segunda-feira, 5 de abril de 2021

NO INVESTING.COM

 Eu gosto de dar os meus pitacos. Escrevo para o investing.com. O q chama atenção é o nível. Muitos "bolsominions". Fazer o quê? Escrevi um texto totalmente neutro. Muitos gostam, outros não. Deu mais de 7,3 mil lidos.




domingo, 4 de abril de 2021

CENÁRIO PARA ABRIL SEGUE TÓXICO

Sobre a Covid

Já ultrapassamos 330 mil mortes, num cenário preocupante de descontrole. Nos últimos dias as mortes chegaram a mais de 3,8 mil ao dia, colapsando os sistemas de saúde de várias cidades, sobrecarregando os leitos dos CTIs, escasseando os insumos, como “kit entubação”, etc. 

A programação de vacinação para abril ficou um pouco aquém do esperado, mas uma boa notícia foi a encomenda da vacina “Jansen”, que só exige uma dose. É uma esperança!

Importantes avanços houveram na análise da vacina Sputinik pela Anvisa, essencial na ampliação da cobertura do ciclo de vacinação. Por outro lado, a Covaxxin, vacina indiana, acabou reprovada por problemas de fabricação. Acredita-se numa revisão desta decisão. 

A Pfizer anunciou que apenas 1% dos vacinados com duas doses adquiriram a Covid 19 após 6 meses, todos com infecção leve. Ou seja, a imunidade proporcionada pela vacina deve durar mais do que seis meses (a ver quanto tempo durará) e nenhum dos vacinados contraiu a forma grave da doença.

Observamos bem como uma bem organizada e rápida mobilização por vacinas faz a diferença. Os EUA estimam acabar com o ciclo de vacinações ao adultos ainda em abril. No Brasil, o desencontro predomina. O que consola é que não estamos sós. Na Europa, a falta de vacinas também norteia o dia a dia em vários países. Portugal já está "
desconfinando", mas na França, um "lockdown" absoluto de duas semanas foi aprovado, assim como na Alemanha, Itália e Espanha. Enquanto as vacinas não chegam, ninguém sai de casa. Por lá, optaram pelas vidas e não a economia.

Sobre outros fatos

Tivemos uma agenda intensa na semana que passou, com a substituição de seis ministros no governo Bolsonaro. O chanceler Ernesto Araújo caiu por incompetência e verborragia indecifrável; já o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, e os comandantes das três armas, se “rebeleram” e deram um “chega para lá” no presidente, que queria “apoio” para as suas “estripulias”. Saíram falando que as suas "armas" não seriam usadas por caprichos de um governante. Não tem este papo de “meu Exército”.

Em paralelo, com as mortes a mais de 320 mil, acabou formado o “Gabinete de Crise”, algo bem atrasado (já deviar ter sido feito há um ano!). Artur Lira, presidente da Câmara, em discurso, foi direto, “remédios amargos e fatais” podem se tornar necessários se “ele” não se enquadrar. Impeachment no forno?

Outro fato foi o debate sobre o Orçamento, com o Parlamento se propondo a cortar até R$ 10 bilhões em emendas. Paulo Guedes reagiu, não aceitando, e reafirmando que estas têm que caber no Orçamento. São 15 dias de análise, depois de sair do Congresso, para sanção presidencial. Até o dia 22 teremos discussões.

Indicadores chaves

Bolsa de Valores

Fechamos quinta-feira (dia 1), véspera do feriado de Páscoa, com o Ibovespa em queda de 1,18%, a 115.25 3 pontos. A impressão é que os investidores não quiseram ir para o feriado “comprados”. Em março houve uma “bela” valorização de 6,0%, mesmo com três perturbações - crise fiscal, pandemia explosiva e crise política, pelas condutas intempestivas do presidente. Para abril, a expectativa é de mais “volatilidade”, pelo ambiente político açodado, mesmo com vacinação. Não repetiremos março.

Taxa de câmbio

Na quinta-feira, o dólar fechou a R$ 5,7153, +1,54%, acumulando 10% de valorização no ano. No dia anterior havia recuado 2%, chegando na máxima intraday, R$ 5,7158. Os investidores estão na defensiva por causa da questão do Orçamento e do payroll americano mais forte (+916 mil). Isso, com certeza, pressionará os Treasuries americanos, depreciando ainda mais a nossa moeda. Mais “correção” é prevista na segunda-feira. Bom para as empresas exportadoras, ruim para a inflação e as empresas endividadas em dólar. Ao fim deste ano estimamos o dólar à R$ 5,40, R$ 5,20 nos anos seguintes.

Taxa de Juros

A “curva de juro” deu uma inclinada de 20 pontos nesta semana passada, diante das incertezas em relação ao ambiente político e o ritmo da pandemia. Assim sendo, as taxas médias e longas fecharam a semana em alta, diante da forte aversão ao risco fiscal, dada a questão não resolvida do Orçamento. Também “pesaram nas taxas” o avanço do dólar, do petróleo e os receios com a pandemia. Importante que tal comportamento não surpreendeu, considerado normal, com o Tesouro ofertando grande lote de papéis curtos, sem risco ao mercado. Trabalhamos com a Selic a 5,25% ao fim deste ano e 6,0% em 2022.

Inflação


No Brasil, o IPCA-15 ficou dentro das expectativas do mercado (0,93%), influenciada diretamente pelo choque dos combustíveis mais caros. Em 12 meses acumula 5,57%, superando o teto da meta (5,25%). Sendo assim, a inflação de curto-prazo segue (e seguirá) pressionada até, pelo menos, meados do ano, com um nível de espalhamento maior mostrado pelos núcleos e pelos índices de difusão. Nesta semana teremos o IPCA “cheio” de março, na mesma trajetória de alta, pressionado por novos reajustes de combustível, pela alta do petróleo (+3,0%). Ao fim deste ano, trabalhamos com o IPCA a 5,1%; para 2022 deve ficar em 4,5%.

