domingo, 4 de dezembro de 2016

Exuberância Irracional, 20 anos depois

Novembro, mês do "cachorro louco"

Novembro foi mais um mês intenso para os mercados. 

De início, tivemos a definição das eleições norte-americanas, com a vitória do candidato Republicano Donald Trump, algo que poucos previam pela postura dele ao longo da campanha. Dúvidas surgem agora sobre como será o seu governo, já que na campanha ele se pautou por um discurso extremamente preconceituoso e populista. Será que ele realmente rasgará todos os tratados recentes de comércio, se alinhará com Putin e construirá um muro na fronteira com o México, impactando no fluxo migratório?


No Brasil, a Lava-Jato seguiu fazendo os seus estragos, com a prisão de vários personagens da República, como Sergio Cabral e Antonny Garotinho, este depois coloca em prisão domiciliar depois de apresentar um quadro de saúde mais frágil. A delação premiada da Odebrecht continuou a mobilizar parte do Congresso e votações importantes transcorreram, como o primeiro turno no Senado da PEC do teto, assim como se aprofundaram os debates em torno da necessidade de colocar na pauta uma agenda positiva para se pensar no retorno do crescimento da economia brasileira de forma imediata. 


Esta continuou não dando as caras, com o PIB recuando 0,8% no terceiro trimestre, contra o anterior e 4% no ano. A atividade industrial continua em queda, o varejo não reaje, o mesmo acontece com os serviços. Para piorar, os indicadores de confiança já começam a mostrar perda de dinamismo, talvez pelo cansaço com a lentidão deste processo de retomada, que nunca chega. Reflexo disso, o desemprego segue estourando todas as estatística, com a PNAD Contínua chegando a 11,8% da PEA de desocupação. São mais de 12 milhões de desempregados e chama atenção os mais de 5 milhões que já saíram do mercado de trabalho por desalento. 


Este, aliás, será um dos fatores a dificultar na retomada da economia, visto que as famílias seguem muito endividadas e com a renda caindo, pelo desemprego elevado e pouca perspectiva futura. Falando dos dois outros canais catalisadores de crescimento, os investimentos e as exportações, encontramos também dificuldades, já que os primeiros apresentam-se retraídos pelo lado do setor público, dado o ajuste fiscal necessário em curso e pelo setor privado estar retraído pelo clima político complicado e a baixa demanda. Uma alternativa pode vir pelo lado do pacote de Concessões anunciado em meados do ano, mas para este deslanchar o horizonte político precisa estar menos polarizado. 


Falando dos dados fiscais, em outubro uma melhoria considerável foi registrada dado o aproveitamento das receitas com as repatriações, elevando o superávit primário a R$ 31 bilhões, em 12 meses recuando de 3,08% a 2,25% do PIB, mas este deve ser visto como pontual, não sinalizando tendência. Sobre a inflação, dada a economia paralisada pela crise política, veio desacelerando, até fechar negativa, ou próxima à estabilidade, pelos IGPs, e bem baixa pelos IPCs, com o IPCA já próximo a 6,8% em 12 meses em outubro, não sendo surpresa se fechar o ano no teto do sistema de metas de inflação. Isso, no entanto, não foi suficiente para uma postura mais agressiva do BACEN, reduzindo a taxa Selic em apenas 0,25 ponto percentual, a 13,75%, na última reunião ao fim de novembro. Isso decorreu basicamente, do cenário externo, com as incertezas depois da eleição de Donald Trump. Entre outras indagações a dúvida agora é saber para quanto vai o dólar, sendo fato sua forte valorização. Em meados de outubro estava em torno de R$ 3,11, ao fim de novembro batia os R$ 3,45.


Isto posto, é necessário manter uma postura mais cautelosa neste período, agora equilibrando mais a demanda por títulos públicos, mais focado em prefixados, mas não deixando de abrir mão dos pós-fixados, dada a incerteza atual nos cenários doméstico e internacional. 











sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Que semana!

