, que decidiram compartilhar com outros países cerca de 60 milhões de doses do imunizante Oxford/Astrazeneca - parte da nova ofensiva para enfrentar o avanço da influencia global da China e sua “diplomacia da vacina”. A iniciativa, no entanto, ainda está em fase de planejamento e não tem prazos definidos.

Sobre a situação, com a queda desta segunda-feira, baixamos para 2.465 óbitos diários (em 24 horas). A curva de descida está ficando parecida com a curva da subida, fenômeno observado em alguns países como Reino Unido, Portugal e Alemanha, e mesmo no Brasil, no AM, SC e RS. Chile e Uruguai mantém sua tendência de queda, mas Peru, Colômbia e Argentina preocupam, suas curvas estão bem ascendentes. A Índia também segue em alta. 

Na economia, diante de desaceleração prevista para a atividade entre março e abril, devido ao açodado clima político e o atraso das vacinas, ainda mais com a retirada US$ 2,1 bilhões do mercado de ações e de títulos públicos por investidores estrangeiro, depois de nove meses de resultados positivos, algumas novas medidas de estímulo econômico podem estar em elaboração.

Será publicada nesta terça-feira a MP que renova o Programa de Preservação de Renda e do Emprego (BEm), possibilitando suspensão de contratos de trabalho e redução de salário e jornada por mais quatro meses, além da MP 927, que flexibiliza temporariamente a legislação trabalhista.

Também na pauta, o IPCA 15 de abril, a estimular o debate sobre a trajetória da taxa de juros Selic, a ser adotada pelo Bacen na reunião do Copom do dia 5 de maio. Apesar da pressão inflacionária, aumenta a corrente contrária ao aumento consistente da Selic ao longo do ano. A Focus estima o IPCA para este ano em 5,01%, contra 4,92% na semana anterior. Achamos que a Selic deve parar um pouco nos 3,5%. Tudo dependerá da escalada inflacionária.

Na segunda-feira, o Ibovespa registrou leve variação positiva de 0,05%, a 120.594 pontos, com volume financeiro de R$ 25,37 bilhões. Enquanto isso, o dólar comercial registrou queda de 0,88% a R$ 5,449 na venda. Já o dólar futuro, com vencimento em maio, registrou baixa de 0,71% a R$ 5,438. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 caiu um ponto-base a 4,62%, o DI para janeiro de 2023 teve queda de três pontos-base a 6,17%, o DI para janeiro de 2025 recuou quatro pontos-base a 7,68% e o DI para janeiro de 2027 registrou variação negativa de sete pontos-base a 8,29%. Em NY, os índices S&P 500 e Nasdaq encerraram em máximas recordes, impulsionados por ações da Tesla.

Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...