sábado, 20 de março de 2021

"CONVERSANDO" COM UM GRANDE GURU DO MERCADO

“CONVERSANDO” COM UM GRANDE GURU DO MERCADO

Tenho feito um exercício intelectual diário, lendo muito, escrevendo sobre os mais diversos temas, refletindo sobre esta terrível pandemiam, seus efeitos na economia, o ambiente político açodado...Tento filtrar muitas coisas. Não tem sido fácil. No momento político em que vivemos, nem sempre fácil de interpretar os fatos, até porque a polarização é uma constante. Ou voce está num lado, ou no outro. Não dá para ser crítico ao que é errado, sem recair na "politização".

No "caos de pandemia", se torna essencial um "olhar mais atento" aos avanços na busca da vacina, a opinião dos médicos, dos vários ramos desta área, suas vinculadações, a indústria farmacêutica, os grandes laboratórios. É um esforço multidisciplinar na busca de um olhar mais isento e completo. Mas não tem sido fácil.

Talvez nem também para os profissionais do mercado, os gestores, os economistas, os "players", os acadêmicos, etc.

Neste artigo tentaremos um "debate fictício" com o gestor Luis Stuhlberger, um dos gurus do mercado, responsável pelo fundo VERDE. Vamos ao que interessa.

PANDEMIA E VACINAÇÃO


Vivemos o caos pandêmico. Estamos, neste momento, no "olho do furacão", a pior fase da pandemia no Brasil. São 2,8 mil mortes por dia, devem passar de 3,0 mil por estes dias, o total passa de 300 mil em breve (se não já passou) e a urgência é por salvar vidas e obter vacinas. Tudo é um caos e me vem o presidente preocupado em saber se nas UTIs as pessoas estão morrendo por Covid ou outras comorbidades. As pessoas estão morrendo, simplesmente isso! O que tem q pensar agora é como frear isso? A solução mais imediata é o lockdown, mesmo que mais curto, pelo prazo das vacinas chegarem. E estas precisam chegar logo. Uma vantagem é que nem tudo precisamos importar. Parece que o Instituto Butantã e a Fiocruz já estão a plena produção. Isso deve impactar na retomada da economia, já que sem as vacinas permanecemos isolados e receosos. Stuhlberger acha que cresceremos 3,5% no que chamamos de "tempestade perfeita". As únicas saídas neste momento são, pelo "lado negativo, mais inevitável", o isolamento absoluto, pelo lado positivo, uma campanha de vacinação em massa mais rápida. Os SUSs podem responder a isso. Somos considerados (ou éramos) um padrão internacional em campanahs de vacinação (Zé Gotinha, lembram?). Não somos mais. O gestor da VERDE prevê que "os abaixo de 50 anos devem começar a ser vacinados a partir de junho".

Não vou contar para voces para não parecer implicância, mas os EUA de Joe Biden está numa velocidade fantástica de vacinação, o Chile é outro exemplo, o Reino Unido...nós estamos lá na rabeira. Por culpa de quem? Começa com B...termina com O.

INFLAÇÃO

Naturalmente, a retomada da economia global, em especial da China, vem pressionando as commodities (aumento em mais de 25%, segundo o CRB), com especial destaque para petróleo, se refletindo num repasse pesado ao Brasil. Os reajustes da gasolina e o do diesel, neste ano, já acumulam, respectivamente, 46,2% e 41,6% (Importante observar que neste dia 20 foi sancionada uma redução nestes preços, dado o recuo do barril). Com isso, o IPCA foi a 0,83% em fevereiro e agora em março deve repetir este patamar, devendo passar de 3,75%, centro da meta, ao fim deste ano. A Focus estima 4,6%, mas não será surpresa se passar de 5,0%.

Isso acabou forçando o BACEN a elevar o juro Selic, por estar "atrás da curva", já que o juro real está negativo em mais de 2%. Há, claramente, um desbalanceamento no mercado, com a rolagem de dívida se tornando um desafio, dados os "prêmios" mais elevados, exigidos pelo mercado, diante da piora da dívida pública. Na reunião da semana, o juro Selic foi elevado em 0,75 ponto percentual e deve repetir o mesmo em maio.

Stuhlberger vê este novo caminho do Copom como inevitável, até porque o IPCA anualizado projetado para junho estava beirando os 8,0%. Por outro lado, vê nisso uma vantagem. Segundo ele, o "teto do orçamento será melhor cumprido, pelo governo ter mais folga para gastar". Outro efeito positivo, do juro mais elevado, recai sobre o dólar, frente ao real, em processo de ajuste, dado o maior ingresso de recursos externos na arbitragem de juro. Uma boa notícia no front inflacionário.

AMBIENTE POLÍTICO

É neste front que as dúvidas são mais evidentes. Difícil saber como deve encaminhar a cena política até as eleições de 2022. Bolsonaro, em tese, tem o apoio do Centrão, mas não se pode afirmar que é garantido, dado seu comportamento negativo na administração da pandemia. Negar o lockdown, com recordes de mortes e o pior mês do ano de pandemia no Brasil? Indicar um ministro da Saúde, apenas subserviente ao presidente? Falar em tratamento preventivo, cloroquina (?), quando a comunidade científica já provou não a ter eficácia comprovada?

Tudo isso pode ter sido um golpe fatal às suas pretensões eleitorais. Vamos aguardar o início mais intenso das vacinações, mas o que se tem até o momento é ''ladeira abaixo". E se acontecer um embate Lula x Bolsonaro? Ambos possuem muita rejeição, mas alguém tem dúvida como seria um debate entre ambos? O gestor Stuhlberger acha que "dificilmente alguém do Centrão passará para o segundo turno". Acredita "que Lula tenha mais rejeição que Haddad". Considera também que "se o quadro de vacinação der certo, a tendência é que tenhamos um 2022 de recuperação, e isso deve beneficia o presidente". Por outro lado, considera que Bolsonaro "ressuscitou uma esquerda que já tinha morrido, e acha pouco provável uma 3ª via nas eleições de 2022".

MUNDO


Finalmente, aos falarmos do mundo, chama atenção o embate entre o mercado e o Fed no balizamento da taxa de juros Fed Funds.

Na semana que passou, os treasuries de 10 anos passaram de 1,7%, taxa que acreditam se coadunar com a inflação à médio prazo. Com o pacote Biden surtindo efeito, assim como o ritmo da vacinação intensa, a América deve começar a voar por este meses, o que, inevitavelmente trará como efeito colateral, a inflação.

O Fed nega isso por achar haver ociosidade na economia do País. Stuhlberger não vê apenas o problema da pressão inflacionária em si, "mas a velocidade de alta". Para ele, "não é razoável imaginar que numa economia como a americana, o título público atrelado à inflação (TIIPs) de 10 anos opere com taxas negativas. A explicação está no fato de a inflação projetada ser de 2.7%. Ele vê uma recuperação ainda muito desigual, com os pobres ainda mais frágeis, e a produtividade do capital, na educação e na saúde, como fator a amenizar este quadro inflacionário. Preocupa o grande desemprego estrutural na Europa e o juro real negativo de aproximadamente -1,6 para 10 anos. Acha também que em algum momento, "a abertura das treasuries deve fazer o S&P cair". Podem ocorrer "bolhas setoriais".

Bom fim de semana a todos !

sexta-feira, 19 de março de 2021

Resumo Luis Stuhlberger evento WHG- 18/03

Resumo Luis Stuhlberger evento WHG- 18/03:.

