quarta-feira, 14 de abril de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 14/04/2021 - CPI DA COVID, ORÇAMENTO E INFLAÇÃO AMERICANA

Seguem os mercados de olho nos imbróglios domésticos da CPI da Covid e do Orçamento. Nos EUA, a inflação veio acima do esperado, mas dentro do “raio de controle” do Fed, ainda achando-a temporária e mantendo a “política acomodatícia”.

Retornando, foi aprovada a CPI da Covid nesta tarde-noite de terça-feira (dia 13), depois da leitura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, recomendando a investigação da conduta do presidente Bolsonaro durante a pandemia, destinando recursos para estados e municípios. Estes não serão investigados diretamente, cabendo isso às Assembléias estaduais e municipais. Agora, os líderes devem indicar seus representantes, sendo 11 titulares e 7 suplentes.

O que achamos. Claro que a conduta do presidente, negacionista, rejeitando as vacinas num momento inicial, atrasando inclusive, a encomenda delas, deve sim passar por uma avaliação, mas discordamos com o momento, já que as energias deveriam estar “transferidas” para o combate à pandemia. O problema é que como tudo no Brasil, quanto mais se adiam as decisões mais chances existem de não dar em nada. Aqui o “ganhar tempo” tem sua serventia.

Sobre o imbróglio do Orçamento, seguem as batalhas de pareceres, com os assessores do Legislativo “defendendo” a aprovação integral da peça orçamentária, cheia de emendas (R$ 31,3 bilhões) e com a esdrúxula tese de corte de despesas obrigatórias”. Na leitura dos parlamentares, “depois, ao longo do ano, vamos ajustando”. Já os técnicos da equipe econômica, sabedores dos riscos aí embutidos, cheia de ilegalidades e acomodações contra a “Lei do teto de gastos”, já recomendam o veto integral, sob o risco do governo incorrer em crime de responsabilidade. Uma solução intermediária é a criação de uma PEC alternativa para “destravar os programas emergenciais fora do teto”, no total de R$ 18 bilhões em emendas.

Como sabemos, o presidente tem até o dia 22 para sancionar este Orçamento e até recomendação de se ausentar neste dia, para que o ônus da assinatura recaia sobre o terceiro da sucessão, Arthur Lira, já foi aventada. O especialista em Finanças Públicas, Felipe Salto, inclusive, se espanta com a situação, dada a profusão de contabilidade criativa, criada nesta “peça orçamentária”.

O que achamos. Dá para se tentar um consenso no veto parcial das emendas e a retirada do corte das despesas obrigatórias. Não dá para criar moeda. Se as emendas não cabem no Orçamento, a solução não é acabar com a lei do teto, como querem os parlamentares, mas tentar uma negociação emenda por emenda. Aliás, seria de bom grado sabermos isso. Para onde irá cada emenda?
Neste clima, e ainda influenciados pela forte queda dos treasuries longos nos EUA, desvalorizando o dólar frente às moedas dos emergentes, os mercados fecharam o dia desta terça-feira (dia 13) “meio de lado”.

No mercado. O Ibovespa avançou 0,41%, a 119.297 pontos, recorde desde fevereiro, acumulando 2,28% no mês e 0,24% no ano. O giro financeiro seguiu fraco, em torno de R$ 29,3 bilhões. A impressão é que o mercado continua na expectativa do desenlace destes eventos citados acima, não querendo assumir nenhuma posição. Momento é de espera. Isso se refletiu na curva de juros, “imbicada para cima”, com os futuros para janeiro de 2027 a 9,0%. Já o dólar fechou a R$ 5,7176, quase estável, recuando apenas 0,08%%, pesando o cenário interno conturbado e de olho nos EUA, depois do CPI de março.

Este veio um pouco acima das expectativas, mas dentro do esperado pelo Fed, que considera não haver sustentação para novos picos inflacionários nos próximos meses. Para o presidente Jerome Powell nada muda na estratégia atual acomodatícia, já que os “efeitos dos choques de preço são considerados temporários”. Decorrente disso, os Treasuries registraram a menor taxa em três semanas, ainda mais depois do Tesouro americano oferecer US$ 24 bi no mercado em Treasuries de 30 anos, derrubando os rendimentos no mercado. Com isso, os Treasuries de 10 anos recuaram a 1,619%.

Nos EUA. Em resposta, os mercados de ações em NY fecharam sem “sinal único, mistos”, indicando um momento ainda cheio de armadilhas e desafios, na pandemia e na retomada da economia e da inflação. A Nasdaq avançou 1,0%, a 13.996 pontos, impulsionada pela Tesla (+8,6%), a S&P +0,3%, a 4.141 pontos, e o DJ recuando 0,2%, derrubado pelas incertezas com a vacina da Jansen, Johnson & Johnson (-1,29%), suspendida a produção depois da FDA descobrir que pessoas que tomaram tiveram trombose.

No mercado de commodities, seguimos atentos ao super ciclo de alta, dada a retomada do crescimento da alguns países, como EUA e China. No petróleo, a Opep revisou sua demanda, o que elevou as cotações do Brent a US$ 63,67 e do WTI a US$ 60,18. No mercado de minério o dia também foi de alta, ainda mais depois da China aumentar a importação de minério de ferro em 19%.

Aguardemos nesta quarta-feira o início da temporada de balanços corporativos nos EUA, com destaque para os grandes bancos, devendo registrar resultados sólidos, com projeções de mercado indicando avanço de 24,5% nos lucros. Devemos estar atentos também ao ritmo de vacinação na Europa, devendo se acelerar, e também os novos capítulos no debate americano sobre os riscos inflacionários no horizonte.

No Brasil, aguardemos a “montagem” da CPI da Covid e como o presidente deve responder a isso. No Orçamento seguimos com a batalha de pareceres. Achamos por cautela, como já dito, o veto parcial do que o Congresso enviou ao presidente. Nem tão radical, como os técnicos do governo, nem tão frouxo, como os assessores do Parlamento

terça-feira, 13 de abril de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 13/04/2021 CPI DA COVID, ORÇAMENTO E CPI DOS EUA NO RADAR

Iniciamos esta semana "gestando" novas crises e tentando solucionar as existentes. Algumas novidades devem ser destacadas. A “gravação” de uma conversa “pouco republicana” entre o Senador Jorge Kajuru e o presidente Jair Bolsonaro; a alternativa de considerar “despesas com Saúde” como “crédito extraordinário”, sem entrar no “teto de gastos”; e, por fim, a idéia de tirar o presidente e o vice do País no dia do sancioamento do Orçamento (dia 22), assinado pelo terceiro da linha sucessória, o presidente do Congresso Arthur Lira, a fim de poupar estes de qualquer crime de responsabilidade. 

Todos sabemos que este debate sobre como encarar as despesas com saúde vem evoluindo, já que num momento como este, totalmente excepcional, decisões excepcionais precisam ser tomadas e pensadas. Não dá, realmente, para pensarmos a pandemia como algo “normal”. O problema aqui é que esta idéia de excepcionalidade abre espaço para o oportunista, os "caroneiros de sempre". 

Emendas parlamentares “paroquiais”, nem sempre relacionadas com a crise sanitária atual, devem ser observadas. Tirando as despesas adicionais com saúde do Orçamento, estamos aceitando uma reacomodação destas emendas, em discussão entre os fiscalistas do governo e os políticos. 

