terça-feira, 19 de maio de 2020

NOTAS DO ALENTEJO

Parece-me claro que o presidente Jair Bolsonaro possui um ministério com algumas excelências (talvez, as que sobraram, depois da saída do super ministro Moro), mas cisma em se guiar pela esquizofrênia de alguns filhos, creio com o maior de acendência, o tal Carlos Bolsonaro, vereador no RJ, na minha opiniçao, com traços de alguma patologia emocional. Completa o time, na coadjuvância, Eduardo e Flavio, este último, com o presidente muito cioso de defendê-lo das "rachadinhas". Dizem que por trás dos filhos predomina o tal “gabinete do ódio, não sei de quem esta denominação.

Enfim, esta me parece ser a estrutura de poder do País, uma família, alguns assessores, e não um competente ministério. Já se começa a observar até algum desconforto por parte de alguns destes ministros. Sim, porque eles se desdobram, se viram e sempre pintam crises, tensões, instabilidades.

E o que dizer do Ministério da Economia? A agenda está posta na mesa e a equipe, com algumas exceções, é de alto nível. Começamos com a reforma da Previdência, que acabou meio pela metade pela não implantação do regime de capitalização, substituição ao regime de acumulação. Algumas coisas saíram, como a Lei de Liberdade Econômica, assim como o esforço do tal “Pacto Federativo”, com “mais Brasil e menos Brasília”, uma brilhante "sacação" do ministro Guedes. O problema é que quando o carismático Guedes chegava às comissões, era atacado por todos os lados, praticamente massacrado, sendo os membros bolsominions das comissões, tímidos, omissos, pouco guerreando. E o que dizer do pobre Sergio Moro? Uma das "jóias da coroa" deste governo, o herói da Lava Jato, totalmente esvaziado nas suas atribuições eq medidas? Sem dúvida. Moro tinha um pacote para acabar com o crime organizado, nem que isso atacasse também os filhos do presidente. Fez bobagem, cana! Só que o presidente foi o primeiro a se posionar dubiamente, indo ao encontro do ministro Toffoli, quando a segunda instância estava sob ataque, assim como o “foro privilegiado”, dentre outras medidas cirúrgicas, para acabar com a impunidade.

Moro foi “fritado” desde o primeiro dia em q assumiu o governo (Coaf, desnomeação de Diretora de Direitos Humanos, retirada de várias medidas do pacote “Combate contra o crime”). Por que?

Simplesmente, porque o presidente se incomodou com o destaque pessoal dado ao juiz. E o mesmo aconteceu com o ministro Mandetta, uma covardia sem tamanho. O ministro era um destaque a mais neste governo. Que bom! Que belo trabalho do Ministro da Saúde, mantendo a população informada, recomendando cautela, isolamento horizontal, claro, até porqque a infra dos SUS é caótica. Mas não...Segundo o presidente, só para ir contra a corrente, “tem q liberar a boaiada”.

E me vem o velho (e bota velho nisso!!) debate sobre sermos (ou não) keynesianos. Parece-me claro que todos somos um pouco keynesianos sim, mas estabelece-se o bom senso de que é importante fazer a “engrenagem econômica” funcionar, sem excesso de areia, ou poeira, não permitindo que as pessoas possam enxergar além. Sim, o keynesianismo, ou mesmo o amadurecimento da social democracia, é uma conquista das sociedades mais democráticas, mas atenção para os excessos, sob o risco de torná-los pesados e pouco geradores de renda e de emprego, resultando num crescimento anêmico. Na europa, há muitos países tentando “dosar” no uso dos instrumentos de políticas públicas, pois em excesso acabam gerando distorções, como a dificuldade na geração de empregos e salários mínimos baixos, pelo risco de inviabilizar a solvência dos Regimes Previdenciários. Importante reforçar também que são tantos direitos trabalhistas, tanto subsídios, que os empregadores acabam não contratando, o que acaba por resultar sim num desemprego crônico, ainda mais no Alentejo.

Por outro lado, deve ser saudado o direcionamento das universidades públicas, todas vivendo em boa parte de doações privadas, recursos públicos e, mesmo na sua auto-sustentação, por matrículas e mensalidades pagas. Já no ensino fundamental ou básico, nada se paga, sendo emocionante observar o zelo e a dedicação dos professores, alunos, administradores, diretores, com a instituição.

Um ótimo exemplo, um case de sucesso.

quinta-feira, 30 de abril de 2020

Boletim de Expectativas 30 de abril de 2020


Boletim de Expectativas


Este boletim apresenta uma compilação de expectativas para diversas variáveis econômicas, coletadas de diferentes fontes. Em resumo, há bastante incerteza quanto à magnitude dos efeitos da pandemia e das medidas de sua contenção sobre o PIB e as contas públicas, mas não há dúvida de que as consequências em 2020 serão severas. Outra característica que parece comum é a permanência da ancoragem das expectativas no médio e logo prazos: a inflação continua igual ou abaixo das metas anuais, o PIB volta a crescer como era esperado anteriormente, a taxa de câmbio muda de patamar, mas permanece estável, a Selic continua baixa e o deficit em transações correntes se mantém constante. Como síntese dessas expectativas, a dívida pública como proporção do PIB se eleva em cerca de 10 pontos de porcentagem (p.p.) em 2020, mas depois se estabiliza no novo patamar de 86%, representando a confiança na disciplina fiscal e no caráter transitório dos gastos contra a pandemia. A estrutura a termo da taxa de juros nominal inclinou-se bastante após o início da crise da pandemia, especialmente em março, mas esse movimento foi parcialmente revertido em abril. Mesmo após essa reversão, porém, os juros atuais nos vértices acima de cinco anos estão em níveis comparáveis aos de antes da reforma da Previdência.
Ver no site www.ipea.gov.br

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Do Estadão: “Quantas crises (ao mesmo tempo) o Ibovespa aguenta?”