BRASIL

Pandemia e Vacinação

• Tempestade perfeita em 4 semanas: 2ª onda agressiva da pandemia, atrasos na vacinação, aumento rápido da inflação, normalização da taxa de juros e instabilidade política

• Gráficos de novas internações diárias no estado de SP e Grande SP (proxy do BR) são reais e assustadores

• Revisamos a previsão do PIB de 4,5% para 3,5% devido a nova onda de restrição à mobilidade

• Após o evento Lula, aumentou-se a preocupação com a vacina

• A aceleração da vacinação, reduzirá a utilização dos leitos de UTI, e consequentemente o número de óbitos. Imaginamos que a partir de Junho, pessoas com idade abaixo de 50 anos começarão a ser vacinadas

• Vacina de Oxford que será produzida pela Fiocruz traz mais alento para o mercado, e se for eficien…

Inflação

• Aumento rápido da inflação, terceiro ponto do perfect storm

• BC não previu corretamente o aumento do gastos no setor de bens, e redução de consumo de serviços

• Além disso, não se imaginava um salto enorme do petróleo

• CRB, cesta de commodities brasileira subiu mais de 25% (parte disso, efeito câmbio)

• BC teve que subir juro acima do esperado porque o IPCA anualizado para junho estava próximo de 8%. Com a alta, pode convergir para 5%

• Vantagem do IPCA anualizada em junho: o Teto do orçamento e junho/2021 x 2020. O governo terá uma folga maior para gastar

• Demanda interna forte na indústria de transformação, mas insuficiência de estoque no setor preocupa o BC

• Conforme o juro e inflação foi diminuindo, o fluxo cambial acompanhou esse movimen…

Político

• Dificilmente alguém do centrão passará para o segundo turno. Acredita que Lula tenha mais rejeição que o Haddad

• Bolsonaro e Covid: Se o quadro de vacinação der certo, a tendência é que tenhamos um 2022 de recuperação, e isso beneficia o presidente.

Além disso, a memória do brasileiro é muito curta

• Alguns investidores estrangeiros consideram que o Brasil teve um ótimo período econômico na era Lula, mas o mundo da época com boom das commodities não existirá mais. Não conseguirá repetir a fórmula do mandato anterior – melhora social via aumento de gastos – não há condições fiscais para que seja repetida

• Bolsonaro ressuscitou uma esquerda que já tinha morrido, acha pouco provável uma 3ª via nas eleições de 2022

GLOBAL

• Mercado segue desafiando o FED com a alta da curva de juro

• Ritmo de vacinação acima de outros países

• Aprovação do pacote de USD 1,9T e perspectiva de PIB subir mais de 8% em 2020

• O problema não é a recuperação dos preços/taxas das treasuries, mas a velocidade como ela está subindo

• Não é razoável imaginar que uma economia como a dos EUA, o título público atrelado à inflação (TIIPs) de 10 anos opere com taxas negativas. A explicação está no fato de a inflação projetada ser de 2.7%

• K-Shaped Recovery: A recuperação da crise está sendo extremamente desigual entre as camadas sociais. Nas classes mais altas (renda acima de USD 60.000/ano) nível de emprego já está nos níveis pré-pandemia, enquanto a concentração do desemprego gerado está na população de renda mais baixa. Esse foi o motivo para mais um pacote fiscal

• Tecnologia será uma das responsáveis pela desinflação em segmentos como educação e saúde

• Devido ao grande desemprego estrutural, a Europa é a que mais assusta com o juro real negativo de aproximadamente -1,6 para 10 anos

• Rotações acontecendo entre Global Growth x Global Value 

• Em algum momento, a abertura das treasuries deve fazer o S&P cair

• Acredita haver bolhas setoriais

• FAAMGs - Crescimento de 25% ano, é possível esperar que sigam crescendo na média de 15% nos próximos anos

É o momento de olhar para fora dos EUA e ir para outros países?

LS: Temos dificuldades para achar bons gestores na Ásia, mas devemos olhar. A Ásia, capitaneada pela China e tigres asiáticos está sendo o grande motor do mundo. Segue alocando nos EUA, porém cada vez mais dedicando tempo na Ásia.











MACRO MERCADOS DIÁRIO 1903 - Pandemia e recuperação

MACRO MERCADOS DIÁRIO
Sexta-feira, 19/03/2021
Pandemia e recuperação

Fed "dovish", Banco Central brasileiro "hawkish". Dosagens de ambos na política de juros, são decisivas nos próximos meses. No Brasil, inflação “na veia” e crescimento anêmico; nos EUA, inflação “controlada” e crescimento forte. No diferencial de ambos, a aplicação mais rápida das campanhas de vacinação. No exterior, o atraso destas acabou derrubando, na quinta-feira, a cotação do barril de petróleo, pressionou os yelds dos treasuries americanos e as bolsas de valores.

Daí a urgência da vacinação. Talvez esta seja a “linha de corte” na análise dos países que estão voltando a crescer e a “respirar” alguma normalidade, mesmo que diferente do passado. Não achamos que tomou vacina, tudo volta ao normal. Não! Pelo contrário. As pessoas devem começar a “desconfinar” aos poucos, gradualmente, até que tudo funcione em “rotina” e na medida do possível. Aqui vai uma recomendação à todos! Não deixem de usar máscara e mantenham algum distanciamento, mesmo depois de vacinados!

No Brasil, a situação da pandemia, segue trágica, descontrolada e colapsando os sistemas de de saúde em vários Estados. A maioria com mais de 80% de ocupação nos leitos de UTIs. Em 24 horas, mais de 1,8 mortes, chegando a 300 mil no acumulado, uma tragédia humanitária, a maior da história brasileira. O quadro abaixo bem mostra o nosso descalabro, uma população que representa 2,7% da mundial, mas em relação às mortes por Covid19, indo a 27,9% do total. Uma boa compilação de dados expresa tudo.


Sobre o debate em torno do lockdown, está comprovado “empiricamente” em vários outros países que dá certo sim! Como exemplo, temos Portugal. No início de janeiro, a pandemia “escorregou” por lá, perdeu-se o controle, devido ao afrouxamento com as festas de final de ano. As mortes chegaram a quase 300 por dia e os novos casos mais 20 mil. Um “lockdown absoluto” se fez necessário, as pessoas ficaram em casa, muita uso de máscara, muito distanciamento social e álcool gel. Como resultado, as mortes caíram a algo entre 10 a 15 por dia, as novas internações, a 200. O país, voltou a “respirar”, sem a ajuda de aparelhos. Agora retornamos ao ciclo de desconfinamento gradual.

Como explicar? Muitos vão contra-argumentar que é muito fácil comparar um país do tamanho do estado do Rio de Janeiro, “suprido” em muito pela União Europeia e os fundos, no que chamam de “bazuca”. Sim, isto é verdade. Mas também é verdade que o presidente Marcelo Rebelo dialoga com o primeiro ministro Antonio Costa, há um Comitê da Pandemia, o conselho de ministros se reune constantemente, o Parlamento debate, há os que discordam, mas sempre prevalece o bom senso e a maioria. Soma-se a isso, não existe “batalha de narrativa”, a sociedade portuguesa sabe que não existe outra saída, que não o isolamento. Há custos sociais? Claro! Mas em conjunto, subsídios, auxílios emergenciais, moratórias de dívidas, estão sendo dadas. São um conjunto de decisões e atitudes que não podem ser negadas. Tudo que não se vê no Brasil.


