Adolf Hitler incendiou o Reichtag e botou culpa nos comunistas...depois obteve a anuência do Parlamento..se tornando Chanceler e depois Furher....foi o caminho livre para criar a maior máquina de destruição e de guerra da história. Trump ganha e passa a comandar o Congresso, com maioria na Câmara dos Representantes e no Senado...querem o caos? Dêem muito poder a um populista....
Sou Economista com dois mestrados, cursos de especialização e em Doutoramento. Meu objetivo é analisar a economia, no Brasil e no Mundo, tentar opinar sobre os principais debates da atualidade e manter sempre, na minha opinião essencial, a independência. Não pretendo me esconder em nenhum grupo teórico específico. Meu objetivo é discorrer sobre varios temas, buscando sempre ser realista.
quarta-feira, 9 de novembro de 2016
O RISCO TRUMP
Os mercados estremeceram na semana passada diante da
virada na disputa eleitoral dos EUA. Pesquisas mostrando Donald Trump
ultrapassando Hillary Clinton e boatos de que o FBI reabriu novas investigações
sobre o caso dos emails privados de Hillary acabaram detonando um movimento
generalizado de aversão ao risco pelo mundo. Até na reunião do Fomc isto ficou
bem claro, depois que a autoridade monetária resolveu aguardar “novas
evidências” para decidir sobre a taxa de juros. Acabou embolando a disputa e é
extremamente prematuro afirmar qualquer coisa sobre o desfecho das eleições
desta terça-feira, dia 8.
Vencendo Trump o que deve acontecer com os EUA, o mundo e,
em particular, os emergentes?
Tentemos responder a esta e a outras indagações nas
próximas linhas.
Como está a disputa? Está totalmente em aberto, mas com
leve vantagem para Hillary. No colégio eleitoral são 538 delegados. Hillary
ainda está na frente com 226 e Trump com 180, sendo 132 votos em disputa.
Analistas consideram que esta eleição será decidida na Florida, estado com 29
delegados e uma disputa muito acirrada. No placar Hillary teria 46,4% e Trump
46,6%. Outros estados também são considerados importantes nesta reta final,
como Pensilvânia, Ohio, Carolina do Norte, Virginia e Wisconsin. Será nestes
colégios eleitorais que as eleições serão decididas. Muitos consideram, também,
duvidosa a eficácia destas pesquisas divulgadas. Como o colégio eleitoral é bem
pequeno e concentrado, é difícil afirmar qual a capacidade destas de prever o
quadro final.
Sobre os candidatos. São dois candidatos à presidência
da maior potência do mundo considerados fracos. Talvez a escolha deva recair
mesmo sobre os “menos pior”. Enumerando os defeitos, Trump é considerado
“intolerante, protecionista e isolacionista”, enquanto que Hillary é
“vacilante, arrogante, com fraca oratória (ao contrário de Trump) e pouco
simpática”. Não tem carisma nenhum. Por outro lado, pela experiência pregressa,
como Secretária de Estado no governo Obama e já conhecedora dos atalhos no
Congresso, acaba em vantagem. Para a revista inglesa The Economist, Hillary “é melhor candidata que parece e está mais
capacitada para lidar com os desafios da política em Washington”. Já Trump é
considerado um outsider, um líder do
meio empresarial, e isto pode ser um ponto a favor. Trump caracteriza sua
campanha por uma “atitude de ruptura com o mundo político e o establishment”.
Desafios se eleito. São vários, mas um dos principais
será transitar pelo Congresso, também em disputa. O partido do presidente
eleito precisa controlar ao menos uma das casas do Congresso – Senado ou Câmara
dos Representantes – para que as suas reformas possam ser aprovadas. Na Câmara
dos Representantes todos os 435 lugares estão em disputa para dois anos, representando
os distritos locais. Atualmente, os republicanos controlam esta casa, com 246
cadeiras contra 186 dos democratas. Expectativas indicam que essa deve
continuar com os republicanos no dia 8. No Senado, um terço das cadeiras (34),
de um total de 100, será renovada. Todos os estados possuem dois senadores.
Atualmente, os republicanos controlam o Senado com 54 cadeiras, contra 44 dos
democratas e dois independentes.
O que pretendem? Este é um dos “nós da questão”.
Pouco sabemos como será o governo Trump, caso eleito. Muitos consideram até “um
salto no escuro”. Trump mantém um discurso beligerante, até para as plateias
mais conservadoras dos EUA, mas não acreditamos que suas propostas sejam
exequíveis. Alguém levaria a sério construir um muro na fronteira com o México?
