quarta-feira, 21 de junho de 2017

MB Associados: Dúvida é se governo vai conseguir se reorganizar 2017-06-21 15:37:33.396 GMT. Por Ana Carolina Siedschlag

Votação na CCJ é risco grande para o governo
Temer, que precisa mostrar que ainda tem capacidade de passar
alguma reforma e sinalizar o que podemos esperar da Previdência,
disse Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, em
entrevista por telefone. Veja principais pontos:
* Governo precisa pensar num plano B, pensar no que dá para
fazer para que a reforma previdenciária passe de alguma maneira
* A essa altura, em junho, não há mais tempo hábil para pensar
numa grande reforma
** Mais provável é que votação da Previdência comece num momento
em que já estaremos olhando para o ano que vem, para as eleições
* "Talvez ainda não tenha caído a ficha do mercado", mas reforma
da Previdência só deve voltar a ser discutida de verdade em
2019, dependendo ainda de quem ganhar
* "Infelizmente, crise política continua maior que o cenário
econômico"
* IPCA-15 desta 6ª-feira deve vir a 3,46% a/a, reafirma
possibilidade de deflação para junho
* Poderia abrir espaço para BC mudar de posição, mas fica tudo
em relação ao noticiário político
* Ainda bem que o cenário externo continua positivo e deve
permanecer assim pelas próximas semanas
** Nada muito complicado para o Brasil vindo de fora
** "Era só o que faltava, ter algo ruim de fora no meio da crise
doméstica"
** Retomada de crescimento na Europa é boa, e até uma possível
saída do Trump da presidência seria positiva para o Brasil.