Este é o grande perigo que ronda. Devemos considerar também o Orçamento de 2021 uma sucessão de equivocos. Estamos totalmente atrasados em relação à sua execução. Normalmente, este começa a ser formulado em abril do ano anterior, enviado ao Parlamento no transcorrer e aprovado até dezembro. Desta vez, este só foi devolvido ao governo, depois de avaliado pelos parlamentares, agora em 2021, entre março e abril, quatro meses depois do prazo! Ou seja, estamos navegando à quatro meses sem uma bússola a nos guiar. 

Muitos vão considerar o Orçamento uma “peça de ficção” de difícil execução, ainda mais em momentos de crise como o atual, na qual não sabemos o que vai acontecer no mês que vem, quanto mais no ano que vem. No entanto, não podemos nos furtar de “elaborar” um mínimo de planejamento, a saber o que poderemos gastar e como deve vir a arrecadação. 

Este cenário, aliás, é importante, pois norteia qual visão se tem sobre a economia neste ano de 2021. Sobre isso, inclusive, foram diversos os erros de formulação, de leitura. 

Paulo Guedes achava que ao fim de dezembro passado a crise sanitária já estaria “mais ou menos” controlada ou superada. Sua projeção de inflação para este ano era bem otimista (2,16% para o IPCA),  o que guiaria o reajuste do salário mínimo e o comportamento das receitas. 

Em 12 meses, pelo IPCA de março, não é isso que se viu. Foi a 6,1% e por este patamar deve ficar até o meados do ano. Ao final, acreditamos em algo próximo a 5%. Há de considerar também as várias despesas que foram "desbastadas", diante do anúncio destes R$ 26 bilhões a R$ 29 bilhões em emendas parlamentares, um absurdo, por não sabermos nem ao certo ao que serão usados. Aliás. Bem sabemos que 2022 é ano eleitoral e muitos deputados já começam a “montar” as suas estruturas de campanha. 

Pela "lei do teto dos gastos", a todas as despesas adicionais colocadas, há de se considerar em que rubrica teremos que retirar, ou realocar recursos. São vários absurdos neste front. O BACEN não tem mais os recursos para “tocar” o projeto do PIX; as bolsas de estudo da Capes, na área de Ciência e Tecnologia, “minguaram”, o Plano Safra foi reduzido à metade, recursos da agricultura familiar, do Pronaf, foram  puverizados, dentre tantos. Estamos nos confrontando com um shutdown nos próximos meses. Ou seja, a máquina pública terá que parar de funcionar e isso num ambiente de pandemia! Soma-se a este imbróglio, também, o "bate-boca" entre governo e STF, além do Parlamento, para a instalação de uma CPI da Covid. Claro! Vivemos uma crise institucional de imprevisíveis desdobramentos. Só não vê quem não quer. 

O presidente Bolsonaro, em telefonema "vazado" pelo Senador Jorge Kajuru, foi muito claro em “ameaças” contra senadores que trabalham a favor deste desfecho. É fato que uma CPI teria que ser reunida, tal a quantidade de descalabros do presidente, negando a vacina, brigando contra os fatos, contrário ao isolamento e o lockdwn, etc. Não dá para apagar disso. No entanto, uma outra CPI também precisa avançar, a dos governadores e prefeitos, que se aproveitaram da comoção da pandemia para desviar recursos. E, ao que consta, não foi nada isolado. Foram vários a cometerem estes delitos. 

Diante desta confusão, os mercados estão “estressando” nesta manhã de terça-feira. O EZW, principal fundo de ativos brasileiros na bolsa de NY, caiu 1,7%; o dólar se firma acima de R$ 5,70, o Ibovespa deve recuar forte e a curva de juro futuro sinalizar considerável elevação, dado este risco fiscal maior. 

Outro indicador a piorar é o risco Brasil, medido pelo Credit Default Swap (CDS) de 5 anos. Na segunda-feira, era negociado em 221 pontos, se mantendo nesse nível de 220 nos últimos dias, patamar mais elevado desde outubro do ano passado. 

Nos EUA, esta terça-feira é dia de CPI de março, havendo a possibilidade de chegar a 3,8% nos próximos meses. Projeção de mercado aponta 0,5% no mês e 2,5% na taxa anualizada. 

Uma nota. 

Morreu nesta segunda-feira um dos economistas mais brilhantes da sua geração, John Williamson. 

Pensou como ninuém os problemas estruturais dos países em desenvolvimento. Tentou resolvê-los, com evidências, fatos. Não foi um omisso, a não enxergar a realidade e manter uma narrativa preguiçosa, mas um schollar que teve a devida coragem de colocar o "dedo na ferida", no início da década de 90, ao expor o desastre das "políticas nacional desenvolvimentistas" dos emergentes nas décadas de 70 e 80.

 Tivemos a “crise da dívida externa”, a “década perdida”, vários países quebrados. Em resposta, Williamson reuniu vários economistas na Brooking Institution, em Washington DC, e traçou um irretocável diagnóstico sobre o que fazer, que caminho seguir, para superar estes gargalos estruturais nos vários países da América Latina. 

Nasceu o "Consenso de Washinton". Nada contra, muito pelo contrário. O que devemos criticar é a incompetência de muitos que não souberam extrair o que o “Consenso” tinha de urgente e positivo. Não terem visto as especificidades de cada país, este, talvez, o maior erro. 

Vamos conversando. Escreverei sobre este tema nesta semana.

segunda-feira, 12 de abril de 2021

FORMAÇÃO DE CAPITAL HUMANO

 


MACRO MERCADOS SEMANAL 12/04/2021 - CPI DA COVID, DESGASTE ENTRE PODERES, ORÇAMENTO

Iniciamos mais uma semana intensa, caótica, em que o açodamento político predomina. Numa leitura retrospectiva, é isso que temos enfrentado, pelo menos, desde os protestos de 2013 (mas isso fica para um outro dia).

A retratar esta que se inicia o trâmite da CPI do Covid no Senado na terça-feira e, no dia seguinte, o julgamento da liminar do ministro Barroso no plenário do STF. Alguns ministros defendiam o adiamento deste julgamento presencial, mas, diante do áudio vazado neste final de semana, com Bolsonaro e o Senador Kajuru “tramando contra alguns ministros”, tudo pode mudar. Os 11 ministros da alta corte devem se posicionar, fortemente, contrários a este áudio.

No seu conteúdo, o esforço de ambos de colocar vários ministros sob suspeição, no risco de impeachment. Nestes, o mais visado seria o ministro Alexandre de Moraes, desafeto de muitos apoiadores do presidente. Só que Bolsonaro piora ainda mais o cenário depois de ter acusado Luiz Roberto Barroso de agir com “politicalha”, “ativismo judicial” e “falta de coragem moral”.

Bolsonaro acha que nesta CPI da Covid também devem ser incluídos os governadores, não ficando tudo centrado nas suas ações e do seu então ministro da Saúde, Antônio Pazuello.

E olha que no meio disso tudo ainda temos uma plenária do STF a julgar a decisão do ministro Edson Fachin de anular todas as condenações de Lula da Silva, e outra, a confirmar, colocando o juiz Sergio Moro sob suspeição. Ambas, ao que parece, devem ser confirmadas.

E reparem bem. O mesmo aconteceu em Portugal, na 6ª feira passada, onde o ex-ministro José Sócrates acabou “inocentado” de diversas acusações por falta de provas. En reação já há uma movimentação forte de cidadãos tentando anular esta decisão do então juiz Ivo Rosa. Um baixo assinado com 150 mil assinaturas circula na internet. É a operação Marquês em julgamento, uma espécie de LAVA JATO portuguesa.