Ou abrir uma guerra comercial com a China? Agora parece claro que ele deve
dificultar os fluxos migratórios, tão importantes para atender o mercado de
trabalho de baixa renda. No comércio exterior, Trump ameaça também abrir vários
contenciosos com a China e os países emergentes. Sua retórica é altamente
protecionista, isolacionista, além de beligerante. Ele deve se aproximar de
Wladimir Putin e abrir uma “guerra de nervos” com os países muçulmanos. Na
gestão da economia comenta-se sobre a proposta de redução de impostos para os
ricos e aumento de gastos, em especial, na indústria bélica.
Sobre Hillary, não observamos grandes mudanças em relação
às diretrizes do governo Obama, mais parcimonioso nas negociações com o Oriente
Médio, menos belicista e afeito a acordos de comércio. Discute-se, inclusive,
que o Acordo de Parceria Trans-Pacífico (TPP), antes previsto para fechar neste
final de ano, um dos projetos de Obama, deve ser adiado para o novo presidente.
O TPP estipula a eliminação de 18 mil taxas que outros países impõem aos EUA e
envolve 40% do que é produzido nos EUA. Com Trump, o TPP acabará enterrado,
visto que ele é muito mais afeito a chamada “guerra comercial” entre os países.
Uma onda protecionista acabará se espalhando pelo mundo. A abertura política
com Cuba, por exemplo, acabará afetada.
Impactos Econômicos. Com Trump eleito, um movimento
generalizado de venda de ativos pode ocorrer no mundo (sell-off), com a valorização do dólar num primeiro momento e a desvalorização
das moedas dos emergentes. O real, por exemplo, pode sofrer forte depreciação
em relação ao dólar no curto prazo. Acreditamos, no entanto, que este seria um
movimento temporário, voltando depois a um patamar menor. O Fed terá que aguardar
um pouco mais para saber quais seriam as políticas de Trump, o que significa a
elevação da taxa de juros de curto prazo, precificada para dezembro, mas sendo
adiada. Isto até seria bom para o Brasil.
Mesmo assim, a total incerteza política com Trump no
poder, jogará o mundo num período de intensa volatilidade. Muitos, por outro
lado, acham que a maturidade das instituições nos EUA servirá de contraponto
aos possíveis devaneios desastrados do presidente eleito. O próprio sistema
político, no chamado balanceamento de forças (checks and balances) trataria de enquadrar Trump. Esta é uma
esperança, mas com certeza, ingressaremos num período de muitas incertezas para
a economia e a geopolítica global.
MACRO ESTRATÉGIA 07/11/2016
Uma
semana carregada, na qual o foco das atenções está voltado para as eleições
presidenciais norte-americanas nesta terça-feira (dia 8). Devemos estar
atentos, também, no plano político, à assinatura dos termos de delação da
Odebrecht. O que sairá daí ninguém sabe. No Congresso, as
atividades são retomadas, podendo haver a conclusão na Câmara da votação do
projeto que retira da Petrobras a obrigação de ter que investir nos campos do
pré-sal, enquanto que no Senado teremos a votação na Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) da PEC do Teto.
Sobre
a disputa norte-americana, os mercados parecem estar respirando aliviados,
diante da possibilidade de vitória da candidata democrata Hillary Clinton,
contra o histriônico republicano Donald Trump. Isto só foi possível depois do
FBI afirmar que a candidata não cometeu crime ao usar um servidor privado de
internet quando Secretária de Estado do governo Obama. Pesquisas já começam a
indicar alguma vantagem de Hillary. Expectativas indicam até um forte rally nos mercados globais se tal fato
se confirmar. No modelo desenvolvido pelo respeitado site
FiveThirtyEight, do estatístico Nate Silver, por exemplo, as chances de vitória
de Hillary continuam, mas recuaram se comparados há 15 dias: passaram de 90%
para 64,2%.
Sobre os fatos e indicadores do dia, a pesquisa Focus
revisou para baixo o PIB deste ano (-3,3% para -3,31%) e o IPCA de 2017, abaixo
de 5,0%, a 4,94%. Já a Anfavea veio com a venda e a produção de veículos em outubro. Neste mês
houve algum avanço na produção, 2,3% contra setembro, mas recuo de 15,1% contra
outubro de 2015. Já as vendas recuaram 0,6% na passagem de setembro para
outubro, despencando ainda mais, 17,2% na comparação anual. No acumulado, as
vendas recuaram 22,3% e a produção 17,7%. Em 12 meses, até outubro, foram 9,17
mil vagas fechadas pelo setor. Ou seja, no ano são os piores números de venda e
de produção em uma década.
