"Muito importante a carta de banqueiros e economistas ortodoxos sobre a epidemia ano Brasil. Primeiro destaque: não se fala em teto de gastos. Parece que finalmente, pelo menos temporariamente, esse assunto cedeu lugar ao que realmente importa: o combate a pandemia. A responsabilização do Presidente da República pelo descalabro brasileiro é outro ponto essencial, ancorado num diagnostico preciso. As propostas estão corretas, seja aquelas relativa à pandemia; prioridade á vacina, distanciamento social (incluindo lockdowns quando necessários), doação de máscaras mais eficientes à população; coordenação nacional via gabinete específico; seja aquelas referentes à questão social; auxílio emergencial e apoio creditício às PMEs. A carta tem efeitos políticos colaterais importantes: certamente vai isolar ainda mais o governo Bolsonaro, desta feita dos que comandam a economia e as finanças no Brasil."
Sou Economista com dois mestrados, cursos de especialização e em Doutoramento. Meu objetivo é analisar a economia, no Brasil e no Mundo, tentar opinar sobre os principais debates da atualidade e manter sempre, na minha opinião essencial, a independência. Não pretendo me esconder em nenhum grupo teórico específico. Meu objetivo é discorrer sobre varios temas, buscando sempre ser realista.
segunda-feira, 22 de março de 2021
MACRO MERCADOS SEMANAL, 22/03/2021 - Bolsonarista negacionista “sob pressão”
Na carta, assinada por figuras expoentes do mercado e do meio acadêmico, como Persio Arida, Affonso Celso Pastore, Gustavo Loyola, Pedro Malan, Armínio Fraga, entre outros, o diagnostico é um só: o enfrentamento da pandemia precisa de seriedade e menos bravatas, não havendo condições de retomada da economia, enquanto não se estabelecer o equilíbrio, e não se acabar com este papo de tratamento preventivo, cloroquina, entre outros. As alternativas são simples e já bem definidas: isolamento social, uso de máscaras e claro, vacinação em massa. Não há outra escolha.
Este documento será enviado aos líderes dos três poderes, pelo Judiciário, o presidente do STF, Luiz Fux, pelo Legislativo, Artur Lira, e pelo Executivo, quem mais tem atrapalhado nesta caminhada, Jair Messias Bolsonaro. No Parlamento, líderes se preocupam em buscar ajuda internacional no envio de vacinas. Só 5% da população recebeu vacinação. É muito pouco. Na rede hospitalar, o colapso é uma realidade. Hospitais apelam para que as pessoas fiquem em casa, já que faltam kit de entubação e são baixos os estoques de oxigênio.
Enquanto isso, o presidente segue no seu mundo de fanáticos e negacionistas, acusando os governadores, contra o lockdown, falando de cloroquina e outras porcarias e se isolando cada vez mais. Até a semana passada, continuávamos sem ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, visto que Bolsonaro buscava uma solução para “blindar o general Pazuello”. Parece que a posse deve sair hoje.
No “seio” do Centrão, ao que parece, nem os líderes aguentam mais tanta ignorância. Em mais um recado de Arthur Lira, o vice da Câmara, Marcelo Ramos (PL), disse, “o país sofrendo com as crises e o presidente falando em estado de sítio e promovendo confrontos que dispersam nossa energia”. Parece que a batata do presidente já está assando. E ele não tem o apoio cego das Forças Armadas.
Sobre o que acontecerá nesta semana, o Congresso deve votar o Orçamento de 2021, com a pandemia pressionando por novos gastos. Deve ser votado na CMO e entre quarta e quinta-feira no Senado. Teremos também a ata do Copom nesta terça-feira, quando os diretores do BACEN devem esmiuçar suas leituras para a trajetória da taxa de juros, em sintonia com inflação, atividade, câmbio.
Na Turquia, a destituição do presidente do BC acabou “pesando nos mercados de moeda” dos emergentes. Dois dias depois de ter promovido um choque de alta de 2 pontos percentuais no juro, para 19%, acabou demitido do cargo pelo presidente Erdogan. Em reação imediata, a lira turca desabou contra o dólar. A queda livre levantou o receio de que este movimento na Turquia possa atingir o câmbio de outros emergentes, principalmente do Brasil, no foco de atenção, depois do Copom mais agressivo do que o esperado.
Um fato a mais foi a decisão nos EUA do Fed de não renovar a regra sobre reservas dos bancos. Com isso, eleva-se em US$ 2 trilhões o excesso de reservas e reduz a demanda bancária por Treasuries. Isso deve pressionar ainda mais o rendimento da Note-10 anos, já em 1,722%, de 1,716%. Crescem as desconfianças se o Fed terá capacidade de manter o juro próximo a zero até o fim de 2023.
Com esta medida, os bancos perderão a autorização temporária para excluir Treasuries e depósitos mantidos no Fed do cálculo do chamado “índice de alavancagem suplementar dos credores (SLR, na sigla em inglês)” das instituições financeiras.
