segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

O capitão e os abutres

Gustavo Franco foi cirúrgico quando argumentou que o maior problema no momento são as pedras deixadas no caminho pelas intervenções desastradas do capitão junto à mídia.

Não adianta. Ele pode falar meia dúzia de frases coerentes, mas se escorregar numa citação é esta que esta "prensa" vai destacar. O patrulhamento é intenso e diário.

Primeira decisão a ser tomada é acordar, passar pelo "quebra queixo" e deixar os jornalistas no ar, saudando os eleitores e não falando nada. Segunda decisão, retomar com os brefings do general Rego Monteiro, então porta-voz, acabando com estas fofoquinhas e "pombos sem asa" que ele vive jogando no ar. Terceira decisão, para não chamarem ele de autoritário, realizar uma entrevista ao vivo uma vez por semana, todas as sextas feiras sobre os principais eventos da semana, tanto dentro do governo como fora. Quarta decisão, colocar os ministros para destacar tudo de bom que o governo fizer.

Garanto que o filtro da "prensa" seria outro, e ela acabaria morrendo de inanição, por não ter o que falar.

Acho que este governo vem produzindo coisas boas, mas sem dúvida que estas tolas polêmicas prejudicam no seu andamento. Uma delas foi o Paulo Guedes, em dois momentos infelizes, chamar os servidores de "parasitas", e outra, ser preconceituoso com as empregadas domésticas, por estarem conseguindo ir para a Disney. Duas bolas fora, embora quem tiver a devida isenção e boa vontade, verá que estas citações perdem o tom pejorativo se vistas no contexto do discurso feito. Pegar frases soltas sempre acaba com um sentido deturpado.

Enfim, no core do governo, muitas das suas decisões são acertadas e urgentes, mas acho que o capitão e alguns dos seus ministros se perdem nos ambates com a "prensa".

Algo precisa ser feito para evitar dar munição para estes abutres.

Ele precisa apresentar resultado e parar de se perder nestas discussões inúteis.




domingo, 23 de fevereiro de 2020

REGINA DUARTE

Regina Duarte

Acontece com muitos economistas, não há nada especial comigo, os amigos perguntam direto:
—O que é preciso para fazer a economia decolar?
De tanto ouvir a mesma pergunta, tão importante, afligindo tanta gente, e na impossibilidade de conseguir a atenção de quem pergunta para a dissertação necessária para a resposta, bolei uma resposta simples e enigmática: —Regina Duarte!
Não, não é para substituir o ministro Paulo Guedes, que andou enfrentado uns solavancos na semana que passou. Mas é para contar uma história.
Começa com uma pergunta difícil: como conciliar a enorme e generalizada demanda por otimismo na economia com a imensa contrariedade política que o próprio presidente parece empenhado em cultivar? Bem, o presidente reconhece a importância dos imperativos da economia, que funcionam mais ou menos como a meteorologia para o tráfego aéreo. Não dá para desafiar, mas depende do presidente. Alguns são muito afoitos, mas, em geral, todos sabem fazer política, cada qual no seu estilo. Há dois registros a fazer sobre este presidente.
O primeiro é a adesão à agenda liberal reformista, ainda que através de um casamento de conveniência com o superministro Paulo Guedes, o símbolo dessa pauta, que não é a do coração do presidente. Não é amor sincero, o presidente não é um liberal, pouco importa o seu time do coração, mas já passamos a marca de um ano nesse matrimônio. Tudo indica que vai prosseguir, com tremores típicos desse tipo de união. O segundo registro é de um teorema antigo: a experiência da Presidência começa de verdade no dia em que o presidente precisa detonar um amigo. Ninguém escapa dessa situação, Bolsonaro a enfrentou com mais de um ano no cargo, no dia em que o secretário da Cultura fez uma performance grotesca, praticamente uma autoimolação, e a surpresa não foi atirar o amigo fora do barco —ele praticamente pulou na direção dos tubarões —, mas em se recrutar Regina Duarte para este lugar.
Seria excessivo dizer que o presidente, com Regina Duarte, pacificou a cultura, talvez isso não seja possível nem com a Virgem Maria. Mas não há dúvida que a atmosfera ficou mais leve.
Até este momento, o presidente resolvia crises recorrendo a seus apoios eleitorais primais, sempre radicalizando, como se já estivesse em campanha. Mas ainda falta muito. O presidente não é só para seus apoiadores incondicionais. Com o episódio Regina Duarte, todavia, a receita mudou.
Talvez não seja mesmo factível trabalhar apenas com ministros de perfil moderado, modelo Regina Duarte, pois o grupo de tendências aglutinadas em torno do presidente, e importantes para a sua vitória eleitoral, inclui alguns tipos bem difíceis. Não é um problema desse governo apenas, o petismo, por exemplo, sempre cultivou uns grupelhos bem radicais, mas os manteve muito diluídos. Sempre dá para melhorar a mistura, sem que seja uma rendição aos adversários políticos ou ao Centrão.
É por aí que devemos caminhar pois ele é o presidente eleito, e neste tópico, estou com Fernando Gabeira: é preciso ser construtivo. Bem, a pergunta foi sobre o que falta para a economia melhorar.
Repito a tese:
—Regina Duarte.
A resposta mais técnica seria:
—A boa política.
A menos técnica:
—A economia precisa de sossego. O presidente tem muitos ministros briguentos (ele mesmo, não é diferente), que não ajudam, o da Educação está balançando, ele tem muita afinidade com o presidente, mas não dá para afrontar a meteorologia. Mas não se trata do que o presidente realmente é, ou genuinamenteacreditaegosta,masdoquepraticadiante de condições meteorológicas complexas. O presidente precisa ser de todos os brasileiros e se for assim a economia vai responder.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Economia Política