Na
agenda da semana em destaque o IPCA
de outubro na quarta-feira. A expectativa é de que a inflação desacelere de
8,48% para 7,9% em 12 meses, no mês registrando algo em torno de 0,3% a 0,4%.
Temos ainda o IGP-DI e prévias do IGP-M, do IPC-S e do IPC da FIPE, além de
dados de venda de varejo (PMC-IBGE). Já no
cenário externo, depois dos índices PMI da China reduzirem as preocupações de
curto prazo acerca da economia chinesa, as atenções se voltam para a divulgação
de diversos indicadores do país em outubro, como, por exemplo, a balança
comercial, as concessões de empréstimos e a inflação. Nos EUA, atenção para o
relatório sobre empregos JOLTS de setembro e o índice preliminar de Sentimento
do Consumidor de novembro (Sentimento de Michigan).
Nos
mercados. O dólar caiu ante o real, os juros futuros também
recuaram, enquanto o Ibovespa futuro subiu mais de 2%, na esteira das suas
pares na Europa e mercado futuro em Nova York.
A redução do "risco Trump", que sacudiu os mercados na semana passada, fez as bolsas asiáticas fecharem em alta e impulsiona as bolsas europeias e futuros de Nova York para uma valorização de mais de 1%. Já o dólar sobe ante o euro e iene, mas recua em relação à maioria das moedas emergentes e ligadas a commodities. O petróleo, por sua vez, tem avanço de mais de 1%, também com o radar nas eleições americanas, que devem ser o principal condutor dos negócios até quarta-feira, quando sai o resultado das urnas.
Julio Hegedus Netto, CNPI,
Economista-chefe Lopes Filho & Associados
segunda-feira, 9 de maio de 2016
SEMANA NO PAÍS
Continuamos tentando navegar num mar revolto, cercado de armadilhas. O
impeachment avança, mas sempre
sujeito a trancos e barrancos, a movimentos oportunistas de personagens diversos.
O último foi deste senhor, Waldir Maranhão, presidente interino da
Câmara, o que causou certo transtorno depois de acolher o recurso da Advocacia
Geral da União (AGU). Foi ignorado pelo Senado nem indo para análise do
Supremo.
Aguardemos agora a votação no Senado a partir desta quarta-feira,
podendo se prolongar até sexta-feira. Previsões indicam entre 50 e 55 votos a
favor do impeachment, mais do que o
divulgado pela imprensa, talvez em função deste ato desastrado de Waldir
Maranhão. Dizem até que quem montou esta “peça” foi o próprio José Eduardo
Cardoso, tramada neste último final de semana com a participação do governador
do Maranhão, Flávio Dino, do PC do B. Acabou rejeitada. E segue o jogo.
Sobre a reforma ministerial, uma novidade foi Temer dar uma revisada,
depois de boatos de que não haveria grandes mudanças. Pela necessidade de
compor forças políticas, as barganhas seriam de tal forma que a reforma
acabaria menor. Falava-se no corte de apenas três ministérios, praticamente havendo
a repetição dos muitos nomes do governo Dilma. Hoje, no entanto, veio o esclarecimento.
Serão 23 ministérios, com corte de nove. Caso o afastamento de Dilma se
confirme, Temer pode transferir para a Fazenda as questões da Reforma da
Previdência, coordenada por Meirelles. O ministério do Trabalho ficará apenas
com o emprego. Fusões devem ocorrer, com o Ministério dos Transportes ficando
com Portos e Aviação, o da Educação com a Cultura, Desenvolvimento Social com
Agrário e o das Comunicações com Ciência e Tecnologia.
É possível que o BACEN se torne independente, mas deve perder o status de ministério, assim como a CGU,
a Secretaria de Comunicação e o Gabinete da Presidência. Sobre a equipe
econômica, há dificuldades, diante do ceticismo dos economistas em aceitar o
desafio de estabilizar a economia, pelo tempo exíguo. Comenta-se também que o
presidente do BACEN pode ser indicado mais tarde, já que Meirelles conhece
Tombini e todos os diretores que compõem o Copom. Já estão certos, na equipe,
Eliseu Padilha (Casa Civil), Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e o próprio
Henrique Meirelles (Fazenda).