Ainda sobre o evento CPI da Covid 19, Bolsonaro precisa do apoio dos Senadores e Deputados nesta empreitada de esvaziá-la. As emendas do Orçamento, inclusive, podem virar “moeda de troca”. Objetivo primeiro do presidente Bolsonaro será enchê-la de integranfes dos seus grupos de apoio.

Contra ele a péssima repercussão pública pela sua postura diante da pandemia, andando sem máscara e querendo “desafiar o bom senso”. Neste final de semana, em Brasília, isso voltou a acontecer. O presidente, sem máscara, de moto, desfilando na periferia da Capital Federal, falando que lockdown era estado de sítio e tolhia a liberdade das pessoas de ir e vir. Quanto negacionismo....!

Enquanto isso, seguem ocorrendo mortes decorrentes da pandemia. No domingo foram 1.803 em 24 horas, elevando o número acumulado, desde o início, a 353 mil.

Em São Paulo, por determinação do governador João Doria, retorna hoje a fase vermelha, apesar de o centro de contingência, que reúne especialistas da saúde, ter recomendado que o Estado continuasse na fase emergencial. Na prática, a principal mudança será a liberação de escolas públicas e particulares, limitadas a 35% de ocupação. Embora médicos alertem que a ocupação de leitos de UTI segue bastante elevada (próxima de 90%), a nova etapa do Plano São Paulo vai até a próxima 2ªF, quando, em tese, o Estado pode relaxar para a fase laranja.

AGENDA DA SEMANA

Na agenda da semana, no Brasil destaque para as Vendas do Varejo na 3ª feira e a Pesquisa do Setor de Serviços na 5ªfeira, de fevereiro, ambos dados do IBGE. Devem ser encarados, no entanto, como algo passado, não captando o endurecimento das medidas de restrição em março. Hoje, saem a pesquisa Focus do Bacen (8h25), a primeira prévia de abril do IPC-Fipe (5h), e à tarde (15h), a balança comercial semanal. Na 5ª feira, temos o IGP-10 de abril e na 6ª feira, a parcial do IPC-S.

Nos EUA, o presidente Biden recebe hoje um grupo bipartidário para negociar seu pacote trilionário para a infraestrutura e tentar vencer as resistências. A esperança de apoio republicano garantiu novos recordes em NY na 6ª feira.

Entre os indicadores, amanhã, nos EUA, os preços ao consumidor (CPI) em março testam a percepção do Fed sobre as pressões inflacionárias ‘temporárias”, projetando política monetária acomodatícia até 2023. Na 4ª feira temos a ata do Fed. No mesmo dia, Jerome Powell participa de evento no Clube Econômico de Washington. Ainda na 4ª feira a presidente do BCE, Christine Lagarde fala à Reuters. Em entrevista, neste fim de semana, Powell disse que a economia dos EUA parece estar num “ponto de inflexão”, sinalizando “crescimento mais acelerado”. “Sentimos que estamos em um lugar onde a economia está prestes a começar a crescer muito mais rapidamente, com a criação de empregos chegando mais rápido”.

O dia forte de indicadores nos EUA acontece na 5ª feira, com a produção industrial e vendas no varejo em março, além do Índice Empire State, de atividade industrial em NY. Na zona do euro, saem hoje as vendas no varejo em fevereiro (6h).

Na China, temos uma rodada de indicadores importantes: balança comercial de março, amanhã à noite, além do PIB/1TRI, produção industrial e vendas no varejo em março, que sairão no final da noite de 4ª feira.

MERCADOS DE ATIVO

Fechamos sexta-feira (dia 9) com o Ibovespa em queda “suave” de 0,54%, a 117.669 pontos, na semana avançando 2,1%. Mesmo com a pressão cambial, o ajuste do índice foi bem moderado, assegurando ganho de 2,1% na semana, depois de avançar 0,41% na quinta-feira. No mês acumula 0,89% e no ano registra perda de 1,1%. Esta semana será de mais volatilidade, que pode se espraiar também no mercado cambial. A semana passada teve os investidores se refugiando no dólar, frente ao complicado cenário para a aprovação do Orçamento e as nuvens de CPI da Covid. Na sexta-feira (dia 9), a moeda norte-americana fechou a R$ 5,6749, alta de 1,81%, acumulando queda de 0,71% na semana, influenciada mais pelo cenário externo, e valorização no ano. Por fim, no mercado de juro, a CPI da COVID 19 e o impasse do Orçamento devem seguir estressando este mercado

Boa semana a todos !

sábado, 10 de abril de 2021

UMA SEMANA (IN)TENSA

Sem trocadilho, foi uma semana tensa e intensa. Tivemos novos desencontros sobre os rumos do Orçamento de 2021; a pandemia seguiu fazendo estragos, com mortes acumuladas passando de 330 mil, em 24 horas beirando as quatro mil, e as vacinas chegando, mesmo insuficientes e em atraso.

Para piorar, o presidente seguiu na sua pregação alucinada contra o lockdown, já demonstrado em vários países do mundo, como Nova Zelândia, Austrália, Portugal, ser a solução mais imediata e eficaz contra o virus.

Com isso, ele vai se isolando cada vez mais e perdendo apoio. Um episódio a confirmar este isolacionismo, foi o STF, no papel do ministro Luiz Roberto Barroso, defender, depois de “baixo assinado” dos senadores, a CPI da Covid 19.

Bolsonaro, muito irritado, partiu para ataques pessoais ao ministro Barroso, o que tensionou ainda mais o ambiente e gerou um apoio de todo o STF, antes com alguns ainda reticentes em colocar este tema em pauta como prioridade, dado o momento delicado da pandemia. Bolsonaro foi tão grosseiro e inábil, que conseguiu reunir todos os 11 ministros contra ele.

Em outra derrota, estes mesmos ministros, por 9 a 2 (apenas Toffoli e Kassio Marques foram contrários) permitiram que governadores e prefeitos possam fechar templos e igrejas, proibindo pregações e assim, evitando aglomerações. Acreditem? Bolsonaro era contrário, na retórica torta de que estávamos aceitando “estado de sítio”. Nada mais errôneo e equivocado. O que se defende aqui são vidas, e estas só podem ser preservadas, se os canais de transmissão do virus, pelo ar, em aglomerações, puderem ser “estancados”.

Sobre os trâmites para que tenhamos mais vacinas, na quinta-feira (dia 8) o Instituto Butantan anunciou a liberação de insumos para a continuação da produção de vacinas. Uma boa notícia, pois no dia anterior o instituto havia anunciado a suspensão da produçaõ pela falta de insumos. Neste dia o Brasil bateu mais um recorde diário de mortes em 24 horas, 4.290, na sexta foram mais 3.647. Chegamos, no acumulado, na sexta-feira a 349 mil. Novos casos foram elevados a 89 mil. Ainda estamos no caos e descontrole.

Na economia, tivemos o IPCA de março, em linha com as projeções (0,93%), acumulando 6,1% em 12 meses. Já o IGP-M, na primeira prévia de abril, registrou 0,5%, contra 1,9% na mesma do mês anterior.

Isso posto, abrem-se as janelas de oportunidade para o Copom, dia 05/05, sancionar mais uma elevação do juro Selic, em 0,75 ponto percentual, a 3,5% e depois dar uma “parada”.