FERNANDO DANTAS: KAWALL EXPLICA POR QUE NÃO VÊ LENIÊNCIA NO MERCADO - 21/06

Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra, discorda dos analistas que veem excesso de complacência do mercado doméstico e internacional em relação ao Brasil. Por outro lado, Kawall vê riscos ao atual cenário, que se mantém relativamente benigno mesmo diante da dificílima situação econômica e da gravíssima crise política que atingem o Brasil.
Resumidamente, sua visão é de que os preços dos ativos brasileiros estão aproximadamente corretos enquanto aqueles riscos não se materializarem de forma mais contundente. Mas há que acompanhar de perto a possibilidade de que isto ocorra.
Em relação aos aspectos do cenário que justificam a reação moderada dos mercados à conjuntura brasileira, Kawall cita inicialmente o ambiente internacional favorável. Ele nota o bom crescimento das principais economias, os preços razoáveis das commodities e a inflação surpreendente baixa, que reduziu a ansiedade em relação a uma alta de juros mais intensa este ano.
O economista observa que, no início do ano, cogitava-se de uma rentabilidade dos títulos do Tesouro americano de dez anos que chegaria a 3%, ou até a 4% em algumas análises, com o suposto reinflacionamento da economia americana por Donald Trump. Hoje, a taxa dos "treasuries" de dez anos está em apenas 2,15% (quando esta coluna foi concluída).
Com a eclosão da crise política sentida nos mercados a partir de 18 de maio, o risco Brasil e o dólar subiram, mas não explosivamente. Kawall cita, como fatores positivos que contiveram uma reação mais drástica, o baixo déficit de transações correntes; os fluxos vigorosos de investimento direto; a perspectiva de reabertura do mercado de capitais para ofertas iniciais de ações (IPOs), o que inclusive é benéfico para a planejada venda de ativos pelo governo, como o IRB e leilões nos setores de petróleo e energia elétrica; e a grande redução do estoque de swaps cambiais, que deixa o BC em melhor posição para intervenções que mitiguem a volatilidade.
"Até onde eu apreendo, o apetite pelo Brasil continua favorável", ele diz.
Entretanto, para Kawall, o fator mais importante de sustentação dos ativos brasileiros é o cenário prospectivo de queda dos juros domésticos. Para ele, esta é uma grande diferença entre o momento atual e o pânico no segundo semestre de 2015. Naquela ocasião, a resistência da inflação ainda era um grande problema e, com a Selic subindo em julho para chegar ao pico recente de 14,25% e o câmbio disparando até ultrapassar R$ 4 na virada de 2015 para 2016, criou-se o temor da dominância fiscal e de que o arcabouço macroeconômico fosse pelos ares.
Agora, como nota o economista do Safra, a inflação está desabando com força e a discussão é sobre o quanto a Selic vai cair - mesmo que não chegue aos níveis projetados antes de 18 de maio, com certeza a taxa básica mantém-se em vigorosa trajetória de queda.
O economista chama a atenção para uma comparação impressionante: com a prevista deflação em junho, o IPCA no primeiro semestre de 2017 pode ficar igual ou inferior ao indicador de apenas janeiro de 2016, que foi de 1,27%. Aliás, pelo outro lado, Kawall está muito pouco entusiasmado quanto ao vigor da prevista retomada da economia até o fim do ano.
Em termos políticos, ele considera que o governo Temer provavelmente perdeu a capacidade de aprovar medidas no Congresso por maiorias de três quintos, como as emendas constitucionais, o que significa que a reforma da Previdência não deve passar, nem em versão mais branda, na sua avaliação.
Porém, para o analista, o governo retém a capacidade de comandar vitórias por maioria simples no Congresso, o que inclui uma pauta relevante de Medidas Provisórias e é decisivo para mudanças importantes como as reonerações tributárias e a criação da TLP.
"Não vejo a paralisia política total do final do governo de Dilma, em que havia inclusive a pauta bomba e aberta hostilidade do Congresso ao Executivo", avalia Kawall. Para ele, "a reforma da Previdência de fato virou um sonho de uma noite de verão, mas isto não significa que o governo e o Congresso não estejam mais trabalhando - eu entendo que a agenda que está dentro do guarda-chuva da maioria simples vai avançar".
Equipe econômica
É quando menciona a equipe econômica de alta qualidade do governo Temer, a seu ver o grande trunfo que ancora e potencializa muitos dos aspectos positivos do cenário atual, que o economista do Safra revela também o seu maior temor quanto a uma possível deterioração.
O risco seria de que, no afã de atender a grupos de pressão para se sustentar no poder, o presidente em algum momento rompesse de forma mais cabal o seu compromisso com a austeridade e fizesse concessões em demasia. Essa possibilidade poderia criar uma situação insustentável para a atual equipe econômica, que poderia resultar numa debandada parcial ou total na hora em que, nas palavras do economista, "o contrato com a equipe econômica seja rompido, no sentido de que eles entraram lá para fazer alguma coisa que já não é mais possível fazer".
Kawall vê a saída de Maria Silvia Bastos Marques do BNDES como uma manifestação pontual desse risco, mas que ainda não significa uma ruptura. Ele enxerga com grande preocupação as pressões de lobbies empresariais sobre o BNDES, e vê como importante a permanência em seus atuais postos de membros da diretoria trazidos por Maria Silvia.
Da mesma forma, pressões contra a agenda de reoneração e de criação da TLP devem ser acompanhadas com lupa, diz o economista do Safra, para se avaliar até que ponto "os fiadores de toda a aparente tranquilidade que temos (isto é, a equipe econômica) terão condições de continuar a fazer o seu trabalho e permanecer no governo".
Se essa continuidade for possível, Kawall vê medidas importantes da agenda por maioria simples sendo aprovada nos próximos três a quatro meses. A partir daí, entra-se na dinâmica da eleição de 2018, e o humor do mercado e as condições da economia dependerão das chances eleitorais de candidatos que sinalizem a manutenção da agenda reformista - Kawall acredita que este é um cenário possível.
Assim, ele não vê hoje "leniência" do mercado em relação ao Brasil, mas sim uma atitude relativamente serena e cautelosa diante de riscos reais, mas que ainda não se tornaram realidades.
"Se um ou mais desses pilares que eu mencionei desabarem, aí sim nós poderíamos viver de novo um cenário mais parecido com aquele de 2015", conclui o economista.
Fernando Dantas é colunista do Broadcast