Fechamos esta semana. Sobrevivemos?
Sim, mas com muitos arranhões e algumas dúvidas sobre o futuro. Será que as escaramuças da ala "mais podre" da Câmara e do Senado conseguirão "enquadrar" os Procuradores da República, o juiz Sergio Moro, esvaziando a Lava-Jato? Esta é a principal indagação que se faz neste momento.
Os movimentos desta semana, com a deturpação do projeto das "Dez Medidas contra a Corrupção" e o debate "forçado" em torno do tema "abuso de autoridade", foram intempestivos e imaturos.
Os deputados e senadores, de mãos dadas com a impunidade, estão em pânico sobre a aproximação da delação premiada da Odebrecht. O cerco vai se fechando e eles, desesperados, estão tentando reagir num retrocesso para a institucionalidade do País.
Na economia, no entanto, esta semana foi de Copom mais cauteloso, cortando a taxa Selic em 0,25 p.p. a 13,75%, e o PIB em queda e esboçando pouca reação. Para completar o pacote, a produção industrial de outubro veio com recuo de 1,1% contra o mês anterior e 7,7% no ano. Uma reversão no curto prazo? Mantidas as condições atuais não acreditamos.
Bom fim de semana a todos!

Mercado de corretoras

Maior corretora independente (sem ligação com bancos) do país, a XP fechou a compra da segunda maior no mercado, a Rico, nesta quinta-feira (1º). O valor da transação não foi divulgado. 

Críticas ao Meirelles

O ministro Henrique Meirelles tornou a virar alvo de críticas. A pressão para que a equipe econômica tire da cartola medidas para retomar o crescimento ganhou força após o decepcionante recuo de 0,8% do PIB no terceiro trimestre. Os investimentos caíram e provocaram uma onda de queixas ao presidente. Cobra-se mais criatividade da Fazenda. Uma frase resume o sentimento geral em Brasília: “A equipe dos sonhos não está conseguindo entregar os sonhos da equipe”.

SEMANA PESADA

 Foi mais uma semana pesada para os mercados. Num movimento desesperado, diante da proximidade da delação premiada da Odebrecht, alguns congressistas trataram de colocar a Lava Jato sob pressão. Dois eventos foram marcantes neste sentido: (1) a descaracterização total do projeto das “Dez Medidas contra a Corrupção”; e (2) a discussão da lei de abuso de autoridade, colocada em pauta do Senado num momento totalmente inapropriado. E Sergio Moro denunciou isso. Para ele, foi objetivo do presidente do Senado, Renan Calheiros, “criminalizar as investigações sobre o maior caso de corrupção da história”. Este mesmo Calheiros que acabou colocado como réu pelo STF. Assim sendo, como pensar em retomada da economia? O PIB veio mais fraco no terceiro trimestre, sendo maiores os tombos no consumo e nos investimentos, itens que cresceram no trimestre anterior. Neste ano deveremos despencar mais de 3,5% e em 2017 as expectativas indicam um crescimento ainda menor, não devendo passar de 0,6% a 0,8%. Em suma, a recessão continua a desnortear o País e o clima político açodado contribui para isso.  

Armínio Fraga?

Arminio Fraga aceitou conversar com o governo. Mas insistiu para que Henrique Meirelles participasse das conversas. Ele não vai ajudar a fritar o ministro da Fazenda. E recusaria o cargo se lhe fosse oferecido, assim como já recusou no passado. By Antagonista.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Alguns já começam a cogitar de pedir um suporte do FMI para aliviar no ajuste fiscal

COPOM MAIS CAUTELOSO

Sem surpresas a decisão do Copom de cortar o juro em 0,25 ponto percentual, a 13,75%, na reunião do Copom desta quarta-feira. Foi uma decisão unânime.

Para o Bacen, o cenário externo acabou pesando para esta decisão mais cautelosa. Depois da eleição de Donald Trump, o real se depreciou consideravelmente, hoje negociado em torno de R$ 3,39 a R$ 3,40, o que pode ter efeitos inflacionários mais a frente. Mesmo assim, apesar deste cenário externo incerto, considerou a possibilidade, em breve, de uma "normalização".

Para as próximas reuniões, a autoridade monetária estará monitorando de perto a cena externa e também a inflação, em desaceleração nas últimas apurações. Alguma atenção também será necessária para a cena política, muito conturbada nos últimos dias, e o ritmo de ajuste fiscal. Tivemos uma votação folgada em primeiro turno no Senado da "PEC do teto", devendo passar sem sustos em meados de dezembro, mas a Reforma da Previdência deve enfrentar resistências em 2017. 