No momento em que parecia haver estabilização do mercado com o coronavírus, a instabilidade política trouxe novas incertezas. O aumento de casos de Covid-19 já tinha sido digerido; agora, investidor terá de interpretar os passos do ministro da Economia, Paulo Guedes, que pode ser o próximo a deixar o governo. “Estamos numa pandemia e numa crise política bastante ruidosa. A economia já teria dificuldade por si só. Agora, com a instabilidade política associada, vai gerar mais e mais incerteza, trazendo volatilidade aos mercados”, diz Alexandre Aoude, sócio-fundador da gestora Vectis Partners. “A minha visão é negativa porque um presidente tresloucado no meio de uma pandemia e de uma crise econômica sem precedentes corre o risco de perder mais ministros de alta qualidade.” A principal preocupação é com a saída de Guedes. Assim como Moro, o titular da pasta da Economia tem convicções caras para o mercado financeiro. Se o superministro Moro trazia os selos de combate à corrupção e de transparência, o superministro Guedes é o guardião do ajuste macroeconômico. “Com a saída de  Moro, o dólar para o consumidor final bateu em R$ 7. Isso não teve nada a ver com Guedes, que continua no ministério”, afirma Guto Ferreira, sócio da casa de análise Solomon’s Brain. “O que está sendo precificado hoje pelo mercado é a política, não é a economia.”

Flavio Ataliba e Marcos LISBOA

domingo, 26 de abril de 2020

Notas do Alentejo, por Julio Hegedus

Passei por estes dias tentando absorver os desastres políticos ocorridos no coração do governo Jair Bolsonaro. 

Tivemos a saída espalhafatosa do excelente ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e, depois, para mim, uma hectacombe, a saída, por iniciativa própria, do grande homem público, para muitos, um herói nacional, Sergio Moro, da Justiça e Segurança Pública. Que desastre! 

Praticamente, Jair Bolsonaro ficou nu nestes dois episódios. Para mim, foi totalmente desmoralizado. Ficou sem ter o que dizer, sem argumentos, sem defesa. 

Seus discursos, em resposta, foram totalmente desconexos, inócuos, meio que tentando se eximir de maiores responsabilidades, mais parecendo terem nascido do tal "gabinete do ódio", se é que isso existe ou tem tanta importância. Pelo que eu ando escutando por aí, parece q sim. Mas seja feita a devida ressalva: só tem importância para o presidente, para o resto da sociedade é um desastre. 

Vamos aos fatos. 

Na verdade, ao que esta crônica se presta, fazer considerações sobre Brasília, sobre o presidente, seus atos e acontecimentos diversos.  

Movimentos do presidente. Chama atenção como ele se movimenta de forma desastrada, mais se parecendo por impulso, expontaneamente, e não de forma programada, calculada e prudente, como deve atuar um presidente da República. 

Seus "pinga fogos", pela manhã no Alvorada, com jornalistas e apoiadores, são um desastre completo, apenas atos populistas. Para quê? Não bastaria ele cumprimentar as pessoas do carro e seguir viagem, ir trabalhar, ir para o Planalto? Que é o que interessa?

Não, ele gosta mesmo é de falar bobagem, gerar polêmicas, bater boca com jornalistas...Ser notícia. Encher as pautas dos jornais. 

Demissão do Mandetta. Outro desastre, como foi o do gen Santos Cruz, Gustavo Bebianno, e tantos outros. 

O ministro Luiz Henrique Mandetta, da Saúde, todos os dias, meio que como num "hospital de campanha", numa guerra, aparecia nos "breafings" do ministério para esclarecer, dar satisfação sobre os atos da sua equipe, suas decisões, atualizar os números da infectados pela Covid 19, etc. Era uma atuação IRREPREENSÍVEL ! 

Lembremos. Estamos envoltos na maior crise global da história moderna, uma pandemia de um virus altamente transmissível, que causa mortes e paralisa tudo, a economia, as relações HUMANAS, as rotinas, os sistemas de saúde, em colapso. Nada se compara ao que estamos vivendo atualmente. NADA !

Diante do ineditismo da situação e da incerteza no seu desfecho, o ministro da Saúde atuava com a devida prudência. Pela sua boa capacidade de comunicação e carisma junto à sociedade, conquistava a todos.

Aí que a "cobra começou a torcer o rabo". Bolsonaro e sua turma, sempre pensando em 2022, vendo em Mandetta seu potencial eleitoral, resolveram miná-lo, desmoralizá-lo. E muito contribuiu para isso o tal "gabinete do ódio", soltando diversas fakenews, no esforço de desconstruir a imagem do ex-deputado do DEM. Paranóias pelo fato de Mandetta ser do DEM, ligado a Ronaldo Caiado e do mesmo partido do Rodrigo Maia? Como certeza. 