O Tempo – 21/06/2017 Por Murillo de Aragão

O afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff uniu as elites. Grande mídia, alto empresariado, mercado, sistema financeiro, entidades empresariais etc. apoiaram ampla e rapidamente o processo de impeachment da petista. Até mesmo centrais sindicais de trabalhadores, como a Força Sindical e a UGT, se manifestaram a favor da saída da ex-presidente.
Com Michel Temer, a situação é diferente. Existe um racha nas elites e até mesmo na base política que sustenta o governo no Congresso. Na grande mídia, “O Globo” e “Veja” assumiram uma postura claramente pró-renúncia ou pró-impeachment de Michel Temer. A “Folha de S.Paulo”, ainda que tenda à defesa da saída do presidente, adota postura mais institucional. “O Estado de S.Paulo” demonstra cautela maior e questionou fortemente as denúncias de Joesley Batista à Procuradoria Geral da República.
Entre as redes de televisão, enquanto a cobertura jornalística da TV Globo empreende uma demolição diária da imagem do presidente da República, as demais adotam postura não belicosa e mais institucional. Algumas estão a seu lado e torcem para que consiga superar a crise.
Na base governista, a maioria dos partidos ainda apoia Michel Temer, enquanto o PSDB se debate no dilema de respaldar o governo do presidente até o final, apresentando como argumento a defesa do programa de reformas. Entre os partidos mais relevantes, apenas o PPS deixou a base governista. Mas o efeito prático é quase nenhum.
No mercado, a presença de Temer ainda é bem vista a partir da esperança de que ele consiga prosseguir com sua agenda voltada para o equilíbrio fiscal. Em especial, a reforma trabalhista e “alguma” reforma previdenciária. No sistema financeiro, a visão é que, se as coisas não estão bem com Temer, podem ficar pior sem ele. A imprensa financeira mundial pensa assim e trata o caso de forma mais ou menos olímpica.
O mundo cultural, ainda que sem apoio popular e sem emoção, embarcou no movimento “Fora, Temer”, slogan que anima eventos de esquerda. Hoje, limitado aos artistas de sempre e a alguns viúvos do naufragado sonho “lulopetista”, continua sendo periférico à sociedade e limitado às colunas de costumes da imprensa.
Apesar da elevada desaprovação e da confusão causada pelas denúncias do empresário Joesley Batista, quase um mês após o ocorrido não há mobilização popular contra o presidente. Ele continua a se aproveitar de uma espécie de desaprovação desinteressada e desmobilizada. O que pode ser parcialmente explicado pelo racha das elites.
A melhora discreta do ambiente econômico e o controle dos juros e da inflação também contribuem para desarmar os espíritos contra o presidente. Se a recessão prosseguisse aguda, a insatisfação poderia ser mobilizada a partir do episódio da JBS.
Há outro fator muito importante que domina o horizonte econômico com muita força. A exemplo do que aconteceu com as empreiteiras, especula-se a respeito da desarticulação das atividades da JBS, à qual faltariam recursos para se manter na atividade exuberante que ostentou no passado recente. Os parceiros deixaram de acreditar na capacidade de pagamento de gado no prazo clássico de 48 horas que prevalece no mercado.