Muitos vão argumentar que o problema das vacinas é global. Sim. Vários países estão sendo afetados, mas era urgente, ao longo do ano passado, uma programação, um planejamento, se organizar preventivamente, provocar menos celeumas na mídia, agir com o devido rigor e responsabilidade. Vários países agiram desta foram, o Brasil não. Até determinado momento, a vacinação foi desconsiderada, nem levada a sério. No gráfico a seguir, chama atenção um país vizinho, que muito se organizou para a campanha de vacinação, se mobilizou, o Chile. Os chilenos começaram a negociar com a Pfizer em agosto, em novembro fecharam o primeiro lote de 10 milhões de doses. A mesma Pfizer que nos ofereceu 70 milhões de doses em agosto, o que foi recusado pelo presidente Bolsonaro. Com os “bate bocas” de sempre do presidente, fomos ficando para trás. Um gráfico a evidenciar isso.



No ambiente externo, decorrente de algum atraso na vacinação em vários países da Europa, na quinta-feira as bolsas globais desabaram, o barril do petróleo recuou forte e dispararam os yelds dos Tareasuries. Não há vacina para todos. Existe sim um gargalo na oferta pelos laboratórios. Decorrente disso, as vacinações estão ocorrendo de forma muito errática e lenta. No Brasil, este quadro acabou limitando a reação dos ativos domésticos, depois do BC ter dado um “choque de credibilidade”, ao elevar a taxa Selic em 0,75 p.p., a 2,75% anuais. Para a próxima reunião do Copom, em maio, crescem as apostas de que a taxa Selic terá mais um aperto de 0,75 p.p., não sendo surpresa se chegar a 1 ponto porcentual.

No mercado de câmbio, o cenário é de tendência global de alta do dólar, em meio à pressão nos Treasuries de longo prazo. No Brasil, depois da decisão do Copom, a moeda norte-americana até deu uma cedida na quinta-feira, -o,30%, a R$ 5,5695, depois de, pela manhã, ter cedido até a R$ 5,47, em reação ao Copom mais “hawkish”. Já a bolsa de valores foi de baixa, tanto aqui quanto em NY.
Além do caos da Covid19 no Brasil, com cada vez mais medidas de restrição adotadas, a possibilidade de uma terceira onda da pandemia na Europa ajudou por tombar o petróleo em 7%, afetando as ações da Petrobras. Ao mesmo tempo, as ações dos varejistas reagiram em queda ao aperto monetário e o recuo do Ibovespa, -1,47%, aos 114.835,43 pontos, só não maior porque os bancos, que podem ter seus resultados favorecidos pelo juro mais alto, sustentaram os ganhos. Em Nova York, diante do tombo das petroleiras, nenhum índice conseguiu resistir à queda, mas o destaque foi a forte baixa de 3% do Nasdacq.

MERCADO DE ATIVOS

Num cenário de incerteza sobre o futuro, o ciclo de vacinações, o barril de petróleo despencou, seguido pelas bolsas internacionais. Em NY, a Nasdaq caiu 3,02%; no Brasil, o Ibovespa acompanhou a piora do humor externo e fechou em queda de 1,47%, a 114.835,43 pontos, com giro financeiro de R$ 32,3 bilhões. Na semana, avança 0,59% e no mês, 4,36%, colocando as perdas do ano a -3,51%. No mercado cambial, o fechamento do dólar à vista foi de baixa de 0,30%, a R$ 5,5695. No mercado futuro, o dólar para abril cedia 0,34%, a R$ 5,5680, em dia de volume mais forte de negócios, superando US$ 16 bilhões. Ainda no mercado futuro, destaque para a movimentação dos estrangeiros esta semana, com forte redução de posições contra o real, chegando a US$ 2,7 bilhões.

quinta-feira, 18 de março de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 1803 - Surpresa no Copom, como previsto no Fomc

MACRO MERCADOS DIÁRIO
Quinta-feira, 18/03/2021
Surpresa no Copom, como previsto no Fomc

Acabaram indo “atrás da curva” os diretores do Banco Central brasileiro. Como a taxa vinha “atrasada”, real negativa frente aos índices de preço, e observando um descasamento nos prêmios exigidos pelo mercado para a rolagem da dívida, optou-se por elevá-la em 0,75 ponto percentual, a 2,75%. No Fed, não tivemos surpresas, com o presidente Jerome Powell reafirmando sua postura “dovish” e defendedo uma “política acomodatícia” num cenário mais promissor para a economia norte-americana.

Como dizem no mercado, o BACEN resolveu “ancorar as expectativas”, fez o que deveria ser feito, dada a trajetória da inflação, impactada pelo câmbio mais depreciado e “commodities” em trajetória explosiva, com especial atenção para os preços dos combustíveis.

Mesmo considerando este ambiente inflacionário desafiadore a economia ainda rodando no negativo, no que muitos chamam de “estaglação”, os diretores do banco o encaram como temporário, apesar de manter alguma vigilância. Acham que este vem sendo gerado por um fenômeno inédito, mas superável, caso as campanhas de vacinação deslanchem, abrindo espaço para uma retomada mais consistente da economia e a redução dos gastos públicos compensatórios.

Olhando o balanço de riscos, realmente, a cena não é das mais favoráveis.

A economia recuou 4,1% no ano passado, melhor do que muitos países, mas ainda um “belo tombo”, e deve continuar retraída neste primeiro semestre; a inflação, projetada pela Focus, já chega a 4,6%, negativando a taxa de juros real; a deterioração fiscal é uma realidade, com a dívida bruta beirando os 100% ao fim deste ano e a crise política, num ambiente de açodamento permanente, impacta no horizonte dos investidores. Aguardemos a ata, na semana que vem, para saber o que o que o BACEN deve considerar para os próximos movimentos. Ainda acreditamos numa taxa Selic em torno de 5% ao fim deste ano.

Sobre o Fed, nesta reunião de quarta-feira foi mantida uma postura mais “amena” (ou “dovish”), achando Powell que o juro deve se manter baixo até 2023. Considera a inflação, que possa ocorrer, como algo transitório e acredita que os indicadores de atividade são promissores. Isso acontece num momento em que o mercado de títulos “inclinava a curva de juro”, preocupado com a trajetória da inflação. A economia real deve ser “turbinada” neste ano, e nos próximos, pelos mega estímulos fiscais anunciados, e na leitura do mercado, deve vir a gerar alguma pressão inflacionária, no que muitos chamam de “reflation trade”.

Powell parece não se preocupar, por ora, com estes sinais, o que é bem interpretado pelo mercado. As bolsas fecharam nesta quarta-feira em boa alta, assim como as curvas de juros dos T Bonds de dois anos e de dez anos, recuaram. No Brasil, o impulso também foi forte, com a bolsa de valores, estimulada pelas empresas de commodities e os bancos, subindo 2,22%, a 116.549 pontos, e o dólar perdendo vigor, em baixa de 0,59%, a R$ 5,5861. Já em NY, o DJ avançou 0,58%, a 33.016 e o Nasdaq 0,29%, a 3.974 pontos.