Parece-nos que Jair Bolsonaro tem algumas patologias perceptíveis. Uma é a de se incomodar com os holofotes não estarem virados para ele. 

Já começou na sua escalada eleitoral para 2022. Aliás, em que momento ele saiu dela? Muito se comentava no ciclo petista das tentações do então presidente Lula em sempre querer um palanque para bem aparecer na mídia. Bolsonaro faz diferente? Não. É a mesma conduta picaresca e populista. Governar que é bom? Nada, e o pior é que ele nem deixa os ministros governarem, terem a devida tranquilidade para tocar seus programas de políticas públicas. 

Agora o Sergio Moro. Bom, agora o buraco é bem mais fundo, bem mais embaixo. Bolsonaro ultrapassou o limite do racional e do bom senso. Ao assumir, em 2019, disse a Sergio Moro que teria carta branca para nomear quem quizesse. E assim o fez o ministro. Colocou (ou manteve) o excelente Valeixo na Polícia Federal, no intuito de tentar preservar a Lava Jato. O problema é que com as traquinagens dos filhos e do próprio presidente, a PF começou a investigar certos atos ilícitos ou anti-éticos (nada comparado ao que fez o PT, bom que se diga). As rachadinhas estouraram, assim como as sucessivas fakenews. Claro, todos fazem isso. O PSOL é useiro e fazeiro de encher seus gabinetes de vereadores e deputados, e depois exigir um percentual para o partido, o mesmo acontecendo com o PT, o PC do B, e outros partidos famigerados. O problema é que este ato oportunista e anti-ético, partiu de um dos filhos do presidente, o 01, Flavio Bolsonaro. 

E  o que dizer da atuação truculenta e fanatizada do tal Carlos Bolsonaro, o 02? São constantes os comentários de que ele influencia o presidente, enche o saco dele, nestas redes sociais, alimentando uma sucessão de fofocas e disse-me-disse. Bolsonaro parece que já tentou se livrar, afastar o filho, mais foi demovido, diante da reação do mesmo, tentando até o suicídio. Comenta-se nas rodas que ele tem alguma patologia, alguma sociopatia em que não tolera ser colocado de lado e não ser o "predileto". 

A verdade é que o Moro vinha notando a mão pesada do presidente, tentando afastar a PF da família. Seu discurso, sua retórica anti-corrupção, seria, então, fortemente afetada. Importante que se diga. A PF tem autonomia, só presta contas ao Ministro da JUSTIÇA e tem total liberdade de investigar quem quer se seja, inclusive os filhos do presidente. Ele, claro, não pensa assim. Pediu para o ministro tutelar a PF, exigindo receber relatórios pessoais da PF. Recebeu uma negativa. Por isso, o ministro MORO ter saído. Importante recordar também que o ministro já havia levado várias bolas nas costas. A principal foi o "fogo amigo" diário contra o "PACOTE CONTRA O CRIME", com o presidente mostrando muito pouco empenho em defendê-lo. Nos casos do crime em segunda instância e no foro privilegiado isso foi notório. 

Bom, a bem do serviço público e numa biografia irrepreensível, que ninguém conseguiu desmoralizar, nem mesmo aquela figura escrota do Greenwald, Sergio Moro anunciou sua demissão. 

Anunciou sem se furtar de explicar os motivos. Seu discurso de despedida foi de tal modo irrepreensível, direto e honesto, que só restou ao capitão balbuciar queixas, destilar ódios e ilações. SERGIO MORO acabou com o presidente, literalmente, confirmado como "pato manco". E assim ele deve se arrastar até o fim, não se sabendo qual seja. 

SUA RESPOSTA FOI PATÉTICA, NUM DISCURSO SEM PÉ NEM CABEÇA. 

Apenas para observação. No episódio da facada, não foi a PF que fez corpo mole, mas sim o nefasto e corrupto STF, ao proibir que os policiais tivessem acesso a gravações telefônicas do Adélio e dos advogados de defesa, e tivesse acesso a saber quem estava bancando estes advogados, caros, oriundos de BH. 

Portanto, a falta de condições de trabalho acabou decisiva para o desfecho frustrante e insonso das investigações. O STF praticamente selou o destino do tal Adélio e deste caso da facada do capitão. 

Claro que este desfecho não me convenceu, nem a ninguém, mas por estranho que pareça, o presidente recolheu-se de forma muito surpreendente. Afinal, que poderes tem esta instância do Judiciário? Por que o presidente não se mobilizou mais ? Não foi mais a fundo nos pedidos ao Sergio Moro? O que há de nebuloso neste estranho caso?

Vamos conversando...


Bolsonaro: do nonsense ao escatológico | A Gazeta 

sexta-feira, 24 de abril de 2020

A BEM DA VERDADE...

Pediu demissão o Ministro Sergio Moro. 

Num discurso contundente, narrando toda sua trajetória no Ministério de Justiça e Segurança, Moro, de forma retilínea, direta, honesta e digna, praticamente colocou a nu o presidente Bolsonaro e seu gabinete do ódio. Foi devastador. 

Lembremos que Moro não era aderente ao Bolsonarismo antes das eleições. Ele estava ajudando o MP a pegar "bandido", no q fazia mto bem. 