Atividade

Ritmo da economia segue fragilizado, dado o atraso das vacinas e os desencontros na adoção de políticas públicas, além do “açodamento político”.O primeiro trimestre foi fraco, dado o ritmo de vacinações muito lento. O mesmo deve ocorrer com o segundo trimestre. Uma retomada mais consistente, apenas no segundo semestre, ainda assim, desde que a vacinação avance no devido ritmo, imunizando a maioria da população adulta. Em fevereiro, a produção industrial do IBGE recuou 0,4%, depois de nove meses em alta.




quinta-feira, 1 de abril de 2021

CPI DA COVID NO CENTRO DAS ATENÇÕES

No Brasil, a CPI da Covid no centro das atenções, com o bombástico depoimento de Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação. O que ele dirá? Comprometerá o governo, mais ainda, o ex-ministro Pazuello, chamando-o de incompetente pelas negociações com a Pfizer? Nos EUA, atenção para o CPI, importante para o balizamento de juro do Fed.

Estimativas de mercado apontavam alta de 0,2% em abril e 3,6% na taxa anualizada, contra a base fraca do ano anterior. No núcleo, 0,3% no mês e 2,3% na comparação anual. 

Aguardemos como o Fed deve reagir, dado o intenso fluxo de recursos para os emergentes e que uma mudança de postura de Jerome Powell tudo pode alterar. 

No Brasil, como "pano de fundo", as várias operações de IPOs das empresas, visando se "capitalizar" para o pós pandemia, o aumento nos ingressos externos e no comercial, o superávit da balança causado pelo grande volume de exportações agrícolas para a China. E viva o super ciclo das commodities! 

Decorrente disso, o dólar já testava os R$ 5,20, não sendo surpresa se recuar abaixo disso.

Ainda sobre o Brasil, outro fato a chamar atenção é a discussão do tal "orçamento paralelo", denunciado pelo Estadão, mas ainda a comprovar. O que se comenta é que variados "projetos" da estatal Eletrobras deveriam ser usados no Norte e Nordeste, como "moeda de troca" com o Centrão.

Sobre a CPI da Covid, foi surpreendente nesta terça-feira o desempenho do presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, elogiado por todos, até por membros da oposição. 

Afirmou ele ter posições bem diferentes do presidente da República, Jair Bolsonaro, em diversos temas, como o uso de máscaras, vacinas e distanciamento social. Bastidores indicavam que esta participação irritou profundamernte o Planalto. Em paralelo, o Ministro da Saúde já anunciou que fechou a compra de 100 milhões de doses da Pfizer. As doses começam a chegar a partir de setembro, mas serão usadas somente em outubro (35 milhões).

Enquanto isso, o ex-ministro Pazuello garantiu junto a AGU habeas corpus para permanecer em silêncio na CPI da Covid, não respondendo a ninguém no seu depoimento do dia 19.

Na agenda deste dia, destaque para os dados do volume de serviços, do IBGE, previsto para recuo de 3,1% na margem. De tarde, temos o fluxo cambial, a derrubar ainda mais a moeda norte-americana.

Nos balanços, Eletrobras, depois do fechamento, junto com BRF, JBS, Cia. Hering, Eneva, Hapvida, MRV Engenharia, Natura & Co, Suzano, Via Varejo e Yduqs.

Nos EUA, atenção para o CPI de abril, também a ser divulgado na Alemanha (3h). A AIE solta seu relatório mensal de petróleo (5h). A commodity poderá ser influenciada também pelo estoques semanais do DoE (11h30).


quarta-feira, 31 de março de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 31/03/2021 - PRECISAMOS DE ESTABILIDADE

Foi uma terça-feira (dia 30) em que os investidores ainda “lambiam as feridas” do “caos político” do dia anterior. O esforço aqui era absorver a reforma ministerial, atento aos embates entre os militares e o governo, e ainda transitando pela pandemia, que ontem atingiu recorde de mortes (3.668) e o Orçamento, totalmente disfuncional, em negociação no Congresso.

Mesmo assim, alguns ainda conseguiram enxergar algumas positividades sobre o que aconteceu. A reforma ministerial, por exemplo, mostrou “alguma aproximação entre Executivo e Legislativo”, e, mais do que isso, de que o Centrão, no seu pragmatismo pela governabilidade, deve assumir o leme do návio nestes mares revoltos. Com um dos seus quadros, Vera Arruda (PP-DF), num posto estratégico do Planalto (Casa Civil), a impressão é que o ritmo das negociações deve se tornar outro. Ela, inclusive, já presidente da CMO, deve conseguir “destrinchar” melhor o Orçamento de 2021 (OGU), o “bode na sala” a ser retirado.

O maior problema no OGU é que ele foi aprovado na Câmara com “subestimação das despesas de custeio” para tornar possível a acomodação do festival de emendas. Algo totalmente irreal. Agora, é lutar para que o Congresso retire boa parte destas emendas para que “caibam no Orçamento”, como disse Paulo Guedes.

Foi um dia, também, de indicadores divulgados, mais “amenos” do que o esperado. O IGP-M de março veio com 2,94%, maior taxa para o mês desde o Plano Real, mas abaixo das projeções; a Caged com expansão de 401 mil vagas formais, bem melhor do que o esperado, o que pode ser lido que a retomada da economia acontece, apesar dos pesares. Para isso, é o que disse Paulo Guedes, muita campanhade vacinação precisa ser agilizada. Talvez nosso quadro não seja tão ruim, por já termos produção nacional, pelo Butantan e em breve, pelo governo, o que pode tornar possível a vacinação de todos adultos acima de 50 anos até maio. Por outro lado, não podemos deixar de observar o caos até aqui, com recorde de mortes neste dia 30, 3.668.

Nos EUA, o ritmo é intenso, com uma média de 3 milhões de pessoas por dia, podendo resultar em 90% dos adultos vacinados agora em abril. Isso se reforça também à ampla campanha de vacinação no Reino Unido, já com metade dos adultos já tendo tomado a “primeira dose”.

