segunda-feira, 15 de março de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 1503

Segunda-feira, 15/03/2021

Pandemia sem rumo, PEC e Auxílio Emergencial, Copom e FOMC

Iniciamos a semana sobressaltados pelo “sai ou não sai” no Ministério da Saúde. Ao fim da semana, o ministro Pazuello chegou a anunciar sua saída, por motivos de saúde, mas ao fim de domingo tudo virou. A impressão é que a médica cardiologista convidada, Ludmilla Hadja, não aceitou o convite, feito pelo presidente Bolsonaro. Daí o gen Pazuello ficar até acharem alguém para a vaga.

Em suas assertivas, disse ela “não podemos tratar as pessoas com base em ideologias. A cloroquina, por exemplo, que foi extremamente ideologizada no início da pandemia, não serve para a Covid-19. Está completamente comprovado cientificamente. É uma medicação excelente para tratar outras doenças, mas os estudos mostraram que, tanto a hidroxicloroquina, quanto a cloroquina, não possuem eficácia na prevenção e no tratamento do coronavírus.” Realmente, uma pessoa de bom senso. Não dava...e segue o presidente tendo dificuldade de encontrar quem “reze pela sua cartilha”. Acaba sempre recorrendo a um general, na ativa ou de pijama.

Na bolsa doméstica, a semana que passou foi marcada pela alta volatilidade, com o B3 fechando em baixa de -0,90% aos 114.160 pontos afetado pela volta do ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao cenário eleitoral, após o ministro Edson Fachin retirar todas as condenações que pairavam sobre ele. Foi uma semana também marcada pelas negociações no Congresso em torno do Auxílio Emergencial, por quanto tempo fornecido (quatro meses), qual valor (R$ 175 a R$ 350), etc. Pressões, no entanto, devem se intensifciar para este auxílio ser “empurrado” até as eleições sob outra denominação. Alguém se ilude em relação à isso?

Uma boa notícia é que muitos dos destaques não passaram, a Bolsa Família não foi retirada do teto dos gastos e nem outras sinecuras políticas aceitas. Ao fim, são cerca de R$ 43 bilhões a mais, com crédito excepcional, visando preservar o teto e não comprometer muito o Orçamento.
Sobre os eventos da semana, estejamos atentos à reunião do Copom desta semana, havendo consenso sobre a necessidade de ajuste da taxa Selic, mas ainda dividida sobre sua intensidade, entre 0,5 e 0,75 ponto percentual. Acreditamos que o BACEN delibere sobre um ajuste de 0,5 p.p. até para justificar as pesadas atuações do BACEN no mercado cambial, ofertando swap sem rolagem, ou seja, novos recursos no mercado. Já foram três mega leilões, dois na semana passada, de US$ 1 bi e US$ 750 milhões e agora, nesta segunda-feira, de US$ 500 milhões, o que jogou a moeda norte-americana a R$ 5,55. Ou seja, o BACEN quer derrubar o dólar para justificar um ajuste mais tímido da taxa Selic na reunião do Copom desta semana.

Nos EUA, a campanha de vacinação segue intensa por estes dias, com o governo prevendo terminar a vacinação de adultos até o dia 1/5. Isso, somado ao Pacote Biden, algo em torno de 15% do PIB, deve turbinar a economia norte-americana nos próximos meses. O salário mínimo de US$ 1,6 mil deve começar a ser dado neste próximo fim de semana. Por isso, a preocupação com o repique inflacionário, embora a meta do Fed esteja, por enquanto, distante, 2,0%. O CPI de fevereiro, por exemplo, registrou 0,3%, a 1,2% pela taxa anualizada, ainda distante da meta.

Mesmo assim, o mercado de títulos segue inclinando as curvas de juro futuro, com prêmios adicionais. Os treasuries de 10 anos já são negociados a 1,63% e já se comenta poderem chegar a 2% até o final do ano. Por outro lado, Powell, que fala nesta semana, depois da reunião do Fomc, não acredita nesta possibilidade, ainda vendo certa distância no front inflacionário.

Agenda Semanal

Na agenda semana, sai hoje o IBC-Br, devendo desacelerar de 0,64% em dezembro para 0,50% em janeiro. Se confirmado, será a pior taxa para o indicador de atividade dede o “fundo do poço” de abril de 2020 (-9,51%). À tarde (15h), sai a balança comercial semanal. Amanhã, é dia dos dados do Caged de janeiro.

Sobre os balanços, Eletrobras, Direcional, Hidrovias do Brasil, JSL, Mitre e Positivo saem hoje, após o fechamento. Gol é destaque 5ªF, junto com Light, C&A, Cyrela e Even. Ainda no setor imobiliário, amanhã tem Gafisa e, na 4ªF, EzTec. A semana ainda reserva Copel (4ªF), NotreDame Intermédica (amanhã) e Hapvida (5ªF), Ânima e Yduqs (4ªF).

Bons negócios e boa semana a todos!

sexta-feira, 12 de março de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 1203 - MUNDOS PARALELOS

Nos EUA, a campanha de vacinação deu uma acelerada por estes dias, o que, junto com o Pacote Biden, deve turbinar a economia norte-americana nos próximos meses. A preocupação inicial com a inflação, o que vinha inclinando as curvas de juro futuro, parece mais amena neste momento, depois dos dados de inflação de fevereiro, sob controle. 

Hoje sai o PPI, índice ao produtor, uma prévia do CPI, que veio mais fraco em fevereiro (0,3% e 1,2% no ano). Estas, inclusive, são as mesmas estimativas do índice ao produtor. 

Isso deve fortaceler o discurso do Fed de que as pressões inflacionárias ainda não estão no horizonte, o que deve manter a política monetária acomodatícia por um longo tempo. 

No Brasil, ao contrário, não dá para festejar nenhuma campanha de vacinação. A entrega de vacinas segue muito incerta, uma incógnita, embora o governo Bolsonaro tenha prometido 500 milhões de doses já fechadas (confirmadas) neste primeiro semestre. 