Por fim, podemos constatar que também contribuiu para este bom humor das mercados, no Brasil e nos EUA, a revisão mais otimista das projeções do Fed, elevando o crescimento do PIB, de 4,2% para 6,5%, e da inflação, pelo indicador de gastos (PCE), a 2,2%, mais próximo da meta, de 2,0% do Fed.
MERCADO DE ATIVOS

Diante da postura mais “dovish” do Fed, a bolsa de valores paulistana acabou tendo um bom impulso, subindo 2,22%, a 116.549 pontos, com giro financeiro de R$ 47,8 bilhões. Na semana o índice avança 2,09%, no mês 5,92%, reduzindo a perda no ano, -2,07%. Na puxada da bolsa doméstica, destaque para alta de 9,87% para Sul América, à frente de JHSF (+7,62%) e de Cosan (+7,37%). No lado oposto, Hapvida cedeu 2,39%, Intermédica, 1,43%, e Eneva, 0,95%. Setores de maior peso no Ibovespa tiveram desempenho positivo na sessão, como commodities (Petrobras PN +3,44% e ON +3,19%; Vale ON +1,44%) e bancos (Bradesco PN +4,17%). Já o dólar operou em duas direções nesta quarta-feria, foi a R$ 5,68 antes do Fed Fomc, para depois da reunião, fechar a R$ 5,57

Em suma, as sinalizações de manutenção da política acomodatícia por um longo período derrubaram o dólar no mundo, retiraram força das taxas longas de juro e impulsionaram as bolsas. No fechamento do mercado, o dólar fechou em queda de 0,59%, a R$ 5,5861. No mercado futuro, o dólar para abril cedia 0,70%, a R$ 5,5875 às 17h20.

quarta-feira, 17 de março de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIOS - DUAS REALIDADES

Em semana de reunião do Copom e do Fomc é importante um olhar sobre como será a atuação de cada uma das autoridades monetárias, em universos e momentos muito distintos. No Copom, a pressão pela elevação da taxa Selic é uma realidade, sendo muitos os que criticam a manutenção nos 2% anuais. Nos EUA, o “bolsão de liquidez” que se transformou o país angustia a muitos, que já enxergam o fantasma da inflação no horizonte, além do estouro de bolhas.

Estas duas realidades, situações totalmente distintas, merecem ser analisadas.

Nos EUA, o Fed deve optar pela manutenção da taxa de juros de curto prazo, Fed Funds, em patamar baixo, o que preocupa, diante do mega pacote anunciado por Joe Biden, com o objetivo de manter a economia norte-americana “rodando”. O pacote chega a US$ 1,9 trilhão, 15% do PIB, e tem como “carro chefe” uma “bolsa” de US$ 1,4 mil a quase todos os americanos, a ser paga no final de semana, algo mais do que suficiente para evitar o desemprego.

Isso, aliás, é uma questão, pois no mercado de títulos já existem movimentos em torno de uma suposta elevação da inflação, diante deste “boom de demanda agregada”. Importante também reforçar o esforço de fechar o ciclo de vacinação de adultos até o dia 1º de maio. Com este resolvido,o retorno a um “novo normal” já passa a estar na agenda de todos os norte-americanos. “Retomemos a vida, claro que o com o devido cuidado e atenção”.

Nos mercados de T Bonds de 10 anos, as taxas já se aproximam dos 1,7%, num indicativo de que a inflação pode chegar a este patamar no médio prazo, talvez em fins de 2022. Por enquanto, isso ainda não acontece. O CPI de fevereiro ficou em 0,1%, com a taxa anualizada em 1,2%, ainda distante do centro da meta do Fed, de 2,0%.

Pela leitura do Fed, “não há problemas nesta onda de venda de treasuries”, até porque há preocupação em se descolar das movimentações do Banco Central Europeu, em ciclo de compra de títulos.

Na visão do presidente do Fed, Jerome Powell, a tese parece ser pela “política acomodatícia” dos últimos meses, com influência em leilões do Tesouro e dados moderados de inflação. Hoje temos os dados de produção industrial e varejo nos EUA, o que deve nos dar uma sensibilidade maior sobre este “tradeoff” entre inflação, atividade e desemprego.

Uma redução gradual dos estímulos do Fed só deve acontecer a partir de meados de setembro do ano que vem, nos treasuries e nos MBS, títulos atrelados a hipotecas.

Nos debates, Olivier Blanchard, ex-economista-chefe do FMI, acha que “haverá um superaquecimento da economia americana com estes estímulos fiscais do Pacote Biden”.

Em um cenário, no qual o Fed pode ter que subir os juros em ritmo mais forte, a tendência é de mais apreciação para o dólar, o que pode ser ruim para os emergentes, que têm reagindo pouco aos juros dos Treasuries. O dólar ainda pode se apreciar por conta do diferencial de crescimento, com os EUA avançando mais que outras grandes economias, o que também afetaria os emergentes. Aguardemos nesta quarta-feira, a entrevista de Jerome Powell, depois do Fomc, para reunirmos mais elementos.

É neste cenário de real pressionado (ou desvalorizado), pelas ações do Fed e o ambiente doméstico muito “tóxico”, que o Banco Central brasileiro deve deliberar sobre a taxa de juros nesta quarta-feira. Neste caso, já parece haver “precificação” por uma taxa elevada em 0,5 ponto percentual, a 2,5%, já que muitos a consideram “atrás da curva” (a de 2,0%).

E esta decisão do BACEN acontece num momento que a inflação ameaça sair do controle, dado o câmbio muito depreciado, o “pico das commodities” e os movimentos oportunistas de sempre, num cenário de crise e açodamento político. Em fevereiro, o maior pico do IPCA (0,83%) veio da gasolina e dos alimentos, taxa que deve se repetir em março. Na pesquisa Focus, assustou o IPCA deste ano, de 3,98% para 4,60%.

O que nos diferencia, em especial, em relação aos EUA, além da inflação muito mais pressionada, é estarmos não só atrás da “curva no juro”, mas também nas vacinações, totalmente atrasadas. E aqui caímos na “vala comum do populismo”, pois se o País tivesse se organizado, planejado, nesta fase de vacinação, talvez, estivéssemos debatendo políticas de estímulo da economia e não de sobrevivência.
Talvez um “pacote Guedes” estivesse no prélo para empurrar a economia pós Covid para frente. Infelizmente, não é isso que acontecerá. Continuaremos gerenciando o “desespero” das pessoas, a necessidade, ou não, de lockdown, o recorde diário de mortes, pois chegamos ao “fundo do poço”, sem vacinação e muita polarização política.

O que temos no momento é o Pacote Emergencial, com prazo de validade de quatro meses (ou mais). O auxílio emergencial, a ser dado, no limite até R$ 44 bilhões, será dividido em três parcelas para a população.

Será R$ 150 para a maioria, cerca de 20 milhões de brasileiros, para famílias unipessoal; R$ 250 irão para 16,7 milhões com famílias mais numerosas e R$ 375 para aqueles onde as mulheres são as mantenedoras. No total, são 46 milhões de brasileiros agraciados.

Sobre o “ciclo de vacinação”, o ministro de saída, general Pazuello, anunciou 562 milhões de doses, já encomendadas para este ano. Agora assume o quarto ministro, médico Marcelo Queiroga, que esperamos consiguir reordenar a pasta, abrindo diálogo com os governadores e prefeitos e aceitando o que se recomenda o bom senso e "protocólo no mundo", lockdown quando necessário, isolamento social, máscara e muito alcool gel.

Agenda Semanal

Atenção para os dados do Caged de janeiro. Em dezembro, estes recuaram, em janeiro devem avançar para 179 mil novas vagas.

BALANÇOS – Gafisa, NotreDame Intermédica e D1000 vêm após o fechamento. Fazem teleconferências: Direcional, Mitre, Positivo, Hidrovias do Brasil e JSL. Eletrobras, que divulgaria resultado ontem à noite, adiou para 6ªF.

segunda-feira, 15 de março de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 1503

Segunda-feira, 15/03/2021

Pandemia sem rumo, PEC e Auxílio Emergencial, Copom e FOMC

Iniciamos a semana sobressaltados pelo “sai ou não sai” no Ministério da Saúde. Ao fim da semana, o ministro Pazuello chegou a anunciar sua saída, por motivos de saúde, mas ao fim de domingo tudo virou. A impressão é que a médica cardiologista convidada, Ludmilla Hadja, não aceitou o convite, feito pelo presidente Bolsonaro. Daí o gen Pazuello ficar até acharem alguém para a vaga.

