segunda-feira, 17 de julho de 2017

Simbiose de crises

Difícil saber onde vamos parar. Desde a delação da JBS ingressamos num tsunami de denúncias contra o presidente Temer, o que vem minando cada vez mais sua base de apoio. Poucos acreditam que ele saia desta confusão, tal o volume de ataques, inclusive, da grande imprensa, contra o seu governo. 

Na semana passada, uma vitória parcial de Temer aconteceu na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) por 40 a 25 votos contrários, mas muitos consideraram-a uma "vitória do Pirro" pois se deu mediante uma intensa barganha de cargos e emendas. Agora, este parecer, mesmo depois de rejeitado, vai para o Plenário da Câmara, onde dois terços do total de votos (513) são necessários para passar e ir para o STF. Neste caso, Temer seria afastado por 180 dias assumindo então o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Pelo andar da carruagem, no entanto, pelas intensas negociações de bastidores, isso pode nem acontecer, embora seja notório o "derretimento" da sua base de sustentação. 

Para piorar, ainda temos mais duas denúncias, a serem encaminhadas pelo Ministério Público, contra o presidente Temer, a começar pela de "formação de quadrilha" e a de "obstrução de justiça", o que deve causar novos transtornos para a sua governabilidade. A pressão sobre o presidente tende a se intensificar. 

A partir desta semana, uma trégua se observa nos mercados, já que o Congresso deve entrar em recesso no dia 18 e só retornar no dia 2/8, o que dará um descanso a todos sobre a torrencial sucessão de fatos políticos nas últimas semanas. A agenda econômica ganhará algum destaque frente à política.  

Sendo assim, estejamos atentos à reunião do Copom, dias 25 e 26, quando saberemos se o Bacen manterá o ritmo de cortes na taxa Selic, em um ponto percentual. Será divulgado também, entre o final deste mês e início do próximo, os dados de crescimento do PIB no segundo trimestre, na qual muito provavelmente teremos uma taxa negativa de 0,2%, depois do avanço de 1% no primeiro. Resta saber se teremos ou não um PIB estagnado no segundo semestre. 

Sobre isso, já se observa algum descolamento entre a crise política e o ritmo de atividade da economia, embora as sondagens de confiança da FGV estejam virando em recuo. Achamos que quanto mais se estender esta crise política, com o Temer na ˜corda bamba˜, maiores as chances da economia acabar "contaminada". E isso deve acontecer num ambiente de inflação desacelerando, com o IPCA em 12 meses a 3,0%, a taxa de câmbio próxima a R$ 3,20 e o juro Selic se aproximando de 8%, ou abaixo disso. 

Continuamos, portanto, navegando nesta simbiose de crises, as políticas dando um tempo até o início de agosto, mas devendo afetar a decisão dos agentes nos próximos meses. Tudo bem. Achamos que se o Temer cair alguém ainda alinhado com a política econômica atual assumirá. 

Isso nos leva a crer que a âncora nominal atual é a equipe econômica deste governo. Será que com esta que deveremos atravessar os próximos meses. Que assim seja!

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Rede Globo endividada...isso ajuda a explicar o posicionamento junto ao governo TEMER

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A porta que a inflação baixa abre, por Fernando Montero