Isso nos leva a crer que a prioridade é organizar as campanhas de vacinação e cessar de uma vez por todas os bate bocas inúteis. Enquanto a vacina não vem, as pessoas têm que ficar em casa sim, tem que haver lockdown, mesmo que nas suas várias modalidades. Isolamento social é a única saída, além de máscara e álcool gel, além de todo cuidado nas movimentações. Não tem jeito. Vários países superaram este virus no mundo, com destaque para Portugal (2 pessoas morreram ontem !), Nova Zelândia, Austrália, Israel, Chile, Uruguai, e vamos achando países.

Falando da reforma ministerial, já citada acima, pode representar um fortalecimento do Centrão, em prol da governabilidade do País, meio que enquadrando o presidente, num sinal amarelo de que se ele não colaborar e não “calar a boca, remédios amargos e fatais acabarão necessários”. Para bom entendedor...

Já o afastamento dos comandantes militares (maior crise desde a redemocratização de 1985), também se guiou pela mesma mensagem...”voce está isolado e é bom se enquadrar”.

Voltando ao mercado, outro dado nesta situação caótica foi o desempenho fiscal, do governo central, com déficit de R$ 21,2 bilhões, um pouco abaixo do esperado.

Neste contexto, no dia 30, a bolsa paulistana, pela manhã, muito volátil, à tarde deu uma reagida, fechando no azul, avançando 1,24%, a 116.849 pontos, beneficiada pela recuperação dos papéis de consumo domésticos, diante da perspectiva de aceleração das vacinações. No mês de março, até o dia 30, a valorização chegou a 6,19%, meio que compensando a perda de 1,82% no ano.

No mercado de juros, todas as pontas da curva deram uma recuada, depois do IGP-M menor do que o esperado e a reforma ministerial enquadradora, além do Caged mais robusto. Agora crescem as apostas de que o ajuste de juro, dividido entre 0,75 e 1,0 ponto percentual, deve tender mais para a segundo “range”. O presidente do BACEN, Roberto Campos Neto, aliás, disse que o ajuste do juro pode ser célere, caso as negociações do Orçamento não se encaminhem bem.

Por fim, em dia de PTAX, o câmbio segue pressionado, o que se reflete numa readequação dos investidores estrangeiros, neste ambiente de confrontos e ameaças de ruptura. Neste contexto, dia 30, o dólar, que chegou a R$ 5,80 em alguns momentos do dia, deu uma cedida ao fim, fechando a R$ 5,7619 (-0,08%). Já os CDSs avançaram um pouco, de 228,4 pontos a 231,4, refletindo este ambiente de desconfiança dos investidores estrangeiros.

CENTRÃO E GOVERNABILIDADE, 30/03/2021

Na metade do mandato, em frágil composição política no Congresso, sempre às turras com o então presidente da casa Rodrigo Maia, Jair Bolsonaro acabou como um dos articuladores para a eleição da dupla Rodrigo Pacheco, para o Senado, e Artur Lira, para a Câmara, no início de fevereiro. 

Era previsível, portanto, algum "troca troca político", uma nova composições de forças teve que ser construída. Ou seja, isso não foi gratuito. Algo teve que se dado em troca, pela "sustentação de aluguel" do Centrão ao governo Bolsonaro. 

Sendo assim, novas "influências" ao governo se tornaram fato, o que se confirmou nos "ajustes" realizados nesta segunda-feira (dia 29).

Em movimentação que surpreendeu a todos, Jair Bolsonaro acabou realizando uma reforma ministerial de peso, com mudanças em seis cargos. 

Especulações indicam que os proximos a caírem deverão ser Ricardo Salles do Meio Ambiente, Rogerio Marinho, do Desenvolvimento Regional, e o ministro da Educação, mais um fundamentalista que eu não recordo agora o nome. 

Podemos "calcular" que o governo está sendo levado a estas decisões, em função da necessidade de limpar a sua agenda ideológica por pressão do Centrão, outros, mais pragmáticos, consideram que em parte sim, pois muitos destes quadros no governo vinham atrapalhando no seu bom transcurso. 

No caso de Rogério Marinho, a razão seria também os constantes embates com o ministro Paulo Guedes, cioso da necessidade de respeito ao "teto dos gastos", e também pela austeridade, a não ingressar em nenhuma aventura populista, que não possa ser sustentável depois. 

Nas mudanças empreendidas nesta segunda-feira (dia 29), seis cargos foram trocados. 

Na Defesa, saiu o general Fernando Azevedo para abrir espaço ao general Braga Netto, antes na Casa Civil, agora ocupada pelo general Luis Eduardo Ramos, deslocado da Secretaria de Governo para a entrada da deputada Flavia Arruda, esposa do ex-deputado José Roberto Arruda. Pode estar aqui sendo construído o tal "rearranjo" do Centrão na relação com o governo. Isso porque será ela a negociar com o Congresso cargos e a analisar várias emendas dos deputados 

Na Justiça, assume o delegado da Polícia Federal, Anderson Torres, conhecido do filho 01 Flavio Bolsonaro. André Mendonça volta para a AGU, com a saída de José Levi, por discordar do presidente Bolsonaro; 

E finalmente, no Ministério das Relações Exteriores saiu Ernesto Araújo e entra o Embaixador Carlos Alberto Franco França. Este, então chefe do cerimonial do Planalto, tende a ser mais discreto e menos histriônico nas relações do Brasil com o resto do mundo. Com certeza, não deve gerar fricções, por exemplo, com a China, maior parceiro comercial do Brasil na atualidade. Este país é simplesmente 70% da nossa pauta comercial, maior demandante de soja, minério de ferro e um dos maiores de carne dos nossos frigoríficos. 

Sobre as mudanças na Advocacia-Geral da União, saiu José Levi Mello, entra André Mendonça, possível candidato para o STF na próxima aposentadoria dos 11, de Marco Aurélio de Mello. 