O comportamento do IPCA foi influenciado diretamente pelo choque de combustíveis mais caros e de alimentos. Achamos que a inflação de curto-prazo deve seguir pressionada até, pelo menos, meados do ano, com um “nível de espalhamento” maior nos núcleos e pelos índices de difusão. No entanto, achamos ser esta temporária, pelos efeitos da pandemia na economia. Ao fim deste ano, trabalhamos com o IPCA a 5,1%; para 2022 4,5%.
Mercado de Ativos


Bolsa de Valores

Fechamos sexta-feira (dia 9) com o Ibovespa em queda “suave” de 0,54%, a 117.669 pontos, na semana avançando 2,1%. Mesmo com a pressão cambial, o ajuste do índice foi bem moderado, assegurando ganho de 2,1% na semana, depois de avançar 0,41% na quinta-feira. No mês acumula 0,89% e no ano registra perdas de 1,13%. A atratividade da bolsa, porém, segue na ordem do dia. Segundo a B3 o número de investidores ativos chegou a 3,59 milhões em março (+58% no ano). Já o mercado de ações movimentou R$ 36,8 bi, +12,2% contra mar20.

Mercado cambial.

Foi uma semana em que os investidores se refugiaram no dólar, frente ao complicado cenário para a aprovação do Orçamento. Na sexta-feira (dia 9) a moeda norte-americana fechou a R$ 5,6749, alta de 1,81%, acumulando queda de 0,71% na semana, influenciada mais pelo cenário externo, e valorização no ano. Os investidores estão na defensiva por causa da questão do Orçamento. Já nos EUA o PPI veio mais forte (1,0%), o que deve pressionar os Treasuries americanos, depreciando ainda mais a nossa moeda. Ao fim deste ano estimamos o dólar R$ 5,40, a R$ 5,20 nos anos seguintes.

Mercado de juro

O impasse do Orçamento seguiu estressando o mercado de juro. Os pareceres da Câmara e do Senado contrários aos cortes, preocupam. Interessante que a curva de juro vinha cedendo desde quinta-feira, pela sinalização do Copom mostrando ter “controle” sobre o juro e a inflação. Há outras tensões no ar, como o STF ter dado parecer favorável a CPI da Covid. No front inflacionário, o IPCA até veio dentro da meta, mas nos EUA, o PPI surpreendeu, com 1% em março, bem acima das previsões. Por enquanto, trabalhamos com a Selic a 5,25% ao fim deste ano e 6,0% em 2022.

sexta-feira, 9 de abril de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 09/04/2021 - BALANÇO SEMANAL

Foi mais uma semana em que os investidores operaram com os “nervos à flor da pele”. Tivemos desencontros na “base de apoio” do governo no Congresso, com a equipe econômica, sobre a execução do Orçamento; polêmicas desnecessárias sobre a necessidade (ou não) de eventos religiosos presenciais, em pleno caos pandêmico; o ministro do STF, Luiz Roberto Barroso, autorizou a abertura de uma CPI da Covid (ruim para o presidente); a aproximação do governo com os empresários, etc. Nos EUA, o governo Biden avançou na sua ambiciosa agenda de estímulos, com mais um mega pacote, de US$ 2,9 trilhões, e no Brasil, o sucesso da mega temporada de leilões de ativos. Foram concedidos 22 aeroportos, uma estrada de ferro e prevista uma rodovia e vários lotes dos portos de Pelotas e Itaqui.

Em decorrência disso, algum desafogo se fez presente, com o futuro de juro recuando, o dólar cedendo ainda mais e a bolsa de valores em alta.

Na quinta-feira (dia 8), alguns eventos foram decisivos para isso. Tivemos alguns avanços nas negociações em torno do Orçamento, o STF decidiu por suspender os cultos e missas, em função da necessidade de isolamento nesta fase mais aguda da pandemia (mortes passando de 4 mil), e o Butantan anunciou a liberação de insumos para a continuação da produção de vacinas. Neste dia o Brasil bateu mais um recorde diário de mortes pela Covid19 em 24 horas, 4.290, com os novos casos, elevados a 86.652. Isso prognostica um mês de abril ainda mais dramático do que o anterior.

Sucesso nos leilões. Tivemos também mais um leilão, da ferrovia Oeste Leste (Fiol) na região cacaueira da Bahia (sudeste baiano), depois dos bens sucedidos leilões de 22 aeroportos, acontecidos quarta-feira. Isso, aliás, deve ser dito. Os leilões do ministro Tarcísio Freitas são (ou foram) um sucesso, com um volume de investimentos previsto para os próximos anos acima de R$ 20 bilhões. Isso reforça, na central de boatos, que o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, ex-capitão do Exército e engenheiro do IME, pode se apresentar como nome interessante a fazer chapa com o já candidato à reeleição Jair Bolsonaro. Se acontecerá, ou não, é outra história. Como dizem, “política é como as nuvens no céu, a cada momento numa posição”.

Nos EUA,
Jerome Powell, presidente do Fed, em ata do Fomc, reforçou sua política acomodatícia. Por enquanto, ele não vê preocupação com a inflação, considerada ainda temporária, o que é demonstrável pelos dados. Os pedidos de seguro desemprego, por exemplo, subiram 16 mil na semana (a 744 mil), a segunda seguida, se deslocando dos mais otimistas dados do “payroll” (+916 mil). Isso acabou derrubando, nesta quinta-feira, as taxas dos vários treasuries, negociados no mercado.

Em paralelo, o mega pacote de US$ 2,9 trilhões continuava repercutindo, embora alguma reação dos republicanos o colocava em suspense. A carga adicional de impostos, sobre as empresas, é o “nó da questão”. Algo deve ser alterado, não mais prevalecendo os 28% definidos.

No Brasil, a discussão também recai sobre o tema fiscal, mas por outras razões. O Orçamento segue em negociação no Congresso. O Tesouro defende os ajustes necessários, já que, como apresentado, dificulta na execução. Há sim riscos, na visão do TCU, na incorrência de “crime de responsabilidade fiscal”. A movimentação dos presidentes das casas (Rodrigo Pacheco no Senado e Arthur Lira na Câmara) indicam serem contrários aos vetos do presidente Bolsonaro em relação às emendas dos deputados.

Como todos sabemos, na proposta orçamentária, apresentada para este ano, foi definido um corte de R$ 26,4 bilhões nas despesas obrigatórias, concentradas na Previdência, abono salarial, seguros desempregos, e forte expansão, de R$ 29 bilhões, nas emendas impositivas.

O problema é que com estas a conta não fecha, o que coloca em dúvida o cumprimento do teto dos gastos. Há, claramente, nesta proposta, um viés “populista fiscal” no uso de mais recursos, visando as eleições de 2022. Se o debate perdurar neste impasse, o risco será a demissão de toda a equipe econômica, incluindo Paulo Guedes, além do governo Bolsonaro incorrer em ilegalidade e risco de paralisia da máquina pública (“shutdown”). Segundo sondagens, as negociações caminham para preservar parte das emendas adicionadas no Orçamento, entre R$ 16 e R$ 18 bilhões. Outra parte seria vetada pelo relator. O problema é que os presidentes das casas não aceitam isso.

Temos o prazo até o dia 22 para este imbróglio se resolver. Apenas um detalhe. Ao Centrão, e seus representates, os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, o que interessa é a obtenção de “nacos de poder”. Se comenta sobre o Ministério da Economia ser partilhado, Planejamento ser criado, ou Indústria e Comércio, com novos cargos disponibilizados. Comenta-se também sobre os ministérios da Educação, do Turismo e do Meio Ambiente. A fome não para. É a velha governança de coalizão, ou de cooptação, à plena carga.

Nesta sexta-feira
é divulgado o IPCA de março e, com certeza, algum “stress” deve se formar na curva de juro futuro, já que o índice do IBGE deve vir mais elevado.