Num determinado momento cheguei a frequentar a universidade pública. Primeiro foi no mestrado acadêmico da UFF, depois no curso de Conjuntura da UFRJ. Em ambos a percepção de que a cátedra de Ciência Econômica é totalmente dissociada nestas instituições.

A militância política é um norteador. Muitos acadêmicos são tolos e provincianos. Chegam ao ponto de fazer política partidária abertamente. Nada contra se não tivermos o agravante de que eles são extremamente sectários ou dogmático e não aceitam o contraditório.

Na UFF tinha uma turma obscurantista, da Economia Política que só aceitava Karl Marx entre os clássicos, sendo que ele era filósofo e não economista ou correlato. Nem John Keynes passava pelo crivo, muito menos os neo-clássicos, clássicos, os novos clássicos ou talvez monetaristas e a síntese. Nada disso era discutido, só Marx.

Agora soube que um dos expoentes deste dogmatismo se tornou chefe de Departamento. Fazer o quê??

Absurdo dos absurdos...me cansei desta aberração.


sábado, 8 de fevereiro de 2020

André Lara Resende

Saiu artigo do Lara Resende, no caderno Eu Fim de Semana, do Valor, sobre o seu livro discutindo o debate econômico no Brasil e a tal MMT.

Sem maiores considerações, não discordo sobre a necessidade de se justificar A expansão de gastos públicos, desde que o juro real seja menor que o crescimento da economia. Concordo também também com a tese de compatibilizar mercado e Estado.

No entanto, acho sim que o controle da sociedade sobre a gestão pública e os seus quadros deve ser permanente e cada vez maior. Acho também que o setor público deve se pautar pela transparência absoluta e a eficiência, tudo que ela não é, ou tem, hje.

Acho também que a democracia representativa passa por um freio de arrumação. Precisa ser repensada.

A seguir uma colocação dele...

"Eu me considero um liberal, mas isso é uma versão ingênua e profundamente equivocada de como funciona a economia. Segundo, minha crítica é muito profunda sobre a macroeconomia mainstream. Estou dizendo: toda a macroeconomia está construída sobre bases equivocadas. Isso é perturbador para economistas com essa formação, como a minha. Só que você tem."

Este trecho é parte de conteúdo que pode ser lido no Valor.


Depois discorro sobre o tema.

Ajuste fiscal, Roberto Ellery

O ajuste fiscal é urgente e deve continuar como prioridade do governo, mas não é suficiente para retomar o crescimento. O desafio de um crescimento sustentado em produtividade e não em estímulos de curto prazo passa pela discussão a respeito dos efeitos da ação do governo na alocação de capital e trabalho.