Na quinta-feira, de novidade, tivemos o IPCA a 0,85% em fevereiro, depois de 0,25% em janeiro, acelerando por causda dos alimentos, combustíveis e do câmbio mais depreciado, o que deve abrir espaço para uma postura mais agressiva dos diretores na decisão do Copom da semana que vem. 

A curva de juro curto segue inclinada e "adicionando prêmios". Agora, a decisão se divide na alternativa de uma elevação da Selic de 0,75 ponto percentual, a 2,75% anuais, ou 1,oo ponto percentual, a 3,0%. 

No "front" cambial, por outro lado, o Banco Central segue atuando na oferta de swap, tentando esvaziar as expectativas do Copom, com atuações diárias e preventivas no mercado. Ontem, o dólar fechou a R$ 5,5428, em sintonia com a trajetória da moeda norte-americana no exterior. 

Falando da PEC emergencial, já aprovada em segundo turno ontem, foi definido o auxílio emergencial de R$ 250 para cerca de 35 a 40 milhões de brasileiros, e estipulado o limite de R$ 44 bilhões para estes gastos totais. Este auxílio deve ser fornecido num prazo de quatro meses, mas não descartamos prorrogações. Tudo irá depender do ritmo de vacinações. 

Enquanto este não acontece, o clima de lockdown em várias cidades do País já uma realidade. Em São Paulo, por exemplo, ingressamos na fase roxa, na qual até futebol foi suspenso. O impacto sobre o mercado, a economia, portanto, será inevitável. Paulo Guedes acha, no entanto, sempre otimista,  ser possível a agilização destas variações o que deve reforçar a recuperação da economia sob a forma de "V". Segundo ele, isso deve ser confirmado pelo desempenho da arrecadação federal de fevereiro, a ser divuglada, e mostrando uma boa reação. 

Ontem, o B3 fechou em alta firme, de 1,96%, a 114.983,76 pontos, depois de ter superado  115 mil pontos no melhor momento do dia (115.126,94). O giro (R$ 45,3 bilhões) manteve o patamar elevado dos últimos dias. No mercado de petróleo, o Brent avançou 2,55%, a US$ 69,63, e o WTI +2,45%, a US$ 66,02.  

Bons negócios e bom fim de semana a todos!




MACRO MERCADOS ESPECIAL - O CAMINHO DA PROSPERIDADE (OU DA SERVIDÃO, parafraseando Hayek)

Tenho escutado muita coisa no debate econômico do País.

Uma das "pérolas", que tem me deixado muito chateado, para não dizer, CANSADO, têm sido as constantes críticas ao tal "neoliberalismo", o que quer que isso signifique.

Sim, porque é mais um conceito, ou pré-conceito, criado por alguns acadêmicos, pelas "esquerdas", ou os que defendem um setor público mais atuante e ativo, na critica aos que são defensores de uma maior disciplina fiscal (chamam de "austericídio"!), uma agenda coerente de reformas estruturais, um regime monetário mais independente, um pacote amplo de privatizações, um regime de câmbio flutuante, etc.

Enfim, tudo que deve ser feito para uma economia "decolar e surfar na boa onda da prosperidade", até respondendo aos ensejos de várias correntes existentes entre os heterodoxos, na defesa do tal neo-social desenvolvimentismo (também, o que quer que isso signifique).

Nas minhas leituras, dá para concluir que o "neoliberalismo" nasce depois da da década perdida, em que uma série de políticas nacional desenvolvimentistas colocavam os países em desenvolvimento, entre as décadas 70 e 80, no estrangulamento do endividamento público externo.

Diante do duro diagnóstico de que o Estado havia perdido capacidade de empurrar o crescimento para a frente, que havia um esgotamento na capacidade de investimento público, e que boa parte da poupança pública havia se esvaído, um grupo de economistas se reuniam em Washington.

Depois de dias de estudos e debates, na Brooking Institution, estes economistas, liderados por John Williamson, chegam a uma série de conclusões, o que, aliás, é seguido pela comunidade acadêmica norte-americana, liderada por Thomas Sargent, Lucas e tantos outros, no que conhecemos hoje de novos-keynesianos. Foi daí que nasceu o chamado "Consenso de Washington".

O diagnósito para um país avançar no seu desenvolvimento, no chamado "caminho virtuoso" (resumo didático), não incluindo Pesquisa e Inovação Tecnológica, e consultando o meu bom amigo, professor da UFPEL, Marcelo de Oliveira, é um só:
A adoção de uma boa e extensa agenda de reformas estruturais (Tributária, Educacional - o que inclui pesquisa e desenvolvimento tecnológico -, do Estado, Administrativa, Microeconômica, Trabalhista, mais aprofundamento na reforma da Previdência, etc. Importante também a necessidade de se buscar avanços nas Instituições, o que tende a reduzir os custos de transação para a sociedade, um melhor ambiente de negócios, maior produtividade dos fatores e maiores retornos esperados, mais investimentos, mais empregos, renda, e finalmente, maior e melhor distribuição de renda e de oportunidades para todos.

Poderíamos também incluir, do Consenso, a necessidade de câmbio flutuante, da abertura das contas de capital e cambial, da independência do Banco Central, da necessidade da regra de Taylor, disciplinando e gerando regras para o regime monetário, dentre outros.

Ou seja, este "ciclo virtuoso" não abra mão da agenda de reformas estruturais. São estas, e as várias reformas institucionais, os avanços nos mecanismo de controle, os poderes da República fortes e independentes, um setor público mais regulador e atento aos desequilíbrios de mercado, que tendem a proporcionar este almejado "caminho da prosperidade".

Poderia se pensar em menos Estado na economia? Não, o debate não é este. O debate é tornar o Estado mais EFCIENTE, já que é essencial para que as engrenagens do sistema econômico funcionem, tenham maior "fluidez", e não para "empacar" as atividades e o enriquecimento das famílias e empresas, numa linguagem de Contas Nacionais.