Em suas assertivas, disse ela “não podemos tratar as pessoas com base em ideologias. A cloroquina, por exemplo, que foi extremamente ideologizada no início da pandemia, não serve para a Covid-19. Está completamente comprovado cientificamente. É uma medicação excelente para tratar outras doenças, mas os estudos mostraram que, tanto a hidroxicloroquina, quanto a cloroquina, não possuem eficácia na prevenção e no tratamento do coronavírus.” Realmente, uma pessoa de bom senso. Não dava...e segue o presidente tendo dificuldade de encontrar quem “reze pela sua cartilha”. Acaba sempre recorrendo a um general, na ativa ou de pijama.

Na bolsa doméstica, a semana que passou foi marcada pela alta volatilidade, com o B3 fechando em baixa de -0,90% aos 114.160 pontos afetado pela volta do ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao cenário eleitoral, após o ministro Edson Fachin retirar todas as condenações que pairavam sobre ele. Foi uma semana também marcada pelas negociações no Congresso em torno do Auxílio Emergencial, por quanto tempo fornecido (quatro meses), qual valor (R$ 175 a R$ 350), etc. Pressões, no entanto, devem se intensifciar para este auxílio ser “empurrado” até as eleições sob outra denominação. Alguém se ilude em relação à isso?

Uma boa notícia é que muitos dos destaques não passaram, a Bolsa Família não foi retirada do teto dos gastos e nem outras sinecuras políticas aceitas. Ao fim, são cerca de R$ 43 bilhões a mais, com crédito excepcional, visando preservar o teto e não comprometer muito o Orçamento.
Sobre os eventos da semana, estejamos atentos à reunião do Copom desta semana, havendo consenso sobre a necessidade de ajuste da taxa Selic, mas ainda dividida sobre sua intensidade, entre 0,5 e 0,75 ponto percentual. Acreditamos que o BACEN delibere sobre um ajuste de 0,5 p.p. até para justificar as pesadas atuações do BACEN no mercado cambial, ofertando swap sem rolagem, ou seja, novos recursos no mercado. Já foram três mega leilões, dois na semana passada, de US$ 1 bi e US$ 750 milhões e agora, nesta segunda-feira, de US$ 500 milhões, o que jogou a moeda norte-americana a R$ 5,55. Ou seja, o BACEN quer derrubar o dólar para justificar um ajuste mais tímido da taxa Selic na reunião do Copom desta semana.

Nos EUA, a campanha de vacinação segue intensa por estes dias, com o governo prevendo terminar a vacinação de adultos até o dia 1/5. Isso, somado ao Pacote Biden, algo em torno de 15% do PIB, deve turbinar a economia norte-americana nos próximos meses. O salário mínimo de US$ 1,6 mil deve começar a ser dado neste próximo fim de semana. Por isso, a preocupação com o repique inflacionário, embora a meta do Fed esteja, por enquanto, distante, 2,0%. O CPI de fevereiro, por exemplo, registrou 0,3%, a 1,2% pela taxa anualizada, ainda distante da meta.

Mesmo assim, o mercado de títulos segue inclinando as curvas de juro futuro, com prêmios adicionais. Os treasuries de 10 anos já são negociados a 1,63% e já se comenta poderem chegar a 2% até o final do ano. Por outro lado, Powell, que fala nesta semana, depois da reunião do Fomc, não acredita nesta possibilidade, ainda vendo certa distância no front inflacionário.

Agenda Semanal

Na agenda semana, sai hoje o IBC-Br, devendo desacelerar de 0,64% em dezembro para 0,50% em janeiro. Se confirmado, será a pior taxa para o indicador de atividade dede o “fundo do poço” de abril de 2020 (-9,51%). À tarde (15h), sai a balança comercial semanal. Amanhã, é dia dos dados do Caged de janeiro.

Sobre os balanços, Eletrobras, Direcional, Hidrovias do Brasil, JSL, Mitre e Positivo saem hoje, após o fechamento. Gol é destaque 5ªF, junto com Light, C&A, Cyrela e Even. Ainda no setor imobiliário, amanhã tem Gafisa e, na 4ªF, EzTec. A semana ainda reserva Copel (4ªF), NotreDame Intermédica (amanhã) e Hapvida (5ªF), Ânima e Yduqs (4ªF).

Bons negócios e boa semana a todos!

sexta-feira, 12 de março de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 1203 - MUNDOS PARALELOS

Nos EUA, a campanha de vacinação deu uma acelerada por estes dias, o que, junto com o Pacote Biden, deve turbinar a economia norte-americana nos próximos meses. A preocupação inicial com a inflação, o que vinha inclinando as curvas de juro futuro, parece mais amena neste momento, depois dos dados de inflação de fevereiro, sob controle. 

Hoje sai o PPI, índice ao produtor, uma prévia do CPI, que veio mais fraco em fevereiro (0,3% e 1,2% no ano). Estas, inclusive, são as mesmas estimativas do índice ao produtor. 

Isso deve fortaceler o discurso do Fed de que as pressões inflacionárias ainda não estão no horizonte, o que deve manter a política monetária acomodatícia por um longo tempo. 

No Brasil, ao contrário, não dá para festejar nenhuma campanha de vacinação. A entrega de vacinas segue muito incerta, uma incógnita, embora o governo Bolsonaro tenha prometido 500 milhões de doses já fechadas (confirmadas) neste primeiro semestre. 

Na quinta-feira, de novidade, tivemos o IPCA a 0,85% em fevereiro, depois de 0,25% em janeiro, acelerando por causda dos alimentos, combustíveis e do câmbio mais depreciado, o que deve abrir espaço para uma postura mais agressiva dos diretores na decisão do Copom da semana que vem. 

A curva de juro curto segue inclinada e "adicionando prêmios". Agora, a decisão se divide na alternativa de uma elevação da Selic de 0,75 ponto percentual, a 2,75% anuais, ou 1,oo ponto percentual, a 3,0%. 

No "front" cambial, por outro lado, o Banco Central segue atuando na oferta de swap, tentando esvaziar as expectativas do Copom, com atuações diárias e preventivas no mercado. Ontem, o dólar fechou a R$ 5,5428, em sintonia com a trajetória da moeda norte-americana no exterior. 

Falando da PEC emergencial, já aprovada em segundo turno ontem, foi definido o auxílio emergencial de R$ 250 para cerca de 35 a 40 milhões de brasileiros, e estipulado o limite de R$ 44 bilhões para estes gastos totais. Este auxílio deve ser fornecido num prazo de quatro meses, mas não descartamos prorrogações. Tudo irá depender do ritmo de vacinações. 

Enquanto este não acontece, o clima de lockdown em várias cidades do País já uma realidade. Em São Paulo, por exemplo, ingressamos na fase roxa, na qual até futebol foi suspenso. O impacto sobre o mercado, a economia, portanto, será inevitável. Paulo Guedes acha, no entanto, sempre otimista,  ser possível a agilização destas variações o que deve reforçar a recuperação da economia sob a forma de "V". Segundo ele, isso deve ser confirmado pelo desempenho da arrecadação federal de fevereiro, a ser divuglada, e mostrando uma boa reação. 

Ontem, o B3 fechou em alta firme, de 1,96%, a 114.983,76 pontos, depois de ter superado  115 mil pontos no melhor momento do dia (115.126,94). O giro (R$ 45,3 bilhões) manteve o patamar elevado dos últimos dias. No mercado de petróleo, o Brent avançou 2,55%, a US$ 69,63, e o WTI +2,45%, a US$ 66,02.  

Bons negócios e bom fim de semana a todos!