Agenda Semanal
Na semana, destaquemos a ata do Copom, o Relatório Trimestral de Inflação e o IPCA15 de março, estes na 5ª feira, a primeira na 3ª feira. Nossa curiosidade aqui é saber aqui se o BACEN deve ser mais agressivo na próxima reunião do Copom, em maio. Estejamos atentos também para a pesquisa Focus desta semana. À tarde (14h30), sai a arrecadação federal de fevereiro. A prévia do IPC-S sai amanhã e do IPC-Fipe, na 5ªfeira.Teremos ainda a Nota à Imprensa do Setor Externo (fev) na 6ª feira, quando a Aneel define a bandeira tarifária (abril). O relatório da dívida pública (fev) sai na 4ª feira e o CMN se reúne na 5ª feira.
Agenda de balanços - Embraer, JBS, Hermes Pardini e Equatorial vêm na 4ªF. Na 5ªF, é a vez de Bradespar, Banco BMG, Sabesp e CPFL Energia. Hoje, após o fechamento, tem Marisa. Amanhã, é a vez da Qualicorp. Na 6ªF: Ser Educacional e PDG.
Comportamento dos ativos
Descolado da cautela em NY, o Ibovespa encontrou fôlego no noticiário das vacinas, com a chegada de um milhão de doses do Covax e assinatura dos contratos com Pfizer e Janssen para 138 milhões de doses. Fechou NA 6ª feira em alta de 1,21%, recuperando os 116 mil pontos (116.221,58), com volume de R$ 43,3 bilhões. Neste mesmo dia, o ajuste do petróleo, após o tombo de 7% da véspera, beneficiou Petrobras (PN, +3,27%, a R$ 24,00, e ON, +2,39%, a R$ 23,52). O Brent de maio subiu 1,98%, a US$ 64,53, e o WTI ganhou 2,30% (US$ 61,44). No câmbio, o dólar caiu abaixo de R$ 5,50, em 1,51%, a R$ 5,4853.
sábado, 20 de março de 2021
"CONVERSANDO" COM UM GRANDE GURU DO MERCADO
Tenho feito um exercício intelectual diário, lendo muito, escrevendo sobre os mais diversos temas, refletindo sobre esta terrível pandemiam, seus efeitos na economia, o ambiente político açodado...Tento filtrar muitas coisas. Não tem sido fácil. No momento político em que vivemos, nem sempre fácil de interpretar os fatos, até porque a polarização é uma constante. Ou voce está num lado, ou no outro. Não dá para ser crítico ao que é errado, sem recair na "politização".
No "caos de pandemia", se torna essencial um "olhar mais atento" aos avanços na busca da vacina, a opinião dos médicos, dos vários ramos desta área, suas vinculadações, a indústria farmacêutica, os grandes laboratórios. É um esforço multidisciplinar na busca de um olhar mais isento e completo. Mas não tem sido fácil.
Talvez nem também para os profissionais do mercado, os gestores, os economistas, os "players", os acadêmicos, etc.
Neste artigo tentaremos um "debate fictício" com o gestor Luis Stuhlberger, um dos gurus do mercado, responsável pelo fundo VERDE. Vamos ao que interessa.
PANDEMIA E VACINAÇÃO
Vivemos o caos pandêmico. Estamos, neste momento, no "olho do furacão", a pior fase da pandemia no Brasil. São 2,8 mil mortes por dia, devem passar de 3,0 mil por estes dias, o total passa de 300 mil em breve (se não já passou) e a urgência é por salvar vidas e obter vacinas. Tudo é um caos e me vem o presidente preocupado em saber se nas UTIs as pessoas estão morrendo por Covid ou outras comorbidades. As pessoas estão morrendo, simplesmente isso! O que tem q pensar agora é como frear isso? A solução mais imediata é o lockdown, mesmo que mais curto, pelo prazo das vacinas chegarem. E estas precisam chegar logo. Uma vantagem é que nem tudo precisamos importar. Parece que o Instituto Butantã e a Fiocruz já estão a plena produção. Isso deve impactar na retomada da economia, já que sem as vacinas permanecemos isolados e receosos. Stuhlberger acha que cresceremos 3,5% no que chamamos de "tempestade perfeita". As únicas saídas neste momento são, pelo "lado negativo, mais inevitável", o isolamento absoluto, pelo lado positivo, uma campanha de vacinação em massa mais rápida. Os SUSs podem responder a isso. Somos considerados (ou éramos) um padrão internacional em campanahs de vacinação (Zé Gotinha, lembram?). Não somos mais. O gestor da VERDE prevê que "os abaixo de 50 anos devem começar a ser vacinados a partir de junho".
Não vou contar para voces para não parecer implicância, mas os EUA de Joe Biden está numa velocidade fantástica de vacinação, o Chile é outro exemplo, o Reino Unido...nós estamos lá na rabeira. Por culpa de quem? Começa com B...termina com O.
INFLAÇÃO
Naturalmente, a retomada da economia global, em especial da China, vem pressionando as commodities (aumento em mais de 25%, segundo o CRB), com especial destaque para petróleo, se refletindo num repasse pesado ao Brasil. Os reajustes da gasolina e o do diesel, neste ano, já acumulam, respectivamente, 46,2% e 41,6% (Importante observar que neste dia 20 foi sancionada uma redução nestes preços, dado o recuo do barril). Com isso, o IPCA foi a 0,83% em fevereiro e agora em março deve repetir este patamar, devendo passar de 3,75%, centro da meta, ao fim deste ano. A Focus estima 4,6%, mas não será surpresa se passar de 5,0%.