Estimativas variam entre 0,9% e 1,0%, o que o deve jogar a mais de 6,2% em 12 meses. A corroborar o fato dos núcleos, considerando o curto prazo, já estarem “rodando acima da meta”. Isso deve reforçar a necessidade da “normalização da taxa Selic”, havendo consenso uma elevação de 0,75 ponto percentual, na reunião do Copom de maio (dia 5). Dentre os fatores, continua a depreciação cambial, em repasse aos preços finais, as “commodities” elevadas, pela retomada da China, pressionando os alimentos, mesmo que arrefecendo, mas ainda elevados, e o combustível. Lembremos que o gás natural sofrerá um forte reajuste ao fim deste mês (39%).

Bom fim de semana a todos !

quinta-feira, 8 de abril de 2021

MACRO MERCADO DIÁRIO 08/04/21 - LEILÕES, BOLHAS E ORÇAMENTO

Iniciamos esta quinta-feira (08/04) saudando os bens sucedidos leilões nos 22 aeroportos, listados pelo ministro Tarcísio Freitas, concedidos" à iniciativa privada, mas ainda repercutindo o imbróglio das negociações do Orçamento e novas declarações intempestivas do presidente Bolsonaro, aos reajustes do gás, definidos para o final deste mês (+39%).

Este acabou sendo o fator a azedar um pouco o humor dos mercados nesta quarta. Todos os ativos "viraram". A bolsa de valores, que vinha sustentando alguma alta, perdeu vigor ao fim do dia, o dólar acelerou a valorização e as curvas de juros acumularam novos prêmios. Isso porque disse Bolsonaro achar um absurdo o reajuste autorizado do gás natural para o fim deste mês (+39%), criticando a gestão de CEO que sai, Castello Branco, e "afirmando" que mudanças na política de preços serão necessárias. Uma decisão aventada pode ser a mudança na cobrança de ICMS sobre combustíveis. Outra pode ser criar um fundo de compensação a amortecer possíveis oscilações nos preços dos derivados (gasolina, diesel e gás de cozinha). Tudo está em discussão e o novo CEO General Luna parece atento a isso.

Em paralelo, tivemos um bem sucedido leilão da concessão de 22 aeroportos. O valor de outorgas passou de R$ 3,3 bilhões e os ágios foram bem elevados. Foram três blocos concedidos - Sul, Norte I e Centro -, devem estes receberem algo em torno de R$ 6,1 bilhões em investimentos nos próximos 30 anos. O lance mais surpreendente foi o do lote Central, com a oferta do grupo CCR de R$ 754 milhões, valor 9.156% maior que o lance mínimo previsto pelo governo.

Interessante observar que antes todos estes aeroportos eram "administrados" pela empresa pública aeroportuária, Infraero. Alguns eram considerados os "patinhos feios" neste mercado, pois operavam em cidades com baixa atratividade econômica ou turística.Mas eram importantes, por exemplo, na Amazônia, por "conectar" certas regiões ao restante do Brasil.

Segundo opinões de mercado, os ágios praticados nas propostas não impressionaram. "Os valores colocados nos leilões foram resultados de uma "precificação conservadora", do governo, combinada com percepções diferentes das empresas sobre o risco envolvido na operação neste momento."
Nesta quinta-feira (8), o governo federal irá leiloar a concessão de um trecho da Fiol, ferrovia de 537 quilômetros na Bahia, para a qual é esperado investimento de R$ 3,3 bilhões em um prazo de 35 anos.

Em paralelo a esta boa notícia, Paulo Guedes, em encontro com o G-20 e o grupo dos Brics, tratou de saudar o que o governo conseguiu avançar neste início de 2021. Falou da autonomia do Banco Central, da aprovação da PEC, da liberalização dos mercados de saneamento básico e de gás e por fim, deste bem sucedido leilão de aeroportos. Em paralelo, em jantar promovido por alguns empresários, foi ovacionado. Não se sabe se este representou em peso o PIB nacional, mas não deixa de ser um alento. Eram crescentes os comentários de que os empresários haviam desembarcado deste governo e já buscavam alternativas de centro ao que se aproxima nas eleições de 2022.

Sobre o imbróglio do Orçamento, o TCU está querendo esclarecimentos do governo sobre este papo de subavaliar os cortes de despesas, incluir as obrigatórias, e considerar R$ 31 bilhões em emendas paroquiais. Por que tirar de onde não pode ser tirado, para bancar estas emendas?

Por fim, nos Estados Unidos, o professor Nouriel Roubini, da Stern School of Business da Universidade de Nova York, o Dr Doom, afirmou que há sinais fortes de que uma nova bolha no mercado. Para ele, uma combinação de taxas de juros próximas a zero, ou até negativas, e estímulos fiscais sem precedentes "estão levando os investidores a assumirem riscos excessivos". Lembremos que foi este senhor a "cantar a pedra" sobre a crise de 2008.

quarta-feira, 7 de abril de 2021

MACRO MERCADOS ESPECIAL 07/04/2021 - TEMPORADA DE LEILÕES

Tem início nesta quarta-feira a temporada de leilões de variados "modais" (aeroportos, portos e ferrovia) e empresas, no que o mercado está chamando de 'Infraweek".

A expectativa é estes 28 ativos públicos listados renderem para os cofres públicos, algo em torno de R$ 20 bilhões, e geração de 200 mil empregos diretos e indiretos.

Irão a leilão: 

22 aeroportos em três blocos (Norte, Centro-Oeste e Sul); dois portos, em Itaqui, no Maranhão e Pelotas, Rio Grande do Sul; a rodovia Br 153, entre Goiás e Tocantins; a ferrovia Oeste-Leste, Fiol, no Sudoeste baiano; três licitações da CPTM na grande São Paulo e, por fim, o megaleilão da CEDAE, ainda cercado de polêmicas, liminares e conteciosos.

Lembremos que estes leilões estavam marcados para acontecer ao longo de 2020 mas, pela pandemia, acabaram adiados. Não que a pandemia tenha saído do radar, mas já não valia mais adiá-los. A questão é saber se haverá boa demanda. Serão leilões que devem se caracterizar pela intensa concorrência ou, ao menos, um interessado.

1) Leilões de aeroportos

A ANAC prevê R$ 6 bilhões para o setor. Os aeroportos no Sul são considerados os mais atraentes.

Os três blocos estão definidos da seguinte forma:


1. Norte (7), com Manaus (AM), Tabatinga e Tefé (AM), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Cruzeiro do Sul ( AC) e Boa Vista (RR). O valor mínimo de outorgas é de R$ 47,8 milhões e o investimento previsto R$ 1,48 bilhão;


2. Central (6), Goiania (GO), Palmas (TO), São Luis e Imperatriz (MA), Terezina (PI), Petrolina (PE). O valor mínimo de outorgas é de R$ 8,1 milhões e o investimento previsto R$ 1,8 bilhão;


3. Sul (9), Curitiba (PR), Foz de Iguaçu, Londrina e Bacacheri (PR), Navegantes e Joinville (SC), Bagé, Pelotas e Uruguaiana (RS). Este bloco é considerado o mais rentável. O valor mínimo de outorgas é de R$ 130 milhões e o investimento previsto R$ 2,85 bilhão.


2) Portos


A ANTAQ prevê receita de R$ 2,5 bilhões. No Maranhão são dois terminais em renovação de outorga e dois começando do zero.

Os portos listados nestas concessões são Itaqui no Maranhão, com quatro terminais para combustível (IQI 03, 11, 12 e 13) e de Pelotas, no Rio Grande do Sul, um PEL 1 para "cargas gerais e toras de madeira". Estes últimos do Rio Grande do Sul, tem valor mínimo de R$ 8,1 milhões e investimento de R$ 1,8 bi.