Não tem "nó na lingua", não tem retórica vazia ou demagógica.

Agora, se trilharmos a "contramão" do bom senso e de tudo já observado no mundo, nas experiências de governança bem sucedida, podemos optar pelo chamado "círculo vicioso". E o que é este círculo?

Mais uma vez, consultando o meu querido amigo, professor Marcelo de Oliveira, o "caminho vicioso" (defendido por todos que perdem com as reformas acima), é o seguinte:
Sem reformas => Instituições menos eficazes => Mais subsídios e mais privilégios => Maiores custos de transação pa,ra a sociedade => Pior ambiente de negócios => Menor produtividade e menores retornos esperados dos negócios => Menores investimentos => Menos empregos => Menores salários => Menor e pior distribuição de renda para todos.
Enfim. Estudos acadêmcios, brasileiros e no exterior, sérios, realizados envolvendo dados de vários países, mostram que os que seguiram o primeiro caminho cresceram e se desenvolveram.
Já os que não seguiram...

Claro que par isso, é preciso conversar com os russos. Um governo, para ingressar neste circulo virtuoso precisa "construir" uma boa base de governabilidade junto ao Congresso. Precisa compor para poder avançar. Na nossa intricada realidade política, de "presidencialismo de coalizão ou de cooptação", pacto federativo frágil, instabilidade jurídica e vários partidos pequenos com cláusula de barreira frouxa e financiamento público de campanha, fica complicado se pensar nestes avanços econômicos, sem passar também para urgência de uma Reforma Política. Esta também é inadiável, e feita por uma comissão de notáveis, com saber jurídico para isso, e não pelo próprio Congresso. 

Vários amigos economistas, cientistas sociais diversos, acham que a Reforma Política é a "mãe de todas as reformas".

 Mas isso é assunto para um outro debate. 

Vamos conversando. 



OS DOIS LADOS DA MOEDA

 O inferno está nos detalhes.
Importante uma especial atenção ao discurso do ex-presidente e sempre candidato LULA da Silva sobre o debate econômico.
Foi simplesmente um desastre! Foi, mais uma vez, na contramão de tudo que se pratica no mundo! Foi contra o bom senso!
Ser contra as privatizações, contra um Banco Central Independente, ameaçar mexer nos avanços, mesmo que parcos, da agenda do atual ministro Paulo Guedes??
Para lá senhor LULA, não é bem por aí!
Por isso, achar que NEGACIONISMO não vem só de um lado, do fundamentalista de direita Bolsonaro. Vem também das esquerdas e sua agenda aloprada.
Se ele "rasgar" todos os avanços institucionais na governança econômica deste país, com certeza, estaremos nos isolando ainda mais!
Todo o setor público possui limitações nas suas políticas de gastos. A cada gasto discricionário do setor público, é preciso a criação de receitas para esta "cobertura"! Temos uma carga de impostos de País nórdico! E que retorno?? Simplesmente nenhum! Sempre digo que somos o país do puxadinho! Não temos saúde pública de qualidade, recorramos aos planos de saúde exorbitantes, não temos uma polícia, uma política de segurança confiável? recorramos aos seguranças privados. Se nosso ensino público é um caos, corremos para as escolas privadas. Enfim, nada nos beneficia!
Não sejamos doidivanas, e bem sei quem é LULA da Silva e seus esquemas de propinagens, já conhecidos desde a LAVA JATO.
E na boa?
Voces querem uma opinião sincera?
Sergio Moro nunca mais volta para este país.
Isso aqui é um manicômio, uma casa de doidos!
O que o STF deliberou nesta semana, ao arrepio do bom senso e equilíbrio, foi algo estarrecedor.
E aí surge a questão: quem controla o STF?
Se arrumarmos um hacker "profissa", assim como a esquerda, os "piçóis" da vida, arrumaram estes do THE INTERCEPT, para tentar desconstruir Sergio Moro e MP de Curitiba, e mudar a narrativa da LAVA JATO, e irmos em cima dos ministros do STF, dos políticos do PT, do Centrão, e outros, não irá sobrar pedra sobre pedra !

Pau que dá em Chico, dá em Francisco!                                                                                                  ...

quinta-feira, 11 de março de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 1103 - LULA ENQUADRA BOLSONARO

Mercados devem operar em volatilidade, mas em tendência de alta, de olho no trâmite da PEC Emergencial no Congresso, e repercutindo do primeiro discurso de Lula, depois de se tornar “ficha limpa”. No BACEN, os leilões de swap de dólar seguem ocorrendo, no intuito de um câmbio menos depreciado, diante da proximidade da reunião do Copom da semana que vem.

Nesta quinta-feira, a continuidade das discussões sobre a PEC Emergencial, na polêmica do destaque sobre congelamento do salários dos servidores. Ao fim do dia de ontem, lideranças do governo conseguiram trocar este congelamento pela concessão de promoções. Manteve-se o impacto favorável de economia em até R$ 15 bilhões ao ano, embora não saibamos ainda em quanto será pela manutenção das promoções. Conclui-se ainda que a tal base governamental, povoada por políticos do Centrão, não parece ser tão fiel assim, mais preocupada com os interesses a serem colocados na mesa.

No Bacen, continuam os leilões de “swap” nesta quinta-feira, próximos a US$ 1 bilhão. Isso pode ser interpretado como uma prevenção pela proximidade da reunião do Copom da semana que vem. É interesse o desarme da trajetória recente do dólar, num momento em que os diretores do Copom decidem para quanto vai a taxa de juros.

Há um consenso de que teremos alguma alteração, mas não sabemos em que intensidadde. Se antes era 0,5 ponto percentual, elevando a taxa a 2,5%, agora não descartamos 0,75%. Na visão de Sergio goldestein, ex-diretor do Demab, “preocupado com a inflação e o cenário político, o Bacen resolveu quebrar a perna dos comprados em dólar, vendendo para baixo, aumentando o risco de posições especulativas ou de hedge, na tentativa de mitigar uma espiral negativa.”

