domingo, 23 de fevereiro de 2020

REGINA DUARTE

Regina Duarte

Acontece com muitos economistas, não há nada especial comigo, os amigos perguntam direto:
—O que é preciso para fazer a economia decolar?
De tanto ouvir a mesma pergunta, tão importante, afligindo tanta gente, e na impossibilidade de conseguir a atenção de quem pergunta para a dissertação necessária para a resposta, bolei uma resposta simples e enigmática: —Regina Duarte!
Não, não é para substituir o ministro Paulo Guedes, que andou enfrentado uns solavancos na semana que passou. Mas é para contar uma história.
Começa com uma pergunta difícil: como conciliar a enorme e generalizada demanda por otimismo na economia com a imensa contrariedade política que o próprio presidente parece empenhado em cultivar? Bem, o presidente reconhece a importância dos imperativos da economia, que funcionam mais ou menos como a meteorologia para o tráfego aéreo. Não dá para desafiar, mas depende do presidente. Alguns são muito afoitos, mas, em geral, todos sabem fazer política, cada qual no seu estilo. Há dois registros a fazer sobre este presidente.
O primeiro é a adesão à agenda liberal reformista, ainda que através de um casamento de conveniência com o superministro Paulo Guedes, o símbolo dessa pauta, que não é a do coração do presidente. Não é amor sincero, o presidente não é um liberal, pouco importa o seu time do coração, mas já passamos a marca de um ano nesse matrimônio. Tudo indica que vai prosseguir, com tremores típicos desse tipo de união. O segundo registro é de um teorema antigo: a experiência da Presidência começa de verdade no dia em que o presidente precisa detonar um amigo. Ninguém escapa dessa situação, Bolsonaro a enfrentou com mais de um ano no cargo, no dia em que o secretário da Cultura fez uma performance grotesca, praticamente uma autoimolação, e a surpresa não foi atirar o amigo fora do barco —ele praticamente pulou na direção dos tubarões —, mas em se recrutar Regina Duarte para este lugar.
Seria excessivo dizer que o presidente, com Regina Duarte, pacificou a cultura, talvez isso não seja possível nem com a Virgem Maria. Mas não há dúvida que a atmosfera ficou mais leve.
Até este momento, o presidente resolvia crises recorrendo a seus apoios eleitorais primais, sempre radicalizando, como se já estivesse em campanha. Mas ainda falta muito. O presidente não é só para seus apoiadores incondicionais. Com o episódio Regina Duarte, todavia, a receita mudou.
Talvez não seja mesmo factível trabalhar apenas com ministros de perfil moderado, modelo Regina Duarte, pois o grupo de tendências aglutinadas em torno do presidente, e importantes para a sua vitória eleitoral, inclui alguns tipos bem difíceis. Não é um problema desse governo apenas, o petismo, por exemplo, sempre cultivou uns grupelhos bem radicais, mas os manteve muito diluídos. Sempre dá para melhorar a mistura, sem que seja uma rendição aos adversários políticos ou ao Centrão.
É por aí que devemos caminhar pois ele é o presidente eleito, e neste tópico, estou com Fernando Gabeira: é preciso ser construtivo. Bem, a pergunta foi sobre o que falta para a economia melhorar.
Repito a tese:
—Regina Duarte.
A resposta mais técnica seria:
—A boa política.
A menos técnica:
—A economia precisa de sossego. O presidente tem muitos ministros briguentos (ele mesmo, não é diferente), que não ajudam, o da Educação está balançando, ele tem muita afinidade com o presidente, mas não dá para afrontar a meteorologia. Mas não se trata do que o presidente realmente é, ou genuinamenteacreditaegosta,masdoquepraticadiante de condições meteorológicas complexas. O presidente precisa ser de todos os brasileiros e se for assim a economia vai responder.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Economia Política

Num determinado momento cheguei a frequentar a universidade pública. Primeiro foi no mestrado acadêmico da UFF, depois no curso de Conjuntura da UFRJ. Em ambos a percepção de que a cátedra de Ciência Econômica é totalmente dissociada nestas instituições.

A militância política é um norteador. Muitos acadêmicos são tolos e provincianos. Chegam ao ponto de fazer política partidária abertamente. Nada contra se não tivermos o agravante de que eles são extremamente sectários ou dogmático e não aceitam o contraditório.

Na UFF tinha uma turma obscurantista, da Economia Política que só aceitava Karl Marx entre os clássicos, sendo que ele era filósofo e não economista ou correlato. Nem John Keynes passava pelo crivo, muito menos os neo-clássicos, clássicos, os novos clássicos ou talvez monetaristas e a síntese. Nada disso era discutido, só Marx.

Agora soube que um dos expoentes deste dogmatismo se tornou chefe de Departamento. Fazer o quê??

Absurdo dos absurdos...me cansei desta aberração.


sábado, 8 de fevereiro de 2020

André Lara Resende

Saiu artigo do Lara Resende, no caderno Eu Fim de Semana, do Valor, sobre o seu livro discutindo o debate econômico no Brasil e a tal MMT.

Sem maiores considerações, não discordo sobre a necessidade de se justificar A expansão de gastos públicos, desde que o juro real seja menor que o crescimento da economia. Concordo também também com a tese de compatibilizar mercado e Estado.

No entanto, acho sim que o controle da sociedade sobre a gestão pública e os seus quadros deve ser permanente e cada vez maior. Acho também que o setor público deve se pautar pela transparência absoluta e a eficiência, tudo que ela não é, ou tem, hje.

Acho também que a democracia representativa passa por um freio de arrumação. Precisa ser repensada.

A seguir uma colocação dele...