O esforço fiscal vem se perdendo numa macro duríssima que a inflação baixa pode reverter. Desinflação, recessão e juros altíssimos é duríssimo ao fiscal. A desinflação, em especial, puxa sobremaneira gastos indexados à inflação passada maior. Uma vez lá, em compensação, a inflação baixa é ótima. Não sugerimos que o crescimento com menos juros fará sozinho o ajuste. Apenas que o PIB e juros que esta inflação baixa permitem ajudará mais que o projetado hoje (muito mais que o projetado ontem...). As contas públicas pioraram, mas suas causas melhoraram: o déficit primário sofre hoje por receitas e não por gastos; sua receita frustra mais por desinflação que pela recessão (sofre pelas duas); e essa recessão é demanda (inflação cai) e não oferta (inflação subiria). O teto constitucional é restrição, cumpra-se ou não; plasmou uma limitação orçamentária onde déficits gigantescos fracassavam; forçando um “crowding in” do setor privado que precisará preencher 7% do hiato do PIB (ciclo) e 5% do primário (estrutural). Idem parafiscal por quantidade (fim das capitalizações) e preço (TLP). A inflação baixa contrata inércia baixa; que se soma a hiato enorme enquanto não crescermos (muito) acima do potencial. Os preços corrigiram, as contas externas são recordes e choveu uma safra histórica. O ano eleitoral incerto terá ciclo, inflação e juros baixos e comida barata. Desde que haja uma âncora política mínima, os juros desta economia podem cair a patamares inéditos.
A demora na retomada de 2017, desde que reflita demanda (a inflação cai) e não oferta (a inflação subiria), deixa à frente mais crescimento (mais hiato) com menos juros (hiato e a demanda fraca). Os juros tem o ciclo e, também, o “crowding in” do teto de gastos, seja das restrições de cumpri-lo ou das sanções de não cumpri-lo: o setor privado precisará preencher 7% do hiato do PIB (ciclo) e 5% do primário do governo (estrutural). Nossa macro desinflacionária atesta a folga do PIB e libera juros, aproximando os dois – variável chave nas dinâmicas de dividas.
A recessão absorveu o choque inflacionário de 2015, Ilan ancorou e uma safra magnífica terminou de quebrar a inércia. Seja porque o atual perfil da crise é desinflacionaria ou -mais provável- porque a desinflação contratada se mostra cada vez maior, os próximos 18 meses terão menos inflação e mais câmbio, menos PIB e mais balança, menos emprego e mais estoques agrícolas, preços ajustados, reservatórios e o menor reajuste do salário mínimo na história. A inércia agora é da inflação baixa. No horizonte relevante da política monetária, dissídios e expectativas verão um IPCA médio de 3,7%; alugueis e contratos pegarão um IGP médio de 2%; e o salário mínimo de 2018 (1/2 do fiscal; “serviços domésticos” no IPCA; mercado trabalho etc.) reajustará o INPC em 3,5% de 2017. As incertezas que alongam a estagnação, no curto prazo, não parecem por enquanto comprometer uma âncora política mínima às reformas no meio e longo prazo.
Pode não ser tão distante a convergência do PIB e juros nominais, comportando melhor dinâmica nas dívidas. A desinflação atesta o hiato e ambos permitem cortar os juros que, na falta dos multiplicadores fiscais e parafiscais do passado, e com gastos privados anêmicos, precisarão puxar a retomada cíclica. Se o crédito continua entupido, corta mais. Temos, claramente, a oferta desimpedida durante uma recuperação cíclica que deve ser prolongada, com uma demanda que persistirá fraca (ociosidade e desemprego privado, teto de gastos, déficits primários) e o hiato, enorme. Se é para ter recessão e desinflação, tenhamos seus juros. Eis o espaço (olhando a oferta) e a necessidade (a demanda) para queda dos juros na retomada cíclica. Acreditarmos podermos ter muito menos juros num cenário em que a economia não responde ou, alternativamente, muito mais PIB num cenário onde a economia sim responde. Juros e PIB nominais convergentes contribuem sobremaneira na dinâmica das dívidas que, em definitiva, ditam os tempos do ajuste.
O perigo é o câmbio; entretanto, chegamos a ter superávit corrente (12 meses até junho), balança de US$ 60 bilhões, investimentos estrangeiros, swaps zerados e US$ 380 bilhões de reservas. O cenário político é risco, mas serão riscos novos porque o PT está enfraquecido (e sua nova matriz envelheceu). A inércia perpetua uma inflação baixa, o hiato continuará puxando para baixo e restará discutir quanto o câmbio poderia puxar para cima com boas contas externas e uma posição fiscal líquida credora em dólar. Neste cenário, a inflação baixa segura o câmbio nominal, enquanto contas externas sólidas deveriam segurar exageros do câmbio real.
Nada do discutido acima refresca o teto, que precisará segurar despesas pelo cumprimento do limite constitucional ou, em sua falta, pelo não cumprimento do limite (as sanções impostas). Será mais difícil tirar o teto constitucional do que foi coloca-lo. O governo que assuma em 2019 terá que: 1) discutir a nova regra de salário mínimo; 2) negociar os próximos anos com o funcionalismo; 3) tocar as reformas etc. Nisto último, o país logrou um consenso (do problema), uma agenda (da solução) e o horizonte da urgência (o teto). Não é pouca coisa. Se o governo não continuar a agenda em 2019, o fará o teto nos anos seguintes.

