quinta-feira, 8 de junho de 2017

Despedidas (3). Cardim falando de NY

A rigor, nos não estamos nos despedindo de Nova York, nos estamos nos despedindo de Manhattan. Fernanda ate’ que menos, ja’ andou mais para fora da ilha, um pouco para Astoria, Queens, onde ficam os supermercados que vendem coisas brasileiras, inclusive algumas que ja não encontrávamos no Brasil ha’ anos (como os dadinhos Quarto Centenário: quem for paulista e pelo menos da minha geração sabe do que estou falando), e um pouco, bem menos, pelo Brooklyn. Eu saio da ilha meio arrastado e me lembro de ter feito isto duas vezes nestes dois anos. Uma noite para ir ao BAM (Brooklyn Academy of Music) ver Isabella Rossellini e Jeremy Irons apresentarem uma biografia de Ingrid Bergman), outra para ir a casa de um velho amigo (na verdade, filho de velhos amigos). NY se divide em 5 boroughs: Manhattan, Bronx, Queens, Brooklyn e Staten Island. Staten Island, do outro lado da foz do Hudson, e’ o que menos tem a ver com a cidade, quase nunca se ouve falar e quando se ouve, não é boa coisa. Queens e Brooklyn, como boa parte de Manhattan, foram áreas de imigração forte, Queens continua sendo. E’ um bairro meio folclórico, especialmente por causa da comunidade judia, que Neil Simon costumava retratar em suas pecas, e depois pelos russos, que trouxeram consigo sua mafia. Brooklyn se gentrificou e virou área boemia. O Bronx continua sendo a area mais barra pesada, renda baixa, onde se concentra a comunidade negra, nos projetos habitacionais que se faz aqui pelo menos desde os anos FDR. Pois e’, nisso tudo, estamos e ficamos a esmagadora maior parte do tempo em Manhattan, que e’ afinal a ideia que todo mundo faz realmente de NY. Quando se visita, se percebe que e’ uma cidade cara. Quando se vive aqui, se percebe que e’ uma cidade cara pra cacete. Alugueis são sempre, uniformemente muito altos (quando aparece uma exceção, em geral não vale a pena olhar, porque e’ um buraco). E nao se pode pensar muito. Se voce disser ao corrector que vai pensar, o cidadão que esta’ parado atras de você ja grita “I’ll take it”. Eu nao estou exagerando, nos perdemos um ou outro imóvel quando chegamos porque resolvemos conversar a respeito! E’ obvio que morar em Manhattan teria de ser caro, mas e’ caro mesmo assim. Vale a pena, mas e’ caro.
Manhattan e’ um lugar para se andar. A cidade e’ basicamente plana, ou com ondulações tao leves que na maior parte das vezes nem se percebe que se esta’ subindo e descendo. As exceções sao poucas. Uma característica curiosa daqui e’ que nao tem um “centro”. Ha’ cidades onde o centro e’ pequeno, ha’ lugares com mais de um centro (como SP, que tem o novo e o velho). Manhattan simplesmente nao tem centro em nenhum sentido. Ha’ naturalmente os lugares onde ha’ mais gente, por causa do numero sempre muito grande de turistas que inundam areas especificas, como a Times Square, para alegria dos batedores de carteira e outros que vivem de tomar dinheiro dos visitantes. Mas nao ha’ centro, a cidade e’ uma coleção de bairros com suas características que servem todos de centro para alguma coisa. O Village e’ um centro, o Soho e’ um centro, o Upper East Side, onde vivemos, e’ outro centro, e ha’ muitos outros. A propria palavra que se usa para designar centro em qualquer outra cidade, downtown, aqui quer dizer downtown mesmo, a parte sul da cidade. Depois vem midtown e o uptown (onde tem o Upper West Side, do outro lado do Central Park) e o Upper East Side, onde estamos nos. Nos costumamos andar muito, mas quase sempre pelo lado leste. Manhattan nao e’ uma cidade europeia, onde se vai tendo surpresas quando se caminha, porque tudo e’ curvo e meio Escondido. Aqui e’ uma grade. Das avenidas é possível ver uma ponta e as vezes as duas. E’ a escala enorme de tudo que e’ fascinante, misterio mesmo nao tem. E, naturalmente, quando se quer simplesmente relaxar, vai-se ao Central Park, que cobre da rua 60 a rua 120, por ai vai. Tem florestas, lagos, ate’ cachoeiras (eu nao vi, Fernanda, quem anda muito mais por aqui, quem viu num passeio guiado). Nos estamos a uma quadra e meia do East River, ao lado da estação do bondinho para a Roosevelt Island, onde vamos com alguma frequência levar as crianças para brincar e andar de skate. De vez em quando escolhemos algum outro ponto da ilha para andar pelas ruas e Fernanda tirar as milhares de fotos que acumulou aqui. Para quem nasceu e cresceu em cidades grandes (a menor cidade em que vivi foi Campinas, nos anos 70, e assim mesmo por ano e meio) aqui é uma delicia.