Isso acabou forçando o BACEN a elevar o juro Selic, por estar "atrás da curva", já que o juro real está negativo em mais de 2%. Há, claramente, um desbalanceamento no mercado, com a rolagem de dívida se tornando um desafio, dados os "prêmios" mais elevados, exigidos pelo mercado, diante da piora da dívida pública. Na reunião da semana, o juro Selic foi elevado em 0,75 ponto percentual e deve repetir o mesmo em maio.
Stuhlberger vê este novo caminho do Copom como inevitável, até porque o IPCA anualizado projetado para junho estava beirando os 8,0%. Por outro lado, vê nisso uma vantagem. Segundo ele, o "teto do orçamento será melhor cumprido, pelo governo ter mais folga para gastar". Outro efeito positivo, do juro mais elevado, recai sobre o dólar, frente ao real, em processo de ajuste, dado o maior ingresso de recursos externos na arbitragem de juro. Uma boa notícia no front inflacionário.
AMBIENTE POLÍTICO
É neste front que as dúvidas são mais evidentes. Difícil saber como deve encaminhar a cena política até as eleições de 2022. Bolsonaro, em tese, tem o apoio do Centrão, mas não se pode afirmar que é garantido, dado seu comportamento negativo na administração da pandemia. Negar o lockdown, com recordes de mortes e o pior mês do ano de pandemia no Brasil? Indicar um ministro da Saúde, apenas subserviente ao presidente? Falar em tratamento preventivo, cloroquina (?), quando a comunidade científica já provou não a ter eficácia comprovada?
Tudo isso pode ter sido um golpe fatal às suas pretensões eleitorais. Vamos aguardar o início mais intenso das vacinações, mas o que se tem até o momento é ''ladeira abaixo". E se acontecer um embate Lula x Bolsonaro? Ambos possuem muita rejeição, mas alguém tem dúvida como seria um debate entre ambos? O gestor Stuhlberger acha que "dificilmente alguém do Centrão passará para o segundo turno". Acredita "que Lula tenha mais rejeição que Haddad". Considera também que "se o quadro de vacinação der certo, a tendência é que tenhamos um 2022 de recuperação, e isso deve beneficia o presidente". Por outro lado, considera que Bolsonaro "ressuscitou uma esquerda que já tinha morrido, e acha pouco provável uma 3ª via nas eleições de 2022".
MUNDO
Finalmente, aos falarmos do mundo, chama atenção o embate entre o mercado e o Fed no balizamento da taxa de juros Fed Funds.
Na semana que passou, os treasuries de 10 anos passaram de 1,7%, taxa que acreditam se coadunar com a inflação à médio prazo. Com o pacote Biden surtindo efeito, assim como o ritmo da vacinação intensa, a América deve começar a voar por este meses, o que, inevitavelmente trará como efeito colateral, a inflação.
O Fed nega isso por achar haver ociosidade na economia do País. Stuhlberger não vê apenas o problema da pressão inflacionária em si, "mas a velocidade de alta". Para ele, "não é razoável imaginar que numa economia como a americana, o título público atrelado à inflação (TIIPs) de 10 anos opere com taxas negativas. A explicação está no fato de a inflação projetada ser de 2.7%. Ele vê uma recuperação ainda muito desigual, com os pobres ainda mais frágeis, e a produtividade do capital, na educação e na saúde, como fator a amenizar este quadro inflacionário. Preocupa o grande desemprego estrutural na Europa e o juro real negativo de aproximadamente -1,6 para 10 anos. Acha também que em algum momento, "a abertura das treasuries deve fazer o S&P cair". Podem ocorrer "bolhas setoriais".
Bom fim de semana a todos !
sexta-feira, 19 de março de 2021
Resumo Luis Stuhlberger evento WHG- 18/03
Resumo Luis Stuhlberger evento WHG- 18/03:.
BRASIL
Pandemia e Vacinação
• Tempestade perfeita em 4 semanas: 2ª onda agressiva da pandemia, atrasos na vacinação, aumento rápido da inflação, normalização da taxa de juros e instabilidade política
• Gráficos de novas internações diárias no estado de SP e Grande SP (proxy do BR) são reais e assustadores
• Revisamos a previsão do PIB de 4,5% para 3,5% devido a nova onda de restrição à mobilidade
• Após o evento Lula, aumentou-se a preocupação com a vacina
• A aceleração da vacinação, reduzirá a utilização dos leitos de UTI, e consequentemente o número de óbitos. Imaginamos que a partir de Junho, pessoas com idade abaixo de 50 anos começarão a ser vacinadas
• Vacina de Oxford que será produzida pela Fiocruz traz mais alento para o mercado, e se for eficien…
Inflação
• Aumento rápido da inflação, terceiro ponto do perfect storm
• BC não previu corretamente o aumento do gastos no setor de bens, e redução de consumo de serviços
• Além disso, não se imaginava um salto enorme do petróleo
• CRB, cesta de commodities brasileira subiu mais de 25% (parte disso, efeito câmbio)
• BC teve que subir juro acima do esperado porque o IPCA anualizado para junho estava próximo de 8%. Com a alta, pode convergir para 5%
• Vantagem do IPCA anualizada em junho: o Teto do orçamento e junho/2021 x 2020. O governo terá uma folga maior para gastar
• Demanda interna forte na indústria de transformação, mas insuficiência de estoque no setor preocupa o BC
• Conforme o juro e inflação foi diminuindo, o fluxo cambial acompanhou esse movimen…
Político
• Dificilmente alguém do centrão passará para o segundo turno. Acredita que Lula tenha mais rejeição que o Haddad
• Bolsonaro e Covid: Se o quadro de vacinação der certo, a tendência é que tenhamos um 2022 de recuperação, e isso beneficia o presidente.