Economia e política

Estamos vivendo esta simbiose louca entre as várias crises políticas geradas pela Lava-Jato e as outras investigações, na verdade, desde o Mensalão em meados da década passada, e o desempenho da economia. 

Desde então, vamos vivendo assim, meio que aos trancos e barrancos, no susto de mais uma investigação, mais uma denúncia, mais um escândalo. Nesta semana não foi diferente. A CCJ avançou com o parecer da denúncia de corrupção passiva  para então ser decidido em plenário. 

Neste caso, dois terços são os votos necessários para Michel Temer ir para o cadafalso, julgado por 180 dias e possivelmente não retornando.

Em paralelo, tivemos o ex-presidente Lula da Silva, numa longa novela, condenado "oficialmente" pelo juiz Sergio Moro, a nove anos e seis meses. Várias chicanas ainda devem acontecer, até o julgamento dos desembarcadores do 4 TFR daqui a um ano. Aguardemos. 

Modelos Académicos...

"A parte boa da teoria é que ela sempre funciona dentro dos livros. A parte ruim é que ela só funciona nos livros. Nenhum desses acadêmicos saiu dos livros para enfrentar o mercado. Se mais acadêmicos saíssem do mundo das letras para enfrentar a realidade, poderíamos enxergar as teorias de outra forma."

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Em estágio crítico, Lava Jato ganhou mais um bom motivo para continuar, diz The Economist

Em edição desta semana, a The Economist ressaltou a condenação de Luiz Inácio Lula da Silva pelo juiz Sérgio Moro. De acordo com a publicação, o atual estágio da Operação Lava Jato é crítico, não somente por conta da condenação do petista, mas também pelo início dos debates na CCJ da Câmara sobre a denúncia contra Michel Temer

Assim, com o establishment político mortalmente ameaçado, as movimentações para que as investigações na Operação Lava Jato sejam reprimidas estão montadas, afirma a publicação.

A Economist ressalta as falas da defesa de Lula, que aponta que o petista é vítima inocente de "uma investigação politicamente motivada". Lula permanecerá livre enquanto recorre, mas a sentença torna mais difícil que ele concorra à presidência novamente em 2018. Além disso, também intensificará o debate sobre se Lava Jato age de maneira imparcial ou se é uma "caça às bruxas". 
A revista aponta que 157 pessoas foram condenadas até agora, enquanto o STF autorizou a investigação de dezenas de membros do Congresso. "Para chegar até aqui, os promotores usaram técnicas que são novidades no País. Ao usar a prisão preventiva e a delação premiada, eles extraíram confissões e provas que levaram a acusações contra alguns dos empresários e políticos mais proeminentes do país", aponta a publicação.
Os críticos alegam que, com essa atuação, a presunção de inocência é perdida, ao mesmo tempo em que destacam a instabilidade política causada pelas operações. Outra crítica ocorre com relação ao tão contestado acordo entre o Ministério Público e os irmãos Batista, da JBS, que foi visto como muito brando, enquanto a Polícia ainda não conseguiu comprovar muitas acusações feitas em delações .  "O vazamento seletivo de delações destrói reputações, mesmo que a inocência seja posteriormente confirmada", aponta a Economist, lembrando ainda que muitos reclamam sobre a falta de diferenciação entre caixa 2 e recebimento de $$ para enriquecimento pessoal. 
Por outro lado, a publicação britânica destacou que a Lava Jato revelou uma transgressão generalizada e reverteu uma prática de longa data no Brasil de não punir o crime de colarinho branco. Além disso, a força-tarefa da Operação é submetida a uma supervisão judicial estreita, inclusive do Supremo.
"Muitas das críticas são auto-interessadas. Agora é direito, também do PT de Lula, reclamar. Se Temer cometeu efetivamente um crime, qualquer estabilidade que ele oferece é falsa ou carrega um preço inaceitável. É por isso que as tentativas de controlar as investigações, se tiverem sucesso, são alarmantes", ressalta a revista. 