Foi depois, entre out e nov de 2018, pensando em capitalizar este convite, q o candidato Bolsonaro resolveu convidar o Moro. 

E seja feito uma ressalva, o Bolso nunca teve livre transito junto ao Moro. Nunca foi amigo, homem de confiança. 

A verdade é q o Sergio Moro era uma bomba de alta octanagem para o Congresso, tal a qde de deputados envolvidos em ilícitos. E o Bolso nunca o defendeu. O abandonou, na sua paranóia de sempre, vendo nele uma ameaça para 2022. O lançamento do Pacote contra o Crime foi muito chato, pois o presidente nunca assumiu defendê-lo. Moro sempre lutou só. 

O mesmo aconteceu com o Guedes e Mandetta. Achamos, inclusive, q o Guedes é o próximo a sair. 

Na boa, dependendo do cenário para 2022, o João Dória, o Luciano Hulck, ou mesmo o Sergio Moro, qqr um, minimamente articulado e inteligente, colocam este capitão no bolso. Sem duplo sentido. (E sem falar nos candidatos mais à esquerda). 

Marcelo Passos

CENÁRIO MACRO BEM DIFÍCIL
Estávamos em um cenário de tendência de recuperação no início do ano (previsão de crescimento de cerca de 2%). Depois, antes mesmo do COVID 19 chegar ao Brasil, a previsão de crescimento era de cerca de 1%. Agora, a expectativa é que o PIB caia 5% ou até mais.
No melhor cenário pós-COVID 19, vai levar uns cinco anos para nós reduzirmos o déficit e a razão dívida/PIB. Isso significa que vai levar no mínimo uns três ou quatro para começarmos a ver uma reação minimamente significativa no investimento privado, no crescimento e na geração de empregos.
Situação difícil.

NAS ENTRANHAS DO PODER

Diversos amigos já FALARAM aqui q se o Moro e o Guedes saírem este governo acaba. Incrível a inabilidade do capitão e a visão viesada, fanatizada dele. Assessorado por Carlos Bolsonaro e diversos olavetes, como a coisa pode fluir? Um querido amigo, assessor parlamentar em Brasília, me deu uns toques interessantes.
  1. Antes das eleições, em 2017/18, parte da cúpula militar não engolia o capitão. O achava simplesmente um desagregador e porra louca. Comentavam entre si q o gen Hamilton Mourão poderia ser uma boa opção, mas ele, por púridos não aceitava a missão de se candidatar. Seria, realmente, um belo candidato.
  2. O problema é q o capitão não iria abrir mão da sua candidatura. Então, naturalmente, a centro direita, acabaria rachando abrindo espaço para o Ciro e o candidato do PT, na época, o próprio Lula.
  3. Meio a contragosto, acabaram fechando com o capitão. Mas recordemos como foi difícil para ele formar chapa. Ninguém queria. Claro todos conheciam a porra louquice dele. Os atos por compulsão e totalmente descabeçados.
  4. O bom gen Hamilton Mourão acabou aceitando, mas me parece meio a contragosto. Sua trajetória nestes 16 meses bem reflete isso. Ele não conseguiu se enquadrar às porra louquices do presidente. Está meio de lado.
  5. Em quase todos os conflitos e mudanças de ministério (excessão para o desastre da Educação), Bolsonaro agiu de forma precipitada e açodada. Gustavo Bebbiano foi um desastre (isso é fato, o pobre homem nunca mais se recuperou, vindo a falacer de infarto. Era total desgosto); Santos Cruz (um dos oficiais mais brilhantes da caserna. Foi demitido por fofocas do gabinete do ódio). Para mim, uma perda irreparável; Onyx Lorenzoni foi deslocado para o Min da Cidadania, pq sua capacidade de articulação política foi zero); Osmar Terra foi a mesma coisa. Saiu do Min do Interior por incompetência, mas passou a minar o Mandetta, numas teses esdruxulas de liberar a boiada já. Mandetta, que na minha opinião, vinha fazendo um bom trabalho, foi o último cair. Tinha o carinho de todo o Ministério, q trabalhava com ele com afinco. Valorizou os quadros deste ministério, algo mto meritório. E estes quadros são de alto nível !
  6. E o que falar das articulações políticas? Tinha uma maioria folgada na Câmara e mais apertada no Senado. Seu partido, o PSL, era cabeça de ponte. Conseguiu brigar com todos para fundar um partido obscuro e sem expressão. Partido este que pela legislação eleitoral atual, não conseguiu ser legalizado. Ou seja, não terá representantes nas eleições municipais deste ano (se ocorrerem!). Bons cabos eleitorais, como Frota, Joice, e outros viraram inimigos. Como não ter base política no Congresso qdo se tem uma agenda tão pesada de reformas?
  7. Sobre esta agenda de reformas ele sempre foi displiscente, relaxado, irresponsável. No pacote do Moro foi um horros sua postura. Costurou acordos com o Toffoli para tirar a prisão em segunda instância e o foro privilegiado, entre tantas medidas abandonadas, que "afetassem a classe política". Como o Congresso iria legislar contra si, sabendo-se que pelo menos 60% tem pendências judiciais, criminais, de corrupção? O capitão foi desleal sempre com o Moro, cogitando outro nome para o STF, chantageando-o. A verdade é q o Moro foi inábil ao aceitar este pepino. Não devia ter aceitado o Ministério. Nestes 16 meses só tivemos o esvaziamento do seu ministério, q era bem robusto.
  8. O combate à corrupção? Não rola, pq os filhos, no caso o 01, estão mais do que envolvidos. Rachadinha é prática comum em todas as casas legislativas do País, mas é um ilícito, é algo anti-ético. A PF, na diretoria do Valeixo, estava com várias pendências juidiciais contra os filhos, por isso, sua demissão ou pressão contra. Moro resolveu segurá-lo, enfrentando o capitão. Por isso, sua quase demissão nesta quinta-feira.
  9. Vamos para a Economia. Guedes está de saco cheio. Tem um pavio curto, não tem paciência com a mediocridade. Diversas vezes tentou justificar sua ainda permanência no governo e sua tolerância às cagadas do capitão, descrevendo-o. Muitos estão criticando-o, inclusive minha esposa, mas a verdade é que ele não consegue avançar se não tiver uma boa base parlamentar para aprovar suas medidas, a agenda de reformas. A reforma da Previdência veio a meia bomba, meio que um remendo, por isso. Diversas MP já caducaram. Claro q para o Rodrigo "Botafogo" Maia e o Alcolumbre, depois de tantos desentendimentos, não interessa a aprovação de medidas enviadas pelo governo Bolsonaro. Cada um, pelos seus interesses inconfessáveis, está atuando para atrasar tudo.
  10. Concluo que o Bolsonaro se isolou pelo seu péssimo temperamento e a profusão de tiradas de mau gosto. Apenas os evangélicos mais fanáticos, ligados a estas seitas (Malafaia, IURD, etc) e alguns reaças de carteirinha, continuam com ele. Alguns generais, à bem da governabilidade, resolveram instituir uma junta informal, para aconselha-lo, mas pelo outro lado, existe sim este tal "gabinete do ódio", a orientá-lo com estultices e maluquices. No comando disso, Carlos Bolsonaro. Tudo é lamentável.
  11. Amigos, tudo isso é lamentável. Muitos dizem q só continuam com este governo se o Guedes e o Moro continuarem. Eu apoiava algumas políticas públicas, mas sempre me enervando com as cagadas do pres, tentando entender, mas desde sempre eu me comportei como observador da cena. Gosto destes dois personagens, do Tarcísio Delgado, da Thereza Cristina, do Beto Albuquerque, mas vai rareando os apoios. Uma última observação, a Regina Duarte, por onde anda? Embarcou numa tremenda canoa furada. Se demitiu da Globo para esta aventura? Sim pq este governo é uma aventura ao desconhecido.
  12. Bom dia a todos!
Curtir
Comentar