Além disso, a memória do brasileiro é muito curta
• Alguns investidores estrangeiros consideram que o Brasil teve um ótimo período econômico na era Lula, mas o mundo da época com boom das commodities não existirá mais. Não conseguirá repetir a fórmula do mandato anterior – melhora social via aumento de gastos – não há condições fiscais para que seja repetida
• Bolsonaro ressuscitou uma esquerda que já tinha morrido, acha pouco provável uma 3ª via nas eleições de 2022
GLOBAL
• Mercado segue desafiando o FED com a alta da curva de juro
• Ritmo de vacinação acima de outros países
• Aprovação do pacote de USD 1,9T e perspectiva de PIB subir mais de 8% em 2020
• O problema não é a recuperação dos preços/taxas das treasuries, mas a velocidade como ela está subindo
• Não é razoável imaginar que uma economia como a dos EUA, o título público atrelado à inflação (TIIPs) de 10 anos opere com taxas negativas. A explicação está no fato de a inflação projetada ser de 2.7%
• K-Shaped Recovery: A recuperação da crise está sendo extremamente desigual entre as camadas sociais. Nas classes mais altas (renda acima de USD 60.000/ano) nível de emprego já está nos níveis pré-pandemia, enquanto a concentração do desemprego gerado está na população de renda mais baixa. Esse foi o motivo para mais um pacote fiscal
• Tecnologia será uma das responsáveis pela desinflação em segmentos como educação e saúde
• Devido ao grande desemprego estrutural, a Europa é a que mais assusta com o juro real negativo de aproximadamente -1,6 para 10 anos
• Rotações acontecendo entre Global Growth x Global Value
• Em algum momento, a abertura das treasuries deve fazer o S&P cair
• Acredita haver bolhas setoriais
• FAAMGs - Crescimento de 25% ano, é possível esperar que sigam crescendo na média de 15% nos próximos anos
É o momento de olhar para fora dos EUA e ir para outros países?
LS: Temos dificuldades para achar bons gestores na Ásia, mas devemos olhar. A Ásia, capitaneada pela China e tigres asiáticos está sendo o grande motor do mundo. Segue alocando nos EUA, porém cada vez mais dedicando tempo na Ásia.
MACRO MERCADOS DIÁRIO 1903 - Pandemia e recuperação
Sexta-feira, 19/03/2021
Pandemia e recuperação
Fed "dovish", Banco Central brasileiro "hawkish". Dosagens de ambos na política de juros, são decisivas nos próximos meses. No Brasil, inflação “na veia” e crescimento anêmico; nos EUA, inflação “controlada” e crescimento forte. No diferencial de ambos, a aplicação mais rápida das campanhas de vacinação. No exterior, o atraso destas acabou derrubando, na quinta-feira, a cotação do barril de petróleo, pressionou os yelds dos treasuries americanos e as bolsas de valores.
No Brasil, a situação da pandemia, segue trágica, descontrolada e colapsando os sistemas de de saúde em vários Estados. A maioria com mais de 80% de ocupação nos leitos de UTIs. Em 24 horas, mais de 1,8 mortes, chegando a 300 mil no acumulado, uma tragédia humanitária, a maior da história brasileira. O quadro abaixo bem mostra o nosso descalabro, uma população que representa 2,7% da mundial, mas em relação às mortes por Covid19, indo a 27,9% do total. Uma boa compilação de dados expresa tudo.
Sobre o debate em torno do lockdown, está comprovado “empiricamente” em vários outros países que dá certo sim! Como exemplo, temos Portugal. No início de janeiro, a pandemia “escorregou” por lá, perdeu-se o controle, devido ao afrouxamento com as festas de final de ano. As mortes chegaram a quase 300 por dia e os novos casos mais 20 mil. Um “lockdown absoluto” se fez necessário, as pessoas ficaram em casa, muita uso de máscara, muito distanciamento social e álcool gel. Como resultado, as mortes caíram a algo entre 10 a 15 por dia, as novas internações, a 200. O país, voltou a “respirar”, sem a ajuda de aparelhos. Agora retornamos ao ciclo de desconfinamento gradual.
Como explicar? Muitos vão contra-argumentar que é muito fácil comparar um país do tamanho do estado do Rio de Janeiro, “suprido” em muito pela União Europeia e os fundos, no que chamam de “bazuca”. Sim, isto é verdade. Mas também é verdade que o presidente Marcelo Rebelo dialoga com o primeiro ministro Antonio Costa, há um Comitê da Pandemia, o conselho de ministros se reune constantemente, o Parlamento debate, há os que discordam, mas sempre prevalece o bom senso e a maioria. Soma-se a isso, não existe “batalha de narrativa”, a sociedade portuguesa sabe que não existe outra saída, que não o isolamento. Há custos sociais? Claro! Mas em conjunto, subsídios, auxílios emergenciais, moratórias de dívidas, estão sendo dadas. São um conjunto de decisões e atitudes que não podem ser negadas. Tudo que não se vê no Brasil.