Em paralelo a isso, o BACEN decidiu por prorrogar a redução da alíquota sobre compulsório de depósitos a prazo, em 17%, não elevada a 20% agora em abril. Esta taxa deve ser mantida até novembro.

Acreditamos que no Copom de quarta-feira que vem, deve-se optar por um ajuste da Selic em 0,5 ponto percentual, até porque a inflação segue em trajetória preocupante, dada a alta das commodities e o câmbio depreciado, mas podendo ser temporária. No contrapé disso, ainda temos a pandemia em trajetória caótica.

Isso parece ser, também, a preocupação do ex-presidente Lula, depois do seu primeiro discurso como “ficha limpa”. Realmente, foi um discurso para “lavar a alma da militância”, mas restam dúvidas sobre seu alcance. Não dá para achar que toda a agenda, traçada pelo ministro Guedes, de reformas estruturais, privatizações, descentralização de recursos, melhoria no ambiente de negócios, deva ser atacada pelo já candidato Lula da Silva. A agenda econômica é a que defe o setor empresarial e a mais acertada, adotada em vários países do mundo. Condenar, por exemplo, o sanenamento da Petrobras, depois da “destruição” empreendida pelo lulo-petismo, é não querer encarar a realidade crua dos fatos. Ser contra as reformas, a independência do BACEN....

Realmente, foi um discurso para os militantes, não para o Brasil. A concordar, apenas a abordagem sobre a pandemia, ao nosso ver, muito mal conduzida pelo presidente Bolsonaro.

Sobre esta, o cenário é de horror, de ruptura. Morreram na quarta-feira, em 24 horas, 2,3 mil pessoas, já em mais de 260 mil até aqui. Novas intenações seguem em torno de 80 mil. E a postura do presidente e equipe, na solenidade do Palácio do Planalto, liberando a compra de vacinas pela iniciativa privada, todos usando máscara, já pode ser vista como uma resposta às críticas de Lula ao caos atual. Estimam-se mais 70 milhões de doses de vacinas até junho.

Agenda
Além do IPCA de fevereiro e do leilão extra de swap e de títulos públicos, destaquemos os BALANÇOS.da BRMalls, Enauta, Light, Moura Dubeux, Tenda e Marisa, depois do fechamento do mercado. Em paralelo, teremos teleconferências da Eneva (9h), Aliansce Sonae e Terra Santa (11h) e Estapar (sem horário).

Comportamento dos ativos

Bolsa de valores no Brasil registrou bom comportamento de alta, acompanhando NY, nesta quarta-feira. A B3 avançou 1,3%, a 112,776 pontso, com volume de R$ 46,4 bilhões. No câmbio, a queda do dólar foi forte, de 2,5%, a R$ 5,6526, depois de bater R$ 5,81 ao longo do dia. No mercado de juro, na anti-véspera do Copom, continuam as apostas entre 0,5 e 0,75 ponto. Ao fim do ano não será surpresa se o juro básico fechar próximo a 6%.

quarta-feira, 10 de março de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO: STF, PEC EMERGENCIAL E PANDEMIA

Quarta-feira, 10/03/2021

Mercados continuam com um pé no cenário político, vendo Lula surgindo como força em 2022, e outro na pandemia, diante do estrago causado pela incompetente política doméstica de saúde. A vacinação é lenta, o número de mortes bate recorde e a ameaça da nova cepa da Amazônia uma realidade para o mundo. Decorrente disso, apelos populistas continuam a minar a resistência de Paulo Guedes e sua capacidade de persuasão junto ao presidente. A austeridade fiscal corre riscos.

A Terça-feira foi um dia intenso. No plano político (ou jurídico), o destino do ex-Juiz Sergio Moro, praticamente, foi selado pelo STF. Muito provavelmente, deve ser colocado em “suspeição”, o que poderá anular todas as condenações da LAVA JATO. Junto a isso, acabará ferido de morte, caso tenha alguma pretenção política para 2022. A sessão de ontem no STF, coordenada pela chamada segunda turma, tinha o placar de 2 a 2, mas o ministro Nunes Marques acabou pedindo vistas do processo.

No Congresso, avançou pela madrugada a PEC Emergencial, aprovada em primeiro turno com o placar de 341 votos a 121. Nesta quarta teremos o segundo turno. A expectativa é saber se algum destaque possa passar, alterando o texto e tornando-o ainda mais populista (ou ruim para o esforço de Paulo Guedes de manter alguma “ordem” no regime fiscal). Não acreditamos, pois para isso seriam necessários 121 votos, o que não deve ocorrer por não haver tempo suficiente para esta mobilização. Os destaques para manter os reajustes salariais dos militares e da polícia, pedidos pelo presidente, não devem rolar.

Passada a votação, seguimos em desconforto, dada a pouca convicção do presidente em relação à austeridade fiscal. Nesta lógica, surge a indagação ainda sem resposta: até quando Paulo Guedes conseguirá resistir? Bolsonaro, nos seus movimentos mais açodados, nunca negou sua postura corporativa, defendendo segmentos da sua base eleitoral. O receio é de que essa tendência predomine diante da antecipação da campanha para 2022, depois de Lula se tornar elegível e o mais provável e forte adversário do presidente.

Na batalha da Covid, diante do recorde de mortes nesta terça-feira (quase 2 mil), o Ministério da Saúde pediu socorro aos chineses. Neste dia, em 24 horas, o número de óbitos chegou a 1.972, com mais 70,7 mil novos casos. Quase todos os Estados apontam ocupação acima de 80% nos leitos das UTIs. Em muitos casos, passam de 90%. Paraná e São Paulo lideram como os casos mais extremos.