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Petrobras sofre tempestade quase perfeita; Veja 3 temas que pressionam a ação

Investing.com - Queridinha dos analistas e investidores no final de 2019, a Petrobras decepcionou o mercado ao enfrentar a ‘pior crise’ do mercado de petróleo, segundo avaliação do seu CEO. A pressão do tombo da cotação do petróleo com a guerra de preços entre sauditas e russos e a queda da demanda provocada pelas restrições de movimentação para controle do Covid-19 se somam à forte desvalorização do real para derrubar as receitas da companhia e elevar sua dívida.
A petroleira vivia nos últimos meses nas graças do mercado financeiro e estava presente em quase todas as carteiras mensais de analistas no segundo semestre do ano passado e início de 2020. A oferta secundária das ações da Petrobras detidas pelo BNDES foi um sucesso em fevereiro, com a venda de R$ 22 bilhões de papéis a R$ 30, desconto de apenas 1,6%.
O mercado, contudo, virou. A companhia que era exaltada por gestores pelo seu programa de desinvestimento e redução do endividamento acumula perdas de mais de 40% em 2020, pressionando o Ibovespa. O índice recuou pouco mais de 30% no mesmo período.
Entenda em 3 pontos – e um risco extra – o que aconteceu com a companhia

1. Derrocada do petróleo

A Petrobras sofre na bolsa com a disputa deflagrada entre a Arábia Saudita, líder a Opep, e os maiores produtores da commodity, Rússia e os EUA, que detonou um acordo histórico de controle de produção para eliminar a sobreoferta global, com sauditas elevando a produção e cortando preços para retomar fatia de mercado.
A inundação de petróleo barato não podia encontrar um ambiente pior no mercado internacional. O avanço da pandemia do novo coronavírus levou a medidas de restrição de deslocamento, que destruiu a demanda por combustíveis e petróleo cru. 
Na avaliação de abril da Opep, a demanda de 2020 deverá cair, em média, 6,9 milhões de barris/dia. O pico da contração com pico deverá ocorrer neste mês de abril com demanda 20 milhões de barris/dia menor, cerca de 20% da produção global de petróleo.
O ambiente de uma gigantesca sobreoferta provocou um sell-off nos contratos de petróleo com entrega física em maio, que despencaram na segunda-feira (20), chegando às mínimas históricas de US$ 40,32 negativos. 
Sim, negativos.
Com excesso de produção, baixa demanda e sem armazenamento disponível, os traders se desfizeram do contrato e pagaram para não receber o produto, levando o preço para terreno negativo pela primeira vez na história.
O ambiente pessimista acabou pressionando o contrato de junho, que operava perto dos US$ 14 o barril nesta quarta-feira. O Brent, referência global e para a Petrobras, acompanhou as perdas, em menor proporção, negociado a pouco mais de US$ 20 o barril.
Com a intervenção direta de Trump, a aliança entre a Opep e a Rússia foi – ainda que fragilmente – restabelecida. Um acordo foi fechado para cortar 9,7 milhões de barris por dia, mas isso não deve fazer com que o excesso de oferta global seja reduzido rapidamente, já que as reduções deverão vir no médio prazo e os estoques estão cheios.