No mercado de câmbio, o cenário é de tendência global de alta do dólar, em meio à pressão nos Treasuries de longo prazo. No Brasil, depois da decisão do Copom, a moeda norte-americana até deu uma cedida na quinta-feira, -o,30%, a R$ 5,5695, depois de, pela manhã, ter cedido até a R$ 5,47, em reação ao Copom mais “hawkish”. Já a bolsa de valores foi de baixa, tanto aqui quanto em NY.
Além do caos da Covid19 no Brasil, com cada vez mais medidas de restrição adotadas, a possibilidade de uma terceira onda da pandemia na Europa ajudou por tombar o petróleo em 7%, afetando as ações da Petrobras. Ao mesmo tempo, as ações dos varejistas reagiram em queda ao aperto monetário e o recuo do Ibovespa, -1,47%, aos 114.835,43 pontos, só não maior porque os bancos, que podem ter seus resultados favorecidos pelo juro mais alto, sustentaram os ganhos. Em Nova York, diante do tombo das petroleiras, nenhum índice conseguiu resistir à queda, mas o destaque foi a forte baixa de 3% do Nasdacq.
MERCADO DE ATIVOS
Num cenário de incerteza sobre o futuro, o ciclo de vacinações, o barril de petróleo despencou, seguido pelas bolsas internacionais. Em NY, a Nasdaq caiu 3,02%; no Brasil, o Ibovespa acompanhou a piora do humor externo e fechou em queda de 1,47%, a 114.835,43 pontos, com giro financeiro de R$ 32,3 bilhões. Na semana, avança 0,59% e no mês, 4,36%, colocando as perdas do ano a -3,51%. No mercado cambial, o fechamento do dólar à vista foi de baixa de 0,30%, a R$ 5,5695. No mercado futuro, o dólar para abril cedia 0,34%, a R$ 5,5680, em dia de volume mais forte de negócios, superando US$ 16 bilhões. Ainda no mercado futuro, destaque para a movimentação dos estrangeiros esta semana, com forte redução de posições contra o real, chegando a US$ 2,7 bilhões.
quinta-feira, 18 de março de 2021
MACRO MERCADOS DIÁRIO 1803 - Surpresa no Copom, como previsto no Fomc
Quinta-feira, 18/03/2021
Surpresa no Copom, como previsto no Fomc
Acabaram indo “atrás da curva” os diretores do Banco Central brasileiro. Como a taxa vinha “atrasada”, real negativa frente aos índices de preço, e observando um descasamento nos prêmios exigidos pelo mercado para a rolagem da dívida, optou-se por elevá-la em 0,75 ponto percentual, a 2,75%. No Fed, não tivemos surpresas, com o presidente Jerome Powell reafirmando sua postura “dovish” e defendedo uma “política acomodatícia” num cenário mais promissor para a economia norte-americana.
Como dizem no mercado, o BACEN resolveu “ancorar as expectativas”, fez o que deveria ser feito, dada a trajetória da inflação, impactada pelo câmbio mais depreciado e “commodities” em trajetória explosiva, com especial atenção para os preços dos combustíveis.
Mesmo considerando este ambiente inflacionário desafiadore a economia ainda rodando no negativo, no que muitos chamam de “estaglação”, os diretores do banco o encaram como temporário, apesar de manter alguma vigilância. Acham que este vem sendo gerado por um fenômeno inédito, mas superável, caso as campanhas de vacinação deslanchem, abrindo espaço para uma retomada mais consistente da economia e a redução dos gastos públicos compensatórios.
Olhando o balanço de riscos, realmente, a cena não é das mais favoráveis.
A economia recuou 4,1% no ano passado, melhor do que muitos países, mas ainda um “belo tombo”, e deve continuar retraída neste primeiro semestre; a inflação, projetada pela Focus, já chega a 4,6%, negativando a taxa de juros real; a deterioração fiscal é uma realidade, com a dívida bruta beirando os 100% ao fim deste ano e a crise política, num ambiente de açodamento permanente, impacta no horizonte dos investidores. Aguardemos a ata, na semana que vem, para saber o que o que o BACEN deve considerar para os próximos movimentos. Ainda acreditamos numa taxa Selic em torno de 5% ao fim deste ano.
Sobre o Fed, nesta reunião de quarta-feira foi mantida uma postura mais “amena” (ou “dovish”), achando Powell que o juro deve se manter baixo até 2023. Considera a inflação, que possa ocorrer, como algo transitório e acredita que os indicadores de atividade são promissores. Isso acontece num momento em que o mercado de títulos “inclinava a curva de juro”, preocupado com a trajetória da inflação. A economia real deve ser “turbinada” neste ano, e nos próximos, pelos mega estímulos fiscais anunciados, e na leitura do mercado, deve vir a gerar alguma pressão inflacionária, no que muitos chamam de “reflation trade”.