Os irmãos Batista estariam próximos da exclusão do negócio que até há pouco tempo comandavam no planeta. Estão deixando aos poucos as páginas de economia da mídia e se transformando num caso judicial internacional interminável.

Sem sair da cadeia em Curitiba, Eduardo Cunha deixou em frangalhos as fantasias criadas pelo dono da JBS para livrar do castigo o ex-presidente

Por Augusto Nunes
21 jun 2017, 14h19 - Publicado em 21 jun 2017, 14h18
(Montagem/Reprodução)
Ao resumir numa carta manuscrita o encontro com Lula na casa de Joesley Batista, ocorrido em 26 de março de 2016, e revelar que o trio se reuniu para confabular sobre o impeachment de Dilma Rousseff, o prisioneiro Eduardo Cunha desferiu um golpe de caneta que deixou grogue um esquartejador da verdade e levou novamente às cordas a alma viva mais cínica do Brasil. No fim de semana, na entrevista a Diego Escosteguy, Joesley repetira que só viu Lula a um metro de distância duas vezes ─ em 2006 e 2013, quando se limitaram a trocar ideias exemplarmente republicanas. Nesta segunda-feira, foi obrigado pelo ex-presidente da Câmara a confessar que esteve com o chefão “em outras ocasiões” ─ certamente para tratar de negócios nada republicanos.
É o começo do fim da farsa encenada pelo açougueiro predileto de Lula e do BNDES. É o que faltava para o sepultamento da meia delação premiadíssima. Ou Janot rasga a fantasia e admite que não pretende investigar a organização criminosa que patrocinou a entrada de Joesley no clube dos bilionários ou reduz a farrapos as fantasias do dono da JBS com a convocação para uma nova série de depoimentos. É hora de forçá-lo a abrir o bico sobre o bando que, nas palavras do próprio depoente, institucionalizou a corrupção no país. Se insistir em vender Lula e seus comparsas como exemplos de honradez, estará implorando pela pronta interdição do direito de ir e vir.
No texto escrito de próprio punho na cadeia em Curitiba, Cunha tornou a exibir a vocação para arquivista. “Ele fala que só encontrou o ex-presidente Lula por duas vezes, em 2006 e 2013”, lembra o signatário. “Mentira. Ele apenas se esqueceu que promoveu (sic) um encontro que durou horas, no dia 26 de março de 2016, Sábado de Aleluia, na sua residência na rua França, 553, em São Paulo, entre eu, ele e Lula, a pedido do Lula, a fim de discutir o processo de impeachment, ocorrido em 17 de abril, onde pude constatar a relação entre eles e os constantes encontros que eles mantinham”.
A profusão de minúcias deixa claro qual dos dois está mentindo. Para facilitar o trabalho de jornalistas e policiais incumbidos de checar as informações contidas na carta, o ex-deputado oferece meia dúzia de testemunhas. Que tal ouvir os seguranças da Câmara que o escoltaram na incursão por São Paulo? Que tal uma visita à locadora do veículo usado por Cunha para deslocar-se pela capital paulista? O Brasil decente torce para que seja longa e reveladora a briga de foice entre integrantes de duas organizações criminosas ─ ORCRINS, prefere Joesley ─ que roubaram em perfeita harmonia até o divórcio consumado pelo despejo de Dilma Rousseff.
Tomara que todos os bandidos contem tudo o que sabem uns dos outros. E que o bate-boca continue nas cadeias onde estarão alojados os corruptos, hoje desavindos, que a partir de 2003 produziram juntos a maior sequência de assaltos aos cofres do Brasil registrada desde o Descobrimento.