Agenda diária

Fraca e sem grandes novidades. Nos balanços, temos Braskem, Alainsce Sonae, Ecorodovias, Eneva e Terra Santa. Nos EUA, atenção para o CPI de fevereiro, previsto em 0,4%, contra 0,3% em janeiro. Em 12 meses , o índice deve ficar em torno de 1,38%, ainda distante da meta do Fed, de 2,0%. Na China, a inflação pelo CPI de fevereiro registrou queda menor do que o esperado (-0,2% contra -0,4%).

Comportamento dos ativos

Bolsa de valores no Brasil registrou um comportamento tímido nesta terça-feira, e em NY as bolsas registraram bom desempenho, diante do esvaziamento dos t Bonds, com juro mais baixo. Ao fim do dia, o B3 fechou em alta de 0,65%, a 111,3 mil pontos, com volume de R$ 44,6 bilhões. No petróleo, o barril Brent fechou a US$ 67,52 (-1,0%) e o WTI a US$ 64,01 (-1,6%). No câmbio, o dólar foi a R$ 5,79, depois de bater R$ 5,90. No mercado de juro, há uma semana do Copom, crescem as apostas por uma puxada mais forte, 0,75 ponto, com juro básico podendo fechar o ano mais próximo de 6%. No gráfico, as curvas de juros seguem bem inclinadas, com viés de alta.

terça-feira, 9 de março de 2021

MACRO MERCADOS ESPECIAL - "EMBARALHOU TUDO"

Terça-feira, 09/03/2021

                                                                                                                                                              “EMBARALHOU TUDO”

 "No Brasil, até o passado é incerto" Pedro Malan

Me preparava para comentar apenas sobre economia, mas não teve jeito. As escaramuças políticas, os fatos de Brasília, continuam a nortear os movimentos dos mercados e nesta terça-feira não é diferente, ainda mais depois da “bomba Edson Fachin”, ministro da 2ª turma do STF e relator da LAVA JATO. Ao fim da tarde desta segunda-feira, anulou todas as acusações do juiz Sergio Moro e do MP de Curitiba, contra o ex-presidente Lula da Silva.

 

Num movimento ousado, foram anulados todos os processos contra o ex-presidente Lula, em curso na 13ª Vara de Justiça do Paraná -  triplex de Guarujá, sítio de Atibaia e Instituto Lula. 


Seu argumento foi de que estes fatos não estavam relacionaos com a Lava Jato (conluios entre empreiteiras e Petrobras), objeto de investigação da força tarefa de Curitiba. Por isso, recomeça-se o jogo e todos estes contenciosos passam a ser avaliados, ainda em primeira instância, na Vara em questão, de Brasília. Neste contexto, é bem possível por tudo recomeçar, que Lula acabe beneficiado pela prescrição dos crimes.

 

Na verdade, num movimento antecipatório, ao anular tudo que partiu do MP de Curitiba, avaliado por Sergio Moro, Fachin tirou da segunda turma a capacidade de julgar a parcialidade destes atores. 


Talvez, numa avaliação mais pragmática, isso tenha sido bom para a “task force” da Lava Jato, pois ficam preservadas outras investigações, que não foram “julgadas”. Corria-se o risco de tudo ingressar na nulidade pela acusação de parcialidade por parte de Sergio Moro e Deltan Dellaghnol. Isso evoluiu depois de escutadas as gravações da “Vaza Jato”, ilegalmente obtidas pela THE INTERCEPT.

 

Com certeza. Se Fachin não tivesse se antecipado, talvez toda a Lava Jato estaria sob suspeita. Como Edson Fachin é relator da Lava Jato no STF sua decisão é preponderante e não poderá ser revista. Agora Lula se torna “ficha limpa”, ganha elegibilidade e retorna ao “game eleitoral”. Alguns “nós”, no entanto, precisam ser desatados. Se havia alguma irregularidade, quase que administativa, da vara de Curitiba não poder julgar os ilícitos de Lula da Silva, por não estar na sua juridição, por que isso não foi corrigido lá atrás? Além disso, outros delitos diversos, que não da Lava Jato, também acabaram julgados pelo MP de Curitiba. Ou seja, há sim a possibilidade da avalanche de recursos contra a Lava Jato nos próximos dias.

 

Impacto contra Sergio Moro. Claro que a 2ª turma, tendo Sergio Moro como alvo, não deve se deixar levar e tentará envolver o ex-juiz em outras decisões polêmicas. Nas gravações da Vaza Jato, até aqui divulgadas, não observamos ilícitos, mas apenas comentários depreciativos sobre os réus envolvidos. Não sabemos se Sergio Moro ainda tem alguma ambição política. Com certeza, ele é um dos personagens mais visados pela turma do Congresso, encalacrada pela Lava Jato. Para Artur Lira, presidente da casa, “Lula pode até merecer absorvição, Moro jamais”. Para bom entendor, meia palavra basta.

 

Impactos eleitorais. Achamos que o “jogo eleitoral” para 2022 ficou totalmente em aberto. Embaralhou tudo! Se alguns consideram que Bolsonaro acha bom este “desenlace”, pela possibilidade de polarizar com o desgastado petismo lulista, nós não nos posicionariamos desta forma. Ainda precisamos saber se Lula sairá como candidato. Caso aceite o desafio, Bolsonaro terá que fazer um “freio de arrumação” considerável, abandonando desde já sua política fiscal mais austera e abrindo os cofres, por exemplo, para mais  auxílio emergencial até o ano que vem. Terá, literalmente, que “comprar” o eleitorado mais humilde e mais exposto ao populismo de sempre. Usará à vontade a máquina pública. Junto, terá que pensar numa reviravolta no seu negacionismo frente à pandemia, esquecendo bobagens como não usar máscara, rejeitar o isolamento social, tratamentos alternativos, e correr atrás das vacinas.

 

No front das esquerdas, com Lula no “game”, Ciro Gomes terá que se movimentar com mais contundência para obter uma coalizão com a centro-esquerda ou mesmo centro-direita, como o PSDB, o DEM, Rodrigo Maia e outros. Não descartamos, embora consideremos remotas as chances, uma união entre as esquerdas e o PT, só havendo dúvidas sobre quem seria o vice. Se isso se confirmar, endurece o jogo para o outro lado do bolsonarismo.