2. Combate ao Covid-19 derruba demanda por combustíveis

Os mecanismos de controle da contaminação do Covid-19 com a limitação de movimentação esmagaram a demanda de combustíveis no Brasil, principal mercado consumidor da Petrobras. Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), essa queda na demanda causada pelo coronavírus será de aproximadamente 84% para o querosene de aviação, 35% para a gasolina e entre 22% e 25% para o diesel.
Para lidar com o mercado mais fraco, a estatal planeja cortar 200 mil barris por dia de sua produção. Com isso, a média de produção seria de 2,07 milhões de barris diários (bpd) em abril, ante média de 2,394 bpd no último trimestre de 2019. O diretor de Exploração e Produção da empresa, Carlos Alberto Oliveira, afirmou que esse corte está adequado para encarar a crise, mas que reavaliações são feitas constantemente.
Como parte da estratégia, a Petrobras anunciou hibernação - paralisação das atividades - em 62 plataformas em campos de águas rasas nas bacias de Campos, Sergipe, Potiguar e Ceará, que, segundo a companhia, não têm condições de operar com os baixos preços do petróleo. Com isso, a empresa irá reduzir a produção em 23 mil barris por dia.
De acordo com o presidente da empresa, Roberto Castello Branco, a empresa renegociou contratos e adiado pagamentos com fornecedores e confirmo que o plano de desinvestimentos deverá ser impactado pela crise atual. Apesar de tudo isso, a Petrobras tem afirmado que não precisará realizar demissões em massa. 
A Petrobras enfrenta um momento delicado, quase uma tempestade perfeita. A queda nos preços do petróleo lá fora foi repassada para o mercado interno, segundo a política de preços da estatal, que combina cotação do barril e do dólar. Em 2020, a companhia já cortou em cerca de 50% o preço da gasolina e 40% o do diesel nas vendas para as distribuidoras. 
Apesar dos cortes, o UBS calcula que o preço interno está 15% mais alto para a gasolina e 24% para o diesel na comparação com o exterior. Esse cenário abre espaço para que importadores capturem parte do mercado da Petrobras ao trazer cargas mais baratas do exterior, pressionando ainda mais as vendas.

3. Dólar sobe e dívida aumenta

A receita da companhia é pressionada pela queda dos preços, redução do volume de vendas e, para completar, a desvalorização do real. Com receitas em real e dívidas em dólar, a companhia sempre enfrenta um momento complicado quando a moeda local se desvaloriza, mas tende a compensar nos preços – o que não é possível no momento atual.
Em 2020, o real já perdeu mais de 30% do seu valor frente ao dólar e bateu recorde histórico nesta semana ao superar os R$ 5,40.
O câmbio coloca pressão sobre a Petrobras, que tem uma dívida líquida de cerca de US$ 78,9 bilhões apurada no final do quarto trimestre de 2019. Em financiamento, a companhia possui US$ 6,7 bilhões vencendo até 2021 – cerca de R$ 36 bilhões na cotação de hoje. 
Para ajudar no fluxo de caixa e liquidez, uma das prioridades da companhia, a Petrobras sacou US$ 9 bilhões em linhas de crédito, enquanto corta custos e se prepara para um cenário de até US$ 10 no preço do barril do petróleo.
O cenário pesado não refletiu no rating da empresa. Na última sexta-feira (17), a Standard & Poor’s manteve a classificação de BB- para a Petrobras, dizendo que fluxos de caixa e métricas de crédito devem ter uma retomada “considerável” em 2021 apesar de queda este ano, por acreditar “que a relação entre a dívida e o Ebitda se aproxime de 4,0 vezes em 2021, considerando uma melhora substancial nos preços do petróleo e nas condições econômicas”.
O UBS reiterou a sua recomendação de ‘compra’ ao apostar que a companhia conseguirá atravessar essa fase complicada com corte de gastos e investimentos e que retomará os desinvestimentos. O banco vê um upside de R$ 30%, com preço alvo de R$ 21,00 para ações PETR4 e R$ 23,00 para PETR3.

EXTRA: A contaminação de seus funcionários

A Petrobras confirmou ontem que 261 funcionário e terceirizados já testaram positivo para o Covid-19 e tem tentado bloquear a transmissão do coronavírus, o que é um desafio em um ambiente complexo como as plataformas de petróleo que abrigam dezenas a centenas de pessoas em uma vivência coletiva.
O impacto da redução da sua mão de obra nas atividades diárias não pode ser facilmente mensurado neste momento, mas ao menos quatro navios de apoio às atividades em plataformas estão com as atividades paralisadas por casos de contaminação.
A petroleira informou que realiza testes rápidos em todos os funcionários que embarcam para suas plataformas e que retira rapidamente qualquer um que apresentem sintomas.