A má alocação de recursos, chamada de misallocation, tem lugar de destaque na discussão sobre produtividade na academia. Curiosamente essa discussão não consegue o mesmo espaço no debate público sobre nossa economia. Nesse sentido a Nota informativa publicada pela Secretaria de Política Econômica ontem é um verdadeiro serviço de utilidade pública.

Leitura obrigatória para quem está interessado em ir além de nossos (sérios e urgentes) problemas de curto e médio prazo e pretende entender a razão do Brasil há décadas não ter uma sequência de crescimento consistente e puxada pela produtividade. É claro que não podemos perder o foco no ajuste fiscal, mas o debate sobre má alocação de recursos é fundamental e tem que ser ampliado. Dele depende o Brasil das próximas décadas.



sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Trump mente sobre a economia

Trump está mentindo sobre a economia, diz Mike Bloomberg Michael Bloomberg O artigo abaixo foi publicado originalmente no site americano Mar...

Leia mais em https://braziljournal.com/trump-esta-mentindo-sobre-a-economia-diz-mike-bloomberg

Papo de Economista: Terras lusitanas

Papo de Economista: Terras lusitanas: Cá estou em terras lusitanas, mais para o interior, no Alentejo nem tão profundo, na aprazível cidade histórica de Évora. Cheguei em novemb...

Terras lusitanas

Cá estou em terras lusitanas, mais para o interior, no Alentejo nem tão profundo, na aprazível cidade histórica de Évora.

Cheguei em novembro de 2018 e comecei agora a turbinar a minha tese de Doutoramento, objeto da minha temporada lusitana.

Estou discorrendo sobre a necessidade de haver um patamar ótimo ou sustentável para a dívida pública bruta, na argumentação de regras, previsibilidade, transparência, continuidade, elementos essenciais para a boa gestão pública.

Ativismo fiscal apenas em momentos críticos. Irei comparar 10 países, Brasil, Argentina, Chile, Peru, México, África do Sul, Turquia, Rússia e Índia...

Sobre minha estadia, nada é fácil em Portugal. Ganhamos em segurança, alguma qualidade de vida, mas perdemos com a "dureza", pelo elevado custo de vida. Com o real a 4,60€ tudo se torna mais caro e complicado. Um dos gargalos, o mercado imobiliário, conseguir arrendamentos a bom "preço".

Estou tendo que me reinventar aqui em Ptg. De bom, a perspectiva de deixar o meu filhote por aqui...para cursar Engenharia Aeroespacial na Técnica de Lisboa.

No fim, esta é a minha grande missão....

Vamos conversando...

Na semana, conversmos sobre o mercado de capitais aqui em Portugal.

Reflexões alentejanas

Fico cá com os meus botões, nos campos secos do Alentejo, à analisar, acompanhar, os descaminhos do capitão e sua turma. Continuo apoiando seu governo, sem deixar de critica-lo qdo necessário. Já disse, discordo de muitas posições dele, mas me rendo ás suas linhas mestras. Continuo com o Guedes, o Tarcísio, o Moro...Acho que o Weintraub tomou algumas decisões acertadas, outras, parece-me que se quivocou, mas em muitas houve sabotagem. Fala-se que este tem q ser um acadêmico, um intelectual da academia. Eita vaidade da peteca. Nada contra, mas o que o bom Cristovão Buarque teve de contribuição para as universidades, para o ensino básico ou fundamental ou médio? E ele era um grande estudioso do ensino. Continuo acreditando que a educação do Brasil precisa de métricas de eficiência e produtividade e menos papo furado e corporativismo. E como há !!

Miriam Leitão sempre criticando

Miriam Leitão: “O desafio do presidente da República aos governadores é impossível de ser cumprido. O governo federal, que está com déficit há seis anos, abriria mão de até R$ 28 bilhões. Se cumprissem o desafio feito pelo presidente, alguns estados seriam punidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. O país teria que cortar na educação e na saúde, por exemplo, para subsidiar quem usa automóvel a gasolina. A proposta não tem pé nem cabeça. O ministro Paulo Guedes deveria deixar isso claro. Ele sabe e tem repetido que é preciso zerar o déficit fiscal e fazer as reformas, com ajuda dos estados, para equilibrar as contas do país. Por trás do desafio do presidente está uma tentativa de manipular a opinião pública. Bolsonaro quer passar a ideia de que todo o aumento no preço dos combustíveis é culpa dos governadores.” (Globo)

Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...