 

Na verdade, o espectro a ser cortejado é o centro. Podemos pensar na migração de Ciro , ou mesmo alternativas como Luciano Hulck, Mandetta, Eduardo Leite ou João Dória. Claro que mantida a polarização Lula x Bolsonaro, este deve perder espaço. Mas será que é o quer a sociedade como um todo? Moro deve apoiar um destes candidatos e esperar pela indicação do STF caso consiga que o seu candidato seja eleito. Não acreditamos que ele ingresse na disputa.

 

Enfim. Nossa leitura é que cresce um movimento pelo equilíbrio, pelo bom senso, por uma “terceira via”. Acreditamos que há um cansaço pelos extremismos de esquerda ou de direita até aqui praticados.     

 

Comportamento dos ativos

 

Bolsa no Brasil em forte queda e NY em tendência de alta, diante da acomodação dos “yelds” dos Treasuries norte-americanos. O pacote Bider, votado no Congresso, mas muitos consideram haver ajustes necessários. Uma readequação deve acabar acontecendo. Neste cenário, nos EUA o dólar segue oscilando (o real perdendo valor), a inclinação do juro acontecendo e a inflação “rondando”. No Brasil, o mesmo acontece, com a inclinação dos juros de curto e longo prazos segue. Aguardemos a reunião do Copom na semana que vem.

Bons negócios a todos !


segunda-feira, 8 de março de 2021

MACRO MERCADOS SEMANAL 0803

Segunda-feira, 08/03/2021

DE COSTAS PARA O MUNDO

 

Overview

“Na luta contra o resto do mundo, aconselho-te que te ponhas ao lado do resto do mundo”. Franz Kafka

      

Seguimos no “olho do furacão”. Se antes predominava alguma polarização doméstica, entre esquerda e direita, tudo piorou, com o negacionismo do presidente Bolsonaro frente à pandemia, agora mobilizando a atenção do mundo! Negar o uso de máscara, a vacinação, a necessidadde do “lockdown” emergencial, todas “peças de um enredo caótico”. Não é mais uma tola batalha ideológica, mas sim o confronto entre a razão e a loucura!

 

Em resposta, o mundo vai se posicionando contra o governo brasileiro. Vários jornais internacionais (WAPO, WSJ, NYT, The Guardian, El País, etc) já divulgaram pesados editoriais contrários aos movimentos caóticos do capitão. Para eles, preocupa, e muito, a cepa de Manaus, e suas mutações, o que pode tornar inócua a aplicação de algumas vacinas.

 

No Brasil os sistemas de saúde já entraram em colapso. Secretários de Saúde estão, literalmente, pedindo ajuda uns aos outros, dado o esgotamento no número de leitos. Comenta-se que os óbitos, entre 1,4 e 1,5 mil por dia, devem passar de 3 mil nas próximas semanas. Se isso não é caos, não sei o que é.

 

N0 mundo, os programas de vacinação vão avançando, mesmo que com alguns atrasos e lentidão. É fato inconteste que há uma “corrida alucinada” por vacinas, e gargalos, acabam previsíveis. Mas é fato também o atraso, ou total falta de planejamento, do governo Bolsonaro. Saiu uma nota da Pfizer, de que foram oferecidas, em agosto de 2020, 70 milhões de doses ao Brasil e este negou! Se tivesse aceito, estas teriam chegado em dezembro de 2020. Talvez o quadro hoje fosse outro.  

 

Mundando de assunto, além do caos da pandemia no Brasil, os investidores devem estar atentos nesta semana à votação da PEC Emergencial na Câmara e o IPCA de fevereiro. Na votação da PEC já existem pressões de deputados pedindo aumento no valor do auxílio emergencial. No mercado o temor com a inflação e o consequente aperto monetário nos EUA ofuscam o otimismo com a aprovação do pacote fiscal de Joe Biden no Senado, neste fim de semana, e pressionam os T Bonds de 10 anos. Estes, acima de 1,6%, vão penalizando os mercados de ações em NY. Na semana estejamos atentos aos vários indicadores de inflação a serem divulgados – EUA, China, Alemanha, Reino Unido. Estejamos atentos também as decisões de Política Monetária do BCE.   

 


 

Comportamento dos ativos

 

Neste momento, volatilidade nos mercados, aumento do risco Brasil, inflação em alta, juro na mesma toada, assim como câmbio mais depreciado.

 

Ø  Inflação

 

Tendência de elevação. Semana de IPCA de fevereiro. Na Focus, a expectativa é de algo em torno de 0,45%, mesma projeção da WIND. Para o ano, a alta do IPCA passou de 3,87% para 3,98%. Assim, permanece acima do centro da meta oficial, de 3,75%. Para 2022 permanece em 3,50%, exatamente o objetivo. Para ambos os anos, a margem de tolerância é de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. Saiu agora pela manhã, o IGP-DI, desacelerando para 2,71% em fevereiro (acima da mediana  de 2,25%), ante 2,91% em janeiro. O IPA-DI subiu 3,40%, o IPC-DI +0,54% e o INCC-DI +1,89%. Já o  IPC-S aumentou para 0,67% na primeira prévia de março.

 

 

Ø  Taxa de Juros

 

   Tendência de alta. Continuiamos com pressões na inclinação da curva de juro futuro, tanto para as pontas curtas como para as longas. Para a próxima reunião do Copom, em março, cresce a possibilidade de elevação da taxa Selic, para 2,5%.  O cenário no ano, para a taxa básica de juros, permanece em 4,0% ao final deste ano, mas para 2022 passou de 5,0% a 5,50%.