Sobre a troca na Defesa, um fato a chamar atenção é que os três comandantes, Aeronáutica, Marinha e Exercito, também saíram. Isso representa um claro indicativo de que as FFAA não aderiram ao populismo do presidente Bolsonaro. Outro fato a chamar atenção é que o general Fernando Azevedo demonstrou, de forma cabal, que o Exercito é uma instituição de Estado e não de governo. Ou seja, não irá embarcar em nenhuma aventura populista. 






terça-feira, 30 de março de 2021

ORÇAMENTO 2021: UM FESTIVAL DE EMENDAS

"O Legislativo se refastela frente ao governo que se esfarela. Aprovou-se um Orçamento que revela um governo que adora furar fila". Marcos Lisboa.

O Congresso aprovou na última quinta-feira (25) o Orçamento da União para 2021, por 346 votos a favor e 110 votos contra. Foi uma votação, na qual, de determinante tivemos uma "festa de emendas", por demandas, em sua maioria, "paroquiais" dos congressistas. E isso em plena pandemia! Isso me pareceu excessivo. 

O relatório será enviado nesta semana ao presidente Jair Bolsonaro, que terá 15 dias úteis para sancionar após a data de recebimento. Previsões indicam isso ocorrer na segunda quinzena de abril. 

❑ O relator Márcio Bittar, com o objetivo de abrir espaço para emendas parlamentares no valor aproximado de R$ 49 bilhões, reajustou despesas em R$ 26,5 bilhões, retirando, por exemplo, gastos com benefícios previdenciários (R$ 13,5 bilhões), abono salarial (R$ 7,4 bilhões) e do seguro-desemprego (R$ 2,6 bilhões). 

❑ Houve também uma mudança na forma do pagamento do auxílio-doença. A ideia é que as empresas arquem com esses recursos recuperando o valor posteriormente, abatendo sobre os tributos devidos. A medida abriria um espaço em torno de R$ 4 bilhões no teto. 

❑ A meta fiscal ficou definida em um déficit de R$ 247,1 bilhões para o governo federal. 


❑ Adicionalmente, a verba de mais R$ 169 milhões destinada ao IBGE para realização do censo demográfico acabou retirada e transferida para a administração do Ministério da Economia.

❑ O Ministério da Economia já analisa um contingenciamento da ordem de R$ 30 bilhões. 

❑ A dimensão das emendas parlamentares levaram o TCU a alertar Bolsonaro sobre risco de crime fiscal se Orçamento de 2021 for sancionado. 

❑ Para solucionar esta questão, o relator Marcio Bittar tem três opções: votação de um novo projeto, ajuste do parecer ou veto do presidente Bolsonaro.

❑ A expectativa é de que Bittar cancele as emendas. 

❑ Adicionalmente, o governo federal tem até o dia 15 para enviar ao Congresso Nacional o projeto de lei que trata da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021. 

❑ A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que trará os parâmetros para o Orçamento de 2022, precisa ser aprovada pelo Congresso até 17 de julho, último dia de atividade legislativa antes do recesso do meio do ano.





Análise da Conjuntura, 31/03 (IPEA)

Dados recentes de janeiro de 2021 e estimativas da Dimac do Ipea para fevereiro mostram que a trajetória de recuperação continuou no primeiro bimestre deste ano na indústria e, principalmente, nos serviços. No entanto, o agravamento recente da pandemia, que culminanou no quadro atual de forte pressão sobre o sistema de saúde, vem motivando os governos estaduais e municipais a reintroduzir medidas impositivas de isolamento social. Se, por um lado, se espera que a nova rodada de restrições possa ajudar a conter o número de novos casos da doença e aliviar o sistema de saúde, por outro lado, aumentam as incertezas em relação ao desempenho da economia no curto prazo. O impacto negativo sobre a atividade econômica tende a ser significativo, mas menor do que no segundo trimestre do ano passado.

O desequilíbrio fiscal é analisado nesta nota na perspectiva do orçamento de 2021 recém-aprovado pelo Congresso, especialmente em relação ao cumprimento do teto de gastos, e do impacto da aprovação da Emenda Constitucional (EC) no 109, derivada da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial, sobre a sustentabilidade das contas públicas em prazo mais longo. Argumenta-se que a necessidade de duras medidas de contenção de despesas visando ao cumprimento do teto de gastos em 2021, que já era significativa, foi magnificada pelo Autógrafo do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) aprovado. Contudo, dado o já relativamente baixo nível das despesas discricionárias, o espaço para o ajuste requerido é estreito, havendo risco de interrupção parcial ou total de algumas atividades ou programas públicos. Faz-se necessária, portanto, a busca por uma solução que envolva a revisão de parte da programação orçamentária aprovada no Autógrafo do PLOA. No que se refere à sustentabilidade da política fiscal no longo prazo, entende-se que a EC no 109 seja um passo importante na direção correta, ao proporcionar instrumentos e reforçar princípios relevantes para o equilíbrio fiscal intertemporal. Um dos determinantes de seus impactos, porém, será a aprovação de leis complementares que regulamentem algumas das alterações constitucionais. Ao longo do tempo, o impacto final da EC no 109 sobre as contas públicas ficará mais claro.



Neste contexto de incertezas de política fiscal e relacionadas à pandemia, a previsão da Dimac/Ipea para o PIB de 2021 é de um crescimento de 3%, com recuo de 0,5% do PIB no primeiro trimestre, na comparação com ajuste sazonal. Ainda que uma nova rodada de medidas fiscais de combate aos efeitos da pandemia esteja programada para começar em abril, o impacto negativo sobre a atividade econômica tende a prevalecer no primeiro semestre, embora em magnitude significativamente menor do que a verificada no ano passado. No segundo semestre, o cenário considerado na projeção é que a cobertura vacinal contra a Covid-19 esteja avançada e permita a retomada do crescimento devido ao aumento da confiança dos consumidores e empresários e à redução de medidas de isolamento social. Para 2022, a Dimac/Ipea projeta um aumento de 2,8% para o PIB. Embora esse resultado do ano seja inferior ao previsto para 2021, o cenário caracteriza-se pela manutenção, ao longo de 2022, da retomada da atividade esperada para o segundo semestre deste ano.