segunda-feira, 19 de junho de 2017

The Last - Despedida (11)

Além do jazz e dos museus (e de zanzar pela cidade, é claro), nosso lazer por aqui consiste principalmente em teatro e concertos. Em ambos há uma certa frustração, porque a oferta de alternativas é enorme, mas os preços subiram violentamente nos últimos anos, especialmente o de entradas para teatro. Poucos anos atrás, a entrada mais cara numa produção Broadway (teatro, não musicais) custava 70 dólares. Hoje, custa 150 dólares ou mais. Alguns espetáculos simplesmente não têm como ser vistos, com entradas esgotadas meses antes da estreia, como o “Hamilton”. Alguns fazem loterias de vez em quando, mas aí é loteria mesmo, é preciso muita sorte porque há sempre muita gente concorrendo. Há uma alternativa barata, que é o quiosque na Times Square que vende entradas poucas horas antes de a peça começar, por preços mais baixos (reservas canceladas e coisas assim), mas você não pode escolher o que quer ver, ou lugar, nada. É’ pegar ou largar.
Ir a um teatro aqui, especialmente para quem mora no Rio, é uma grande experiência. Em São Paulo ainda sobrevive um teatro mais profissional. No Rio, o que sobrou de plateia são as velhinhas da van. As peças duram, em geral, uma hora, porque a van vem buscar as senhorinhas e não pode ficar esperando. Grande parte do que se monta são monólogos ou diálogos. Três atores já é “grande elenco”. Cenários são normalmente cadeiras e cortinas pretas. Textos mais importantes são apresentados no que chamam de “leitura do diretor”, ou seja, tesouradas de tudo o que for possível, para caber em uma hora e baratear a produção.
Quando ainda estávamos no Rio, costumávamos ir a São Paulo periodicamente para ver um texto inteiro e, bênção das bênçãos, cenários! Aqui, a cadeira e as cortinas pretas são usadas só em vanguardas marginais, para quem gosta. Textos são sempre integrais (os espetáculos duram em média duas horas, duas horas e meia, às vezes três). A “leitura do diretor” está no modo como é montada, mas não tem essa história de um bobão qualquer cortando textos originais.
Teatro sempre foi uma das minhas maiores demandas. Houve época, nos bons tempos das entradas mais baratas, em que vi seis peças em sete dias passados aqui. Agora temos que escolher bem e depois torcer para que consigamos entradas. Vimos grandes, embora relativamente poucas, peças nesses dois anos, todas muito boas. Eu tendo a escolher pelo elenco (bons textos sempre podem ser lidos; para mim, ler as peças já satisfaz). Bons atores normalmente são cuidadosos ao escolher em que trabalham, porque uma crítica desastrosa pode ter consequências sérias.
Vimos coisas belíssimas (como “The Band’s Visit”), coisas muito impactantes (como “Blackbird”). Quem gosta de teatro (e está com o ouvido em dia com a lingua) vindo aqui, não deve perder a chance. Os musicais têm muito público, ficam muito conhecidos, mas hoje em dia viajam pra todo lugar, é possível ver as mesmas coisas no Brasil, mas o teatro de texto não viaja. Uma frustração é o Shakespeare in the Park, montagens gratuitas que são feitas no verão do Dellacorte, no Central Park. As entradas são distribuidas no dia da apresentação, e as filas começam a se formar não sei a que horas. Já tentamos bem cedo e a fila já era maior que a disponibilidade de ingressos. Há também uma loteria diária, mas nós nunca ganhamos nada em sorteios. Agora estão montando uma versão do “Júlio César” que está fazendo um certo auê, porque puseram o César parecido com o Trump, e a cena do assassinato no senado gerou muita conversa. Pessoalmente, me parece que comparar Trump com Júlio César é uma infelicidade para Cesar, mas, enfim, é a leitura do diretor! Os programas das peças são padronizados (se chama “playbill”), e nós guardamos os de todas as peças que vimos aqui desde os anos 80 (é de graça, ao contrário do que se faz no Brasil). No Rio, costumávamos olhar de vez em quando. Agora a coleção está lá e nós estamos aqui, fica para o futuro.
Para quem gosta de coisas de vanguarda, a oferta é também muito grande, mas eu confesso que dificilmente iria ver (é, eu sei, uma visão muito reacionária!).
Concertos também são caros, mas nem tanto, mas nós ficamos mal acostumados com um privilégio a que tivemos acesso nesses dois anos. Aqui ao lado de casa fica a Rockefeller University, e nela, toda sexta-feira, acontecem concertos ao meio-dia, financiados pela universidade e algumas outras instituições, além de contribuições do público. Os concertos não são formalmente abertos para o público, mas ninguém controla a entrada. São concertos ótimos, profissionais (em geral, músicos que vêm a NY e tocam lá antes da apresentação em alguma casa de concertos maior) e nós costumávamos ir a praticamente todos.
Mas há muitas escolhas mais acessíveis. Eu não gosto muito de sinfônicas, prefiro música de câmara, e aqui há a Chamber Music Society, que organiza concertos no Alice Tully Hall, a sala que fica no prédio da Julliard, no Lincoln Center, que organiza coisas belíssimas, inclusive uma inequecível apresentação dos “Concertos de Brandenburg” antes do Natal (fazem isso todo ano; vimos em 2015). Para quem gosta, é uma delícia. Músicos excelentes, na sua maioria jovens, muito entusiasmados. É contagiante. Para quem gosta de coisas mais tradicionais, grandes orquestras, há sempre o Carnegie Hall, na 57. 