 

Ø  Câmbio

 

        O caos da pandemia pressiona o câmbio no Brasil, somando-se ao comportamento do dólar mais valorizado no mercado global. No ano, o dólar acumula alta de 10% frente ao real, tendo fechado na sexta-feira (dia 5) a R$ 5,68.  A pesquisa Focus trabalha com o dólar a R$ 5,15 ao fim de 2021, contra R$ 5,10 na semana anterior. Para o ano que vem a taxa subiu a R$ 5,13, de R$ 5,03. Mantemos R$ 5,10 para este ano e R$ 5,30 no ano que vem.

 

 

       

 

Agenda semanal

 

Numa semana carregada de indicadores, estejamos atentos ao IPCA de fevereiro e o PEC Emergencial. A Câmara de Deputados deve concluir a votação da medida provisória (MP) sobre crédito consignado e começar o debate da PEC Emergencial. Votação ainda deve acontecer nesta semana. Nos indicadores da sermana, atenção para o IPCA de fevereiro (5ª feira), os dados do CAGED na 3ª feira, a PNAD Contínua trimestral (4ª feira) e as vendas do varejo na 6ª feira.

 

No exterior, a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, e a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, participam de evento do Fundo (12h00) e saem os estoques no atacado nos EUA (12h00). Amanhã tem o PIB da zona do euro no 4º trimestre e a inflação ao consumidor (CPI) da China. 4ª feira tem CPI dos EUA. Na 5ª feira, o Banco Central Europeu (BCE) divulga sua decisão de política monetária e a Opep, relatório mensal. 6ª feira é dia de CPI da Alemanha, do Reino Unido, além de produção industrial da zona do euro.

 

Estejamos atentos também a uma bateria de balanços a serem divulgados (MAGALU (hoje), BR Distribuidora (3ª feira), Brasken (4ª feira)  Eletrobras (6ª feira).

 

Bons negócios a todos !

sábado, 6 de março de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO. Sexta-feira, 05/03/2021

PEC EMERGENCIAL APROVADA E FED CAUTELOSO

 

Overview

 

Chegamos ao fim da semana e o saldo é favorável no front doméstico, depois da aprovação da PEC Emergencial no Senado, sem os arroubos populistas que a ameaçavam. Nos EUA, as declarações de Jerome Powell, chairman do Fed, mais geram dúvidas do que certezas. Já na reunião da OPEP decidiu-se pela manutenção no ciclo de corte de produção de barris, pelo menos, até abril. Isso demonstra ainda haver dúvidas sobre a intensidade da retomada da economia global.  

 

Falando das tratativas no Senado brasileiro, a Bolsa Família acabou mantida no “teto dos gastos”, preservando, por ora, a credibilidade desta regra fiscal, e não tivemos o prometido “fatiamento” da PEC. Menos mal. Ao fim, prevaleceu o bom senso e a PEC aprovada em segundo turno (. Previsões indicavam uma cobertura de 45 milhões de brasileiros, num prazo de até quatro meses, em escala de auxílio entre R$ 250 e R$ 375. O mercado de ações, ao longo desta quinta-feira, diante da boa notícia, chegou a reagir, próximo a 114 mil pontos, mas depois acabou cedendo, com as declarações dúbias do presidente do Fed, Jerome Powell.

 

Isso porque nos EUA o mega pacote de Joe Biden (US$ 1,9 trilhão) continua a gerar celeuma. Poucos acreditam ser possível conceder um salário mínimo horário acima do dobro, um cheque de US$ 1,4 mil à maioria dos americanos ou de US$ 400 aos desempregados. Esta injeção de recursos públicos  parece algo demasiado. Pensa-se num novo “New Deal” para a economia norte-americana, ainda mais reforçado pela continuidade das compras de ativos pelo Fed.

 

Tudo isso, em algum momento, deve resultar em mais inflação, o que se reflete nos movimentos dos “yelds” dos Treasuries americanos, de dois anos  estáveis, de 10 anos, acima de 1,5% e de 30 anos, superando 2,2%. Segundo Powell, esta inflação, se ocorrer no curto prazo, será transitória, sendo previsível ao fim de 2022, com o fim da compra de ativos e a elevação de juro. Ainda não se observa este risco no horizonte de curto prazo. Para ele, mantem-se a curso acomodatício da política monetária, não havendo ainda “consistente” aperto financeiro. O pacote Biden já foi aprovado na Câmara e ingressa agora para o Senado, onde será discutido e voltado até o final de semana.    

 

 

 

 

Comportamento dos ativos

 

Bolsas no Brasil e em NY em tendência de correção, diante da elevação dos “yelds” dos Treasuries norte-americanos. O pacote Bider deve ser votado no Senado, depois de aprovado na Câmara, e muitos o consideram excessivo. Uma readequação deve acabar acontecendo. Neste cenário, nos EUA o dólar segue se valorizando (o real perdendo valor), a inclinação do juro acontecendo e a inflação rondando. No Brasil, a inclinação do juro de curto prazo deu uma cedida, depois da PEC aprovada, mas continuamos a achar, no entanto, haver espaço para um ajuste da Selic no Copom de março.

 

No Brasil, aguardemos os dados de produção industrial de janeiro e a produção da Anfavea de fevereiro. Nos EUA, o payroll deve nortear os mercados, mas deve continuar fraco. A economia americana continua aquém do pleno emprego, pré-pandemia. 

 

Bons negócios a todos !

MACRO MERCADOS DIÁRIO. Quinta-feira, 04/03/2021



PEC EMERGENCIAL EM SEGUNDO TURNO E EUA


Overview

 

Quarta-feira foi um dia de intensa volatilidade nos mercados. O grande “divisor de águas” foi a intervenção da ala populista do governo no Congresso, defendendo deixar de fora a Bolsa Família do “teto de gastos”, proporcionando ao governo alguma flexibilidade no remanejar de R$ 40 bilhões do Orçamento. Isso em ano eleitoral (2022) seria uma dádiva. O problema é que o mercado reagiu contra. A bolsa de valores chegou a recuar mais de 3,3%, o dólar “esticou” a R$ 5,77 e a curva de juro explodiu. Ao fim, diante do “nervosismo” do mercado, Artur Lira recuou e tirou esta flexibilização de regras da pauta.