Despedidas (2) Mais Cardim


O que mais fizemos nesses dois anos, junto com ir a museus, o que fica para depois, foi ir ver jazz. Eu tenho um primo, pianista profissional, que me ensinou o que havia para ser sabido de jazz quando eu era garoto. O problema, naturalmente, era que a maioria, quase todos, dos musicos que eu gosto mais ja morreram faz tempo. Mas ainda sobraram muitos, como Ron Carter, Herbie Hancock, Chick Corea e outros. Por mais de um ano, nos fomos praticamente todas as semanas a algum clube de jazz. Sao muitos aqui, e, pelo que me dizem muitos amigos, em alguns deles se apresentam músicos promissores. Eu confesso que preferi ver o pessoal que ja cumpriu sua promessa. De longe, nosso lugar mais frequentado foi o Village Vanguard, na Sétima Avenida com 14. E’ o lugar mais importante do jazz aqui em NY. Muito simples, ele se mantém como sempre foi. Nos estivemos aqui, ha’ uns 25 anos atras, e tudo continua igual. Não tem cozinha, apenas um bar, e’ um lugar onde nao se vai para conversar (a não ser enquanto se espera o show começar), vai-se para ouvir. Pequeno, onde se chega descendo escadas que saem da rua e levam ao subsolo, sente-se a vibração (mas nao o barulho) do metro passando embaixo. Vimos grandes músicos la, todos sempre falando na emoção que e’ tocar no Vanguard (em outros lugares, eles agradecem ao publico por ter vindo, essas coisas, no Vanguard parecem agradecer ao clube por aceita-los). Nunca vimos nada la que nao valesse a pena, alguns vezes vimos apresentações inesquecíveis (uma delas vimos Ravi Coltrane tocando seu saxophone ao lado do retrato de seu pai, uma cena em si emocionante). Outros clubes ja ficaram mais comerciais. Tem restaurantes, servem jantar, etc e tal. O Birdland, na W44 e’ dos melhores também. Bons músicos, casa simpática, sem amontoar as pessoas como faz, por exemplo, o Blue Note, onde so fomos quando era mesmo inevitável. McTyner, Herbie Hancock com Chick Corea, e Ron Carter tivemos de ir ver la, porque, afinal, era onde estava tocando. Mas no Blue Note, se bobear vendem entradas ate pro pessoal sentar no seu colo, nos seus ombros, na sua cabeça se voce for careca. Outro gostosinho, como o Birdland, e’ o Jazz Standard. Também espaçoso, com cozinha, mas, como o nome sugere, na maior parte do tempo e’ para standards mesmo, não para jazz. Nos falta ainda conhecer o Jazz at the Lincoln Center. O lugar parece ser muito bonito, mas predominam por la as apresentações de orquestras, o que em jazz não me agrada muito. Mas pelo menos uma vez, se der tempo, e aparecer algum programa realmente atraente, e’ preciso.

Memórias (1) Por Fernando Cardim de Carvalho...