3) Rodovias


A ANTT prevê para o dia 29 o leilão da BR-153/080/414/GO/TO. A perspectiva, segundo o Estado, é  R$ 7,8 bilhões de receita e 140 mil novos postos de trabalho. Teremos a duplicação de 623 kilometros, 75% do total (850 km). A estratégia de venda levará em conta a combinação de menor tarifa (deságio de 16,25% + valor de outorga). O contrato previsto é de 35 anos. Há muitos interessados, como Arteris, CCR, Ecorodovias.


4) Ferrovia

Leilão de ferrovia, integração Oeste - Leste, Fiol, no trecho entre Ilhéus e Caetité. O total do projeto envolve 1.577 kilometros, sendo 76% já em obra. o que está em licitação é o trecho de 537 kilometros. A idéia é "compartilhamento de demanda, sem pedágio". O valor mínimo é de R$ 32,7 milhões e o investimento, R$ 3,3 bilhões. O problema é que há muita oposição dos ambientalistas, já que o projeto envolve uma região muito rica em diversidade da Mata Atlântica.


5) Licitações CPTM nas linhas 8 e 9

A linha 8 é a Diamante, e possui 416 kilometros, com 22 estações, e a Esmeralda, 32,5 kilometros e 18 estações. O investimento previsto é de R$ 3,2 bilhões. 


6) Leilão da CEDAE (Companhia Estadual de Água e Esgoto, RJ)

Este leilão inclui quatro blocos, licitados separadamente. Há muito interesse, pois envolve 35 municípios e 12 milhões de pessoas, a serem beneficiadas.

Este leilão está marcado para o dia 30, mas deve ser adiado. Há um contencioso entre o estado do Rio de Janeiro e a União, na gestão do Regime de Recuperação Fiscal (RRF). O RJ quer aderir logo à Lei Complementar 178, criadora de novas bases para os estados aderirem ao RRF. A União só aceita se o leilão da estatal de saneamento for "realizado". Neste momento, a equipe do Tesouro e os técnicos do governo estadual negociam esta nova regulamentação. Até o início de maio deve ser anunciada num novo desenho normativo.



 

 

 

 

 

 


terça-feira, 6 de abril de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 06/04/2021 - ORÇAMENTO SEGUE NO RADAR

O início desta semana nos mercados foi pródigo de boas novidades. Os EUA seguem superando as expectativas, batendo recordes nas bolsas de valores; por aqui, o Ibovespa rompeu os 117 mil pontos, empurrado pela Vale. Já o dólar recuou um pouco, a R$ 5,67, depois de recuar ao piso de R$ 5,63 ao longo do dia. Ou seja, operamos de olho no mercado nova iorquino, mas também nos nossos imbróglios domésticos, como o impasse do Orçamento e a trajetória da pandemia.

Nos EUA, a contribuir para o bom desempenho, o anúncio, na semana passada, do pacote de Infraestrutura de Joe Biden, mobilizando US$ 2,3 trilhões, voltado para infraestrutura, e o payroll de março, acima do esperado, 916 mil empregos gerados. Já a taxa de desemprego caiu a 6% da PEA. O esforço de retomada da economia e o bom ritmo das vacinações contribuíram para esta “maior geração de empregos não agrícolas”, com destaque para hotelaria e construção. Contratações em Educação também dispararam, dado o retorno dos jovens às escolas.

O que se observa, na verdade, é que a economia norte-americana volta, consistentemente, “a rodar em bom ritmo”. Ontem, o PMI de Serviços veio crescente em março contra fevereiro, passando de 59,8 pontos para 60,4. Decorrente disso, as casas já começam a revisar o crescimento do PIB neste ano. A IHS Markit já trabalha com 6,2%, contra 5,7% na estimativa anterior.

Sobre o pacote de Infraestrutura, é bem amplo e ambicioso, mobilizando US$ 2,3 trilhões, superando o anterior, em torno de US$ 1,9 trilhão. Ambos, em conjunto, resultam na maior mobilização de recursos desde o New Deal nos anos 40. É o fortalecimento de políticas fiscais ativas e anti-cíclicas, o uso do “multiplicador fiscal” na melhor acepção da literatura keynesiana, visando superar as “flutuações de demanda efetiva”.

Este segundo pacote tem como slogan “valorizar o trabalho e combater as mudanças climáticas”. Será dividido em duas partes: a primeira, agora, de geração de empregos, a segunda, mais para fins de abril, no atendimento às famílias, mais voltado para saúde e educação. Em conjunto, deve durar oito anos, se valendo de quinze anos para ser totalmente pago via impostos.

Os setores beneficiados Transportes (US$ 620 bilhões), com a construção de rodovias (32 mil quilometros previstos), 10 pontes de pioridade econômica e outras (10 mil). Neste, atenção especial será dada à educação no trânsito e aos investimentos em carros elétricos. Teremos também muito investimento, US$ 650 bi, em internet (banda larga), saneamento, redes elétricas, moradias; para Pesquisa & Desenvolvimento será US$ 180 bi, para a Indústria (US$ 300 bi) e para o assistencialismo, principalmente, aos mais fragilizados, imigrantes (US$ 400 bi).

Como isso será financiado? Biden anunciou maior taxação sobre lucro das empresas, de 21% para 28%, além de mudanças na taxação de empresas que lucram no exterior, visando dificultar o envio de ativos para offshores. Neste caso, a taxação deve passar de 13% para 21%. O governo se cerca, pois é fato que quando a tributação doméstica se eleva, as empresas sempre tendem a buscar mecanismos de “burla”. Difícil saber se estas tributações serão aprovadas no Capitólio, já que na Câmara a maioria Democrata é bem apertada. Os Republicanos já se colocaram contrários a este pacote.

Retornando ao Brasil,
o impasse do Orçamento segue no radar. De um lado, o ministro Paulo Guedes, querendo eliminar o excesso de emendas parlamentares, do outro, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, mobilizados em manter.

É boato que ambos estão também interessados em enfraquecer o ministro Guedes para tentar “fatiar” o seu ministério, criando o Planejamento. Interessante. De fato. Em paralelo, há um embate entre Guedes e Rogério Marinho do Desenv. Regional. Bolsonaro tem participado muito de eventos pelo Brasil (ontem foi a inauguração de um condomínio do “Moradia Verde Amarela”), e quem sempre está junto é o ministro Rogério Marinho. Aliás, ele e Pedro Guimarães da CEF. Este, aliás, seria o nome à substituir PG (apenas a minha percepção).

Bolsonaro, aliás, não se manifesta neste impasse do Orçamento. Tem deixado que o ministro Guedes debata com os chefes do Parlamento. Por outro lado, não resta dúvida sua posição delicada. Se fechar com Guedes e cortar emendas, perderá espaço junto ao Congresso; se ceder aos parlamentares perderá ainda mais apoio do meio empresarial e do mercado. A execução ormentária se tornará, inevitavelmente, uma “peça de ficção”, pela impossibilidade de cortar despesas obrigatórias e discricionárias, e se mantido o “cipoal” de emendas. O teto dos gastos acabará perdendo razão e o TCU irá em cima.

Segunda-feira também foi um dia de forte queda na cotação do barril de petróleo, já que os países membros da OPEP devem optar pela ampliação gradual da produção de petróleo. Mesmo assim, a Petr4 fechou o dia em pequena alta, dada a perspectiva de reajuste do gás ao fim deste mês.