Powell parece não se preocupar, por ora, com estes sinais, o que é bem interpretado pelo mercado. As bolsas fecharam nesta quarta-feira em boa alta, assim como as curvas de juros dos T Bonds de dois anos e de dez anos, recuaram. No Brasil, o impulso também foi forte, com a bolsa de valores, estimulada pelas empresas de commodities e os bancos, subindo 2,22%, a 116.549 pontos, e o dólar perdendo vigor, em baixa de 0,59%, a R$ 5,5861. Já em NY, o DJ avançou 0,58%, a 33.016 e o Nasdaq 0,29%, a 3.974 pontos.
Por fim, podemos constatar que também contribuiu para este bom humor das mercados, no Brasil e nos EUA, a revisão mais otimista das projeções do Fed, elevando o crescimento do PIB, de 4,2% para 6,5%, e da inflação, pelo indicador de gastos (PCE), a 2,2%, mais próximo da meta, de 2,0% do Fed.
MERCADO DE ATIVOS
Diante da postura mais “dovish” do Fed, a bolsa de valores paulistana acabou tendo um bom impulso, subindo 2,22%, a 116.549 pontos, com giro financeiro de R$ 47,8 bilhões. Na semana o índice avança 2,09%, no mês 5,92%, reduzindo a perda no ano, -2,07%. Na puxada da bolsa doméstica, destaque para alta de 9,87% para Sul América, à frente de JHSF (+7,62%) e de Cosan (+7,37%). No lado oposto, Hapvida cedeu 2,39%, Intermédica, 1,43%, e Eneva, 0,95%. Setores de maior peso no Ibovespa tiveram desempenho positivo na sessão, como commodities (Petrobras PN +3,44% e ON +3,19%; Vale ON +1,44%) e bancos (Bradesco PN +4,17%). Já o dólar operou em duas direções nesta quarta-feria, foi a R$ 5,68 antes do Fed Fomc, para depois da reunião, fechar a R$ 5,57
Em suma, as sinalizações de manutenção da política acomodatícia por um longo período derrubaram o dólar no mundo, retiraram força das taxas longas de juro e impulsionaram as bolsas. No fechamento do mercado, o dólar fechou em queda de 0,59%, a R$ 5,5861. No mercado futuro, o dólar para abril cedia 0,70%, a R$ 5,5875 às 17h20.
quarta-feira, 17 de março de 2021
MACRO MERCADOS DIÁRIOS - DUAS REALIDADES
Estas duas realidades, situações totalmente distintas, merecem ser analisadas.
Nos EUA, o Fed deve optar pela manutenção da taxa de juros de curto prazo, Fed Funds, em patamar baixo, o que preocupa, diante do mega pacote anunciado por Joe Biden, com o objetivo de manter a economia norte-americana “rodando”. O pacote chega a US$ 1,9 trilhão, 15% do PIB, e tem como “carro chefe” uma “bolsa” de US$ 1,4 mil a quase todos os americanos, a ser paga no final de semana, algo mais do que suficiente para evitar o desemprego.
Isso, aliás, é uma questão, pois no mercado de títulos já existem movimentos em torno de uma suposta elevação da inflação, diante deste “boom de demanda agregada”. Importante também reforçar o esforço de fechar o ciclo de vacinação de adultos até o dia 1º de maio. Com este resolvido,o retorno a um “novo normal” já passa a estar na agenda de todos os norte-americanos. “Retomemos a vida, claro que o com o devido cuidado e atenção”.
Nos mercados de T Bonds de 10 anos, as taxas já se aproximam dos 1,7%, num indicativo de que a inflação pode chegar a este patamar no médio prazo, talvez em fins de 2022. Por enquanto, isso ainda não acontece. O CPI de fevereiro ficou em 0,1%, com a taxa anualizada em 1,2%, ainda distante do centro da meta do Fed, de 2,0%.
Pela leitura do Fed, “não há problemas nesta onda de venda de treasuries”, até porque há preocupação em se descolar das movimentações do Banco Central Europeu, em ciclo de compra de títulos.
Na visão do presidente do Fed, Jerome Powell, a tese parece ser pela “política acomodatícia” dos últimos meses, com influência em leilões do Tesouro e dados moderados de inflação. Hoje temos os dados de produção industrial e varejo nos EUA, o que deve nos dar uma sensibilidade maior sobre este “tradeoff” entre inflação, atividade e desemprego.
Uma redução gradual dos estímulos do Fed só deve acontecer a partir de meados de setembro do ano que vem, nos treasuries e nos MBS, títulos atrelados a hipotecas.
E esta decisão do BACEN acontece num momento que a inflação ameaça sair do controle, dado o câmbio muito depreciado, o “pico das commodities” e os movimentos oportunistas de sempre, num cenário de crise e açodamento político. Em fevereiro, o maior pico do IPCA (0,83%) veio da gasolina e dos alimentos, taxa que deve se repetir em março. Na pesquisa Focus, assustou o IPCA deste ano, de 3,98% para 4,60%.
O que nos diferencia, em especial, em relação aos EUA, além da inflação muito mais pressionada, é estarmos não só atrás da “curva no juro”, mas também nas vacinações, totalmente atrasadas. E aqui caímos na “vala comum do populismo”, pois se o País tivesse se organizado, planejado, nesta fase de vacinação, talvez, estivéssemos debatendo políticas de estímulo da economia e não de sobrevivência.