Lula: 'quem acha que é meu fim vai quebrar a cara'

Já em campanha, Lula deu o tom da campanha para 2018. Além do processo do triplex, o ex-presidente Lula,71, ainda responde a outras quatro ações na Justiça, sob acusação de crimes como corrupção, obstrução de Justiça e lavagem de dinheiro. Um dos processos está sob a batuta de Moro: Lula é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro de propina da Odebrecht, em caso também investigado na Operação Lava Jato. Segundo o Ministério Público Federal, o ex-presidente se beneficiou de cerca de R$ 12 milhões em vantagens indevidas pagas pela empreiteira na compra de um terreno que seria destinado ao Instituto Lula. O petista nega qualquer acerto ilícito e diz que o terreno jamais pertenceu ao instituto, mas foi apenas visitado durante a escolha de um imóvel para a instituição. A ação ainda está em fase de instrução.

Mercado financeiro aumenta projeção de déficit nas contas públicas este ano

Instituições financeiras consultadas pelo Ministério da Fazenda aumentaram a previsão do déficit primário do governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central), neste ano, de R$ 142,051 bilhões para R$ 145,268 bilhões, valor acima da meta do governo de déficit de R$ 139 bilhões.
A projeção consta da pesquisa Prisma Fiscal, elaborada pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, com base em informações de instituições financeiras do mercado. O resultado foi divulgado hoje (13). Para 2018, a estimativa de déficit ficou em R$ 129 bilhões, contra R$ 127,446 bilhões, previstos no mês passado.
A projeção da arrecadação das receitas federais, este ano, ficou em R$ 1,340 trilhão, contra R$ 1,345 trilhão, previsto no mês passado.

A pesquisa apresenta também a projeção para a dívida bruta do governo geral, que na avaliação das instituições financeiras, deve ficar em 75,6% do Produto Interno Bruto (PIB), ante a previsão anterior de 75,47% para este ano. Para 2018, a estimativa foi ajustada de 78,60% para 78,67% do PIB.

Na Editora Abril, o fim do almoço grátis

Em busca de uma saída para prejuízos sucessivos e uma dívida monstruosa, a Editora Abril parece ter ouvido o conselho de Jeff Bezos, que – além de criar a Amazon - fazer o jornalismo se lucrativo mesmo com a internet. 
 
Sem alarde, nos últimos dois meses, a maior editora de revistas do Brasil cortou o almoço grátis e passou a exigir que os leitores paguem pelo conteúdo disponível nos sites de quatro de suas principais publicações.
 
A iniciativa começou na Quatro Rodas e na Superinteressante entre o fim de maio e começo de junho, e passou a ser adotada nas últimas semanas por Exame e VEJA.com – as duas joias da casa, que somam 16,1 milhões e 17,7 milhões de visitantes únicos por mês, respectivamente.
 
Agora, 'na faixa', só mesmo o aperitivo: os leitores têm direito a 15 matérias gratuitas por mês – número que deve ser, em breve, reduzido para 10. Para acessar mais conteúdo, precisam pagar uma assinatura: que varia de R$ 10,90 (Superinteressante), VEJA (R$ 19,90) a R$ 29,90 na Exame, com preços promocionais para os três primeiros meses.
 
“Não só a Abril como todo o mercado trabalhava com uma premissa: 'vou ter muita audiência para, então, vender publicidade'. O modelo era esse. Só que esse modelo não vem se mostrando suficiente para nenhuma operação”, afirma Isabel Amorim, diretora de relacionamento de mercado da Abril.

Vicente Nunes: Contagem regressiva para a prisão de Lula

O ex-presidente Lula recebeu a sentença do juiz Sérgio Moro, que o condenou a nove anos e seis meses de prisão, com a “serenidade de um inocente”, como relatou Márcio Macedo, um dos vice-presidentes do PT. A descrição está bem ao gosto dos fregueses, sobretudo daqueles que saíram às ruas para pedir a não condenação do líder petista. Marketing à parte, o certo é que a sentença de Moro carimbou em Lula o selo da corrupção. Mesmo ainda não sendo preso por “prudência” e para evitar “certos traumas”, conforme destacou Moro em sua sentença, Lula ficou menor. Líder isolado nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República, ele carregará, agora, no currículo, o título de primeiro comandante do país condenado pela Justiça comum. Não é pouca coisa. Lula, como sempre, posará de vítima. E tentará usar o tempo a seu favor, uma vez que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), ao qual caberá ratificar ou não a decisão de Moro, deve demorar cerca de um ano para se posicionar caso mantidos os trâmites normais. Com isso, a decisão sairia no auge das eleições de 2018. 

Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...