Quando viemos de Lisboa para Nova York, eu fiz uma longa lista de coisas que fizemos ou lugares a que fomos que queríamos não apenas que ficassem na nossa memória, mas que serviriam também como sugestões a quem visitasse Portugal. Agora estamos chegando ao momento de voltar para la’, e pensei em fazer a mesma coisa aqui: comentar sobre a cidade e nossa experiência nela nesses dois anos (a primeira vez que vivemos aqui foi ha’ mais de três décadas, essas memórias ja não valem muita coisa). Nos estivemos aqui, juntos ou separados, a passeio ou a trabalho, quase todos os anos desde que voltamos ao Rio, em 1986 (até hoje a gente se lembra do susto em 1986 de ver quase todo mundo que conhecíamos meio zumbis, impressionados com a figura messiânica do Funaro, o Dilson, não o doleiro amigo do Temer ou do Cunha, ou sei la de quem). Mas a experiência de viver em um lugar e’ muito diferente, mesmo para turistas frequentes. NY e’ uma cidade única, e’ um chiche, mas e’ verdade. O que se tem aqui, não se tem em nenhum outro lugar, pelo menos não em escala semelhante (Londres ou Paris). Andar pelas ruas, mesmo não fazendo nada, apenas olhando a sua volta, e’ mesmo eletrizante. O volume de coisas que se tem para fazer e’ alem do compreensível. Ler o caderno de fim de semana do Times, ou a coluna do que vai pela cidade na New Yorker, sempre uma lista selecionada, ou o Time Out, e’ enlouquecedor. Se se esta’ de visita, é enlouquecedor porque nao da’ tempo de ver tudo. Se se vive, e’ enlouquecedor porque daria para ver tudo se torrássemos toda nossa poupança privada (nos sempre tivemos juizo) em dois anos. Ha’ muitas manifestações culturais que nao me interessam (dança, por exemplo, e’ algo alem da minha compreensão, arte contemporânea de qualquer natureza, plástica, musica, o que for, e por ai vai). Mesmo assim, entre jazz, concertos, teatro e museus ja’ se pode consumir tudo o que se tem, com a maior facilidade. Estou excluindo restaurantes, que eram parte importante da nossa vida lusitana, viagens para fora da cidade (transporte e hoteis são estupidamente caros), e outras atividades, nesse caso, mais por conveniência, como conferencias, cursos, etc. Mas a cidade tambem é extremamente barulhenta (especialmente depois de quase três anos de Portugal!), com sirenas tocando ininterruptamente, muito suja (não ha cães sem dono, mas ha’ muitos donos que deixam os resíduos sólidos dos cães onde são depositados pelos próprios, e sempre alguém para pisar e espalhar), com uma rede de metro cuja cobertura e’ em geral muito boa, mas com equipamento envelhecido e administração deficiente, alem das estações imundas (pelo menos a gente se distrai esperando os trens olhando as ratazanas passeando pelos trilhos) e com transito caótico. Em geral, tem-se a imagem de que todo lugar e’ uma bagunça, mas nos US as pessoas cumprem a lei. Em geral, e’ mesmo assim, exceto no transito de NY. Ninguém respeita coisa nenhuma e policia de transito e’ um conceito teologico: uns acreditam que existe, e ate’ citam aparições aqui e ali, mas ver mesmo, ninguem ve. O saldo e’, obviamente, positive, e’ uma cidade incrivel, mas exige muito mais paciência do que normalmente se imagina.

quarta-feira, 7 de junho de 2017

DONOS DA TV GLOBO QUERIAM LULA NO PODER EM 2014. SERÁ??

João Roberto Marinho, um dos donos da TV Globo, foi pessoalmente no Instituto Lula conversar com Lula e pedir que ele fosse o candidato em 2014.
João Roberto Marinho não foi em seu próprio nome apenas mas em nome da família dona da TV Globo pedir que Lula fosse candidato de novo e que a família daria toda cobertura. este é o fato que estava escondido até agora.
Todas as críticas de Lula contra a TV Globo sempre foram uma farsa.

segunda-feira, 5 de junho de 2017

domingo, 4 de junho de 2017

Reflexões 3

Neste mercado temos observado muitas instituições financeiras, muitas corretoras, casas de research contratarem profissionais como PJ.
É uma tendência, dado que estas receitas são muito variáveis...muito voláteis. Outra observação é que muitas gestoras têm seus profissionais como sócios. Ganham com o sucesso, perdem com o fracasso...daí o comprometimento maior.
Não dá para pensar diferente. Este mercado é muito dinâmico para ter um bando de profissionais que acham estarem numa zona de conforto.
Não estão e quem pensa assim está morto.

Reflexões 2

Como todo economista, todo analista, todo observador da cena, cientista que seja, a leitura pesada de relatórios, de informes, jornais, periódicos, paper diversos, é essencial para um trabalho descente. 

Não ler nada, leva este observador ao achismo, aos palpites e o que pior, ao chute e a cópia de opiniões alheias. 

Trabalhar com a macro é algo desafiante, pq é uma área muito abrangente e multidisciplinar...

O bom economista tem q ser um devorador de análises, das mais diversas, para formar MASSA CRÍTICA. 

Alguém aí sabe o q isso significa?

Reflexões 1

Papel de um economista: ser o radar para os mercados, para os agentes. Ter alma, ter opinião, ter coragem de colocar sua opinião na reta. Não dá para ser redator de press release de indicadores econômicos...realmente....

Se for assim, acabou.

Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...