"Eu me considero um liberal, mas isso é uma versão ingênua e profundamente equivocada de como funciona a economia. Segundo, minha crítica é muito profunda sobre a macroeconomia mainstream. Estou dizendo: toda a macroeconomia está construída sobre bases equivocadas. Isso é perturbador para economistas com essa formação, como a minha. Só que você tem."

Este trecho é parte de conteúdo que pode ser lido no Valor.


Depois discorro sobre o tema.

Ajuste fiscal, Roberto Ellery

O ajuste fiscal é urgente e deve continuar como prioridade do governo, mas não é suficiente para retomar o crescimento. O desafio de um crescimento sustentado em produtividade e não em estímulos de curto prazo passa pela discussão a respeito dos efeitos da ação do governo na alocação de capital e trabalho.

A má alocação de recursos, chamada de misallocation, tem lugar de destaque na discussão sobre produtividade na academia. Curiosamente essa discussão não consegue o mesmo espaço no debate público sobre nossa economia. Nesse sentido a Nota informativa publicada pela Secretaria de Política Econômica ontem é um verdadeiro serviço de utilidade pública.

Leitura obrigatória para quem está interessado em ir além de nossos (sérios e urgentes) problemas de curto e médio prazo e pretende entender a razão do Brasil há décadas não ter uma sequência de crescimento consistente e puxada pela produtividade. É claro que não podemos perder o foco no ajuste fiscal, mas o debate sobre má alocação de recursos é fundamental e tem que ser ampliado. Dele depende o Brasil das próximas décadas.



sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Trump mente sobre a economia

Trump está mentindo sobre a economia, diz Mike Bloomberg Michael Bloomberg O artigo abaixo foi publicado originalmente no site americano Mar...

Leia mais em https://braziljournal.com/trump-esta-mentindo-sobre-a-economia-diz-mike-bloomberg

Papo de Economista: Terras lusitanas

Papo de Economista: Terras lusitanas: Cá estou em terras lusitanas, mais para o interior, no Alentejo nem tão profundo, na aprazível cidade histórica de Évora. Cheguei em novemb...

Terras lusitanas

Cá estou em terras lusitanas, mais para o interior, no Alentejo nem tão profundo, na aprazível cidade histórica de Évora.

Cheguei em novembro de 2018 e comecei agora a turbinar a minha tese de Doutoramento, objeto da minha temporada lusitana.

Estou discorrendo sobre a necessidade de haver um patamar ótimo ou sustentável para a dívida pública bruta, na argumentação de regras, previsibilidade, transparência, continuidade, elementos essenciais para a boa gestão pública.

Ativismo fiscal apenas em momentos críticos. Irei comparar 10 países, Brasil, Argentina, Chile, Peru, México, África do Sul, Turquia, Rússia e Índia...

Sobre minha estadia, nada é fácil em Portugal. Ganhamos em segurança, alguma qualidade de vida, mas perdemos com a "dureza", pelo elevado custo de vida. Com o real a 4,60€ tudo se torna mais caro e complicado. Um dos gargalos, o mercado imobiliário, conseguir arrendamentos a bom "preço".

Estou tendo que me reinventar aqui em Ptg. De bom, a perspectiva de deixar o meu filhote por aqui...para cursar Engenharia Aeroespacial na Técnica de Lisboa.

No fim, esta é a minha grande missão....

Vamos conversando...

Na semana, conversmos sobre o mercado de capitais aqui em Portugal.

Reflexões alentejanas

Fico cá com os meus botões, nos campos secos do Alentejo, à analisar, acompanhar, os descaminhos do capitão e sua turma. Continuo apoiando seu governo, sem deixar de critica-lo qdo necessário. Já disse, discordo de muitas posições dele, mas me rendo ás suas linhas mestras. Continuo com o Guedes, o Tarcísio, o Moro...Acho que o Weintraub tomou algumas decisões acertadas, outras, parece-me que se quivocou, mas em muitas houve sabotagem. Fala-se que este tem q ser um acadêmico, um intelectual da academia. Eita vaidade da peteca. Nada contra, mas o que o bom Cristovão Buarque teve de contribuição para as universidades, para o ensino básico ou fundamental ou médio? E ele era um grande estudioso do ensino. Continuo acreditando que a educação do Brasil precisa de métricas de eficiência e produtividade e menos papo furado e corporativismo. E como há !!

Miriam Leitão sempre criticando

Miriam Leitão: “O desafio do presidente da República aos governadores é impossível de ser cumprido. O governo federal, que está com déficit há seis anos, abriria mão de até R$ 28 bilhões. Se cumprissem o desafio feito pelo presidente, alguns estados seriam punidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. O país teria que cortar na educação e na saúde, por exemplo, para subsidiar quem usa automóvel a gasolina. A proposta não tem pé nem cabeça. O ministro Paulo Guedes deveria deixar isso claro. Ele sabe e tem repetido que é preciso zerar o déficit fiscal e fazer as reformas, com ajuda dos estados, para equilibrar as contas do país. Por trás do desafio do presidente está uma tentativa de manipular a opinião pública. Bolsonaro quer passar a ideia de que todo o aumento no preço dos combustíveis é culpa dos governadores.” (Globo)

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Fim do ciclo

O BACEN reduziu nesta quarta-feira a Selic em 0,25 ponto percentual à nova mínima histórica de 4,25% ao ano, e indicou expressamente o fim do atual ciclo de cortes na taxa básica de juros, em meio à leitura de que os ajustes já feitos ainda vão surtir efeito na economia. Fonte: Reuters

Editorial do Estadão (17/02)

LULA PROMETE O ATRASO: A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem d...