Análises

No fim de março, a corretora do Banco Safra atualizou as projeções da empresa. Para o banco, “a relação entre oferta e demanda de petróleo continuará seguindo os fundamentos, já que o ambiente de preços baixos no curto prazo remove empresas ineficientes do mercado e atrasa novos investimentos, diminuindo o lado da oferta, por se tratar de um setor de investimentos pesados. Com a recuperação da demanda, os preços devem subir.”
Segundo os analistas, a projeção de longo prazo é de US$ 50 por barril para o petróleo de tipo Brent, contra US$ 60 anteriormente. Em relação às ações da Petrobras, o Safra ainda acredita em uma performance acima da média, apostando na recuperação da economia global. Até o final do ano, o preço-alvo para as ações PETR3 e PETR4 foram atualizados para R$ 24,40 e R$ 23,30 respectivamente.
O BB Investimentos vai na mesma linha, entendendo que a situação atual corresponde a uma anomalia, e não a uma mudança estrutural do mercado, e apostando em uma recuperação gradual de preços nos próximos meses “à medida que os produtores com custos elevados saiam do mercado, equilibrando a oferta, e que os lockdowns para contenção do Covid-19 forem reduzidos”. Assim, considerando que a Petrobras pratica uma política de preços vinculada ao mercado internacional, a expectativa para o papel é otimista à medida em que os mercados começarem a se recuperar.
Outro ponto levantado pelo banco é que “a Petrobras já endereçou boa parte de suas medidas preventivas, com o reforço de liquidez, diminuição nas despesas operacionais, adiamento de dividendos e redução da produção em campos de águas rasas, que possuem custos mais elevados”. Em resumo, o BB Investimentos mantém recomendação de outperform com preço alvo de R$ 23,50 para o ano, tanto para PETR4 quanto para PETR3.
Também a corretora Elite Investimentos mantém um posicionamento positivo em relação às ações da companhia, baseado em grande parte ao “compromisso do atual management na eficiência e no foco em seu core business (exploração e produção de óleo e gás)”, destacando a redução de gastos, a venda de ativos, a desalavancagem e a eficiência operacional, ações que ajudarão a empresa a lidar com a queda no preço do petróleo.
Outra corretora que se manteve otimista com a Petrobras foi a Mirae Asset, prevendo bons resultados para o segundo semestre deste ano após os cortes de produção da Opep e a recuperação dos preços. Os principais motivos para o posicionamento positivo da corretora é o aumento da participação da exploração do pré-sal, “o que oferece maior potencial de evolução e reduz radicalmente o seu custo de exploração”.

terça-feira, 21 de abril de 2020

QUADRO VISTO NO PETRÓLEO WTI PARA MAIO NÃO DEVE SE REPETIR NO CONTRATO DE JUNHO, DIZ ANALISTA

Por André Marinho

São Paulo, 20/04/2020 - Após o petróleo WTI com entrega para maio cair para território negativo, na véspera do vencimento do contrato, a vice-presidente de pesquisas sobre petróleo da consultoria Wood Mackenzie, Ann-Louise Hittle, não acredita que o mesmo ocorrerá com o papel de junho, que agora é o mais líquido.

"Com sinais de possível relaxamento das medidas de contenção da Covid-19, o vencimento do próximo mês não deve ver pressão de vendas tão intensa", afirma Hittle ao Broadcast.

Segundo a analista, a situação observada no mercado é hoje é reflexo da falta de espaço para armazenamento físico da commodity, o que pressiona o contrato com entrega mais próxima. Com a demanda deprimida por conta da pandemia de coronavírus, os estoques em Cushing, no estado americano de Oklahoma, devem atingir capacidade máxima em algumas semanas, de acordo com Hittle.

"Além disso, a oferta de petróleo ainda não foi suficientemente afetada pela redução na produção por conta de fatores econômicos ou pelos cortes promovios pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+).

Contato: andre.marinho@estadao.com

QUEDA NO PREÇO DO WTI TRAZ AO MERCADO NOVA REFLEXÃO SOBRE NÍVEL DE PRODUÇÃO, DIZEM ANALISTAS

Por Wagner Gomes e Fernanda Nunes

São Paulo, 20/04/2020 - A queda de mais de 100% no preço do petróleo WTI nos Estados Unidos trouxe ao mercado hoje uma nova reflexão sobre o nível adequado de produção da commodity. Segundo analistas, ficou claro que o preço do brent, que também está em queda vertiginosa, será fortemente afetado forçando os países membros da Opep a se reunirem novamente para acertar o nível de produção.

Na semana passada, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a Rússia e outros países produtores de petróleo concordaram em fazer um corte recorde no volume de produção de 10% da oferta global. Serão 9,7 milhões de barris a menos produzidos por dia em maio e junho.

"A queda do WTI é um problema específico dos Estados Unidos, que tem excesso de produção e aumento de armazenagem. Mas isso abre espaço para novos cortes na produção mundial, mostra que a decisão da semana passada entre os países exportadores de petróleo não é suficiente", afirma Luís Sales, analista da Guide Investimentos.

Hoje, o petróleo norte-americano WTI com entrega para maio fechou em queda de -305,97%, a US$ -37,63 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex). "Aqui no Brasil, a Petrobras nem acompanha o WTI, mas essa queda hoje demonstra um cenário negativo para o petróleo de uma forma geral. Aponta uma situação crítica no mercado global e pode ter um efeito no petróleo tipo brent, que caiu menos hoje, mas caiu. É uma crise nunca vista anteriormente", afirma.