No que diz respeito à inflação de 2021, projeta-se uma variação de 4,6% do IPCA e de 4,3% do INPC. Essa projeção considera as surpresas inflacionárias adversas do início do ano, especialmente em relação aos preços administrados, bem como o recente período de seca verificado nas principais regiões produtoras de carne e leite, a trajetória observada e esperada para a taxa de câmbio e a continuada aceleração dos preços das matérias-primas no mercado internacional. Contudo, espera-se que, no contexto de uma política monetária mais apertada e sob a hipótese de que as atuais incertezas fiscais sejam controladas, a inflação volte a cair ao longo do ano e permaneça controlada em 2022, atingindo, nesse ano, 3,4% tanto para o IPCA quanto para o INPC.

MACRO MERCADOS DIÁRIO Terça-feira, 30/03/2021 “DANÇA DAS CADEIRAS”

Uma segunda-feira (29) caótica nos mercados. Tanto no Brasil, como no exterior, os ativos oscilaram sem rumo definido. Por aqui, a justificar, o Orçamento aprovado na semana passada, cheio de “armadilhas”, e a confusa “dança das cadeiras”, empreendida pelo presidente Bolsonaro. No exterior, os Treasuries operaram ainda mais pressionados, a atingir 1,77%, maior taxa desde janeiro, somando-se ao dólar em valorização. Receio aqui veio do turbinamento no crescimento dos EUA, em bom ciclo de vacinações, se deslocando cada vez mais do resto do mundo.

Na manhã desta segunda-feira o chanceler Ernesto Araújo (EA) pediu demissão, depois de intensa pressão do Congresso; à tarde, foi a vez do general Fernando Azevedo, da Defesa ser demitido, e uma reacomodação de cargos acabou inevitável, com mudanças na Justiça e em posições chaves da “articulação política”, próximas ao gabinete do presidente no Planalto.

A saída de EA, do Ministério de Relações Exteriores, até que veio sem maiores turbulências. Como previsto, ingressou um diplomata de carreira, do cerimonial do Planalto, Carlos Alberto França, mudança esta bem acolhida pelos meios políticos e diplomáticos. O clima para EA era insuportável. Embora sem experiência em postos no exterior, França deve se destacar pela discrição e por não criar tensões com parceiros comerciais, como a China ou a Argentina.

Maior tensão no dia, no entanto, veio da mudança da Defesa, com variadas interpretações e análises. Ninguém esperava!

Parece-nos perceptível de que Fernando Azevedo não saiu satisfeito (deve ser seguido pelos comandantes da Aeronáutica, Exército e Marinha). Aliás, a relação de Bolsonaro com o general Edson Pujol, do Exercito, não era das melhores. Especulações seriam de que o presidente já havia pedido a cabeça do comandante do Exercito, não aceita por Azevedo, por este não apoiar os desmandos do capitão. Surgem então duas indagações: para quê ele queria este apoio? será que os militares abandonaram o presidente nas suas tentações autoritárias?
Ao sair, Azevedo deixou um comunicado na qual sua gestão na Defesa se pautou pelos interesses do Estado brasileiro, não do governo Bolsonaro, “nesse período preservei as Forças Armadas como instituição de Estado”. Ou seja, havia, de fato, um clima de insubordinação no ar. Pelo jeito ele não aderiu às tentações populistas ou autoritárias do presidente.

O deslocamento do general Braga Neto para a Defesa, pode também ensejar a leitura de que o foi para tirá-lo do centro das decisões econômicas estratégicas do governo. Soma-se a isso, as mudanças ocorridas (e potenciais, que devem ocorrer), representam um enfraquecimento da ala mais ideológica do governo, e o fortalecimento dos mais pragmáticos, destacando Paulo Guedes, importante na travessia econômica até 2022. Deve perder espaço a ala mais desenvolvimentista do governo, favorável ao aumento de gastos. Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, pode ser o próximo a sair, assim como Ricardo Salles do Meio Ambiente.

A somar a isso, a aprovação do Orçamento de 2021 na semana passada, cheio de emendas, ainda repercute. Se este passar na sanção presidencial, forçosamente, as despesas devem estourar o teto dos gastos o que obrigará o governo ao shutdown. Havendo isso, boatos são de que toda a equipe econômica pedirá demissão.

Neste contexto, como resultado, tivemos nos mercado a bolsa de valores volátil, a curva de juro em boa inclinação, claro sinal de desconfiança, e o dólar batendo os R$ 5,80. Ao fim o dia (dia 29), o Ibovespa subiu 0,56%, a 115.418 pontos, e o dólar valorizou 0,44%, a R$ 5,7663.

Agenda do dia

Nesta terça-feira, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, participa de evento do Banco Daycoval, às 14h. Antes, o mercado repercute o IGP-M de março (8h), que pode acelerar para a maior taxa em 20 anos (3,0%). Este impacto virá da alta dos combustíveis e das commodities e do câmbio depreciado. Ainda teremos as contas do Governo Central (14h30), déficit entre R$ 32,7 bilhões e R$ 16,3 bilhões. Já o Caged de fevereiro (10h30) deve vir positivo pelo segundo mês consecutivo, apontando a maior geração de vagas de emprego para fevereiro, de 260 mil na mediana (piso de 150 mil e teto de 283.936 vagas).

BALANÇOS – Depois do fechamento do mercado, saem os resultados trimestrais da Qualicorp, Banco BMG, Centauro, Enjoei e Priner. Promovem teleconferências: Neogrid (10h), Sabesp (10h30) e Espaçolaser (11h).