MACRO MERCADOS ESPECIAL - O CAMINHO DA PROSPERIDADE (OU DA SERVIDÃO, parafraseando Hayek)

Tenho escutado muita coisa no debate econômico do País.

Uma das "pérolas", que tem me deixado muito chateado, para não dizer, CANSADO, têm sido as constantes críticas ao tal "neoliberalismo", o que quer que isso signifique.

Sim, porque é mais um conceito, ou pré-conceito, criado por alguns acadêmicos, pelas "esquerdas", ou os que defendem um setor público mais atuante e ativo, na critica aos que são defensores de uma maior disciplina fiscal (chamam de "austericídio"!), uma agenda coerente de reformas estruturais, um regime monetário mais independente, um pacote amplo de privatizações, um regime de câmbio flutuante, etc.

Enfim, tudo que deve ser feito para uma economia "decolar e surfar na boa onda da prosperidade", até respondendo aos ensejos de várias correntes existentes entre os heterodoxos, na defesa do tal neo-social desenvolvimentismo (também, o que quer que isso signifique).

Nas minhas leituras, dá para concluir que o "neoliberalismo" nasce depois da da década perdida, em que uma série de políticas nacional desenvolvimentistas colocavam os países em desenvolvimento, entre as décadas 70 e 80, no estrangulamento do endividamento público externo.

Diante do duro diagnóstico de que o Estado havia perdido capacidade de empurrar o crescimento para a frente, que havia um esgotamento na capacidade de investimento público, e que boa parte da poupança pública havia se esvaído, um grupo de economistas se reuniam em Washington.

Depois de dias de estudos e debates, na Brooking Institution, estes economistas, liderados por John Williamson, chegam a uma série de conclusões, o que, aliás, é seguido pela comunidade acadêmica norte-americana, liderada por Thomas Sargent, Lucas e tantos outros, no que conhecemos hoje de novos-keynesianos. Foi daí que nasceu o chamado "Consenso de Washington".

O diagnósito para um país avançar no seu desenvolvimento, no chamado "caminho virtuoso" (resumo didático), não incluindo Pesquisa e Inovação Tecnológica, e consultando o meu bom amigo, professor da UFPEL, Marcelo de Oliveira, é um só:
A adoção de uma boa e extensa agenda de reformas estruturais (Tributária, Educacional - o que inclui pesquisa e desenvolvimento tecnológico -, do Estado, Administrativa, Microeconômica, Trabalhista, mais aprofundamento na reforma da Previdência, etc. Importante também a necessidade de se buscar avanços nas Instituições, o que tende a reduzir os custos de transação para a sociedade, um melhor ambiente de negócios, maior produtividade dos fatores e maiores retornos esperados, mais investimentos, mais empregos, renda, e finalmente, maior e melhor distribuição de renda e de oportunidades para todos.

Poderíamos também incluir, do Consenso, a necessidade de câmbio flutuante, da abertura das contas de capital e cambial, da independência do Banco Central, da necessidade da regra de Taylor, disciplinando e gerando regras para o regime monetário, dentre outros.

Ou seja, este "ciclo virtuoso" não abra mão da agenda de reformas estruturais. São estas, e as várias reformas institucionais, os avanços nos mecanismo de controle, os poderes da República fortes e independentes, um setor público mais regulador e atento aos desequilíbrios de mercado, que tendem a proporcionar este almejado "caminho da prosperidade".

Poderia se pensar em menos Estado na economia? Não, o debate não é este. O debate é tornar o Estado mais EFCIENTE, já que é essencial para que as engrenagens do sistema econômico funcionem, tenham maior "fluidez", e não para "empacar" as atividades e o enriquecimento das famílias e empresas, numa linguagem de Contas Nacionais.

Não tem "nó na lingua", não tem retórica vazia ou demagógica.

Agora, se trilharmos a "contramão" do bom senso e de tudo já observado no mundo, nas experiências de governança bem sucedida, podemos optar pelo chamado "círculo vicioso". E o que é este círculo?

Mais uma vez, consultando o meu querido amigo, professor Marcelo de Oliveira, o "caminho vicioso" (defendido por todos que perdem com as reformas acima), é o seguinte:
Sem reformas => Instituições menos eficazes => Mais subsídios e mais privilégios => Maiores custos de transação pa,ra a sociedade => Pior ambiente de negócios => Menor produtividade e menores retornos esperados dos negócios => Menores investimentos => Menos empregos => Menores salários => Menor e pior distribuição de renda para todos.
Enfim. Estudos acadêmcios, brasileiros e no exterior, sérios, realizados envolvendo dados de vários países, mostram que os que seguiram o primeiro caminho cresceram e se desenvolveram.
Já os que não seguiram...

Claro que par isso, é preciso conversar com os russos. Um governo, para ingressar neste circulo virtuoso precisa "construir" uma boa base de governabilidade junto ao Congresso. Precisa compor para poder avançar. Na nossa intricada realidade política, de "presidencialismo de coalizão ou de cooptação", pacto federativo frágil, instabilidade jurídica e vários partidos pequenos com cláusula de barreira frouxa e financiamento público de campanha, fica complicado se pensar nestes avanços econômicos, sem passar também para urgência de uma Reforma Política. Esta também é inadiável, e feita por uma comissão de notáveis, com saber jurídico para isso, e não pelo próprio Congresso. 

Vários amigos economistas, cientistas sociais diversos, acham que a Reforma Política é a "mãe de todas as reformas".

 Mas isso é assunto para um outro debate. 

Vamos conversando. 



OS DOIS LADOS DA MOEDA

 O inferno está nos detalhes.
Importante uma especial atenção ao discurso do ex-presidente e sempre candidato LULA da Silva sobre o debate econômico.
Foi simplesmente um desastre! Foi, mais uma vez, na contramão de tudo que se pratica no mundo! Foi contra o bom senso!
Ser contra as privatizações, contra um Banco Central Independente, ameaçar mexer nos avanços, mesmo que parcos, da agenda do atual ministro Paulo Guedes??
Para lá senhor LULA, não é bem por aí!
Por isso, achar que NEGACIONISMO não vem só de um lado, do fundamentalista de direita Bolsonaro. Vem também das esquerdas e sua agenda aloprada.
Se ele "rasgar" todos os avanços institucionais na governança econômica deste país, com certeza, estaremos nos isolando ainda mais!
Todo o setor público possui limitações nas suas políticas de gastos. A cada gasto discricionário do setor público, é preciso a criação de receitas para esta "cobertura"! Temos uma carga de impostos de País nórdico! E que retorno?? Simplesmente nenhum! Sempre digo que somos o país do puxadinho! Não temos saúde pública de qualidade, recorramos aos planos de saúde exorbitantes, não temos uma polícia, uma política de segurança confiável? recorramos aos seguranças privados. Se nosso ensino público é um caos, corremos para as escolas privadas. Enfim, nada nos beneficia!
Não sejamos doidivanas, e bem sei quem é LULA da Silva e seus esquemas de propinagens, já conhecidos desde a LAVA JATO.
E na boa?
Voces querem uma opinião sincera?
Sergio Moro nunca mais volta para este país.
Isso aqui é um manicômio, uma casa de doidos!
O que o STF deliberou nesta semana, ao arrepio do bom senso e equilíbrio, foi algo estarrecedor.
E aí surge a questão: quem controla o STF?
Se arrumarmos um hacker "profissa", assim como a esquerda, os "piçóis" da vida, arrumaram estes do THE INTERCEPT, para tentar desconstruir Sergio Moro e MP de Curitiba, e mudar a narrativa da LAVA JATO, e irmos em cima dos ministros do STF, dos políticos do PT, do Centrão, e outros, não irá sobrar pedra sobre pedra !