No mundo político, saiu uma pesquisa XP Ipespe e inevitável observar que, diante da desastrosa gestão do presidente Bolsonaro no combate à pandemia, houve avanço do ex-presidente Lula. De 17% em janeiro passou a 21% das intenções de voto agora, ao fim de março (29 a 31/3), com Bolsonaro estacionado nos 24%. Os dois ainda possuem ampla vantagem sobre os demais citados no levantamento espontâneo. A terceira posição é do ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT). Na sequência, o ex-juiz federal Sergio Moro (sem partido); Guilherme Boulos (PSOL), líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST); e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com 1% das intenções de voto cada.

segunda-feira, 5 de abril de 2021

MACRO MERCADOS SEMANAL 05/04/2021 - ORÇAMENTO, PANDEMIA E CRISE POLÍTICA

Mais uma semana intensa de acontecimentos. A Covid 19 segue causando estragos na sociedade brasileira, com mais de 330 mil mortos, nos colocando, por equívocos variados e atrasos na vacinação, no “epicentro da pandemia global”; no governo tivemos a substituição de seis ministros e o Orçamento enviado ao presidente para sancionar, mas com excesso de emendas como complicador; na economia, dados de desemprego e fiscais mostraram forte deterioração; nos EUA, um “mega pacote” de Infraestrutura foi anunciado, prometendo mobilizar US$ 2,3 trilhões e taxar as empresas em 28%. Tivemos também, por lá, um payroll mais forte (916 mil empregos gerados), o que deve impactar nos “treasuries” americanos.

Sobre a pandemia, em março foi um mês recorde de mortes (66,8 mil), em decorrência do atraso na entrega das vacinas e na pouca mobilização pelo isolamento social. A programação do Ministério da Saúde indicava 46 milhões de doses, mas só foram entregues 20,3 milhões. O mesmo deve acontecer agora em abril, estimadas 47,3 milhões e só devendo ser entregue 25,5 milhões. Tudo isso acontecendo por problemas nos laboratórios, mas também pelo governo ter limitado os acordos. Apenas avançamos em contratos com a Coronavac chinesa e a Astrazeneca inglesa. A Covaxxin indiana e a Sputinix ficaram pelo caminho e a Pfizer e Jansen só devem chegar no segundo semestre. Nesta toada, são mais de 330 mil mortos e a teimosia em negar a necesidade urgente de lockdown, nem que por alguns dias ou semanas. Isso já acontece no mundo. A França ingressou em lockdown absoluto, a Espanha, a Itália, outros países da Europa. Portugal, por ter se antecipado, está em processo gradual e cauteloso de “desconfinamento”. No Brasil, tudo ao contrário.

Mesmo com o caos da pandemia, trocamos de ministros, repercutindo a saída do da Defesa, general Fernando Alvarez, contrariado e reafirmando ser as Forças Armadas uma instituição de Estado e não “subordinada” a arranques populistas de governos. Na troca do ministro e seus comandados, um freio de arrumação acabou acontecendo, com o novo ministro, general Braga Neto, habilidoso em contornar o “mal estar”. Bolsonaro vinha perseguindo o boma general Pujol, do Exército, por este não se envolver nas suas “quarteladas”. Isso mostrou que a cúpula militar não está fechada com o presidente Bolsonaro, talvez alguns da baixa da oficialidade, políciais...mas o Estado Maior não.

Outro destaque na semana
é o imbróglio em torno do Orçamento de 2021. No Congresso, o relator, Marcio Bittar (MDB), anunciou um excesso de emendas, R$ 29 bilhões e uma subavaliação na estimativa de despesas de custeio, reduzindo as previdenciárias em R$ 30 bilhões. Como estas são obrigatórias, não poderão ser cortadas, o que poderia obrigar o governo a “inventar” algo. O risco aqui, aos olhos do TCU, seria configurar “crime de responsabilidade”.

Na semana passada, o relator Bittar propôs um corte de R$ 10 bilhões em emendas, mas Paulo Guedes não aceitou. No que está sendo negociado, as pastas mais impactadas são Desenvolvimento Regional, Turimo, Cidadania e Agricultura. Mas reparem. Para o Desenvolvimento Regional, do desafeto de Paulo Guedes, Rogério Marinho, foram enviadas “emendas extras”, R$ 8,6 bilhões. Como Rogério é “parlamentar licenciado” e tem bom trânsito, tal privilégio se explicaria. O problema é que isso enfraquece o discurso austero do ministro Guedes, aquele que tem a “chave do cofre”.

Novos embates são esperados nesta semana, mas se o presidente Bolsonaro não vetar as emendas, não restará outra saída, mais à frente, do que o “shutdown”, a paralisia da máquina. Além da saída de Paulo Guedes e da sua equipe. Isso já parece no horizonte há um bom tempo.

Um alento. Neste final de semana a nova articuladora do governo, ministra da Secretaria Geral, Vera Arruda, conseguiu avançar em novos ajustes no Orçamento. Pelas sinalizações, os cortes de despesas e de emendas devem ficar entre R$ 13 bilhões e R$ 18 bilhões, além dos já R$ 10 bilhões prometidos por Bittar.

Dados fiscais. A máquina pública segue impactada pela pandemia. Em 2020, a Dívida Bruta do Governo Geral foi a 88,8% do PIB, em fevereiro deste ano passou a 90%, sendo que, ao fim de 2019 estava em 74,3%. Dada a velocidade de crescimento deste endividamento, medidor de solvência do governo, a maior preocupação neste momento é o risco de “rompimento do teto dos gastos”. Quanto mais o Brasil tiver que mobilizar recursos públicos, tal qual o auxílio emergencial, quanto mais atrasar na vacinação, maior o risco de estouro deste teto. Daí a importância de agilização da vacinação

Por fim, nos EUA tivemos um mega pacote de infraestrutura na semana passada e, mais do que isso, o anúncio de que a economia norte-americana reage rapidamente. Na Sexta-Feira Santa, pelo payroll, foram 916 mil empregos gerados em março, com o desemprego caindo a 6% da PEA. Decorrente disso, o dólar se valorizou frente ao euro, a libra esterlina e o iene. Já os T Bonds de 10 anos foram a 1,71% e devem passar disso nesta segunda-feira.

Mercado de Ativos

Bolsa de Valores


Será mais uma semana de muita volatilidade nos mercados.
Na quinta-feira (dia 1), véspera do feriado de Páscoa, o Ibovespa registrou queda de 1,18%, a 115.25 3 pontos. Os investidores não quiseram ir para o feriado “comprados”. Em março, a valorização foi de 6,0%, mesmo com três perturbações no horizonte - crise fiscal, pandemia explosiva e crise política. Agora em abril a expectativa é de “volatilidade”, pelo ambiente político açodado, vacinação atrasada e imbróglio orçamentário. Com certeza, não devemos repetir março.

Taxa de câmbio

Quinta-feira passada, o dólar fechou a R$ 5,7153, +1,54%, acumulando 10% de valorização no ano. Nesta segunda-feira deve vir pressionado, com os Treasuries americanos acima de 1,7%, depreciando ainda mais o real. Bom para as empresas exportadoras, ruim para a inflação e as empresas endividadas em dólar.

Taxa de Juros

A “curva de juro” deu uma inclinada de 20 pontos nesta semana passada, diante das incertezas em relação ao ambiente político e o ritmo da pandemia. Assim sendo, as taxas médias e longas fecharam a semana em alta, diante da forte aversão ao risco fiscal, dada a questão não resolvida do Orçamento. Também “pesaram nas taxas” o avanço do dólar, do petróleo e os receios com a pandemia. Importante que tal comportamento não surpreendeu, considerado normal, com o Tesouro ofertando grande lote de papéis curtos, sem risco ao mercado. Trabalhamos com a Selic a 5,25% ao fim deste ano e 6,0% em 2022.