Na agenda da
semana, nesta quarta-feira, a Pesquisa Mensal de Vendas do Varejo em março
(PMC). Depois de um bom desempenho em fevereiro, devem recuar ainda mais em
março, em torno de 0,5%. Pelo conceito restrito, cresceram 1,2% em fevereiro e
pelo ampliado 1,8%. Na sexta-feira temos o IBC-Br de março, devendo mostrar
outra contração, em torno de 0,5% na base mensal e 5,5% contra março de 2015.
No exterior, nos EUA, o relatório de vendas no varejo de abril sai na
sexta-feira, com expectativa de recuperação. No mesmo dia, o sentimento do consumidor da
Universidade de Michigan, provavelmente subindo. Na Zona do Euro, sai a segunda estimativa do
PIB do primeiro trimestre na sexta-feira. Na China, durante a semana, como destaque os dados de crédito de abril. É esperado um arrefecimento dos novos
empréstimos para 815 bi de yuan, bem
abaixo do 1,37 trilhão de yuans em
março.
Cyro Andrade
Cyro Andrade, 9/5: Waldir Maranhão, "Cabeça de Carvão " e Flavio Dino mancomunaram-se com Cardozo AGU. Alguém diria: é do jogo. Pra mim, é apenas coisa de chicaneiro, incluído o Flavio Dino, à espera da oportunidade de dar seu golpezinho barato.Aliás, o que me surpreendeu favoravelmente na entrevista dele (retiro aqui o elogio que lhe fiz) foi ser filiado ao PCdoB e não babar na gravata. Mas, nessa questão, pertencer a este ou aquele partido é o de menos. Esse jogo que estão jogando é amoral por definição. Os aplausos que a chicana está merecendo no Planalto são amorais também. É lamentável o papel que essa gente, sem nenhum traço de pudor, tomou para si, como se fosse coisa normal, no modo de tratar a questão do impeachment, da qual é indissociável a absoluta incompetência da dona Dilma pra ocupar o cargo que lhe caiu no colo. Está nos faltando exatamente isso: um "novo normal". Quem sabe, um dia chegamos lá.
sábado, 7 de maio de 2016
REVERSÃO DE EXPECTATIVAS
Fechamos a semana com a definição da aprovação do parecer de impeachment na Comissão do Senado. Acabou em placar folgado, 15 a 5, sem surpresas, o mesmo previsto pela imprensa.
Agora vai a votação no plenário do Senado até os dias 11 ou 13 e tudo leva a crer que a presidente seja afastada por 180 dias. A partir daí, começa o “mandato tampão” do vice Michel Temer, havendo expectativas sobre um desfecho antes de setembro, desde que não haja recesso parlamentar. Lembremos, também, que neste ano teremos Olimpíadas em agosto e eleições municipais em outubro. Ou seja, corremos contra o tempo para tentar colocar a casa em ordem. Não será uma tarefa fácil.
A então presidente Dilma, no seu papel, prega a “quatro ventos” que o processo atual é golpe e que não irá facilitar para o início do mandato do vice Michel Temer. Realmente, diversos obstáculos vão sendo jogados no meio do caminho. Já se falou que a presidente não faria transição nenhuma com o vice. Depois do dia 1/5 anunciou medidas de reajuste no programa Bolsa Família (9%) e na tabela de Imposto de Renda (5%). Anunciou também um grande aporte de recursos para os planos de safra neste ano, recursos adicionais para o “Minha Casa, Minha Vida”, além de boatos de anuncio de novos aportes para alguns programas de crédito. Soma-se uma forte demanda dos servidores públicos em diversas categorias e aí estaria “armada a bomba” para a governabilidade de Michel Temer. De fato, Temer não terá vida fácil, ainda mais neste período temporário em que o parecer do impeachment será discutido no Senado. Cabe salientar, no entanto, que este será decisivo para o sucesso do seu curto mandato, se confirmado, limitado à dois anos e alguns meses.
Quando não faltava mais nada ainda terá que enviar, até o dia 22/5, uma meta fiscal revisada para este ano, já que a de R$ 24,5 bilhões já está totalmente superada. O ministro Barbosa chegou a cogitar uma banda fiscal, contando-se com a possibilidade da meta ser negativa em R$ 96,6 bilhões, mas tudo leva a crer que seja bem maior. No mercado, as expectativas são de que deve chegar a 3% do PIB ao final do ano, pois o desempenho da economia para este ano já parece dado, com o PIB recuando próximo a 4%. Estimativas indicam que o superávit primário precisará chegar a mais de 3% do PIB para estabilizar a dívida pública do País.