Pau que dá em Chico, dá em Francisco!                                                                                                  ...

quinta-feira, 11 de março de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO 1103 - LULA ENQUADRA BOLSONARO

Mercados devem operar em volatilidade, mas em tendência de alta, de olho no trâmite da PEC Emergencial no Congresso, e repercutindo do primeiro discurso de Lula, depois de se tornar “ficha limpa”. No BACEN, os leilões de swap de dólar seguem ocorrendo, no intuito de um câmbio menos depreciado, diante da proximidade da reunião do Copom da semana que vem.

Nesta quinta-feira, a continuidade das discussões sobre a PEC Emergencial, na polêmica do destaque sobre congelamento do salários dos servidores. Ao fim do dia de ontem, lideranças do governo conseguiram trocar este congelamento pela concessão de promoções. Manteve-se o impacto favorável de economia em até R$ 15 bilhões ao ano, embora não saibamos ainda em quanto será pela manutenção das promoções. Conclui-se ainda que a tal base governamental, povoada por políticos do Centrão, não parece ser tão fiel assim, mais preocupada com os interesses a serem colocados na mesa.

No Bacen, continuam os leilões de “swap” nesta quinta-feira, próximos a US$ 1 bilhão. Isso pode ser interpretado como uma prevenção pela proximidade da reunião do Copom da semana que vem. É interesse o desarme da trajetória recente do dólar, num momento em que os diretores do Copom decidem para quanto vai a taxa de juros.

Há um consenso de que teremos alguma alteração, mas não sabemos em que intensidadde. Se antes era 0,5 ponto percentual, elevando a taxa a 2,5%, agora não descartamos 0,75%. Na visão de Sergio goldestein, ex-diretor do Demab, “preocupado com a inflação e o cenário político, o Bacen resolveu quebrar a perna dos comprados em dólar, vendendo para baixo, aumentando o risco de posições especulativas ou de hedge, na tentativa de mitigar uma espiral negativa.”

Em paralelo a isso, o BACEN decidiu por prorrogar a redução da alíquota sobre compulsório de depósitos a prazo, em 17%, não elevada a 20% agora em abril. Esta taxa deve ser mantida até novembro.

Acreditamos que no Copom de quarta-feira que vem, deve-se optar por um ajuste da Selic em 0,5 ponto percentual, até porque a inflação segue em trajetória preocupante, dada a alta das commodities e o câmbio depreciado, mas podendo ser temporária. No contrapé disso, ainda temos a pandemia em trajetória caótica.

Isso parece ser, também, a preocupação do ex-presidente Lula, depois do seu primeiro discurso como “ficha limpa”. Realmente, foi um discurso para “lavar a alma da militância”, mas restam dúvidas sobre seu alcance. Não dá para achar que toda a agenda, traçada pelo ministro Guedes, de reformas estruturais, privatizações, descentralização de recursos, melhoria no ambiente de negócios, deva ser atacada pelo já candidato Lula da Silva. A agenda econômica é a que defe o setor empresarial e a mais acertada, adotada em vários países do mundo. Condenar, por exemplo, o sanenamento da Petrobras, depois da “destruição” empreendida pelo lulo-petismo, é não querer encarar a realidade crua dos fatos. Ser contra as reformas, a independência do BACEN....

Realmente, foi um discurso para os militantes, não para o Brasil. A concordar, apenas a abordagem sobre a pandemia, ao nosso ver, muito mal conduzida pelo presidente Bolsonaro.

Sobre esta, o cenário é de horror, de ruptura. Morreram na quarta-feira, em 24 horas, 2,3 mil pessoas, já em mais de 260 mil até aqui. Novas intenações seguem em torno de 80 mil. E a postura do presidente e equipe, na solenidade do Palácio do Planalto, liberando a compra de vacinas pela iniciativa privada, todos usando máscara, já pode ser vista como uma resposta às críticas de Lula ao caos atual. Estimam-se mais 70 milhões de doses de vacinas até junho.

Agenda
Além do IPCA de fevereiro e do leilão extra de swap e de títulos públicos, destaquemos os BALANÇOS.da BRMalls, Enauta, Light, Moura Dubeux, Tenda e Marisa, depois do fechamento do mercado. Em paralelo, teremos teleconferências da Eneva (9h), Aliansce Sonae e Terra Santa (11h) e Estapar (sem horário).

Comportamento dos ativos

Bolsa de valores no Brasil registrou bom comportamento de alta, acompanhando NY, nesta quarta-feira. A B3 avançou 1,3%, a 112,776 pontso, com volume de R$ 46,4 bilhões. No câmbio, a queda do dólar foi forte, de 2,5%, a R$ 5,6526, depois de bater R$ 5,81 ao longo do dia. No mercado de juro, na anti-véspera do Copom, continuam as apostas entre 0,5 e 0,75 ponto. Ao fim do ano não será surpresa se o juro básico fechar próximo a 6%.

quarta-feira, 10 de março de 2021

MACRO MERCADOS DIÁRIO: STF, PEC EMERGENCIAL E PANDEMIA

Quarta-feira, 10/03/2021

Mercados continuam com um pé no cenário político, vendo Lula surgindo como força em 2022, e outro na pandemia, diante do estrago causado pela incompetente política doméstica de saúde. A vacinação é lenta, o número de mortes bate recorde e a ameaça da nova cepa da Amazônia uma realidade para o mundo. Decorrente disso, apelos populistas continuam a minar a resistência de Paulo Guedes e sua capacidade de persuasão junto ao presidente. A austeridade fiscal corre riscos.

A Terça-feira foi um dia intenso. No plano político (ou jurídico), o destino do ex-Juiz Sergio Moro, praticamente, foi selado pelo STF. Muito provavelmente, deve ser colocado em “suspeição”, o que poderá anular todas as condenações da LAVA JATO. Junto a isso, acabará ferido de morte, caso tenha alguma pretenção política para 2022. A sessão de ontem no STF, coordenada pela chamada segunda turma, tinha o placar de 2 a 2, mas o ministro Nunes Marques acabou pedindo vistas do processo.

No Congresso, avançou pela madrugada a PEC Emergencial, aprovada em primeiro turno com o placar de 341 votos a 121. Nesta quarta teremos o segundo turno. A expectativa é saber se algum destaque possa passar, alterando o texto e tornando-o ainda mais populista (ou ruim para o esforço de Paulo Guedes de manter alguma “ordem” no regime fiscal). Não acreditamos, pois para isso seriam necessários 121 votos, o que não deve ocorrer por não haver tempo suficiente para esta mobilização. Os destaques para manter os reajustes salariais dos militares e da polícia, pedidos pelo presidente, não devem rolar.

Passada a votação, seguimos em desconforto, dada a pouca convicção do presidente em relação à austeridade fiscal. Nesta lógica, surge a indagação ainda sem resposta: até quando Paulo Guedes conseguirá resistir? Bolsonaro, nos seus movimentos mais açodados, nunca negou sua postura corporativa, defendendo segmentos da sua base eleitoral. O receio é de que essa tendência predomine diante da antecipação da campanha para 2022, depois de Lula se tornar elegível e o mais provável e forte adversário do presidente.

Na batalha da Covid, diante do recorde de mortes nesta terça-feira (quase 2 mil), o Ministério da Saúde pediu socorro aos chineses. Neste dia, em 24 horas, o número de óbitos chegou a 1.972, com mais 70,7 mil novos casos. Quase todos os Estados apontam ocupação acima de 80% nos leitos das UTIs. Em muitos casos, passam de 90%. Paraná e São Paulo lideram como os casos mais extremos.