LÁ FORA – Nos EUA, o índice de confiança do consumidor (11h), medido pelo Conference Board, deve melhorar para 96,8 em março, de 91,3 em fevereiro. No final da tarde (18h), o BC do Chile divulga decisão de política monetária.


Vamos conversando.

segunda-feira, 29 de março de 2021

MACRO MERCADOS SEMANAL Segunda-feira,29/03/2021 Semana tensionada

Iniciamos uma semana mais curta pelo feriado de Páscoa - meio fim de março, meio início de abril -, mas muito tensionada na relação entre Bolsonaro, Congresso e sociedade.

De um lado, a evolução descontrolada da pandemia, a resposta, mesmo que tardia, deste governo, e a necessidade de intensificação das campanhas de vacinação. Do outro lado, a reação da sociedade, com vários atores já desembarcando do apoio a este governo, pela gestão temerária durante a pandemia. As críticas são generalizadas. Luis Stuhlberg, por exemplo, gestor do fundo Verde, já anunciou sua decepção, afirmando que quem votou no presidente, não deve mais votar, “acreditei e votei no Bolsonaro, mas ele nunca terá o meu voto.”

Stuhlberger parece ser uma das vozes mais revoltadas com este “estado de coisas”, esta gestão calamitosa do presidente. Disse ele, gestor de R$ 52 bilhões, sob o manto do fundo Verde, que o País deve perder entre 1,5% e 2,0% do PIB neste ano, entre R$ 130 bilhões a R$ 140 bilhões. Somando os auxílios emergenciais , chega-se à R$ 200 bilhões. As eleições de 2022 prenunciam Lula e Bolsonaro em segundo turno e isso assusta a todos. Buscamos, desesperadamente, um candidato de centro.

Nesta tensa relação, durante a semana passada ocorreu um esforço de coordenação das lideranças do Congresso e do Judiciário, mas ao fim voltou a crescer a pressão pela saída do ministro Ernesto Araújo, um dos próceres do chamado “olavismo”. Segundo ele, esta pressão derivava do esforço de alguns parlamentares, como a deputada Kátia Abreu, de colocarem o projeto da 5G nas mãos dos chineses. Não é isso. Todo o Itamaraty, por exemplo, já se posicionou pela saída do chanceler. Não tem o apoio de ninguém!

Mesmo acuado, numa sociedade cada vez mais cansada, Bolsonaro não se farta de “resistir” com palavras de ordem variadas, em sua maioria, de fundo religioso, como “ao lado de Deus venceremos”.

Venceremos quem cara-pálida? Já são 312 mil mortes acumuladas, diariamente mais de 1 mil, chegando a 3 mil. A rede de hospitais está totalmente colapsada. Uma reversão de mortes até ocorreu neste fim de semana, pela compulsória necessidade de lockdown absoluto em várias cidades. E este parece ser um dos focos de resistência do presidente, ainda totalmente contrário ao isolamento social. Poderíamos citar vários países que o fizeram e venceram a pandemia, como Austrália e Reino Unido, ambos acelerando nas vacinações, porque se organizaram. Em Portugal, de 290 mortes ao dia, pelo descontrole em dezembro, baixaram as mortes a média de 10.

No Congresso, dada esta saturação e este “messianismo” do presidente, só apoiado por fanáticos religiosos e bajuladores oportunistas, o presidente da casa, Artur Lira, já deixou claro que “remédios amargos e fatais” acabarão necessários se nada for feito para frear esta total desorganização e crescimento da pandemia e mortes. Ou seja, pode-se estar gestando um processo de impeachment contra o presidente. Na opinião de um deputado, “Bolsonaro está no fio da navalha, se ele teimar nesta postura, acabará atropelado”.

No front fiscal a situação não é menos calamitosa. Em aprovação do Orçamento no Congresso na semana passada, Guedes já deixou claro que este é “inexequível” e levaria o País ao shutdown. Num festival de emendas, R$ 49,5 bilhões foram o que restou à máquina federal, para administrar suas despesas de custeio até o final deste ano. Isso é o que sobra depois do corte de 51,3% das despesas obrigatórias, a cumprir o teto de gastos. Agora o Orçamento vai a sanção presidencial, e pouco espaço de manobra resta ao presidente.

Falando do cenário internacional,
atenção para a evolução no fechamento do Canal de Suez, e os efeitos nas cotações dos preços do barril de petróleo. Nesta semana teremos na quinta-feira a reunião da Opep e novos elementos devem ser adicionados. Atenção também para alguma oscilação de um hedge funds na Ásia, que fechou a semana passada se desfazendo da sua carteira de ações. Nos EUA, em contraponto, temos o ápice no ritmo de vacinações, já tendo chegado a 143 milhões pessoas imunizadas. Por outro lado, na Europa, o ritmo segue errático, pela falta de insumos.

Agenda Semanal. Na 2ª feira, Pesquisa Focus, dados do Caged de jan e de crédito doméstico de fev; na 3ª feira, os dados do governo central de fevereiro, o IGP-M de março, pressionado pelo câmbio depreciado (acima de 9% no ano). Depois de 2,53% em fev, deve registrar 2,89% em março, e o IPP de fev; na 4ª feira, dados de desemprego de janeiro pela PNAD, dados fiscais de fevereiro, com a dívida pública, prevista em 62% do PIB e nos EUA , a geração de empregos privados (ADP), mais 117 mil vagas; na 5ª feira, reunião da OPEP, produção industrial, pelo IBGE, de fevereiro, em lenta retomada e do Markit, dados da Fenabrave e da balança comercial de março. Por fim, na 6ª feira no Brasil, e em alguns países da Europa, é feriado de Semana Santa. Nos EUA, payroll e taxa de desemprego de março (fevereiro foi a 6,2% da PEA).



Boa semana e bons negócios a todos !

domingo, 28 de março de 2021

INEVITÁVEL COMPARAR, INEVITÁVEL...