Inflação

A inflação deve seguir pressionada até, pelo menos, meados do ano, com um nível de espalhamento maior mostrado pelos núcleos e pelos índices de difusão. Nesta semana temos o IPCA “cheio” de março, na mesma trajetória de alta, em torno de 0,8%, pressionado por novos reajustes de combustível, alta do petróleo, câmbio depreciado e elevação das commodities.

Agenda Semanal

Uma semana relativamente calma, com poucos indicadores. Devemos nos ater às escaramuças políticas, debates sobre o Orçamento e mobilização em torno das vacinas. Nos indicadores, destaque para a inflação, com alguns índices como IPC da Fipe, IGP-DI e IPCA, todos de março. O IPCA deve se manter “pressionado”, pelas depreciações cambiais e a alta das commodities, o que deve trazer elevações adicionais nos alimentos. Ainda temos os dados de Serviços do IBGE, no desafio da retomada da economia. Nos EUA em destaque a ata do Fomc na quarta-feira. O recado é de que a taxa de juros não deve ser ajustada antes de 2024. Jerome Powell participa de Seminário do FMI na quinta-feira.

NO INVESTING.COM

 Eu gosto de dar os meus pitacos. Escrevo para o investing.com. O q chama atenção é o nível. Muitos "bolsominions". Fazer o quê? Escrevi um texto totalmente neutro. Muitos gostam, outros não. Deu mais de 7,3 mil lidos.




domingo, 4 de abril de 2021

CENÁRIO PARA ABRIL SEGUE TÓXICO

Sobre a Covid

Já ultrapassamos 330 mil mortes, num cenário preocupante de descontrole. Nos últimos dias as mortes chegaram a mais de 3,8 mil ao dia, colapsando os sistemas de saúde de várias cidades, sobrecarregando os leitos dos CTIs, escasseando os insumos, como “kit entubação”, etc. 

A programação de vacinação para abril ficou um pouco aquém do esperado, mas uma boa notícia foi a encomenda da vacina “Jansen”, que só exige uma dose. É uma esperança!

Importantes avanços houveram na análise da vacina Sputinik pela Anvisa, essencial na ampliação da cobertura do ciclo de vacinação. Por outro lado, a Covaxxin, vacina indiana, acabou reprovada por problemas de fabricação. Acredita-se numa revisão desta decisão. 

A Pfizer anunciou que apenas 1% dos vacinados com duas doses adquiriram a Covid 19 após 6 meses, todos com infecção leve. Ou seja, a imunidade proporcionada pela vacina deve durar mais do que seis meses (a ver quanto tempo durará) e nenhum dos vacinados contraiu a forma grave da doença.

Observamos bem como uma bem organizada e rápida mobilização por vacinas faz a diferença. Os EUA estimam acabar com o ciclo de vacinações ao adultos ainda em abril. No Brasil, o desencontro predomina. O que consola é que não estamos sós. Na Europa, a falta de vacinas também norteia o dia a dia em vários países. Portugal já está "
desconfinando", mas na França, um "lockdown" absoluto de duas semanas foi aprovado, assim como na Alemanha, Itália e Espanha. Enquanto as vacinas não chegam, ninguém sai de casa. Por lá, optaram pelas vidas e não a economia.

Sobre outros fatos

Tivemos uma agenda intensa na semana que passou, com a substituição de seis ministros no governo Bolsonaro. O chanceler Ernesto Araújo caiu por incompetência e verborragia indecifrável; já o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, e os comandantes das três armas, se “rebeleram” e deram um “chega para lá” no presidente, que queria “apoio” para as suas “estripulias”. Saíram falando que as suas "armas" não seriam usadas por caprichos de um governante. Não tem este papo de “meu Exército”.

Em paralelo, com as mortes a mais de 320 mil, acabou formado o “Gabinete de Crise”, algo bem atrasado (já deviar ter sido feito há um ano!). Artur Lira, presidente da Câmara, em discurso, foi direto, “remédios amargos e fatais” podem se tornar necessários se “ele” não se enquadrar. Impeachment no forno?

Outro fato foi o debate sobre o Orçamento, com o Parlamento se propondo a cortar até R$ 10 bilhões em emendas. Paulo Guedes reagiu, não aceitando, e reafirmando que estas têm que caber no Orçamento. São 15 dias de análise, depois de sair do Congresso, para sanção presidencial. Até o dia 22 teremos discussões.

Indicadores chaves

Bolsa de Valores

Fechamos quinta-feira (dia 1), véspera do feriado de Páscoa, com o Ibovespa em queda de 1,18%, a 115.25 3 pontos. A impressão é que os investidores não quiseram ir para o feriado “comprados”. Em março houve uma “bela” valorização de 6,0%, mesmo com três perturbações - crise fiscal, pandemia explosiva e crise política, pelas condutas intempestivas do presidente. Para abril, a expectativa é de mais “volatilidade”, pelo ambiente político açodado, mesmo com vacinação. Não repetiremos março.

Taxa de câmbio

Na quinta-feira, o dólar fechou a R$ 5,7153, +1,54%, acumulando 10% de valorização no ano. No dia anterior havia recuado 2%, chegando na máxima intraday, R$ 5,7158. Os investidores estão na defensiva por causa da questão do Orçamento e do payroll americano mais forte (+916 mil). Isso, com certeza, pressionará os Treasuries americanos, depreciando ainda mais a nossa moeda. Mais “correção” é prevista na segunda-feira. Bom para as empresas exportadoras, ruim para a inflação e as empresas endividadas em dólar. Ao fim deste ano estimamos o dólar à R$ 5,40, R$ 5,20 nos anos seguintes.

Taxa de Juros

A “curva de juro” deu uma inclinada de 20 pontos nesta semana passada, diante das incertezas em relação ao ambiente político e o ritmo da pandemia. Assim sendo, as taxas médias e longas fecharam a semana em alta, diante da forte aversão ao risco fiscal, dada a questão não resolvida do Orçamento. Também “pesaram nas taxas” o avanço do dólar, do petróleo e os receios com a pandemia. Importante que tal comportamento não surpreendeu, considerado normal, com o Tesouro ofertando grande lote de papéis curtos, sem risco ao mercado. Trabalhamos com a Selic a 5,25% ao fim deste ano e 6,0% em 2022.

Inflação


No Brasil, o IPCA-15 ficou dentro das expectativas do mercado (0,93%), influenciada diretamente pelo choque dos combustíveis mais caros. Em 12 meses acumula 5,57%, superando o teto da meta (5,25%). Sendo assim, a inflação de curto-prazo segue (e seguirá) pressionada até, pelo menos, meados do ano, com um nível de espalhamento maior mostrado pelos núcleos e pelos índices de difusão. Nesta semana teremos o IPCA “cheio” de março, na mesma trajetória de alta, pressionado por novos reajustes de combustível, pela alta do petróleo (+3,0%). Ao fim deste ano, trabalhamos com o IPCA a 5,1%; para 2022 deve ficar em 4,5%.

Atividade

Ritmo da economia segue fragilizado, dado o atraso das vacinas e os desencontros na adoção de políticas públicas, além do “açodamento político”.O primeiro trimestre foi fraco, dado o ritmo de vacinações muito lento. O mesmo deve ocorrer com o segundo trimestre. Uma retomada mais consistente, apenas no segundo semestre, ainda assim, desde que a vacinação avance no devido ritmo, imunizando a maioria da população adulta. Em fevereiro, a produção industrial do IBGE recuou 0,4%, depois de nove meses em alta.




Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...