Agenda diária

Fraca e sem grandes novidades. Nos balanços, temos Braskem, Alainsce Sonae, Ecorodovias, Eneva e Terra Santa. Nos EUA, atenção para o CPI de fevereiro, previsto em 0,4%, contra 0,3% em janeiro. Em 12 meses , o índice deve ficar em torno de 1,38%, ainda distante da meta do Fed, de 2,0%. Na China, a inflação pelo CPI de fevereiro registrou queda menor do que o esperado (-0,2% contra -0,4%).

Comportamento dos ativos

Bolsa de valores no Brasil registrou um comportamento tímido nesta terça-feira, e em NY as bolsas registraram bom desempenho, diante do esvaziamento dos t Bonds, com juro mais baixo. Ao fim do dia, o B3 fechou em alta de 0,65%, a 111,3 mil pontos, com volume de R$ 44,6 bilhões. No petróleo, o barril Brent fechou a US$ 67,52 (-1,0%) e o WTI a US$ 64,01 (-1,6%). No câmbio, o dólar foi a R$ 5,79, depois de bater R$ 5,90. No mercado de juro, há uma semana do Copom, crescem as apostas por uma puxada mais forte, 0,75 ponto, com juro básico podendo fechar o ano mais próximo de 6%. No gráfico, as curvas de juros seguem bem inclinadas, com viés de alta.

terça-feira, 9 de março de 2021

MACRO MERCADOS ESPECIAL - "EMBARALHOU TUDO"

Terça-feira, 09/03/2021

                                                                                                                                                              “EMBARALHOU TUDO”

 "No Brasil, até o passado é incerto" Pedro Malan

Me preparava para comentar apenas sobre economia, mas não teve jeito. As escaramuças políticas, os fatos de Brasília, continuam a nortear os movimentos dos mercados e nesta terça-feira não é diferente, ainda mais depois da “bomba Edson Fachin”, ministro da 2ª turma do STF e relator da LAVA JATO. Ao fim da tarde desta segunda-feira, anulou todas as acusações do juiz Sergio Moro e do MP de Curitiba, contra o ex-presidente Lula da Silva.

 

Num movimento ousado, foram anulados todos os processos contra o ex-presidente Lula, em curso na 13ª Vara de Justiça do Paraná -  triplex de Guarujá, sítio de Atibaia e Instituto Lula. 


Seu argumento foi de que estes fatos não estavam relacionaos com a Lava Jato (conluios entre empreiteiras e Petrobras), objeto de investigação da força tarefa de Curitiba. Por isso, recomeça-se o jogo e todos estes contenciosos passam a ser avaliados, ainda em primeira instância, na Vara em questão, de Brasília. Neste contexto, é bem possível por tudo recomeçar, que Lula acabe beneficiado pela prescrição dos crimes.

 

Na verdade, num movimento antecipatório, ao anular tudo que partiu do MP de Curitiba, avaliado por Sergio Moro, Fachin tirou da segunda turma a capacidade de julgar a parcialidade destes atores. 


Talvez, numa avaliação mais pragmática, isso tenha sido bom para a “task force” da Lava Jato, pois ficam preservadas outras investigações, que não foram “julgadas”. Corria-se o risco de tudo ingressar na nulidade pela acusação de parcialidade por parte de Sergio Moro e Deltan Dellaghnol. Isso evoluiu depois de escutadas as gravações da “Vaza Jato”, ilegalmente obtidas pela THE INTERCEPT.

 

Com certeza. Se Fachin não tivesse se antecipado, talvez toda a Lava Jato estaria sob suspeita. Como Edson Fachin é relator da Lava Jato no STF sua decisão é preponderante e não poderá ser revista. Agora Lula se torna “ficha limpa”, ganha elegibilidade e retorna ao “game eleitoral”. Alguns “nós”, no entanto, precisam ser desatados. Se havia alguma irregularidade, quase que administativa, da vara de Curitiba não poder julgar os ilícitos de Lula da Silva, por não estar na sua juridição, por que isso não foi corrigido lá atrás? Além disso, outros delitos diversos, que não da Lava Jato, também acabaram julgados pelo MP de Curitiba. Ou seja, há sim a possibilidade da avalanche de recursos contra a Lava Jato nos próximos dias.

 

Impacto contra Sergio Moro. Claro que a 2ª turma, tendo Sergio Moro como alvo, não deve se deixar levar e tentará envolver o ex-juiz em outras decisões polêmicas. Nas gravações da Vaza Jato, até aqui divulgadas, não observamos ilícitos, mas apenas comentários depreciativos sobre os réus envolvidos. Não sabemos se Sergio Moro ainda tem alguma ambição política. Com certeza, ele é um dos personagens mais visados pela turma do Congresso, encalacrada pela Lava Jato. Para Artur Lira, presidente da casa, “Lula pode até merecer absorvição, Moro jamais”. Para bom entendor, meia palavra basta.

 

Impactos eleitorais. Achamos que o “jogo eleitoral” para 2022 ficou totalmente em aberto. Embaralhou tudo! Se alguns consideram que Bolsonaro acha bom este “desenlace”, pela possibilidade de polarizar com o desgastado petismo lulista, nós não nos posicionariamos desta forma. Ainda precisamos saber se Lula sairá como candidato. Caso aceite o desafio, Bolsonaro terá que fazer um “freio de arrumação” considerável, abandonando desde já sua política fiscal mais austera e abrindo os cofres, por exemplo, para mais  auxílio emergencial até o ano que vem. Terá, literalmente, que “comprar” o eleitorado mais humilde e mais exposto ao populismo de sempre. Usará à vontade a máquina pública. Junto, terá que pensar numa reviravolta no seu negacionismo frente à pandemia, esquecendo bobagens como não usar máscara, rejeitar o isolamento social, tratamentos alternativos, e correr atrás das vacinas.

 

No front das esquerdas, com Lula no “game”, Ciro Gomes terá que se movimentar com mais contundência para obter uma coalizão com a centro-esquerda ou mesmo centro-direita, como o PSDB, o DEM, Rodrigo Maia e outros. Não descartamos, embora consideremos remotas as chances, uma união entre as esquerdas e o PT, só havendo dúvidas sobre quem seria o vice. Se isso se confirmar, endurece o jogo para o outro lado do bolsonarismo.

 

Na verdade, o espectro a ser cortejado é o centro. Podemos pensar na migração de Ciro , ou mesmo alternativas como Luciano Hulck, Mandetta, Eduardo Leite ou João Dória. Claro que mantida a polarização Lula x Bolsonaro, este deve perder espaço. Mas será que é o quer a sociedade como um todo? Moro deve apoiar um destes candidatos e esperar pela indicação do STF caso consiga que o seu candidato seja eleito. Não acreditamos que ele ingresse na disputa.

 

Enfim. Nossa leitura é que cresce um movimento pelo equilíbrio, pelo bom senso, por uma “terceira via”. Acreditamos que há um cansaço pelos extremismos de esquerda ou de direita até aqui praticados.     

 

Comportamento dos ativos

 

Bolsa no Brasil em forte queda e NY em tendência de alta, diante da acomodação dos “yelds” dos Treasuries norte-americanos. O pacote Bider, votado no Congresso, mas muitos consideram haver ajustes necessários. Uma readequação deve acabar acontecendo. Neste cenário, nos EUA o dólar segue oscilando (o real perdendo valor), a inclinação do juro acontecendo e a inflação “rondando”. No Brasil, o mesmo acontece, com a inclinação dos juros de curto e longo prazos segue. Aguardemos a reunião do Copom na semana que vem.

Bons negócios a todos !


Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...