São inúmeros os países que fizeram o seu "dever de casa" e agora estão "quase livres" do VIRUS. 

Poderíamos lembrar a Nova Zelândia, na América do Sul o Uruguai, o Chile, pela sua bem coordenada campanha de vacinação, a Austrália, conforme relatado por um amigo Marcelo de Oliveira, da UFPEL, aqui em Portugal e o Reino Unido.  

Na Austrália, segundo o Marcelo, no início da pandemia, "foram fechadas as fronteira, foi feita uma quarentena absoluta, RIGOROSA, COM FECHAMENTO DO COMERCIO NAO ESSENCIAL, testagens em massa da população, proibição à circulação das pessoas entre cidades de diferentes regiões, identificação dos infectados, promoção de isolamento obrigatório dos infectados e de TODAS PESSOAS em contato com o infectado.

Qual o resultado?

"Houve impacto econômico, como em todos países do mundo, mas hoje a vida normalizou, comércio aberto, ainda com proibição de circulação das pessoas em diferentes estados, ausência de uso de máscaras; prejuízo de capital humano com 940 mortes em um ano, em Perth (2 milhões de habitantes), total de 10 mortos, ou seja, prejuízo quase nulo em perda de vidas. Incrível ! Os gastos hospitalares foram quase nulo!"

Em Portugal, ingressamos também, no mais absoluto "lockdown" em meados de março do ano passado, quando do início da Pandemia. Nos fins de semana, entre 13hs e 5 hs do dia seguinte, o lockdowns foi rigoroso, com todos em casa. Foi proibido a locomoção entre concelhos, a não ser com justificativa, e foram rigorsos no uso de máscaras e distanciamento social. Houve um interregno entre dezembro e janeiro, quando houve algum afrouxamento. As mortes dispararam, as internações também. A rede hospitalar ameaçou "colapsar". Em seguida, veio de novo o lockdown absoluto. Agora, são 8 a 11 mortes ao dia, cerca de 300 novos casos.



Não podemos esquecer o Reino Unido, tendo virado o jogo, com uma ampla campanha de vacinação, já cobrindo metade da população e muito lockdown.

No Brasil, tudo errado, tudo ao contrário. Uma "quarentena meia boca", pessoas não seguindo o protocólo, o próprio presidente desmerecendo a necessidade do uso de máscaras e do isolamento social, sabotando o distanciamento social, e investimento pesado em “tratamento precoce”, sem testagens na população.

Como resultado, recessão, 300 mil mortos acelerando, hospitais colapsando, sociedade se revoltando !

Como conclusão. Tem que haver lockdown sim! Tem que haver junto muita coordenação de governo, entre os poderes, no parlamento, entre os governadores. Para Marcelo, "apenas com obediência rigorosa das regras sanitárias, senso de coletividade e respeito as autoridades de saúde, seguindo o mundo real e não o paralelo"

Se guiar pelo negacionismo e pelas teorias conspiratórias doidas será o fim !



sábado, 27 de março de 2021

Um breve retrospecto.

Bolsonaro "viveu" 28 anos no Congresso, preocupado apenas com um objetivo, se reeleger e defender as corporações militares. Foi um deputado "corporativista", defendendo interesses bem focalizados e específicos. Sua produção legislativa foi medíocre. Digamos que ele sentava nos fundos do "baixo clero". Nada de relevante produziu nestes anos, nenhuma lei, nada.

 

 Apenas brigava pelos militares e pregava uma agenda conservadora de costumes.

Em 2015, quando o país ingressou no segundo ano de recessão, provocada por uma sucessão de erros de política econômica do governo Dilma, Bolsonaro, e seus seguidores, montaram uma estratégia de redes sociais para se tornar “o candidato anti-PT”, “o candidato anti-sistema”.

 

Com a Operação Lava-Jato fazendo estragos nas hostes, tanto do PT, como dos partidos “satélites”, e com Lula preso, o atual presidente tornou-se rapidamente um "fenômeno das redes". Bem aproveitou este “vácuo”. Lembremos inclusive, que antes do pedido de prisão, Lula liderava nas pesquisas eleitorais, com Bolsonaro “meio” que embolado com Ciro Gomes, Marina e outros.

Depois, houve o estranho atentado (a mando de quem?), a facada, e ele acabou "beneficiado", pois em torno dele, estimulado pelas pregações evangélicas, surgiu a "idéia" de que tinha sido o "escolhido".

 

Ingressamos no segundo turno das eleições com a polarização dos extremos, pela esquerda e a direita, Bolsonaro foi “poupado” de participar dos debates contra o PT, de Fernando Haddad e, ao fim, num sentimento anti-PT generalizado, acabou eleito.

Houve uma breve transição, foram chamando alguns expoentes da sociedade, muitos recusaram, outros, meio de lado, constrangidos, ficaram de pensar.

 

Acabou conseguindo formar um ministério razoável. Um super ministro para a Economia foi escalado Paulo Guedes. Com ele, vieram vários bons quadros, como Castello Branco na Petrobras, Sallim Mattar nas Privatizações, André Beltrão no BB, Mansueto Almeida na gestão pública, etc.

 

     Sergio Moro foi convidado e, pronto, talvez, seu grande erro de cálculo, aceitou a missão de Ministro       da Segurança e da Justiça. Depois veio sua demissão, diante das crescentes interferências do                         presidente na  sua pasta. O pacote contra a justiça, por exemplo, foi muito "desidratado". 


CHANCE DESPERDIÇADA

Não parece difícil um balanço do governo Jair Bolsonaro nestes dois anos e mais alguns meses no poder.

Podemos visualizar uma sucessão de decisões equivocadas, algumas bem intencionadas, outras nem tanto, e poucas, realmente, meritórias. 


Sua agenda econômica é (ou era) até acertada. Basicamente, tratava das reformas estruturais, da Previdência, tão urgente diante da trajetória desta dívida; da Tributária, num cipoal de impostos que mais repelem do que atraem investidores, e da Administrativa, sabendo que boa parte da nossa dívida estrutural é originada das distorções da rubrica “Encargos e Pessoal”.