Talvez um “pacote Guedes” estivesse no prélo para empurrar a economia pós Covid para frente. Infelizmente, não é isso que acontecerá. Continuaremos gerenciando o “desespero” das pessoas, a necessidade, ou não, de lockdown, o recorde diário de mortes, pois chegamos ao “fundo do poço”, sem vacinação e muita polarização política.
O que temos no momento é o Pacote Emergencial, com prazo de validade de quatro meses (ou mais). O auxílio emergencial, a ser dado, no limite até R$ 44 bilhões, será dividido em três parcelas para a população.
Será R$ 150 para a maioria, cerca de 20 milhões de brasileiros, para famílias unipessoal; R$ 250 irão para 16,7 milhões com famílias mais numerosas e R$ 375 para aqueles onde as mulheres são as mantenedoras. No total, são 46 milhões de brasileiros agraciados.
Sobre o “ciclo de vacinação”, o ministro de saída, general Pazuello, anunciou 562 milhões de doses, já encomendadas para este ano. Agora assume o quarto ministro, médico Marcelo Queiroga, que esperamos consiguir reordenar a pasta, abrindo diálogo com os governadores e prefeitos e aceitando o que se recomenda o bom senso e "protocólo no mundo", lockdown quando necessário, isolamento social, máscara e muito alcool gel.
Agenda Semanal
Atenção para os dados do Caged de janeiro. Em dezembro, estes recuaram, em janeiro devem avançar para 179 mil novas vagas.
BALANÇOS – Gafisa, NotreDame Intermédica e D1000 vêm após o fechamento. Fazem teleconferências: Direcional, Mitre, Positivo, Hidrovias do Brasil e JSL. Eletrobras, que divulgaria resultado ontem à noite, adiou para 6ªF.
segunda-feira, 15 de março de 2021
MACRO MERCADOS DIÁRIO 1503
Pandemia sem rumo, PEC e Auxílio Emergencial, Copom e FOMC
Iniciamos a semana sobressaltados pelo “sai ou não sai” no Ministério da Saúde. Ao fim da semana, o ministro Pazuello chegou a anunciar sua saída, por motivos de saúde, mas ao fim de domingo tudo virou. A impressão é que a médica cardiologista convidada, Ludmilla Hadja, não aceitou o convite, feito pelo presidente Bolsonaro. Daí o gen Pazuello ficar até acharem alguém para a vaga.
Em suas assertivas, disse ela “não podemos tratar as pessoas com base em ideologias. A cloroquina, por exemplo, que foi extremamente ideologizada no início da pandemia, não serve para a Covid-19. Está completamente comprovado cientificamente. É uma medicação excelente para tratar outras doenças, mas os estudos mostraram que, tanto a hidroxicloroquina, quanto a cloroquina, não possuem eficácia na prevenção e no tratamento do coronavírus.” Realmente, uma pessoa de bom senso. Não dava...e segue o presidente tendo dificuldade de encontrar quem “reze pela sua cartilha”. Acaba sempre recorrendo a um general, na ativa ou de pijama.
Na bolsa doméstica, a semana que passou foi marcada pela alta volatilidade, com o B3 fechando em baixa de -0,90% aos 114.160 pontos afetado pela volta do ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao cenário eleitoral, após o ministro Edson Fachin retirar todas as condenações que pairavam sobre ele. Foi uma semana também marcada pelas negociações no Congresso em torno do Auxílio Emergencial, por quanto tempo fornecido (quatro meses), qual valor (R$ 175 a R$ 350), etc. Pressões, no entanto, devem se intensifciar para este auxílio ser “empurrado” até as eleições sob outra denominação. Alguém se ilude em relação à isso?
Uma boa notícia é que muitos dos destaques não passaram, a Bolsa Família não foi retirada do teto dos gastos e nem outras sinecuras políticas aceitas. Ao fim, são cerca de R$ 43 bilhões a mais, com crédito excepcional, visando preservar o teto e não comprometer muito o Orçamento.
Sobre os eventos da semana, estejamos atentos à reunião do Copom desta semana, havendo consenso sobre a necessidade de ajuste da taxa Selic, mas ainda dividida sobre sua intensidade, entre 0,5 e 0,75 ponto percentual. Acreditamos que o BACEN delibere sobre um ajuste de 0,5 p.p. até para justificar as pesadas atuações do BACEN no mercado cambial, ofertando swap sem rolagem, ou seja, novos recursos no mercado. Já foram três mega leilões, dois na semana passada, de US$ 1 bi e US$ 750 milhões e agora, nesta segunda-feira, de US$ 500 milhões, o que jogou a moeda norte-americana a R$ 5,55. Ou seja, o BACEN quer derrubar o dólar para justificar um ajuste mais tímido da taxa Selic na reunião do Copom desta semana.
Nos EUA, a campanha de vacinação segue intensa por estes dias, com o governo prevendo terminar a vacinação de adultos até o dia 1/5. Isso, somado ao Pacote Biden, algo em torno de 15% do PIB, deve turbinar a economia norte-americana nos próximos meses. O salário mínimo de US$ 1,6 mil deve começar a ser dado neste próximo fim de semana. Por isso, a preocupação com o repique inflacionário, embora a meta do Fed esteja, por enquanto, distante, 2,0%. O CPI de fevereiro, por exemplo, registrou 0,3%, a 1,2% pela taxa anualizada, ainda distante da meta.