 

Foi votada em primeiro turno no Senado a PEC Emergencial, mantido o gatilho do congelamento de salários de servidores, se estas despesas passassem de 95% do total e esta retirada da Bolsa Família ficou congelada. Placar foi tranquilo, 62 a 16 e nesta quinta-feira teremos o segundo turno. Não sabemos como serão as negociações. O que se comenta é que se este “casuísmo” passasse, talvez hoje estaríamos especulando mais uma terra arrasasa, sem saber quem assumiria o ministério da Economia. Boa parte dos técnicos da equipe de Paulo Guedes ameaçaram sair ontem.

 

O que nos parece fato é que Bolsonaro já percebeu que sua popularidade responde positivamente à esta distribruição de auxílios emergenciais. Parece óbvio que ele tentará esticar isso ao máximo. Para esta “rodada”, a previsão é de doar auxílios, entre R$ 250 e R$ 375, a 45 milhões de brasileiros em situação de fragilidade (sendo beneficiado um membro da família).

 

Em paralelo, a pandemia continuava a causar estragos. Nesta quarta-feira passaram de 1,9 mil mortes, com o total já ultrapassando os 256 mil. Na pressão, Pazuello tratou de fechar encomendas de vacina com a Pfizer e a J&J. O problema é que estas só devem começar a vir até o fim do primeiro semestre. Em paralelo, seguem as pressões pelo lockdown em vários estados, com São Paulo iniciando a fase vermelha agora neste sábado. A verdade, é que boa parte deste mal humor do mercado também se explica pelo total desgaste do governo Bolsonaro, muito acusado de não criar um maior clima de solidariedade e cooperação entre os entes federativos. Sua negação ao óbvio só piora o clima de revolta e consternação diante do crescimento de óbitos.

 

No exterior, alguma expectativa acontece diante dos comentários do presidente do FED Jerome Powell e os indicadores chamam atenção, como os de emprego, diante do comportamento dos Treasuries  Bonds, e a trajetória do juro. 

 

Comportamento dos ativos

 

Bolsas no Brasil e no exterior em alta moderada; no Brasil, B3 deve se manter volátil, mas em tendência de alta, depois da aprovação da PEC Emergencial em primeiro turno no Senado. Falta agora o segundo turno e preocupa a bateção de cabeça entre Guedes e Bolsonaro e a piora da pandemia. Lá fora, o pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão deve ser votado no Senado, depois de aprovado na Câmara dos Representantes. e aguardemos os depoimentos do presidente do Fed Jerome Powell. Amanhã é dia de payroll.

 

Bons negócios a todos !

quarta-feira, 3 de março de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 03/03/21

 

Quarta-feira, 03/03/2021

PIB, REUNIÃO DA OPEP E PEC EMERGENCIAL

 

Overview

 

Quarta-feira carregada. Por aqui, PEC Emergencial, com o auxílio de R$ 250 a durar entre dois a quatro meses, votada no Senado; e PIB do quarto trimestre, com previsão de retração de 2,8% no período e 4,2% no ano. Papéis da PETR4 devem ser afetados, depois das declarações do ministro Paulo Guedes falando que a empresa “era uma anomalia por ser negociada em bolsa”. Nos EUA, atenção para a geração de empregos privados (ADP) e o Livro Bege, dando ao mercado sensibilidade sobre os riscos inflacionários. No Brasil, a zeragem de impostos do diesel dos caminhoneiros deve ser permanente, já a elevação da CSLL para bancos e outras instituições temporária. Mercado deve se manter volátil, inclinação da curva de juro se mantendo e câmbio negociado em torno de R$ 5,60.

 

Para piorar o inferno astral da PETR4, temos reunião da OPEP e a decisão deve ser pelo aumento da produção, o que deve derrubar a cotação do barril de petróleo. No Brasil, o tombo do PIB deve se prolongar ao longo deste primeiro trimestre (ou semestre!), ainda mais depois da piora da pandemia no País. Já são quase 255 mil mortos, tendo chegado a 1,7 mil diários na terça-feira, recorde desde o início. Somos uma “nau sem rumo”, até porque o presidente empurra a responsabilidade para os estados. Não se poderia esperar outra conduta. No Senado, temos votação da PEC Emergencial, e de bom apenas o gatilho de congelamento de salários se as despesas passarem de 95% do total. Outra novidade pode ser a exclusão da bolsa família do teto do gasto. Ganha o governo o poder de manipular R$ 34,9 bilhões do Orçamento. Alguém tem dúvida que será esta a toada do governo até as eleições? Encher os extratos mais pobres da sociedade de “bolsas ou estímulos variados”.

 

Reação. Nossa interpretação é de que isso é mais um “fura teto”, com a credibilidade e sustentabilidade do ministro da Economia, cada vez mais, colocada em prova. Segue o regime fiscal sofrendo ataques políticos e populistas.

 

Falando da pandemia, o desafio é disponibilizar vacina para todos. Sem protagonismo do governo, mas com o Congresso liderando o processo, tentando definir o calendário de campanha de imunização. Crescem as pressões por lockdown absoluto no País por, ao menos 15 dias.

 

  

Comportamento dos ativos

 

Bolsas no exterior em alta moderada; no Brasil, B3 deve se manter volátil, diante das bateções de cabeça no governo e a piora da pandemia. Lá fora, as campanhas de vacinação acontecendo, levam os países a começarem a desconfinar. Isso não afasta o risco dos bancos centrais terem que elevar o juro diante das possíveis pressões inflacionárias. Nos EUA, o pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão deve ser votado no Senado, depois de aprovado na Câmara dos Representantes. Retornando ao Brasil, hoje é dia de Copom e não afastamos a elevação da taxa Selic em 0,5 ponto percentual, a 2,5%.

 

Bons negócios a todos !

Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...