 

O diagnóstico é um só. O déficit público “estrutural” tem origem e daí, diagnóstico. Aqui, uma contradição, pois Bolsonaro ascendeu pelo corporativismo junto aos militares e todos sabemos que boa parte destes déficits, público e previdenciário, são originados dos excessos de "penduricalhos" dos servidores públicos e dos militares. Ou seja, a tal "fábrica de desigualdades", denunciada por Paulo Guedes, tem que ser equacionada, pelo lado da retirada dos privilégios dos servidores públicos, principalmente, dos militares. Ao poucos, Bolsonaro foi sendo “dobrado” sobre, mas parcialmente. A reforma da Previdência, por exemplo, ficou pela metade, com os militares à parte; a reforma tributária acabará bem desidratada e a administrativa, dificilmente deve sair neste ciclo de poder.

 

Na verdade, são tantos os "estresses" gerados, que esta boa agenda, mais do ministro Guedes, não do presidente, vai ficando pelo caminho.


Quando recém eleito, assumindo Bolsonaro, até cheguei a torcer para que desse certo, dada a equipe no ministério, as idéias aventadas, o ingresso do juiz Sergio Moro, Paulo Guedes na Economia, Tarcísio Freitas na Infra, Marcos Pontes na C&T, Tereza Cristina, boa gestora na Agricultura, etc. No entanto, vendo como o presidente se movimentava, fui observando que não sairíamos do lugar neste ambiente de bate-bocas e confrontos inúteis.


Um exemplo, esta parada no tal "cercadinho" do Alvorada. Para que isso? Para se expôr ainda mais ou para passar uma impressão de humildade e autenticidade? Fica reclamando com os  eleitores, ou então fica batendo boca com os jornalistas que aparecem. 

O problema é que Bolsonaro, como "chefe de Estado", de uma das maiores economias do mundo, não se comporta como tal. Não é o caso de comparar com o PT. Todos sabemos o quanto foi nocivo o PT à governabilidade do País, meio que banalizando a propinagem e os esquemas de corrupção. Mas sua conduta também é altamente reprovável. 

 

Ao longo do seu primeiro ano de mandato, foram saindo vários quadros, em "efeito dominó", muitas vezes, por intrigas e fofocas geradas pelo tal "gabinete do ódio". Isso também muito me espanta. 


Parece que qualquer um que tenha "luz própria", ou que queira, depois, pensar em outros projetos políticos, como a “cadeira do Planalto”, logo é "sabotado" pelo presidente. Só ele pode se destacar neste governo, o resto são os bajudaladores de sempre. 


Gustavo Bebbiano, um "braço direito" do capitão, jurista, o orientava, o protegia. Dizem que caiu por ciúme do filho Carlos Bolsonaro. A averiguar. Todas suas declarações, depois, indicavam uma grande decepção. Foi uma aposta, colocou todas as suas fichas. Acabou caindo por fofocas. Morreu, num enfarte logo depois, na verdade, de desgosto.

 

Tivemos ainda o general Santos Cruz, saindo pelos mesmos problemas, intrigas do tal "gabinete do ódio". 


E outros foram saindo. Três ministros da Saúde não aguentaram. Luiz Henrique Mandetta fez acusações graves, sobre o negacionismo do presidente em reconhecer a gravidade do quadro pandêmico; Nelson Teich, médico renomado, não aguentou, só um mês; depois, o general Pazuello, "cumprindo ordem", conseguiu montar um cronograma de vacinas, mas não teve a aceitação da sociedade. Dizem que serviu apenas para legitmar a estratégia “tosca” do “tratamento precoce”, mas sem comprovação científica.

 

Saiu meio que ”escondido”, pensando como fugir dos processos judiciais. Agora, chegamos ao atual ministro, cardiologista, Dr. Queiroga, meio desorientado, no “olho do furacão”. Num cenário de mais de 300 mil mortos, 3 mil ao dia!

Em paralelo, na “seara” de sustentação econômica dos "baixa renda", dos informais, Bolsonaro conseguiu instituir o "maior programa de redução de pobreza da história do País". Na primeira fase, foi usado um subsídio de R$ 600 por pessoa, virou o ano e veio mais um "segundo"' programa, mais austero, de R$ 300 em média, até a chegada do ciclo das vacinas. São mais de R$ 100 bilhões já gastos neste ano de pandemia, o que seria, em parte, evitável, se o planejamento de vacinação tivesse chegado a um bom desfecho e no "devido tempo".  

 

Uns acham que o seu negacionismo possui “cálculo político”, outros acham que é ignorância mesmo, é obscurantismo. Segundo um observador da cena, "ele esticou a corda na negação da gravidade do vírus e os governadores foram obrigados a adotar medidas rígidas de isolamento, cujo efeito tem sido afastá-los da popularidade. Bolsonaro será no momento agudo, aos olhos da população, o "pai da vacina". Será? Não creio. 


Medidas impopulares, como o lockdown, às vezes, são necessárias. 


O problema do presidente Jair Bolsonaro é que ele age sempre "açodado", não tem auto-controle, não "conta até dez"....É tudo truculência, confronto...

Boa parte do que estamos vivendo na pandemia tem a assinatura dele!

 

Ao ignorar a pandemia, alimentar uma dualidade economia x pandemia, não reconhecer a gravidade do quadro, não usar máscara, defender que as pessoas continuem vivendo normalmente, provocar aglomerações, Bolsonaro acabou emitindo sinais erráticos à população. Em verdade, foi na contramão do mundo.

 

Só agora pensa em Comitê de Crise? Tarde! Muito tarde! Em Portugal, por exemplo, a tal coordenação já está acontecendo há mais de ano, desde o início da pandemia. Resultado: mesmo com erros pontuais, 8 a 11 mortos por dia.

Vamos conversando.

Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...