Segundo Sales, a queda de hoje do preço do petróleo é temporária, mas muito forte.

"Foi um movimento brusco de mais de 100%. A economia deve voltar e a demanda, que foi praticamente a zero de um dia para o outro, também. Houve redução de gasolina, do nível de atividade do começo do ano para cá. As petroleiras continuam extraindo petróleo, mas parte da demanda caiu. Isso tudo tem um tempo para se ajustar na produção", afirma o analista da Guide.

Na opinião do professor do Instituto de Economia da UFRJ e pesquisador do Istituto de Energia da PUC (Iepuc), Edmar Almeida, o mercado futuro de petróleo deve conviver por até quatro meses com a desvalorização da commodity e até mesmo com a negociação de contratos futuros a preços negativos, como já está acontecendo com os títulos com vencimento em maio.

Segundo o especialista, o colapso provocado por um excedente da produção e pela ausência de capacidade de estoque para o volume excedente nos Estados Unidos vai levar um tempo a ser solucionado e isso deve continuar se refletindo no mercado financeiro no curto prazo.

"Os Estados Unidos são a vítima da crise que provocaram, ao reduzir os custos de produção e encher o mercado de petróleo, gerando um desequilíbrio entre oferta e demanda", diz ele.

Na prática, os investidores estão pagando às empresas petroleiras para que fiquem com a commodity que compraram há alguns meses. Eles não têm compradores para os títulos que adquiriram e se tiverem que ficar com o petróleo que compraram, não vão ter onde estocá-lo.

A única solução no médio prazo, segundo Almeida, é fechar poços produtores nos Estados Unidos. Até agora, esse é um problema exclusivamente americano, principalmente, porque diz respeito ao modelo de logística do país.

Sua produção é direcionada ao consumo interno. Com isso,a maior parte da infraestrutura foi desenhada para atender a demanda das refinarias. Não há dutos e tancagem suficiente para exportar o produto ou para estocá-lo à espera da retomada da economia.

"O que está acontecendo nos Estados Unidos é um sinal de alerta para os demais produtores. Não tem mágica, tem que cortar a produção. O censo de urgência do desequilíbrio entre oferta e demanda ficou aquém da necessidade", afirmou Almeida.

O Brasil, por enquanto, não deve ser afetado pelo colapso do WTI, porque a referência dos seus contratos é o petróleo europeu, o brent, segundo o economista. Além disso, como a maioria da produção é marítima o País possui uma estrutura de escoamento por navios eficiente, que pode facilitar a venda para diversos países.

"O posicionamento de cada país vai depender do quanto os Estados Unidos vão reduzir sua produção", acrescentou.

Já Ilan Abertman, analista da Ativa Investimentos, avalia que a queda do preço do petróleo WTI pode pressionar o brent, prejudicando companhias como a Petrobras. Segundo ele, o cenário atual aumenta os riscos de uma crise geopolítica e enfrentamento entre os países produtores de petróleo, prejudicando o ímpeto da demanda global pela commodity.

"É um cenário que inspira cuidados. A Petrobras, que tem como referência o preço do brent, mais do que nunca vai precisar adensar o seu foco onde tem vantagens competitivas relevantes, como o pré-sal. Além disso, há uma tendência da guerra de preços aumentar", diz Abertman.

Segundo ele, há desde o mês passado um movimento forte de estocagem de petróleo à espera de que a curva futura nos preços do brent aumente. "O problema é a queda do WTI deve contaminar os outros preços".

Para João Zuneda, diretor da consultoria MaxQuim, a precificação de um preço futuro negativo de petróleo deve prejudicar o mercado à vista e consequentemente investimentos de grandes companhias, como a Petrobras, que aposta todas as suas fichas no pré-sal.

"A compra futura é um hedge. O mercado precifica que as vendas no futuro estarão baixas e assim os preços caem com todo esse pessimismo. Há um caos porque os estoques de petróleo estão muito altos e há uma pressão forte de oferta. Isso é ruim para a Petrobras que terá que reduzir muito a produção ou vender petróleo mais barato. No médio e longo prazo isso poderá afetar os investimentos no pré-sal. E postergar investimentos significativamente, inclusive, diminuir pagamento de royalties", diz.

Zuneda explica que o pessimismo quanto ao preço futuro do petróleo imperou pelo excesso de oferta, alta dos estoques e a queda abrupta, sem precedentes, da demanda provocada pela pandemia do coronavírus.

Já Shin Lai, estrategista da Upside Investor, diz que a queda no preço do petróleo no curto prazo representa um desarranjo na cadeia produtiva causado pela redução da demanda com a pandemia do coronavírus e também a falta de um acordo entre os países produtores. Segundo Lai, o preço da commodity se acomoda neste patamar porque o armazenamento é muito alto.

"São dois problemas, a oferta continua alta e não há demanda. Ninguém quer comprar petróleo no curto prazo. As consequências econômicas dessa situação serão enormes. O problema é que os custos da retomada, quando tudo voltar ao normal, serão muito altos", comenta.

Contato: wagner.gomes@estadao.com e fernanda.nunes@estadao.com

Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...