Diante disso, estamos em revisão na taxa Selic de 2017, visto que é grande o risco de novas depreciações cambiais, dados os movimentos do presidente Trump em favor de uma política fiscal mais expansionista nos EUA, e a cena política doméstica piorar.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Deputado Onyx Lorenzoni

Para o deputado Onyx Lorenzoni, a Câmara desperdiçou uma oportunidade de elevar sua estatura na votação do pacote de medidas anticorrupção. Preferiu rebaixar o pé-direito. “A câmara perdeu uma oportunidade de se reconciliar com a sociedade”. O deputado acrescentou: “O que é mais triste é que, entre a população e a corporação, a Câmara optou por olhar para dentro. Ficou com a corporação. Perdeu a chance de recuperar alguma credibilidade. Sai muito menor desse episódio. E os próximos meses serão muito ruins. O risco de abrir uma crise institucional entre Poderes é gigantesca. Judiciário e Ministério Público vão reagir.”

PIB RECUA 0,8% NO TERCEIRO TRIMESTRE CONTRA O ANTERIOR

Veio sem surpresas o desempenho do PIB no terceiro trimestre deste ano.

Recuou 0,8% contra o anterior (sétima queda seguida), 2,9% contra o mesmo do ano passado (décima seguida), 4,4% em quatro trimestres e 4% no acumulado ao ano. Pelo lado da oferta, o maior tombo acabou com o setor agropecuário (-1,4%) e a indústria (-1,3%), com os serviços recuando 0,6%. Na indústria, a indústria extrativa mineral meio que compensou esta queda, crescendo 3,8%. Isto se explica pela retomada da Petrobras, na “normalização” da produção e da gestão da empresa.

Por outro lado, refletindo uma demanda ainda fraca, dado o alto endividamento das famílias, e as exportações de lado, a indústria de transformação recuou 2,1% e a de construção 1,7%. Por fim, pelo lado da demanda, os investimentos voltaram a cair (-3,1%), depois de terem crescido 0,5% no trimestre anterior. Isso é um indicativo de que a confiança dos empresários ainda não foi restabelecida.


Ao fim deste ano, a retração deve seguir elevada, com o PIB recuando entre 3,6% e 4,0% e no ano que vem crescendo menos, em torno de 0,5% a 0,8%. A retomada, no entanto, deve ser reforçada a partir do segundo semestre de 2017.   

SENTIMENTOS DIFUSOS DEPOIS DAS VOTAÇÕES NO CONGRESSO

“Aceita o seu destino. Ser prestativo demais tem seus perigos! Na velhacaria destes tempos flácidos, a virtude tem que pedir perdão ao vício” Shakespeare em Hamlet.

Esta citação acima bem se aplica ao momento conturbado que estamos vivendo. Nas votações na noite passada, se de um lado, tivemos uma boa votação em torno da PEC do teto no Senado, mesmo com todos os protestos nas cercanias do Congresso, por outro, foi vergonhosa a votação na Câmara em torno das “Dez Medidas contra a Corrupção”.

Na primeira, a votação foi relativamente folgada, com 61 votos a favor e 14 contrários. Algumas emendas colocadas acabaram suprimidas. Agora é partir para o segundo turno no dia 14/12 e já enviar ao Congresso a Reforma da Previdência. Na segunda, no entanto, pegou muito mal a deturpação completa deste projeto popular. Dentre as alterações feitas pelos congressistas, chamou atenção o fim daquela que estimulava as delações, no chamado "depoente do bem", e a aprovação de uma emenda que cria mecanismos para a punição de membros do Ministério Público e do Judiciário que "extrapolarem nas suas atribuições". Foi, na verdade, a medida criada por Renan Calheiros, que define o “crime de abuso de autoridade”, prevendo punição a juízes e promotores.


Outras barbaridades foram cometidas, mas nestas duas, o que se viu, claramente, foi o Legislativo tentando esvaziar as ações da Lava-Jato. Uma crise institucional pode estar sendo gestada. Esperemos que o Senado tenha a grandeza necessária para corrigir estas deturpações.    

Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...