Mesmo assim, o mercado de títulos segue inclinando as curvas de juro futuro, com prêmios adicionais. Os treasuries de 10 anos já são negociados a 1,63% e já se comenta poderem chegar a 2% até o final do ano. Por outro lado, Powell, que fala nesta semana, depois da reunião do Fomc, não acredita nesta possibilidade, ainda vendo certa distância no front inflacionário.
Agenda Semanal
Na agenda semana, sai hoje o IBC-Br, devendo desacelerar de 0,64% em dezembro para 0,50% em janeiro. Se confirmado, será a pior taxa para o indicador de atividade dede o “fundo do poço” de abril de 2020 (-9,51%). À tarde (15h), sai a balança comercial semanal. Amanhã, é dia dos dados do Caged de janeiro.
Sobre os balanços, Eletrobras, Direcional, Hidrovias do Brasil, JSL, Mitre e Positivo saem hoje, após o fechamento. Gol é destaque 5ªF, junto com Light, C&A, Cyrela e Even. Ainda no setor imobiliário, amanhã tem Gafisa e, na 4ªF, EzTec. A semana ainda reserva Copel (4ªF), NotreDame Intermédica (amanhã) e Hapvida (5ªF), Ânima e Yduqs (4ªF).
Bons negócios e boa semana a todos!
sexta-feira, 12 de março de 2021
MACRO MERCADOS DIÁRIO 1203 - MUNDOS PARALELOS
Nos EUA, a campanha de vacinação deu uma acelerada por estes dias, o que, junto com o Pacote Biden, deve turbinar a economia norte-americana nos próximos meses. A preocupação inicial com a inflação, o que vinha inclinando as curvas de juro futuro, parece mais amena neste momento, depois dos dados de inflação de fevereiro, sob controle.
Hoje sai o PPI, índice ao produtor, uma prévia do CPI, que veio mais fraco em fevereiro (0,3% e 1,2% no ano). Estas, inclusive, são as mesmas estimativas do índice ao produtor.
Isso deve fortaceler o discurso do Fed de que as pressões inflacionárias ainda não estão no horizonte, o que deve manter a política monetária acomodatícia por um longo tempo.
No Brasil, ao contrário, não dá para festejar nenhuma campanha de vacinação. A entrega de vacinas segue muito incerta, uma incógnita, embora o governo Bolsonaro tenha prometido 500 milhões de doses já fechadas (confirmadas) neste primeiro semestre.
Na quinta-feira, de novidade, tivemos o IPCA a 0,85% em fevereiro, depois de 0,25% em janeiro, acelerando por causda dos alimentos, combustíveis e do câmbio mais depreciado, o que deve abrir espaço para uma postura mais agressiva dos diretores na decisão do Copom da semana que vem.
A curva de juro curto segue inclinada e "adicionando prêmios". Agora, a decisão se divide na alternativa de uma elevação da Selic de 0,75 ponto percentual, a 2,75% anuais, ou 1,oo ponto percentual, a 3,0%.
No "front" cambial, por outro lado, o Banco Central segue atuando na oferta de swap, tentando esvaziar as expectativas do Copom, com atuações diárias e preventivas no mercado. Ontem, o dólar fechou a R$ 5,5428, em sintonia com a trajetória da moeda norte-americana no exterior.
Falando da PEC emergencial, já aprovada em segundo turno ontem, foi definido o auxílio emergencial de R$ 250 para cerca de 35 a 40 milhões de brasileiros, e estipulado o limite de R$ 44 bilhões para estes gastos totais. Este auxílio deve ser fornecido num prazo de quatro meses, mas não descartamos prorrogações. Tudo irá depender do ritmo de vacinações.
Enquanto este não acontece, o clima de lockdown em várias cidades do País já uma realidade. Em São Paulo, por exemplo, ingressamos na fase roxa, na qual até futebol foi suspenso. O impacto sobre o mercado, a economia, portanto, será inevitável. Paulo Guedes acha, no entanto, sempre otimista, ser possível a agilização destas variações o que deve reforçar a recuperação da economia sob a forma de "V". Segundo ele, isso deve ser confirmado pelo desempenho da arrecadação federal de fevereiro, a ser divuglada, e mostrando uma boa reação.
Ontem, o B3 fechou em alta firme, de 1,96%, a 114.983,76 pontos, depois de ter superado 115 mil pontos no melhor momento do dia (115.126,94). O giro (R$ 45,3 bilhões) manteve o patamar elevado dos últimos dias. No mercado de petróleo, o Brent avançou 2,55%, a US$ 69,63, e o WTI +2,45%, a US$ 66,02.
Bons negócios e bom fim de semana a todos!
MACRO MERCADOS ESPECIAL - O CAMINHO DA PROSPERIDADE (OU DA SERVIDÃO, parafraseando Hayek)
OS DOIS LADOS DA MOEDA
quinta-feira, 11 de março de 2021
MACRO MERCADOS DIÁRIO 1103 - LULA ENQUADRA BOLSONARO
Editorial do Estadão (17/02)
LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...
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