Despedida (10) - Mais sobre o professor Cardim

Nesta próxima quinta, eu me despeço de um dos lugares que mais frequentei nesses dois anos, a Penn Station (também frequentávamos muito nos anos 80, era por ali que chegávamos a Nova York vindos de New Brunswick). Eu nunca cheguei a ver, é claro, a Penn Station original. Pelas fotos e pelo pessoal da época, era muito bonita. Agora é um horror, além de completamente disfuncional, pequena demais para o movimento de passageiros que suporta. Meu trem para Rhinecliff (a estação mais próxima do Bard) sai dali. Ninguém passeia pela Penn Station, a não ser que seja completamente desavisado ou masoquista.
É o contrário da Grand Central, na Rua 42. Os passageiros são muitos, mas dá a impressão de que, mesmo assim, a maioria das pessoas que está lá é turista. O saguão principal é mesmo lindíssimo. Já era antes da restauração que fizeram, agora está ainda melhor. No térreo há grandes áreas vazias, em que, às vezes, se faz alguma exposição, naquele prédio de tetos altíssimos. Desce-se um nível para o saguão principal, onde se compra passagens e se tenta andar no meio daquela multidão de gente olhando para cima, para a abóboda da estação, ou tirando fotos de família inteira com essas varetas metálicas em que põem o smartphone na ponta. No andar inferior ficam os restaurantes, inclusive o semi-histórico Oyster Bar, que, como comentei em outro lugar, vale a visita, e enquanto se visita se pode pedir, nos balcões, uma porção de ostras que é muito boa (há a opção com uma lagosta, mas não foi tão boa, a lagosta parecia ter sido cozida de manhã e ficado ali, à espera de consumidores todo o dia).
A Grand Central é bem mais perto de casa, 42 com Lexington, mas ali não corre a Amtrak. Para mim, só serviria o Metro North, que é, na verdade, uma extensão do metrô que vai até Pooghkeepsie, a estação anterior a Rhinecliff, mas bem mais longe do Bard. Além disso, em ambos, a viagem dura cerca de duas horas (descontados os atrasos que a Amtrak costuma respeitar religiosamente), apesar de o percurso para Pooghkeepsie ser significativamente menor, por causa do número maior de paradas. Para chegar à Penn, eu tenho de pegar duas linhas de metrô, mas ainda assim acaba valendo a pena.
O metrô é um capítulo em si mesmo. A cobertura de Manhattan é muito boa, especialmente do lado oeste (o lado leste tem muito menos linhas). Em princípio, pode-se chegar a praticamente qualquer ponto da ilha de metrô, ou em combinação com ônibus (antigamente, era preciso pegar um “transfer” para fazer isso, agora fica registrado na fita magnética do Metrocard). Há muitas obras em andamento, porque o metrô é, quase todo, muito velho. As estações mais antigas tendem a ser muito, mas muito mesmo, sujas. Um dos passatempos enquanto se espera pelo trem é ficar olhando o passeio das ratazanas entre os trilhos. Por causa da velhice e das obras, o metrô ficou menos confiável. As linhas estão lá, mas todos os dias há alguma interrupção e, às vezes, é preciso esperar muito tempo pelo trem, mesmo quando, aparentemente, não há nenhum problema. Se se tem hora marcada, é sempre bom dar algum desconto quando se planeja a saída de casa.
Mas, com todos os problemas, o metrô é infinitamente melhor que a alternativa, o ônibus. Como muitas estações do metrô não têm elevador ou escadas rolantes, as pessoas de mais idade (e há muitas pessoas de mais idade em Manhattan) usam o ônibus. Os motoristas são sempre atenciosos e pacientes, muito mais do que os passageiros, que têm de esperar muito tempo a cada parada para que o ônibus comece a se mover. De novo, no lado leste não há muitas escolhas, são poucas as linhas do metrô. Mas eu costumo preferir pegar o metrô, mesmo assim, e depois andar para o lugar a que me destino. Assim, toda quarta-feira, eu costumava pegar a linha Q do metrô (que é nova, inaugurada no primeiro dia deste ano), para a rua 42, e lá pegar a C ou a E para a Penn (a estação é praticamente dentro da estação ferroviária). Na rua 42, para passar de uma linha a outra, anda-se bastante, mas isso é quase um programa turístico (em dois anos, a atração diminui rapidamente).
Eu tenho dúvidas se em algum lugar do mundo há uma estação de metrô maior que a da rua 42, que vai da Port Authority, na Oitava Avenida, à Grand Central, na Lexington. É uma estação tão grande que tem sua própria linha de metrô, para ligar os dois extremos, a linha S. Muitas lojas, bares, músicos, artistas, pregadores e malucos de toda natureza parecem morar na estação. A qualquer hora em que se passa, há muitos deles em todo lugar. E muita, muita gente, andando apressada em todas as direções (os passageiros estão sempre apressados). Vale uma visita, lembra um pouco aqueles filmes pós-apocalípticos em que os humanos sobreviventes passam a habitar os subterrâneos, embora, em algum momento, seja possível sentir alguma claustrofobia.

CDBs dos bancos

A seguir, confira o ranking dos bancos que oferecem CDBs com as maiores rentabilidades médias, para aplicar até 5 mil reais por até um ano:

Banco
Rentabilidade média do CDB para investir até R$ 5 mil por até um ano
Desvio padrão
1. Máxima
110,66% do CDI
1,03%
2. Indusval
110,16% do CDI
2,04%
3. Modal
109,67% do CDI
0,52%
4. Sofisa
108,49 do CDI
1,64%
5. Pine
106,83% do CDI
1,17%
6. Bonsucesso
106,82% do CDI
2,04%
7. Daycoval
106,40% do CDI
2,77%
8. Haitong
106,17% do CDI
0,52%
9. BMG
105,83% do CDI
1,17%
10. Paraná Banco
104,58% do CDI
1,20%

Warren Buffet

segunda-feira, 12 de junho de 2017

CVM vai julgar Graça Foster e Gabrielli

A Comissão de Valores Mobiliários vai julgar em 11 de julho os ex-presidentes da Petrobrás Graças Foster e José Sérgio Gabrielli por supostas irregularidades na condução da oferta pública de ações da estatal que levantou 69,9 bilhões de dólares em 2010, informa o Estadão.

https://pbs.twimg.com/media/DCIMcY2WAAA98zO.jpg

Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...