Para azedar ainda mais os ânimos, temos o contencioso dos estados com a União sobre o indexador da dívida. Segundo a “interpretação” de alguns governadores, pode ser corrigida por juro simples, algo fora de propósito, mas fruto de uma brecha na redação de um documento de renegociação das dívidas estaduais recentemente. A União, acertadamente, defende a taxa de juro composto (juro sobre juro). O STF deu um prazo de 60 dias para que haja algum acordo.
Para piorar, Temer assume com a formação de um ministério que, a não ser pelo chamado “núcleo duro”, em pouco difere do governo atual. A costura política complicada, desentendimentos com partidos da base de apoio, como o PSDB, num primeiro momento se negando a fazer parte, limitando-se apenas ao apoio informal, ou o PP, em batalha por ministérios estratégicos como da Saúde, bem refletem este quadro. No fim, a única coisa mais importante neste ministério acabará sendo mesmo a equipe econômica, até porque também não será possível uma reforma, uma corte mais, de 31 para 20 ou 22 ministérios. No mais otimista dos prognósticos, Temer assumirá com 26 ou 27, num esforço para compor politicamente o seu “governo”.
Everaldo Maciel, ex-secretaria da Receita, inclusive, acharia importante Temer (1) direcionar ações, tendo a consciência que este será um governo de transição, sendo mais pragmático na aglutinação de forças políticas; (2) atacar primeiro os problemas conjunturais, deixando para depois as reformas, havendo apoio político consolidado; (3) continuar dando apoio à Operação Lava-Jato, mesmo que isto lhe traga dissabores políticos; (4) dar apoio aos estados e municípios, engolfados numa crise de difícil solução e, por fim, (5) tentar ser o mais transparente possível na divulgação de medidas. Sobre estas, algumas já parecem consensuais.
Pelo lado das despesas, com cortes limitados e algum contingenciamento, comenta-se sobre a desindexação de benefícios previdenciários em relação ao salário mínimo, e no aumento da Desvinculação das Receitas da União (DRU), dando ao governo federal maior poder no uso de parte de receitas, em sua maioria, já carimbadas para determinadas áreas como Saúde e Educação, etc. Comenta-se também sobre a necessidade de avançar, mesmo com a crise política atual, numa mini-reforma da Previdência, com a elevação da idade mínima para homens e mulheres em 65 anos. Somando-se a outras medidas, como o “congelamento” dos servidores, a economia do País então chegaria, no máximo, a R$ 100 bilhões.
Pelo lado das receitas, o espaço de manobra é ainda mais limitado dadas as restrições sobre a criação de mais impostos num país em constante crise fiscal. Politicamente desgastante, retornar com a CPMF seria o mesmo que entregar o governo de volta aos atuais mandatários. Temer, no entanto, já deixou no ar a possibilidade deste debate retornar num momento mais adequado.
Outras alternativas seriam aumentar a Cide e o PIS COFINS da gasolina, além de acabar lentamente com as desonerações tributárias da folha de pagamento. Neste contexto, e pensando no retorno da CPMF, um imposto que onera mais as empresas e, por tabela, os consumidores, pela elevação de custos, o ganho de caixa chegaria ao fim a algo em torno de R$ 140 bilhões, isto contando com País voltando a crescer acima de 2%, turbinando então a arrecadação. Este, aliás, é um ponto. Pensar em reequilíbrio fiscal, apenas com a economia voltando a crescer e arrecadando mais. É um contrassenso se pensar em elevar a arrecadação do País com a PIB recuando mais de 4%.
Isto nos leva a acreditar que não será nada fácil este início de mandato do “novo governo” do vice Michel Temer. Terá que ceder nas barganhas políticas enfrentará uma série de armadilhas deixadas pelo governo atual, não conseguirá reverter a piora fiscal no curto prazo e a economia continuará em recessão no resto do ano. Soma-se a isto, terá que herdar uma série de esqueletos deixados, principalmente, nos bancos públicos.
Neste contexto, acompanhando Everardo Maciel, será importante Temer ser o mais realista e transparente possível, de forma a não gerar frustrações na sociedade. Será uma travessia difícil, cercada de esperanças, o que demandará do vice toda a habilidade possível para administrar bem as expectativas. Que assim seja.
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